FORMAÇÃOPalestras marcam cursoVan<strong>de</strong>rleia RosaA <strong>qualida<strong>de</strong></strong> dos cursos <strong>de</strong>formação e aprimoramento <strong>de</strong>juízes e servidores, ministradospela <strong>Escola</strong> <strong>Judicial</strong> DesembargadorEdésio Fernan<strong>de</strong>s (Ejef)do <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Minas,é <strong>reconhecida</strong> nacionalmente. Ahomenagem prestada pela Empresa<strong>de</strong> Correios e Telégrafos epelo Ministério das Comunicações,no final do mês <strong>de</strong> maio,atesta essa competência. Naocasião, foi lançado o selo comemorativoda Ejef, uma referênciaàs três décadas <strong>de</strong> atuaçãoda <strong>Escola</strong>.Esse talento para a formação<strong>de</strong> magistrados concretizousemais uma vez, no dia 2 <strong>de</strong> julho,com a posse <strong>de</strong> onze novosjuízes. Eles participaram durantequatro meses do 1º Curso <strong>de</strong>Formação para Ingresso na Carreirada Magistratura, no formatoestabelecido pela <strong>Escola</strong> Nacional<strong>de</strong> Formação e Aperfeiçoamento<strong>de</strong> Magistrados (Enfam).A <strong>de</strong>terminação transformao curso <strong>de</strong> formação em etapafinal do concurso. Para o superinten<strong>de</strong>nteda <strong>Escola</strong> <strong>Judicial</strong>,<strong>de</strong>sembargador ReynaldoXimenes, a Ejef, como <strong>Escola</strong>pioneira, não teve dificulda<strong>de</strong>sem implementar o sistema estabelecidopela Resolução 1/2007da Enfam. Atribuiu o sucesso docurso ao apoio recebido da Presidênciado TJ e à <strong>de</strong>dicação epreparo dos candidatos, <strong>de</strong>ntreoutros fatores.AberturaAo dar boas-vindas aos “futurosjuízes <strong>de</strong> Minas”, no iníciodo curso, o presi<strong>de</strong>nte do TJMG,<strong>de</strong>sembargador Sérgio Resen<strong>de</strong>,<strong>de</strong>sejou-lhes sucesso na eta-pa final. “Vocês estão em ótimasmãos”, <strong>de</strong>clarou, referindo-se aocorpo técnico altamente qualificadoda Ejef.Nessa mesma ocasião, o<strong>de</strong>sembargador Rogério Me<strong>de</strong>irosGarcia <strong>de</strong> Lima, convidadopara proferir a palestra inaugural,lembrou os candidatos danobre missão <strong>de</strong> julgar. Fazendoalusão a Rui Barbosa, ressaltouque, mais que boas leis, o paísprecisa <strong>de</strong> bons juízes paraaplicá-las.O <strong>de</strong>sembargador abordouo “Sistema Judiciário Brasileiro eNorte-americano: enfoque comparativo”,traçando os paralelosentre as duas culturas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> acolonização.O curso, <strong>de</strong> 777 horas-aula,contou com três módulos – DireitoPenal, Público e Privado –coor<strong>de</strong>nados pelos <strong>de</strong>sembargadoresFernando Starling, HeloísaCombat e Au<strong>de</strong>bert Delage, respectivamente.A coor<strong>de</strong>naçãogeraldo curso ficou a cargo do<strong>de</strong>sembargador José GeraldoSaldanha da Fonseca, superinten<strong>de</strong>nte-adjuntoda Ejef.Outras palestras tambémtiveram espaço no curso <strong>de</strong> formação.Temas essenciais à atuaçãodos novos juízes foram abordadospor especialistas. “OrganizaçãoJudiciária”, “Direito Ambiental”,“Lei Maria da Penha”,“Defesa Social”, <strong>de</strong>ntre outrosassuntos, foram <strong>de</strong>batidos aolongo do curso.Lei Maria da PenhaAs inovações trazidas pelaLei Maria da Penha (11.304/2006)foram apresentadas pela promotora<strong>de</strong> justiça Laís Maria CostaSilveira, que discorreu sobre oO tema “Servidor Público” foi abordado pelo vice-governador Antônio Augusto Anastasia06 JULHO/2009
<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> juízesRenata Men<strong>de</strong>sciclo da violência, no qual estãoinseridas as mulheres que procurama Promotoria. “Quando umamulher chega a pedir ajuda, raramenteé a primeira vez que foiagredida. Em geral, são anos <strong>de</strong>agressão”, afirmou. “A Lei Mariada Pena foi criada por isso, porque, às vezes, a violência terminaaté em morte.”Dentre os avanços trazidospela lei, a promotora citou o aumentoda pena para lesão corporalleve, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prisãopreventiva do agressor e a proibiçãodo pagamento <strong>de</strong> prestaçãopecuniária.Fixação da penaDe maneira didática e bemhumorada,o promotor FranklinHigino Cal<strong>de</strong>ira Filho <strong>de</strong>u umaverda<strong>de</strong>ira aula para os participantes.Dentre os vários pontosapresentados, o palestrante <strong>de</strong>stacouo histórico habeas corpus,julgado pelo Supremo <strong>Tribunal</strong>Fe<strong>de</strong>ral, que assegurou a progressão<strong>de</strong> regime para os crimeshediondos. Nesse contexto,abordou a Lei 11.464, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong>março <strong>de</strong> 2007, que altera a leidos crimes hediondos, trazendo,no entanto, frações mais severaspara a progressão <strong>de</strong> regime.Missão do TJA missão e os valores do <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> Justiça, bem como os<strong>de</strong>safios que o Judiciário vem enfrentandonos últimos anos, foramos temas apresentados pelosecretário especial da Presidência,Luiz Carlos Elói. Ele ressaltouque os futuros juízes não <strong>de</strong>vemtrabalhar preocupados em produzirsentenças maravilhosas, queserão publicadas e receberãouiz Carlos Elóiressaltou quenenhum profissionaldo TJMGpo<strong>de</strong> se esquecer <strong>de</strong>que trabalha fundamentalmentepela paz sociale pela melhoria da vidada comunida<strong>de</strong>elogios. “Isso até po<strong>de</strong> acontecer.Contudo, não po<strong>de</strong>mos nosesquecer <strong>de</strong> que trabalhamosfundamentalmente pela paz social,para melhorar a vida da comunida<strong>de</strong>”,afirmou.O assessor jurídico do TJ,Lakowsky Dolga, abordou a OrganizaçãoJudiciária, com ênfasenos comentários da Lei Complementarnº 59 <strong>de</strong> 2001, alémdas modificações introduzidaspelas Leis Complementares nº85 <strong>de</strong> 2005 e nº 105 <strong>de</strong> 2008.Já o professor <strong>de</strong> TeoriaGeral do Estado e <strong>de</strong> DireitoConstitucional, Ricardo ArnaldoMalheiros Fiuza, um dos fundadoresda Ejef, explicou as diferençasentre o “Po<strong>de</strong>r Pessoal eo Po<strong>de</strong>r Institucional”, frisandoque o po<strong>de</strong>r pessoal é inerenteao ser humano e <strong>de</strong>ve ser exercidopara as questões particulares.Já o po<strong>de</strong>r institucional estárelacionado à função assumidaperante o Estado e a socieda<strong>de</strong>,<strong>de</strong>vendo, no caso do magistrado,ser exercido nos limites da jurisdiçãoe da competência estabelecida,completou.Num convite à reflexão, osecretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> DefesaSocial, Maurício Campos Júnior,abordou o “Sistema <strong>de</strong> DefesaSocial em Minas Gerais e sua Integraçãocom o Sistema <strong>de</strong> Justiça”e os “Impactos Socioeconô-lmicos das Decisões Judiciais noÂmbito da Execução Penal”.Maurício Campos falou <strong>de</strong>sua experiência na Defesa Sociale dos <strong>de</strong>safios encontrados - <strong>de</strong>senvolvero papel <strong>de</strong> articulador,encontrar parceiros e dividir responsabilida<strong>de</strong>s.Enfatizou que asolução para problemas comunse antigos do Judiciário, MinistérioPúblico, Polícias Civil e Militar,<strong>de</strong>ntre outras instituições, passapela integração e alinhamento <strong>de</strong>estratégias.Meio ambienteO <strong>de</strong>sembargador Rogério Me<strong>de</strong>iros proferepalestra inaugural para os novos juízesO primeiro palestrante a darsua contribuição sobre o tema foio diretor <strong>de</strong> Biodiversida<strong>de</strong> doInstituto Estadual <strong>de</strong> Florestas(IEF/MG), biólogo e professorCélio Valle. Ele abordou a importânciada reserva legal para a preservaçãoda biodiversida<strong>de</strong>, garantindoque é possível conciliar,em um mesmo ambiente, tecnologiae biodiversida<strong>de</strong>.Já a promotora <strong>de</strong> Justiçado Meio Ambiente, Lilian MariaFerreira Marotta Moreira, falouda atuação do Ministério Públicoem questões relacionadas aoRenata Men<strong>de</strong>smeio ambiente. Ressaltou que alei sobre o meio ambiente, emboraantiga, não era aplicada. Hoje,a conduta irracional do homemtem gerado um alerta internacional,completou. Lilian Marotta<strong>de</strong>stacou as <strong>de</strong>cisões avançadasdo Judiciário <strong>de</strong> Minas emquestões ambientais.Servidor públicoO tema “Servidor Público”foi abordado pelo vice-governador<strong>de</strong> Minas, professor AntônioAugusto Junho Anastasia, queelaborou um retrospecto da funçãopública no Brasil, abrangendodécadas da história administrativano País.Outras autorida<strong>de</strong>s do Direitotambém contribuíram para a<strong>qualida<strong>de</strong></strong> do curso <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> juízes, <strong>de</strong>ntre eles, o advogadoSacha Calmon Navarro Coelhoe os professores Juarez Freitas,do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul; WilbaLúcia Maia Bernar<strong>de</strong>s, FlorivaldoDutra <strong>de</strong> Araújo e José AlfredoBorges, <strong>de</strong> Minas Gerais, e, comoúltimo palestrante, o <strong>de</strong>sembargadorDoorgal Borges <strong>de</strong> Andrada.JULHO/200907