13. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha c) olhos de bacante fria, pela irrecusávelos cabelos mais negros que a asa da graúna, e sensualidade e sedução que provocam.mais longos que seu talhe de palmeira. O favo dajati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha d) olhos de primavera, pela cor que emanam erecendia no bosque como seu hálito perfumado.doçura que exalam.( ... ) Cedendo à meiga pressão, a virgem reclinouseao peito do guerreiro, e ficou ali trêmula e e) olhos oceânicos, pelo fluido misterioso epalpitante como a tímida perdiz ( ... ) A fronte enérgico que envolvem.reclinara, e a flor do sorriso expandia-se como onenúfar ao beijo do sol ( ... ). Em torno carpe anatureza o dia que expira. Soluça a onda trépida elacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmosilêncio anela de opresso. (...) A tarde é a tristezado sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardessem manhã, até que venha para ela a grande noite. 15. No romance Dom Casmurro,o narradordeclara: “O meu fim evidente era atar as duasOs fragmentos acima constroem-se estilisticamente pontas da vida, e restaurar na velhice acom figuras de linguagem, caracterizadoras do adolescência”. Entre as duas pontas, desenvolve-seestilo poético de Alencar. Apresentam eles, o enredo da obra. Assim, indique abaixo adominantemente, as seguintes figuras: alternativa cujo conteúdo não condiz com o enredomachadiano.a) comparações e antíteses.b) antíteses e inversões.a) A história envolve três personagens, Bentinho,c) pleonasmos hipérboles.Capitu e Escobar, e três projetos, todos cortadosd) metonímias e prosopopéias.quando pareciam atingir a realização.e) comparações e metáforas.b) O enredo revela um romance da dúvida, dasolidão e da incomunicabilidade, na busca doconhecimento da verdade interior de cadapersonagem.14. A confusão era geral. No meio dela, Capituc) A narrativa estrutura-se ao redor do sentimentoolhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tãode ciúme, numa linha de ascensão de construçãoapaixonadamente fixa, que não admira lhede felicidade e de dispersão, com a felicidadesaltassem algumas lágrimas poucas e caladas...destruída.As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela;Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para ad) A narrativa se marca por digressões quegente que estava na sala. Redobrou de carícias parachamam a atenção para a inevitabilidade do que vaia amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que anarrar, como o que ocorre na analogia da vida comtinha também. Momento houve em que os olhos dea ópera e em que o narrador afirma “cantei um duoCapitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem oterníssimo, depois um trio, depois um quattuor...”pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos,como a vaga do mar lá fora, como se quisessee) O enredo envolve um triângulo amoroso após otragar também o nadador da manhã.casamento e todas as ações levam a crer naexistência clara de um adultério.O trecho acima, do romance Dom Casmurro deMachado de Assis, autoriza o narrador acaracterizar os olhos da personagem, do ponto devista metafórico, comoa) olhos de viúva oblíqua e dissimulada,apaixonados pelo nadador da manhã.b) olhos de ressaca, pela força que arrasta paradentro.VESTIBULAR UNIFICADO8PUC-SP 2007
16. “Nova Canção do Exílio”Um sabiána palmeira, longe.Estas aves cantamum outro canto.O céu cintilasobre flores úmidas.Vozes na mata,e o maior amor.Só, na noite,seria feliz:um sabiá,na palmeira, longe.Onde é tudo beloe fantástico,só, na noite,seria feliz.(Um sabiá,na palmeira, longe.)Ainda um grito de vida evoltarpara onde é tudo beloe fantástico:a palmeira, o sabiá,o longe.O poema acima integra a obra Rosa do Povo, deCarlos Drummond de Andrade. Deste poema, comoum todo, é incorreto afirmar quea) é uma variação do tema da terra natal, espéciede atualização moderna de uma idealizaçãoromântica da pátria.b) estabelece uma relação intertextual com a“Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, e se mostracomo uma espécie de paráfrase.c) evidencia que o poeta se apropriouindevidamente do poema de Gonçalves Dias emanteve os esquemas de métrica e de rima dotexto original.d) traduz na palavra “longe”, o significado do “lá”,lugar do ideal distante, caracterizador de visão deuma pátria idealizada.17. O Tejo é mais belo que o rio que correpelaminha aldeia,Mas o Tejo não é mais belo que o rio quecorre pela minha aldeiaPorque o Tejo não é o rio que corre pelaminha aldeia.O Tejo tem grandes naviosE navega nele ainda,Para aqueles que vêem em tudo oque lá não está,A memória das naus.O Tejo desce de EspanhaE o Tejo entra no mar em Portugal.Toda a gente sabe isso.Mas poucos sabem qual é o rio da minhaaldeiapara onde ele vaidonde ele vem.E por isso, porque pertence a menos gente,É mais livre e maior o rio da minha aldeia.Pelo Tejo vai-se para o mundo.Para além do Tejo há a AméricaE a fortuna daqueles que aencontram.Ninguém nunca pensou no que hápara alémDo rio da minha aldeia.O rio da minha aldeia não faz pensar emnada.Quem está ao pé dele está só ao pé dele.O poema acima, do heterônimo de FernandoPessoa, Alberto Caeiro, integra o livro O Guardadorde Rebanhos. Indique a alternativa que nega aadequada leitura do poema em questão.a) O elemento fundamental do poema é a busca daobjetividade, sintetizada no verso: ”Quem está aopé dele está só ao pé dele”.b) O poema propõe um contraste a partir domesmo motivo e opõe um sentido geral a umsentido particular.c) O texto sugere um conceito de beleza queimplica proximidade e posse e, por isso, valoriza oque é humilde, ignorado e despretensioso.d) O rio que provoca a real sensação de se estar àbeira de um rio é o Tejo, que guarda a “memóriadas naus”, marca do passado grandioso do país.e) O poema se fundamenta numa argumentaçãoe) utiliza a imagem do sabiá e da palmeira parasugerir um espaço “onde tudo é belo e fantástico”e, afastado do qual, o poeta se sente em exílio. dialética em que o conjunto das justificativas deixaVESTIBULAR UNIFICADO9PUC-SP 2007