13.07.2015 Views

Teoria dos sistemas e processo de design do projeto ... - Nomads.usp

Teoria dos sistemas e processo de design do projeto ... - Nomads.usp

Teoria dos sistemas e processo de design do projeto ... - Nomads.usp

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

# Sistemas e o Processo <strong>de</strong> CriaçãoOs objetos dão lugar aos <strong>sistemas</strong>. Em vez <strong>de</strong> essências e <strong>de</strong>substâncias, a organização; em vez das unida<strong>de</strong>s simples eelementares, as unida<strong>de</strong>s complexas; em vez <strong><strong>do</strong>s</strong> agrega<strong><strong>do</strong>s</strong>forman<strong>do</strong> corpos, os <strong>sistemas</strong> <strong>de</strong> <strong>sistemas</strong> <strong>de</strong> <strong>sistemas</strong>. (MORIN,2005, p.156)Assim começa um breve ensaio sobre a relação entre teoria <strong>de</strong> <strong>sistemas</strong> e<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign. Ao trabalharmos com o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> objetointerativos híbri<strong><strong>do</strong>s</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> pesquisa <strong>Nomads</strong>.<strong>usp</strong> buscamosenten<strong>de</strong>r e consi<strong>de</strong>rar que o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> objetos interativos compõese<strong>de</strong> ações próximas às etapas <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> objetosconvencionais [objetos arquitetônicos, isentos <strong>de</strong> mídias digitais],tradicionalmente organizadas <strong>de</strong> forma seqüencial. Porém, quan<strong>do</strong> se trata daconcepção <strong>de</strong> objetos interativos híbri<strong><strong>do</strong>s</strong>, ações como elaboração <strong>de</strong> esboços,estu<strong><strong>do</strong>s</strong> preliminares, ante<strong>projeto</strong>, prototipagem, revisão <strong>do</strong> <strong>projeto</strong>, finalizaçõese construção/execução parecem mesclar-se, combinar-se, alternar-se econfundir-se.Por essa razão, o Núcleo tem preferi<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tar a terminologia advinda das ArtesPlásticas chaman<strong>do</strong> esse conjunto <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação, compostodas instâncias <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>, prototipagem e pré-produção, tradicionalmenteestanques, agora como fases mescladas.Dentro <strong>do</strong> <strong>Nomads</strong> <strong>de</strong>senvolvemos o <strong>projeto</strong> ÉOS, um objeto interativo híbri<strong>do</strong>,ao qual trabalhamos um <strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação que busca organizar as fases <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> maneira a mesclá-las, combiná-las e confundi-las. Poremao termos essa noção clara <strong>de</strong> como esse <strong>processo</strong> é encara<strong>do</strong> e ao trabalharcom teoria sistêmicas, como a elaborada pelo biólogo austríaco, Ludwig Von


Bertalanffy em que se enfatiza que “os <strong>sistemas</strong> estão em toda parte”(BERTALANFFY, 1977, p.17), po<strong>de</strong>mos encarar o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação como umsistema.Dentro <strong>de</strong>ste <strong>processo</strong> completo <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> objeto ÉOS, temos elementosdiversos, como os integrantes da equipe que trabalha na elaboração <strong>de</strong>sse<strong>projeto</strong>. Ao realizarmos uma leitura sistêmica encaramos esses elementos comoparte <strong>do</strong> sistema. Bertalanffy <strong>de</strong>finiu sua concepção <strong>de</strong> <strong>sistemas</strong> “como umcomplexo <strong>de</strong> elementos em interação” (BERTALANFFY, 1977, p.84), um grupoao <strong>de</strong>senvolver a criação um objeto qualquer [interativo ou não, híbri<strong>do</strong> ou não]adquire uma organização em que as partes necessitam interação constante.Apoian<strong>do</strong>-nos também na teoria sistêmica <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r francês Morinchegamos à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>sistemas</strong> como “uma inter-relação <strong>de</strong> elementosconstituin<strong>do</strong> uma entida<strong>de</strong> ou uma unida<strong>de</strong> global” (MORIN, 2005, p. 131). Anoção <strong>de</strong> sistema esclarece muito como o trabalho <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong>criação <strong>de</strong> um objeto <strong>de</strong>ve se dar para o seu enriquecimento, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> quecada parte possui uma importância que <strong>de</strong>ve estar presente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umaorganização maior. Perceber como cada parte po<strong>de</strong> se inter-relacionarseparadamente <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> grupo a fim <strong>de</strong> elaborar e contribuir para o âmbitogeral. Essa elaboração tendência a enten<strong>de</strong>rmos essa organização <strong>do</strong> grupocomo um sistema em que a organização <strong>de</strong>ntro da equipe é fundamental paraque a troca <strong>de</strong> informações ocorra <strong>de</strong> maneira que as partes envolvidasconsigam dialogar com a menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ruí<strong><strong>do</strong>s</strong> entre elas.“A idéia <strong>de</strong> inter-relação remete aos tipos e formas <strong>de</strong> ligação entreelementos ou indivíduos, entre esses elementos/indivíduos e o To<strong>do</strong>.A idéia <strong>de</strong> sistema remete à unida<strong>de</strong> complexa <strong>do</strong> to<strong>do</strong> interrelaciona<strong>do</strong>,às suas características e proprieda<strong>de</strong>s fenomenais. A


idéia <strong>de</strong> organização remete à disposição das partes <strong>de</strong>ntro, em e porum To<strong>do</strong>.” (MORIN, 2005,p. 134)A noção <strong>de</strong> organização é muito clara em qualquer <strong>processo</strong> que envolvaelementos interagin<strong>do</strong>, Morin <strong>de</strong>screve a importância <strong>de</strong>sta organização natotalida<strong>de</strong>, é ela que assegura as inter-relações entre os elementos <strong>do</strong> sistema,é ela também que mantém o sistema em suas características complexas. “Aorganização liga, transforma, produz, mantém. Ela liga, transforma os elementosem um sistema, produz e mantém esse sistema” (MORIN, 2005, p.164).Dentro <strong>do</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> objeto ÉOS, o momento máximo <strong>de</strong>staorganização se da quan<strong>do</strong> o grupo apos, a elaboração individual e inter-relaçãoentre as partes, volta a discutir pontos <strong>de</strong> maneira unificada, como por exemplosnas reuniões gerais que ocorrem <strong>de</strong>ntro da equipe. Momentos que sóconseguem ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> eficiência quan<strong>do</strong> cada elemento tem a autonomia <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento e consegue acrescentar insumos a uma discussão coletiva afim <strong>de</strong> criar conhecimentos nesse <strong>processo</strong>.Pegan<strong>do</strong> outros pontos relaciona<strong><strong>do</strong>s</strong> a teoria <strong>de</strong> <strong>sistemas</strong> temos a idéia <strong>do</strong><strong>de</strong>sequilíbrio entre as partes envolvidas no sistema. Segun<strong>do</strong> Bertalanffy, “Achegada ao equilíbrio significa a morte e conseqüente <strong>de</strong>composição.”(BERTALANFFY, 1977, p.254), é claro que em termos biológicos, mas quan<strong>do</strong>trabalhamos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um <strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação que envolve constante discussãosobre itens e sobre o próprio <strong>processo</strong>, o <strong>de</strong>sequilíbrio é fator indispensável, poisa partir <strong>de</strong>le surgem a discussões que vem a gerar a troca <strong>de</strong> informações entreas partes a fim <strong>de</strong> gerar conhecimento, não haven<strong>do</strong> essa troca através <strong>do</strong><strong>de</strong>sequilíbrio não se po<strong>de</strong> chegar a elaborações <strong>de</strong> caráter multifaceta<strong>do</strong>advin<strong>do</strong> <strong>de</strong>las.Ter algumas <strong>de</strong>ssas características sobre a teoria <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>sistemas</strong>, presentes no<strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> ÉOS, nos ajudará a compreen<strong>de</strong>r como esse


<strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong> se dar <strong>de</strong> maneira a enriquecer tanto o entendimentosobre o <strong>processo</strong> em si, como em relação ao próprio objeto. Se trabalharmoscom a idéia <strong>de</strong> que o objeto se baseia em um sistema, por que não, enten<strong>de</strong>rprimeiramente que o próprio <strong>processo</strong> <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> objeto se trata também <strong>de</strong>um sistema.# ReferênciasBERTALANFFY, L. V. <strong>Teoria</strong> geral <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>sistemas</strong>. Tradução <strong>de</strong> Francisco M.Guimarães. Petrópolis: Vozes, 1977.MORIN, E. O méto<strong>do</strong> 1: a natureza da natureza. Tradução <strong>de</strong> Ilana Heineberg.Porto Alegre: Sulina, 2005.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!