anlise ao ordenamento florestal do concelho de mortgua - ESAC
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Análise às dinâmicas existentes, na <strong>de</strong>fesa da floresta contra incêndios, no <strong>concelho</strong> <strong>de</strong>Mortágua1 Sandra Ferreira, 2 Hel<strong>de</strong>r Viana; 2 Paulo Barracosa1 Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal <strong>de</strong> Carregal <strong>do</strong> Sal, Praça <strong>do</strong> Município- Aparta<strong>do</strong> 90, 3430-909 Carregal <strong>do</strong> Sal - sferreira@cm-carregal.pt2 Escola Superior Agrária <strong>de</strong> Viseu, Instituto Politécnico <strong>de</strong> Viseu, Quinta da Alagoa,Ranha<strong>do</strong>s, 3500-606 Viseu – hviana@esav.ipv.ptRESUMO: Os incêndios Florestais são um fenómeno próprio <strong>de</strong> várias regiões,abrangen<strong>do</strong> aquelas que apresentam clima com características mediterrâneas, como onosso país. Embora exista unanimida<strong>de</strong> em consi<strong>de</strong>rar a questão <strong>do</strong>s incêndios florestais,como um problema grave que urge resolver, ou pelo menos minorar, a verda<strong>de</strong>, é quedadas as suas variadas facetas., nem sempre, os diferentes Intervenientes envolvi<strong>do</strong>s semostram <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> quanto à forma <strong>de</strong> o fazer. A Região Centro tem, nas últimas décadas,senti<strong>do</strong> o flagelo <strong>do</strong>s incêndios florestais, e em particular nos <strong>concelho</strong>s <strong>de</strong> Distrito <strong>de</strong>Viseu (DV). No perío<strong>do</strong> entre 1990 e 2003, observou-se, no DV, uma área <strong>florestal</strong> ardidatotal <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 182.500 hectares, sen<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 67.600ha <strong>de</strong> povoamentos e 114.900ha<strong>de</strong> matos, com mais <strong>de</strong> 31700 ocorrências. A análise da evolução <strong>do</strong>s fogos florestais, noperío<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>, revela que estes ocorrem com uma frequência cíclica, ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> picos <strong>de</strong>maior área ardida nos anos <strong>de</strong> 1990, 1996 e 1998 e 2000, não se observan<strong>do</strong> uma relaçãodirecta com o número <strong>de</strong> ocorrências. Este comportamento, embora com as <strong>de</strong>vidasdiferenciações, observa-se, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, em to<strong>do</strong>s os <strong>concelho</strong>s <strong>do</strong> DV, à excepção<strong>do</strong> <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Mortágua, on<strong>de</strong> esta situação é paradigmática. De facto, a partir <strong>do</strong> ano <strong>de</strong>1995, observa-se neste <strong>concelho</strong>, uma quase inexistência <strong>de</strong> área ardida, não obstante, <strong>de</strong>ser <strong>do</strong>s <strong>concelho</strong>s que apresenta uma maior taxa <strong>florestal</strong>. Com o intuito <strong>de</strong> contribuir parauma melhor compreensão, sobre as estratégias levadas a cabo pelas Entida<strong>de</strong>scompetentes, e pela população <strong>do</strong> <strong>concelho</strong>, no planeamento das acções <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa ecombate <strong>ao</strong>s incêndios florestais, que contribuíram para a diminuição <strong>do</strong>s incêndios econsequentemente da área ardida, foi realiza<strong>do</strong> este trabalho, com o apoio da Associação<strong>de</strong> Produtores Florestais <strong>de</strong> Mortágua. Foram levantadas todas as infra-estruturas florestaisexistentes no <strong>concelho</strong> e, simultaneamente, foi elabora<strong>do</strong> um inquérito <strong>ao</strong>s proprietáriosflorestais para conhecer a sua atitu<strong>de</strong> face à floresta.PALAVRAS - CHAVE: Incêndios florestais; protecção <strong>florestal</strong>; CRIF, SIG, Mortágua.1
1. INTRODUÇÃOAs florestas <strong>ao</strong> longo da vida, constituíram comunida<strong>de</strong>s biológicas consi<strong>de</strong>ráveis, sen<strong>do</strong>as árvores florestais consi<strong>de</strong>radas os seres vivos <strong>de</strong> maior porte e longevida<strong>de</strong> sobre a faceda Terra. Infelizmente, o património <strong>florestal</strong> nacional tem si<strong>do</strong> fortemente afecta<strong>do</strong> pelosincêndios florestais, nas últimas décadas, apresentan<strong>do</strong> consequências extremamentenegativas a nível ecológico, económico e social. Não queiramos ser acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>lapidaraquilo que tem vin<strong>do</strong> a ser construí<strong>do</strong> <strong>ao</strong> longo <strong>de</strong> gerações.Da<strong>do</strong>s o tipo e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vegetação, bem como as situações meteorológicasexistentes em Portugal, existirão sempre condições para a <strong>de</strong>flagração e rápida propagação<strong>de</strong> incêndios. Estas características são as principais responsáveis pelas áreas afectadasanualmente, não sen<strong>do</strong> possível, muitas vezes, evitar verda<strong>de</strong>iras catástrofes <strong>de</strong>sta natureza(Loureiro, 2001).Quan<strong>do</strong> o incêndio escapa <strong>ao</strong> ataque inicial, passa a comportar-se, por vezes, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> tãoimprevisível e violento que, não raro, somos impotentes para conter a sua marcha, pagan<strong>do</strong>alguns <strong>de</strong> nós com a própria vida, o que <strong>de</strong> princípio parecia coisa <strong>de</strong> pouca importância(DGF, 2002).Prevenir os incêndios florestais é, pois, base essencial para uma a<strong>de</strong>quada protecção emesmo sobrevivência <strong>de</strong>ste nosso património, que é a floresta portuguesa.Ten<strong>do</strong> em conta o conceito <strong>de</strong> prevenção contra incêndios florestais, realizou-se um estu<strong>do</strong>com o apoio da “Associação <strong>de</strong> Produtores Florestais <strong>de</strong> Mortágua” sobre o Concelho,visto ser uma Entida<strong>de</strong> pioneira na prevenção a incêndios florestais em Mortágua. Para talfez-se o levantamento <strong>de</strong> todas as infra-estruturas existentes no Concelho, tais como pontos<strong>de</strong> água, caminhos florestais, esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>stes e a sua acessibilida<strong>de</strong>, postos <strong>de</strong>vigia, equipas <strong>de</strong> vigilância, sapa<strong>do</strong>res florestais, bombeiros. Esta informação foi integradanum Sistema <strong>de</strong> Informação Geográfica (SIG), <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a dispormos <strong>de</strong> uma ferramentaeficaz <strong>de</strong> análise da informação. Elaborou-se também um inquérito <strong>ao</strong>s proprietáriosflorestais para conhecer a sua atitu<strong>de</strong> face à floresta.2
2- MATERIAL E MÉTODOS2.1 – Localização da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>O Concelho <strong>de</strong> Mortágua com uma área <strong>de</strong> 24.800 ha, situa-se no Distrito <strong>de</strong> Viseuconstituin<strong>do</strong> juntamente com o Concelho <strong>de</strong> Ton<strong>de</strong>la, Vouzela, São Pedro <strong>do</strong> Sul, Oliveira<strong>de</strong> Fra<strong>de</strong>s, a região <strong>de</strong> Dão Lafões. Constituí<strong>do</strong> por 10 freguesias, representa 1,1% <strong>do</strong>território da Região Centro e 7,1% da área da NUT III Dão Lafões. (Figura 1)NWES1:200000Freg.shpAlm acaCercosaCortegacaEspinhoM arm eleiraMortaguaPalaSobralTrezoiVale <strong>de</strong> Remigio1:3000000Figura 1 – Localização da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>2.2 - Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> trabalhoO presente trabalho dividiu-se nas seguintes etapas:- Levantamento e interpretação das infra-estruturas florestais <strong>do</strong> Concelho- Análise e interpretação da carta <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> incêndio <strong>do</strong> Concelho- Produção Cartográfica- Levantamento e análise <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s proprietários face à florestaA - Levantamento e interpretação das infra-estruturas florestaisNo campo, foram feitos actualizações com levantamentos topográficos por GPS (GlobalPositioning System) das infra-estruturas florestais <strong>do</strong> Concelho (caminhos florestais epontos <strong>de</strong> água) e a recolha <strong>de</strong> toda a informação sobre <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> actual das mesmas.3
Simultaneamente foi também feito o registo fotográfico. Foi também feito o levantamento<strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, prevenção e combate disponíveis no <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Mortágua.B - Análise e interpretação da carta <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> incêndio <strong>do</strong> ConcelhoAs infra-estruturas florestais foram sobrepostas à Carta <strong>de</strong> Risco <strong>de</strong> Incêndio Florestal(CRIF) produzida pelo Instituto Geográfico Português (IGP) em 2004, para o Concelho <strong>de</strong>Mortágua, e efectuada a análise da distribuição <strong>de</strong>stas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com risco verifica<strong>do</strong> no<strong>concelho</strong>. Deste mo<strong>do</strong>, foi possível verificar se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> viária, pontos <strong>de</strong> água eos meios existentes, disponíveis para a <strong>de</strong>tecção e combate <strong>ao</strong>s incêndios, estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com o padrão <strong>de</strong> risco observa<strong>do</strong>.C - Produção CartográficaForam elaboradas cartas com a implantação das infra-estruturas florestais, no Sistema <strong>de</strong>Coor<strong>de</strong>nadas Hayford - Gauss, Datum Lisboa com Transladação <strong>de</strong> Origem - Oeste <strong>de</strong>Sagres - Falsa OrigemD - Levantamento e análise <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s proprietários face à florestaNesta fase foram entrevista<strong>do</strong>s os proprietários florestais para o preenchimento <strong>do</strong>sInquéritos. O inquérito realiza<strong>do</strong> foi estrutura<strong>do</strong> em 5 grupos <strong>de</strong> variáveis que se podiamfacilmente associar. A or<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s grupos no inquérito foi <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que seiniciasse com respostas fáceis <strong>ao</strong> princípio, com nomes, áreas, etc., finalizan<strong>do</strong> comperguntas mais elaboradas; as perguntas foram concebidas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que as respostaspermitissem uma fácil conclusão. De referir ainda que, os inquéritos foram preenchi<strong>do</strong>s nomês <strong>de</strong> Agosto, no <strong>do</strong>micilio <strong>do</strong>s proprietários florestais. Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s inquéritos feitos <strong>ao</strong>sproprietários florestais, foram tratamento recorren<strong>do</strong> <strong>ao</strong> programa estatístico SPSS.3 - RESULTADOS E DISCUSSÃONo Concelho <strong>de</strong> Mortágua, são praticadas as duas formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> incêndiosflorestais: <strong>de</strong>tecção terrestre fixa através <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> vigia e a <strong>de</strong>tecção terrestre móvel,sen<strong>do</strong> esta feita essencialmente nos meses <strong>de</strong> Verão, utilizan<strong>do</strong> para tal veículosmotoriza<strong>do</strong>s.O <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Mortágua possui três postos <strong>de</strong> vigia (tabela 1), que não são suficientes parauma cobertura eficaz da totalida<strong>de</strong> da área (figura 2).4
Tabela 1 – Postos <strong>de</strong> vigia situa<strong>do</strong>s no <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> MortáguaDesignação Concelho Freguesia Indicativo Lat. Long. Alt. ProprietárioChão Miú<strong>do</strong> Mortágua Sobral 46-05 40º26'37 8º11'24 405m DRABLCabeço <strong>do</strong> Boi Mortágua Sobral 46-09 40º30'27 8º14'27 768m DRABLMoinho <strong>do</strong>PiscoMortágua Boialvo 47-06 40º29'20 8º19'33 475m DRABLLegenda:Zona ocultaVista por 1 posto <strong>de</strong> vigiaVista por 2 ou 3 postos <strong>de</strong> vigiaVista por 4 postos <strong>de</strong> vigiaFigura 2 – Bacia <strong>de</strong> visão <strong>do</strong>s postos <strong>de</strong> vigia <strong>do</strong> Concelho <strong>de</strong> Mortágua (Fonte: Viana et al, 2005)O combate assume-se como acção fundamental para evitar que um simples foco <strong>de</strong>incêndio se transforme num gran<strong>de</strong> fogo. As estruturas <strong>de</strong> combate <strong>ao</strong>s incêndios florestaisque existem neste Concelho são: a Corporação <strong>de</strong> Bombeiros Voluntários <strong>de</strong> Mortágua, osSapa<strong>do</strong>res Florestais <strong>de</strong> Mortágua e as populações, que têm sem dúvida alguma, um papelcrucial para que o fogo não tome proporções avassala<strong>do</strong>ras (tabela 3). A Equipa <strong>de</strong>Sapa<strong>do</strong>res Florestais (constituída por cinco elementos), faz silvicultura preventiva nosmeses <strong>de</strong> Inverno e vigilância nos meses <strong>de</strong> Verão, através <strong>de</strong> meios motoriza<strong>do</strong>s. A tabela2 mostra os meios materiais e humanos, existentes no Concelho para as acções <strong>de</strong>vigilância <strong>de</strong> prevenção a incêndios florestais.5
Tabela 2 – Meios <strong>de</strong> vigilância no <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> MortáguaInstituição Meios Material Técnico Horário Meios HumanosCâmara Municipal <strong>de</strong> 1 Equipa com 2 motorizadas 24 Horas 6 ElementosMortágua 1 Equipa com viatura 4x4 24 Horas 10 ElementosAssociação <strong>de</strong> ProdutoresFlorestais <strong>de</strong> Mortágua3 Equipas com 3 viaturas 4x4 24 Horas 10 ElementosGuarda Nacional Republicana 1 Patrulha a cavalo Diurno 3 ElementosTabela 3 - Meios <strong>de</strong> Combate <strong>ao</strong>s Fogos Florestais no Concelho <strong>de</strong> MortáguaInstituição Meios Materiais/ técnicos Meios HumanosCâmara Municipal <strong>de</strong> Mortágua 6 Equipas com viatura 4x4 6 ElementosAssociação <strong>de</strong> ProdutoresFlorestais <strong>de</strong> MortáguaBombeiros Voluntários <strong>de</strong>Mortágua6 Equipas com 3 viaturas 4x4 12 Elementos1 Equipa permanente para 1ªintervenção14 Viaturas <strong>de</strong> combate incluin<strong>do</strong>2 auto-tanques7 Elementos efectivosTo<strong>do</strong> o corpo activo (87elementos)As infra-estruturas florestais são essenciais na prevenção e <strong>de</strong>tecção e combate <strong>de</strong>incêndios, por isso é importante assegurar a sua manutenção e <strong>de</strong>vida localização paraevitar a ocorrência e propagação <strong>de</strong> incêndios.O levantamento <strong>de</strong>monstrou que o Concelho <strong>de</strong> Mortágua é servi<strong>do</strong> por uma boare<strong>de</strong> <strong>de</strong> infra-estruturas florestais, tais como; caminhos florestais; aceiros e inúmerospontos <strong>de</strong> água (Figura 3). A existência <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> água é essencial, pois caso nãoexistam os bombeiros têm que se <strong>de</strong>slocar a locais <strong>de</strong> abastecimento muitas vezes longe <strong>do</strong>local <strong>de</strong> ocorrência <strong>do</strong> incêndio. Foram levanta<strong>do</strong>s 64 pontos <strong>de</strong> água no <strong>concelho</strong>,existin<strong>do</strong>, no entanto, muitos outros, <strong>de</strong> proprietários particulares, que não foram possíveislevantar neste trabalho.Figura 3 – Exemplos <strong>de</strong> infra-estruturas existentes (caminho <strong>florestal</strong>, aceiro e ponto <strong>de</strong> água)6
A análise da carta <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> incêndio <strong>florestal</strong> <strong>do</strong> <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Mortágua, elabora<strong>do</strong> peloIGP em 2004., mostra que uma gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> Concelho apresenta um índice <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>incêndio eleva<strong>do</strong>. Não obstante as áreas ardidas na última década foram quase inexistente,à excepção <strong>de</strong> 1995, apesar <strong>do</strong> número <strong>de</strong> ocorrências verifica<strong>do</strong>, (Figura 4), o que indiciauma eficaz actuação <strong>do</strong>s meios existentes.Área ardida (ha)1600,01400,01200,01000,0800,0600,0400,0200,00,0940,4206,022,5 30,5 14,5 5,0 2,6 5,3 8,2 2,1 0,4 1,1 0,71991199219931994199519961997199819992000200120022003302520151050Nº OcorrênciasÁrea Ardida Total (ha)Nº <strong>de</strong> OcorrênciasFigura 4 – áreas ardidas e número <strong>de</strong> ocorrências no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> (1991 – 2003) (Fonte: CMM)Inquéritos realiza<strong>do</strong>s <strong>ao</strong>s produtores florestais <strong>do</strong> <strong>concelho</strong>A análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s mais relevantes, recolhi<strong>do</strong>s pelos inquéritos, foi a seguinte:1- Espécies presentes na proprieda<strong>de</strong>10080Dos 25 inquiri<strong>do</strong>s, verifica-se que (88%)das explorações contêm folhosas e apenas(12%) contêm resinosas. Verifica-se apre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> folhosas em <strong>de</strong>trimentodas resinosas (Figura 5).604020Percent0folhosasresinosasESPECIEFigura 5 – Espécies presentes na proprieda<strong>de</strong>7
2 - Operações realizadas para a conservação <strong>do</strong>s povoamentos florestaisPela figura 6 verifica-se que cerca <strong>de</strong> (60%) <strong>do</strong>sproprietários florestais fazem a limpeza <strong>do</strong>spovoamentos e apenas (4%) fazem <strong>de</strong>sbastes, talfacto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver-se <strong>ao</strong>à pouca importância atribuídaa esta prática silvícola.706050403020Percent100<strong>de</strong>sbaste <strong>de</strong>srama limpeza mondas nenhumasFigura 6 – Operações realizadas3- Dificulda<strong>de</strong>s encontradas na condução <strong>do</strong>s povoamentos florestaisObserva-se que (84%) <strong>do</strong>s proprietários apontam os custos da mão <strong>de</strong> obra como aprincipal dificulda<strong>de</strong> na condução <strong>do</strong>s povoamentos florestais, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> pessoaspara trabalhar no meio rural, por sua vez, a ocorrência <strong>de</strong> incêndios florestais, é a menordificulda<strong>de</strong> referida (figura 7).4 – Ocorrência <strong>de</strong> incêndios florestais na proprieda<strong>de</strong>No que respeita à ocorrência <strong>de</strong> incêndios florestais, (92%) <strong>do</strong>s inquiri<strong>do</strong>s não tiveramincêndios florestais nas suas proprieda<strong>de</strong>s e apenas (8%) referiram a ocorrência <strong>de</strong>incêndios florestais (figura 8).10030802060104020Count0custos falta m.o incêndiosDIFICULDFigura 7 – Dificulda<strong>de</strong>s encontradas nacondução <strong>do</strong>s povoamentos florestaisPercent0nãosimINCENDIOFigura 8 – Ocorrência <strong>de</strong> incêndios florestais8
5 – Formas <strong>de</strong> evitar os incêndios florestais nos meses <strong>de</strong> verãoPo<strong>de</strong>-se constatar-se que (44%) <strong>do</strong>sproprietários florestais não faz nada para evitar80os incêndios florestais, em contrapartida, (20%)têm carrinha to<strong>do</strong>-o-terreno para alguma60ocorrência. Durante o preenchimento <strong>do</strong>sinquéritos foi possível verificar que a elevada40percentagem <strong>de</strong> proprietários que não faz nadapara evitar os incêndios florestais, pois estes20encontram-se nos seus empregos durante osmeses <strong>de</strong> Verão (figura 9).Percent0chama outroscorre p locaesperaREACÇÃOFigura 9 – Formas <strong>de</strong> evitar os incêndiosflorestais nos meses <strong>de</strong> verão6 – Medidas que consi<strong>de</strong>ra serem necessárias para evitar ou controlar os incêndiosflorestaisAs formas consi<strong>de</strong>radas pelos proprietários,para evitar ou controlar os incêndiosflorestais, são as limpezas <strong>do</strong>s povoamentos,pois (60%) consi<strong>de</strong>ra que esta práticasilvícola, seria suficiente para controlar osincêndios florestais, em contrapartida apenas(4%) refere a punição a criminosos como umaforma para evitar ou controlar os incêndiosflorestais (figura 10).Percent706050403020100aceirosPREVENÇAlimpezapuniçõesvigilânciaFigura 10 – Medidas que consi<strong>de</strong>ra seremnecessárias para evitar ou controlar osincêndios florestais9
7 – Reacção quan<strong>do</strong> ocorre um incêndio <strong>florestal</strong>De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s, observa-se que (72%) <strong>do</strong>s inquiri<strong>do</strong>s corre para olocal, e 8% chama outras pessoas para ajudar no combate, quan<strong>do</strong> há a ocorrência <strong>de</strong> umincêndio <strong>florestal</strong>. Aqui po<strong>de</strong>-se verificar a preocupação <strong>do</strong>s proprietários na ajuda <strong>ao</strong>combate <strong>ao</strong>s incêndios.8 - Vantagens <strong>do</strong> associativismo <strong>florestal</strong>60O questionário revelou que (56%) <strong>do</strong>sassocia<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ram que o associativismo<strong>florestal</strong> tem algumas vantagens, (36%)consi<strong>de</strong>ra que são muitas as vantagens <strong>do</strong>associativismo <strong>florestal</strong> (figura 11).5040302010Percent0algumasapoiomuitasASSOCIATFigura 11 – Vantagens <strong>do</strong> associativismo <strong>florestal</strong>10- CONCLUSÕESPo<strong>de</strong>-se concluir que Mortágua vive da e para a floresta. Sen<strong>do</strong> a principal fonte <strong>de</strong>rendimento <strong>do</strong> Concelho, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um suporte para outras fontes <strong>de</strong> rendimento,nomeadamente o turismo, alimentação e energia. Existe um forte sentimento <strong>de</strong> orgulhoentre as populações na sua mancha <strong>florestal</strong> e no que ela lhes oferece. E, portanto, é naturalque exista um sentimento <strong>de</strong> protecção da floresta embebi<strong>do</strong> na mentalida<strong>de</strong> Mortaguense.Em Mortágua, o <strong>or<strong>de</strong>namento</strong> <strong>florestal</strong> está longe <strong>de</strong> ser perfeito, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> amonocultura <strong>do</strong> eucalipto.Em termos <strong>de</strong> prevenção, são <strong>de</strong> facto um exemplo, pois possuem corta-fogos semprepresentes on<strong>de</strong> se verifica serem necessários. Os caminhos e estradões abertos por toda amancha <strong>florestal</strong> (alguns mais largos que certas estradas nacionais), estão em bom esta<strong>do</strong>10
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