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desde a pós-colonialidade e a partir das políticas ... - Cultura Digital

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combate, Fanon não conseguiu superar a “<strong>colonialidade</strong> do saber” (QUIJANO, 2005) noque tange especificamente sua concepção de culturas tradicionais, por exemplo.A ideia de que precisamos nos desfazer desse “espelho que sempre nos distorce”,o eurocentrismo, para conseguirmos promover uma descolonização do pensamento, édefendida por Aníbal Quijano (2005) e uma gama de pensadores latino-americanos(WALSH, 2004; MIGNOLO, 2002; SCHIWY, 2002, dentre outros). As críticas dessesintelectuais tanto propõem uma revisão do “mito” da modernidade como fenômenoeminentemente europeu quanto apontam a necessidade de que estratégiasepistemológicas e políticas sejam cria<strong>das</strong> para que os países colonizados consigampensar / ultrapassar seus problemas a <strong>partir</strong> de um diálogo intercultural efetivo entretodos os grupos socioculturais que os compõem. Ou seja, por meio de um intercâmbiode conhecimentos incessante entre seus intelectuais.Acontece que a cultura ocidental – vetorizada pela tríade ciência, Estado ecristianismo – subalternizou, ao longo de todo o projeto da modernidade, as diversasformas de saberes que escapavam à racionalidade científica ou ao padrão intersubjetivomoderno. A episteme científica se define justamente a <strong>partir</strong> de uma fronteira com asformas de conhecimentos tradicionais, míticas, mitológicas, ou tudo aquilo que seaprende pela experiência, subjugando-os a um estatuto de pensamento mágico. “Ofabular e o delírio, o folclore e a arte, a cultura popular e o saber inventivo do queexperencia um corpo são desclassificados como crendices” (AMORIM; BICHUETTI;OLIVEIRA, 2004).Nessa lógica, o exercício do pensar fica restrito a certo grupo (não homogêneo, éclaro) capaz de elaborar esquemas mentais a <strong>partir</strong> de categorias universalizáveis e como padrão de rigor estabelecido pela ciência. Podemos observar que, mesmo o conceitode intelectual orgânico de Gramsci – que é um marco nas Ciências Sociais por rompercom uma concepção elitista de intelectualidade à la Julien Benda 2 –, é formulado naesteira desse a priori científico e no seio de uma noção marxista da realidade. Daí que oconceito gramsciano de intelectual orgânico esteja diretamente ligado à ideia de gruposocial como função produtiva dentro de um sistema econômico. Ainda que elereconheça que todos são intelectuais, há em sua definição uma instrumentalização da2 De acordo com a leitura de Said, Benda apresenta uma definição de intelectual restrita a um “grupominúsculo de reis filósofos superdotados [...], que constituem a consciência da humanidade”; espécie de“criaturas raras” (SAID, 2003, p.20-21).

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