Roboredo teve a percepção / intuição linguística da existência doinfinitivo pessoal na única língua do mundo, o Português. Pensamostratar-se do primeiro a fazê-lo, pois não encontrámos nenhuma referênciaa esse infinitivo em gramáticos anteriores. Roboredo, apesardas grandes semelhanças do infinitivo pessoal com o segundo futuro,descobriu também verbos em que essas semelhanças não existem:Tem finalmente a Portuguesa hum Infinitivo que o uso corrompendoo fezpessoal. & delle carecem as linguas, de que tenho noticia, Como eu amar, tuamares, elle amar. Pl. Nos amarmos vos amardes, elles amarem; he semelhanteao segundo futuro: mas em algüs verbos não; como eu dizer, tu dizeres, &c. Eufazer, tu fazeres, elle fazer: De nos fazermos arte Portuguesa resultará proveito naRepublica: o segundo futuro he; eu fizer, tu fizeres, elle fezer (sic), &c. Eu disser,&c. (Idem 1619: 33).4.3.3. A PreposiçãoPara Roboredo, a preposição “he palavra, que carece de Numeros,& rege Casos, a que se antepõi; & faz composição com outra palavra;como, Incidit in foveam, quam struxit” (Ibidem: 68). Esta definição équase uma tradução da do Broncense, que referiu ser a proposiçãouma “vox expers numeri, quae casibus praeponitur, & in compositionereperitur. Proprium itaque est praepositionis ante ire casum nominis”(Brozas 1587: 146 v. -147 r.).No entanto, mais uma vez, o gramático transmontano observouque, em determinadas línguas, ao contrário do Latim, havia preposiçõesa reger casos diferentes dos acusativos e ablativos, como era o caso doPortuguês e do Grego clássico. Com efeito, para Roboredo, “em algüaslinguas ha tambem Preposições, que regem Genitivo, & Dativo; comona Portuguesa, & Grega; mas na Latina regem soomente Accusativo,& Ablativo” (Roboredo 1619: 68).As preposições portuguesas mais multifacetadas são o «de» e o«a», uma vez que podem reger casos distintos e, assim, ter significadosdiversos. A preposiçãoDe, rege Genit. quando per ordem dereita vai entre dous Sustantivos, & oprimeiro se une com o segundo q fica possuidor do primeiro: & rege Ablativo,quando significamos separação, ou cõposição. Porem, A, rege Dativo comacquisição: Accusativo com movimento: Ablativo com separação (Ibidem: 47).LXIX
Roboredo tem sempre o cuidado de contrapor as preposiçõesportuguesas às latinas correspondentes e acrescentar a construçãosintáctica que se lhe afigura mais correcta. No entanto, por exemplo,ao «de», quando rege genitivo, não corresponde nenhuma preposiçãolatina, mas simplesmente um substantivo em genitivo para significaro ser possuído:Quando a Preposição, De, rege Genitivo não lhe respõde a Latina cõ letra algüa;& assi na Latina fica o Genit. de possuidor regido do Sustantivo possuido, comofica mostrado (Ibidem: 48).Por outro lado, muitas vezes, ou na língua portuguesa, ou na latina,dá-se uma elipse da preposição, o que, para Roboredo, não significaque ela não exista. Assim, por exemplo,a distancia, Medida, & Tempo, se usaõ em Accusativo regido de preposição calada;como, Dista tres passos: sobresta tres côvados: screvi duas horas (Ibidem: 51).Também, por exemplo, a preposição «com», introdutora de umcomplemento de instrumento, usa-se sempre em Português e elide-seem Latim, etc.:Entre as Preposições, que regem Ablativo, ha estas mui repetidas na pratticaPortuguesa, na qual sempre se declara Com, antes do instrumento; &na latina quasi sempre se cala: como, Screvo com a pena: Scribo calamo(Ibidem).4.3.4. O AdvérbioPara Roboredo, o advérbio é uma das cinco partes da oração ecarece de Numero, & Regencia, & altera as outras palavras, a que se ajunta(…). Chamase Adverbio porque principalmente se ajunta ao Verbo, & tambemao Adjectivo, & Adverbio: como, Admodum prudens primum quaerit Deum citomane (Ibidem: 70).No entanto, quando, por derivação imprópria, “tomado em lugarde Nome pode reger caso: como, Satis Verborum” (Ibidem). Todavia,na terceira parte do Methodo Grammatical, Roboredo apresenta outros«advérbios» que regem genitivo:LXX
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