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o mapa conceitual como instrumento de avaliação da aprendizagem

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O MAPA CONCEITUAL COMO INSTRUMENTODE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEMINTRODUÇ AOMarco A. Moreira*A avaliação <strong>da</strong> <strong>aprendizagem</strong> é, sem dúvi<strong>da</strong>, uma <strong>da</strong>s maiores difcul<strong>da</strong><strong>de</strong>s com que se<strong>de</strong>para o professor no processo instrucionai. Perguntas <strong>como</strong> “o que avaliar?” “para que avaliar”,“<strong>como</strong> avaliar” e “quando avaliar” acompanham, muitas vezes sem respostas claras, aativi<strong>da</strong><strong>de</strong> cotidiana do docente. A preocupação com a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> e fi<strong>de</strong>digni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>instrumento</strong>s<strong>de</strong> avaliação é outra constante do dia-adia <strong>de</strong> muitospmfessores.Tudo isso, no entanto, é geralmente referenciado por uma viao muito tradicional <strong>de</strong>avaliqão que procura avaliar, quantitativamente, a <strong>aprendizagem</strong> através <strong>de</strong> <strong>instrumento</strong>sclueusualmente SEO provas escritas.Contrariamente a esse enfoque, neste trabalho propõem-se <strong>mapa</strong>s conceiiuais <strong>como</strong><strong>instrumento</strong>s não convencionais <strong>de</strong> avaliação, cujo uso implica um posicionamento mais qualitativoe, portanto, também não convencional frente a avaliação <strong>da</strong> <strong>aprendizagem</strong>.O QUE SE ENTENDE FOR MAPAS CONCEiTUAiS ?Mapas conceituais são diagramas bidimensionais mostrando relações hierárquicas entreconceitos <strong>de</strong> uma disciplina. São diagramas hierbquicos que procuram refletir, em duas dimensões,a estrutura ou organização <strong>conceitual</strong> <strong>de</strong> uma disciplina ou parte <strong>de</strong>la. Isto 6, suaexistência <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> própria estrutura <strong>da</strong> disciplina.Obviamente, “existem várias maneiras <strong>de</strong> traçar um <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong>, i.e., existem diferentesmodos <strong>de</strong> mostrar uma hierarquia <strong>conceitual</strong> em um diagrama. Além disso, <strong>mapa</strong>sconceituais traçados por diferentes especialistas em uma mesma área provavelmente refletiráopequenas diferenças em compreensão e interpretação <strong>da</strong>s relaçaes entre os conceitoscha-Do Instituto <strong>de</strong> Ffsica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Ria Gran<strong>de</strong> <strong>da</strong> Sul (UFRGS)


ve <strong>de</strong>ssa área. O ponto importante é que um <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong> <strong>de</strong>ve ser sempre visto <strong>como</strong>‘um <strong>mapa</strong> conceituai‘ e não ‘o <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong>’ <strong>de</strong> um <strong>da</strong>do conjunto <strong>de</strong> conceitos Ou xja,qualquer <strong>mapa</strong> conceituai <strong>de</strong>ve ser visto <strong>como</strong> apenas uma <strong>da</strong>s possíveis representapóes <strong>de</strong>uma certa estrutura <strong>conceitual</strong>” (Moreira, 1983a).Em um mo<strong>de</strong>lo que se baseia na idéia <strong>de</strong> diferenciação <strong>conceitual</strong> progressiva (Ausubel,1979, 1980), a orientação é tal que os conceitos mais gerais e inclusivos aparecem notopo do <strong>mapa</strong> Prosseguindo <strong>de</strong> cima para baixo, no eixo vertical, outros conceitos aparecemem or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> inclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> até que, ao pé do <strong>mapa</strong>, chega-se aos conceitosmais específicos. Exemplos po<strong>de</strong>m também aparecer na base do <strong>mapa</strong> As linhas conectandoconceitos sugerem relações entre os mesmos.A fgura 1 representa um <strong>mapa</strong> conceitiial elaborado aproxima<strong>da</strong>mente segundo estemo<strong>de</strong>lo, na área <strong>de</strong> Eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e Magnetismo. Sobre algumas linhas que indicam relaçõesentre conceitos foram escritas palavras ou equeões que explicitam taii relações. Por exemplo, o campo elétrico e a força elétrica estão relacionados através <strong>da</strong> idéia <strong>de</strong> ação h distância.Observe-se que, no exemplo <strong>da</strong> figura i, nem to<strong>da</strong>s as possíveis linhas indicando relaç6esentre conceitos foram traça<strong>da</strong>s e muitos conceitos <strong>de</strong>ssa área <strong>da</strong> Ffsica foram <strong>de</strong>ixadosfora do <strong>mapa</strong>. Tudo isso para não prejudicar a clareza do <strong>mapa</strong>. Em um <strong>mapa</strong> conceitu<strong>de</strong>xiste sempre um compromisso entre clareza e completici<strong>da</strong><strong>de</strong>.Este mo<strong>de</strong>lo, portanto, propõe uma hierarquia vertical <strong>de</strong> cima para baixo, indicandorelaçúes <strong>de</strong> subordinação entre conceitos Conceitos que englobam outros conceitos aparecem no topo, enquanto conceitos que são englobados por outros aparecem na base. Concettos com aproxima<strong>da</strong>mente o mesmo nível <strong>de</strong> generali<strong>da</strong><strong>de</strong> e inclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> aparecem na mesmaposição vertical. O fato <strong>de</strong> que vários conceitos diferentes po<strong>de</strong>m aparecer na mesmaposição vertical dá ao <strong>mapa</strong> sua dimensão horizontal. Ou seja, ao longo <strong>da</strong>s abcissas os conceitossão colocados <strong>de</strong> tal forma que fiquem mais próximos os que se.constituem em diferenciação imediata <strong>de</strong> um mesmo conceito superor<strong>de</strong>nado, enquanto que os mais remotosfiquem afastados horizontalmente. Na prática, dá-se priori<strong>da</strong><strong>de</strong> ao or<strong>de</strong>namento hierárquicovertical e, em razão disso, nem sempre é possível mostrar as relagies horizontais <strong>de</strong>sqa<strong>da</strong>s.Assim, o eixo horizontal <strong>de</strong>ve ser interpretado <strong>como</strong> menos estruturado, enquanto que overtical reflete bem o grau <strong>de</strong> inclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos conceitos. (RoweU, 1978).Naturalmente, o mo<strong>de</strong>lo proposto não é único e não existem regras fixas a serem observa<strong>da</strong>s na construção <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s conceituais. Mapas conceituais não <strong>de</strong>vem, no entanto, serconfundidos com diagramas <strong>de</strong> fluxo pois estes implicam seqüência temporal <strong>de</strong> operações,enquanto que <strong>mapa</strong>s procuram mostrar rehções entre conceitos Mapas mostram relaçbeshierárquicas entre conceitos; diagramas <strong>de</strong> fluxo mostram relaçúes seqiienciais <strong>de</strong> operaçõesDa mesma forma, n8o <strong>de</strong>vem ser confundidos com organogramas e outras configuray3es quepossam parecer visualmente semeihantes a <strong>mapa</strong>s Mapas conceituais, <strong>como</strong> o próprio nomesugere, referem-se a conceitos e reiações enfie conceitosUSOS DOS MAPAS CONCEITUAISDe um modo geral, <strong>mapa</strong>s conceituais po<strong>de</strong>m ser usados <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> ensino ou<strong>de</strong> avaiiapío <strong>da</strong> <strong>aprendizagem</strong>. Além disso, po<strong>de</strong>m também ser utilizados <strong>como</strong> auxiliares noplanejamento e M análise do nur~cuculo (Stewart et olii, 1979).“Como recursos instrucionais, os <strong>mapa</strong>s propostos po<strong>de</strong>m ser usados para mostrar asrelações hierárquicas entre os conceitos que estão sendo ensinados em uma única aula, numauni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estudo ou em curso inteiro. Eles mostram relações <strong>de</strong> subordinação e superor<strong>de</strong>naçãoque possivelmente afetarão a <strong>aprendizagem</strong> <strong>de</strong> conceitos Eles são representapesconcisas <strong>da</strong>s estruturas conceituais que estão sendo ensina<strong>da</strong>s e, <strong>como</strong> tal, provavelmentefacilitarão a <strong>aprendizagem</strong> <strong>de</strong>ssas estruturasEntretanto, contrariamente a textos e outros materiais instrucionais, <strong>mapa</strong>s conceituaisnão dispensam explicaçúes.do professor.18


CARGAFORÇAELETROMAGNETICAtraduz a a ão docmoELETROMAGNETI COFORÇAELETRICAFORÇAPOTENCIALFigura 1 - Um exemplo <strong>de</strong> <strong>mapa</strong><strong>conceitual</strong> na área <strong>de</strong> Eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>e Magnetismo elaboradoDIFERENÇADE POTENCIALcm base na idéia <strong>de</strong> difaren- FluxoForça Eletro- Conduti- Resistivi<strong>conceitual</strong>progressiva.Elétrico FOrymotrizvi<strong>da</strong><strong>de</strong> - <strong>da</strong><strong>de</strong>Figura 1 - Um exemplo <strong>de</strong> <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong> na área <strong>de</strong> Eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e Magnetismo elabomdocom base na Wi<strong>de</strong> diferenosFão conceitd progreh.


A natureza indiossincrática <strong>de</strong> um <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong>, <strong>da</strong><strong>da</strong> por quem faz o <strong>mapa</strong> (o professor),toma necessário que o professor explique ou guie o aluno através do <strong>mapa</strong> quandoutiliza com recursos insirucionai (Bog<strong>de</strong>u, 1977). Além disso, apesar <strong>de</strong> que os<strong>mapa</strong>spo<strong>de</strong>m ser usados para <strong>da</strong>r uma visão geral prévia do que vai ser estu<strong>da</strong>do, <strong>de</strong>vem ser usadospreferencialmente quando os alunos já têm uma certa familiari<strong>da</strong><strong>de</strong> com o assunto.Nesse caso, eles po<strong>de</strong>m ser usados para integrar e reconciliar relações entre conceitos epromover a diferenciação <strong>conceitual</strong>. Os conceitos e linhas ligando conceitos em um <strong>mapa</strong><strong>conceitual</strong> não terão significado algum a menos que sejam explicados pelo professor eque os estu<strong>da</strong>ntes tenham, pelo menos, alguma familiari<strong>da</strong><strong>de</strong> com a materia <strong>de</strong> ensuio”.(Moreira, 1980, p. 478).Maiores informações sobre o usn <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s conceituais <strong>como</strong> recursos didáticos, incluindoexemplos adicionais em outras disapiinas além <strong>da</strong> Física, po<strong>de</strong>m ser encontrados namonogratia n? 2 <strong>da</strong> série Meihoria do Ensino (Moreira, 1983b, pp. 8091), no capítulo 3(pp. 44-51) do texto Aprendiz


1Corrente ElétricaIForga EletrormtrizReki stenc iaElétricaIFluxo Magnético2MagnéticaPo t Snci a3ElétricaElétricaorrente<strong>de</strong>Deslocament0E I etromaqnéti coI ndutánciaForçaEl et romagnét icatromotriz,Corrente<strong>de</strong>EI ét r i ca DeslocamentoFigura 2 - Mapas conceiiuais traçados por um aluno que estudou o conteúdo <strong>de</strong> Eletria<strong>da</strong><strong>de</strong>e Magnetismo sob uma abor<strong>da</strong>gem ausubeliana; 1, 2 e 3 sisnifcam, respectivamente,antes, durante e após a iustnição. (Moreira, 1977, 1979,1983).21


1EnergiaHagnét icaCorrente <strong>de</strong> Deslocamento2Hagnét icaCapacltânciaForçaEnergiaElétricaCorrente <strong>de</strong>PotênciaE 1 étr ica Deslocamento ElétricaElétricaCorrente <strong>de</strong>DeslocamentoForçaMagnéticaForçaF I vxo rnagnét icaMagnéticoForçaEle t ramo t r i zFigura 3 - Mapas conceituais traçados por um aluno que estudou o conteúdo <strong>de</strong> Eletria<strong>da</strong><strong>de</strong>e Magnetiimo sob uma abor<strong>da</strong>gem convencional; 1,2 e 3 significam, respectimente, antes, durante e ap6s a instrução. (Moreira, 1977, 1979, 1983).22


el’ e outro o tradicionalmente encontrado em livros <strong>de</strong> texto a diferentes grupos <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes.Na figura 2 Sao mostrados os <strong>mapa</strong>s <strong>de</strong> um aluno que estudou o conteúdo <strong>de</strong> Eietrgci<strong>da</strong><strong>de</strong> e Magnetismo sob a abor<strong>da</strong>gem ausubeliana, enquanto na figura 3 são apresentadosos <strong>mapa</strong>s <strong>de</strong> um aluno que estudou o mesmo conteúdo segundo a organização convencional.Ambas as figuras são representativas dos tipos <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s traçados por alunos que estu<strong>da</strong>ramo conteúdo sob uma ou outra abor<strong>da</strong>gem:“Comparando tais figuras po<strong>de</strong>r-se-ia argumentar que os <strong>mapa</strong>s <strong>da</strong> figura 2 sugeremuma tendència gradual em direção a uma hierarquia vertical, em que os conceitos maisgerais estão no topo e os mais específicos na base. Esta tendência, que parece não haverna figura 3, po<strong>de</strong> ser explica<strong>da</strong> pelo fato <strong>de</strong> que <strong>mapa</strong>s conceituais com o mesmo tipo <strong>de</strong>hierarquia foram usados <strong>como</strong> recursos instrucionais na abor<strong>da</strong>gem ausubeliana, enqumto que na abor<strong>da</strong>gem convencional não foi usado esse tipo <strong>de</strong> recurso. Esta diferença,portanto, po<strong>de</strong> apenas refletir uma influência dos materiais instrucionais sobre a estruturacognitiva dos alunos. Isso significa que essa diferença não implica em que os <strong>mapa</strong>s <strong>da</strong>figura 2 sejam necessariamente meihores do que os <strong>da</strong> figura 3. Por outro lado, consi<strong>de</strong>rando as regras que os alunos <strong>de</strong>viam seguir, po<strong>de</strong>-se observar muitas diferefiças nas figuras2 e 3. Por exemplo, no Ultimo <strong>mapa</strong> <strong>da</strong> figura 2 os conceitos mais gerais são campoeletromagnético e força eletromagnética, enquanto que no <strong>mapa</strong> correspon<strong>de</strong>nte na figura3 força eletromagnética é consi<strong>de</strong>rado um conceito específico e os conceitos gerais sãocarga elétrica e corrente elétrica. Obviamente, também neste caso, não se po<strong>de</strong> dizer queum aluno esteja certo e o outro errado, porém, este tipo <strong>de</strong> diferença po<strong>de</strong> estar sugerindodiferentes maneiras <strong>de</strong> organizar o conteúdo cognitivo em uma certa área, ou seja, diferemtes estruturas cognitivas. E justamente isso que se procura através <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> <strong>instrumento</strong><strong>de</strong> avaliação”. (Moreira, 1983% p. 142).As figuras 4, 5 e 6 foram obti<strong>da</strong>s em outra pesquisa (Ahuma<strong>da</strong>, 1983; Moreira e Ahuma<strong>da</strong>,1983) na qual <strong>mapa</strong>s conceituais foram usados <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> avaliação emum curso <strong>de</strong> Física Geral. Nesta pesquisa, foi solicitado aos alunos que construíssem <strong>mapa</strong>sconceituais em três oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ao longo do curso (aproma<strong>da</strong>mente no começo, no meioe no fim do curso), durante as quais eram também entrevistados pelo professor a fm <strong>de</strong>explicar seus <strong>mapa</strong>s. Esse tipo <strong>de</strong> estratégia (entrevistas) foi possível porque a pesquisa foiconduzi<strong>da</strong> em um curso individualjzado. As figuras 4, 5 e 6 mostram os <strong>mapa</strong>s <strong>de</strong> um mesmoaluno nessas três oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Esses <strong>mapa</strong>s sugerem uma organização vertical que refleteclaramente a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> apresentação dos conceitos no livro-texto (Hally<strong>da</strong>y & Resnick). OStrês <strong>mapa</strong>s têm a mesma estrutura e diferem apenas no número <strong>de</strong> conceitos que envolvem,refletindo uma forte influência do material instrucional sobre a estrutura cognitiva do aluno.Exemplos adicionais são apresentados nas, figuras 7 e 8. Tais figuras exemplificamos resultados obtidos em um estudo no qual se usaram <strong>mapa</strong>s conceituais <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s<strong>de</strong> ensino e avaliação (Moreira e Gobara, 1983). Diferentemente do estudo referido anteriormente(Moreira e Ahuma<strong>da</strong>, 1983), os alunos, antes <strong>de</strong> construírem seus próprios <strong>mapa</strong>?,tiveram- contato com <strong>mapa</strong>s conceituais elaborados pelo professor com propósitos instrucbnais Um <strong>mapa</strong> semeihante ao <strong>da</strong> fwra 1, por exemplo, foi usado nesta pesquisa <strong>como</strong> recurso instrucional. As figuras 7 e 8 são <strong>mapa</strong>s <strong>de</strong> um mesmo aluno, traçados aproxima<strong>da</strong>menteno meio e no fun do curso. Estes <strong>mapa</strong>s parecem apresentar uma organização hierárquicado meio para as bor<strong>da</strong>s. No primeiro, o conceito <strong>de</strong> carga elétrica ocupa uma posição centrale parece estar ro<strong>de</strong>ado por outros conceitos a ele subordinados. No segundo, além <strong>de</strong> cargaelétrica, outros conceitos ocupam a parte central do <strong>mapa</strong> e ficam ro<strong>de</strong>ados por conceitossubordinados.Todos estes exemplos foram <strong>da</strong>dos para ilustrar, <strong>da</strong> melhor maneira possivel, as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>sdq uso <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s conceituais <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> avaliação.A abor<strong>da</strong>gem ausubeliana enfatiza a diferencia@o mnccitual progressiva e a remnçiliaçáo integrativa.23


N'm1CA.90 ELfTRICOILINHAS DE FORCAPOTENCIAL ELETRIWDIFERENÇA DE POTENCWCORRENTE EGTRICAR~SISTENCIA, /CANPO MAGNETICOLINHAS DE INDUÇÃOI 1II [ FORCA MAGNETICAICORRENTE DE DESLOCANENTOFigura 6 - Terceiro <strong>mapa</strong> baçado pelo estu<strong>da</strong>nte no 8; após a úitima uni<strong>da</strong><strong>de</strong> (20). (Ahwma<strong>da</strong>, 1983).


Figura 7 - Primeiro <strong>mapa</strong> confeccionado peio estu<strong>da</strong>nte n? 2;após a 1Oa uni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>estudo.(Moreira e Gobam, 1983)


ARCA ELETRICACAMPO ELETRICFigura 8 - Segundo <strong>mapa</strong> confeccionado pelo estu<strong>da</strong>nte n? 2; após a 20? uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estudo.(Moreira e CoLma, 1983)


Entretanto, tais exemplos foram todos na área <strong>de</strong> Física e o leitor po<strong>de</strong> ter ficado coma impressão <strong>de</strong> que o uso <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s conceituais é mais a<strong>de</strong>quado para disciplinas com estruturasconceituais bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s <strong>como</strong>, por exemplo, a Física.Não é este, absolutamente, o caso. Mapas conceituais po<strong>de</strong>m ser usados em qualquerdisciplina, pois todos possuem um conjunto <strong>de</strong> conceitos que as caracteriza Mapas conceituaispo<strong>de</strong>m também ser usados <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> ensino ou avaliição em áreas <strong>como</strong>poesia ou romance (Moreua e Masini, 1982). Para ilustrar isso, apreserrtaremos a seguir<strong>mapa</strong>s conceituais traçados por alunos <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> Literatura Americana’.As figuras 9 e 10 são <strong>mapa</strong>s traçados por diferentes alunos mostrando <strong>como</strong> perceberam<strong>conceitual</strong>mente a história <strong>de</strong> “Rip Van Winckle” <strong>de</strong> W. I&& O primeiro, fwra 9,parece evi<strong>de</strong>nciar uma compreensão razoável <strong>de</strong> texto do período romântico <strong>da</strong> LiteraturaAmericana colocando <strong>como</strong> conceitos mais importantes natureza (nature) e ci<strong>da</strong><strong>de</strong> [ civilização] (town). Na natureza são colocados a beleza (beouty), as montanhas (mountains),fenomênos naturais (trovões; thun<strong>de</strong>r) e o próprio Rip cercado <strong>de</strong> seu cão (dog) Wolf - doobjetivo <strong>de</strong> sua caça - os esquilos (squirreis)- e dos misteriosos (mystey) seres que habitamlugares fora <strong>da</strong> civilização - os duen<strong>de</strong>s. Estes homens pequeninos lhe oferecem umabebi<strong>da</strong> mágjca que o faz, por sono profundo (<strong>de</strong>ep sleep), atravessar o tempo (time)- outroconceito chave importante - conturbado e sangrento, <strong>da</strong>s lutas <strong>da</strong> in<strong>de</strong>pendência (revolutions).Natureza e ci<strong>da</strong><strong>de</strong> se unem no tempo, mas se na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoas lutavam e morriam,na natureza mantinha-se a paz com um sono profundo <strong>de</strong> 20 anos (20years).O <strong>mapa</strong> <strong>da</strong> figura 10, por sua vez, coloca Rip <strong>como</strong> conceito central e a ele ligam-setodos os outros. Há, também nele, uma oposição entre ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e natureza no conceito <strong>de</strong>tempo presente em Rip jovem íjowlg Rip), Rip nas montanhas (Rip in mountains) e Ripvelho (old Rip). Amigos Ifriends), crianças (children), o cachorro (dog) <strong>de</strong> estiição e suaesposa (wife) rabugenta estão na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; o cão, Rip, o caçador (hunter) <strong>de</strong> esquilos (SqUirreh),a natureza (nature), trovões (thun<strong>de</strong>r), seres pequenos (smll people) e sua estranhabebi<strong>da</strong> (strange potion), o sono (sleep), os mistérios (mystay) e o tempo (time) passadosem senti estão nas montanhas. Rip velho é quase uma simbiose <strong>de</strong> natureza-ci<strong>da</strong><strong>de</strong>: otempo <strong>de</strong>u-lhe longa barba (bng beard), amigos já morios (friends’dtnth), revolução (revolutwn), irreconhecimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e novos habitantes (new inhabitants), reconhecimento,afinal, <strong>de</strong> sua fiiha (du~ghter)~.A Figura 11 é também o resultado <strong>de</strong> uma tarefa <strong>de</strong> avaliação no mesmo curso <strong>de</strong> Literatura Americana, porém referese i poesia ‘7 reason, earth is short”, <strong>de</strong> Edy Dickinson,assim interpretado pela professora com base em conversa com a aluna.Como conceitos principais estão “Morte” (Deufh) e “Vi<strong>da</strong>” [Life) colocados a um mesmo nível, havendo uma conexão entre todos os conceitos.Entre “Morte” e “Vi<strong>da</strong>”, o ser presente - “Eu” (i)~ com a idéia <strong>de</strong> “<strong>de</strong>cadência”(<strong>de</strong>my) liga<strong>da</strong> i “morte” e a <strong>de</strong> “Vitali<strong>da</strong><strong>de</strong>” (Itality), i vi<strong>da</strong>, “.angústia”(anguish) e “mágoa”(hurt) unem-se tanto ao conceito <strong>de</strong> “vi<strong>da</strong>” <strong>como</strong> ao <strong>de</strong> “morte”, sendo que dores e anghtias do “eu” encurtam-lhe o caminho pela terra, e esta passa a ser pequena. “Terra” (earth)e “céu” (heauen) são mostrados, fiáo <strong>como</strong> opostos, mas <strong>como</strong> componentes <strong>de</strong> uma “equaçãonova” (new equation) expressa pela igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s funções (vi<strong>da</strong>; vitali<strong>da</strong><strong>de</strong>, doi, terra) e(morte; <strong>de</strong>cadência, céu).O <strong>mapa</strong> não explicita a pergunta final <strong>da</strong>s três estrofes “Mas e <strong>da</strong>í?” (But what ofthat?).’ Discipliiia Inglês Vi ministra<strong>da</strong> pela Rofa. M.M. Moreira M UNISINOS no I? semestre <strong>de</strong> 1983.Estas interpretapóes (parciais) <strong>de</strong>stes <strong>mapa</strong>s foram feitas por um especialista (a pmfessora), a fim <strong>de</strong>ilustrar o tipo <strong>de</strong> inferência, sobre a compreensío do texto, que se po<strong>de</strong> faca com a informaçZo nelesconti<strong>da</strong>r Naturalmente, na medi<strong>da</strong> em que o aluno explicar, por escrita ou oralmente, seu <strong>mapa</strong>,este será um <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> avaüqão muito mais valiosa paya o professor. Assim <strong>como</strong> no caso <strong>de</strong>serem usddos <strong>como</strong> recuso instrucionai, <strong>mapa</strong>s conceiiuais serão mais úteis M avaliação se foremexpiica<strong>da</strong>s


RIP VAR WINCRLE-NATURE > TOXN1keautyKsatskill’ IHOUNTAINSthun<strong>de</strong>r/.’RIPP,hunter-squirrels1gunthun<strong>de</strong>rstom1ancient inhabitants(Pe ter)11Hendrick Hnine - pinsVp c h i l d r e n - t a l e svitestoys<strong>de</strong>ep sleep.1mystery, Imal1 people1 f I,Nicholas V.<strong>de</strong>ath -+friends 4 Brom D.Lvan B.IRip‘s wife (Dame)20 years<strong>da</strong>ughter Judith Gar<strong>de</strong>nierlang beard (Rip)Figura 9 - Um <strong>mapa</strong> conceituai para “Rip Van Winekle” (W. Jrving). Ivete Ester Theissen;InglêsVi;üNISiNOS; 1983.30


I REASON, EARTH IS SHORTI reamn, earth is short,And anguish absolute,And many hurt;But what of that?I reason, we muid die:The best vitaiityCannot excel <strong>de</strong>cay;But what of that?I reasan that in heavenSomehow, it wiii be even,Some new equation givenBut what of that?Emüy üickinsonFgura 11 - Um <strong>mapa</strong> mnceituai para “I reason, Earth is Short” (E. Didúnson). Vem LuizaKelsch; inglês VI, UNISINOS; 1983.32


A colocação do “Eu raciocino” (irmson), no início <strong>da</strong>s três estrofes, entre o problema básicodo ser pensante, traz implícita a pergunta “Mas e <strong>da</strong>í?“ e a resposta será encontra<strong>da</strong> quarrdo se conseguir igualar, em uma nova equação, as funções vi<strong>da</strong> e morte.Não se encontra no <strong>mapa</strong>, ligado i vi<strong>da</strong>, o conceito <strong>de</strong> transitorie<strong>da</strong><strong>de</strong>, traduzido pelapalavra “curta“ (short) que apresenta vi<strong>da</strong> (terra) liga<strong>da</strong> a tempo em oposição amorte (eu),livre <strong>de</strong> limites temporais.CONCLUS AOMapas conceituais foram aqui propostos <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> <strong>aprendizagem</strong>.Po<strong>de</strong>-se solicitar ao aluno que faça um <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong> do conteúdo <strong>de</strong> uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> estudo, <strong>de</strong> uma aula, <strong>de</strong> um romance, <strong>de</strong> artigo <strong>de</strong> pesquisa, enfm, as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s sãomuitas. O tipo <strong>de</strong> informaçgo que se obtém é, em princípio, qualitativo, porém, provavelmente,mais útil do que respostas memoriza<strong>da</strong>s <strong>da</strong><strong>da</strong>s a um teste convencional. O <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong>é um <strong>instrumento</strong> simples que permite logo ao professor saber “on<strong>de</strong> está o aluno”. Sehouver oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir o <strong>mapa</strong> com o aluno, os resultados po<strong>de</strong>rao ser surpreen<strong>de</strong>ntesem termos <strong>de</strong> uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira avaliação <strong>da</strong> <strong>aprendizagem</strong>.É óbvio que o aluno precisa saber o que significa um <strong>mapa</strong> <strong>conceitual</strong>. Para isso, na<strong>da</strong>melhor que o uso, <strong>como</strong> recurso didático, <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s conceituais pelo professor.I? claro, também, que a avaliaçáo através <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s conceituais po<strong>de</strong> ser quantifica<strong>da</strong>,isto é, po<strong>de</strong>-se atribuir escores aos <strong>mapa</strong>s. Para isso basta que se estabeleçam critérios <strong>como</strong>,por exemplo, <strong>de</strong> que os conceitos sejam hierarquizados. Prefere-se, no entanto, não discutiraqui esta possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois não é <strong>de</strong> quanticação que a avaliaçáo está precisando, mas <strong>de</strong>novas idéias sobre o assunto. O uso <strong>de</strong> <strong>mapa</strong>s conceituais 6 uma nova idéia e se o leitor ain<strong>da</strong>duvi<strong>da</strong> que possam ser usados <strong>como</strong> recurso <strong>de</strong> avaliação, experimente fazer um.Finalmente, cabe ain<strong>da</strong> registrar que apesar <strong>de</strong> os exemplos <strong>da</strong>dos neste trabaiho referirem-seao ensino universitário, <strong>mapa</strong>s conceituais po<strong>de</strong>m ser usados tanto na escola secundária<strong>como</strong> na primária. Novak e Gowin (1983), por exemplo, apresentam <strong>mapa</strong>s conceituaisConstruidos por criança <strong>de</strong> escola elementar.REFERENCIAS BIBLIOGRAFICASAHUMADA, W.E. (i 983) Mapas conceituais <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s para investigar a eshrturacognitiva em Físim. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado não publica<strong>da</strong>, Instituto <strong>de</strong> Física <strong>da</strong>UFRGS.AUSUBEL D. P.; J. D. NOVAK e H. HANESIAN. (1978)Edumtwnnl psyehohfl acognitive view. 2nd. ed. New York: Holt, Rinehar and Wmston. Trad. (português)PsimhN Educacional Rio <strong>de</strong> Janeiro, Interamericano, 1980.BOGDEN, C.A. (1977) me use of coneept mnpping as a possible stmtegy for instructwna!<strong>de</strong>sign and evaiuation in coUaegenetics. Unpublished M. Sc. thesis, Cornell University.BUCHWEITZ, B. (1984) Mapas conceituais <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s para planejamento e análise<strong>de</strong> currículo. Melhoria do Ensino, nP 25.MOREIRA, M.A. (1977) An ausubeiian approach to physics instnrction: an expmh3It inan introduetory diege come m eletromagnetism Unpublished Ph.D. thesis, CornellUniversity.MOREIRA, M.A. (1979) Concept maps as tools for teaching. Joml of CoUege ScienceTeoching, 8 (5): 283-86.MOREIRA, M.A. (1980) Mapas conceituais <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s para promover a diferenciação<strong>conceitual</strong> progressiva e a reconciliapo integrativa. Ciência e Cultura, 32(4): 474-79.33


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