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Genome Analysis: from laboratory to oncology practice

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Varella-Garcia M42vascular (VEGF). A importância clínica do HER2 em câncer mamárioserviu de base para o desenvolvimen<strong>to</strong> de drogas específicascontra este recep<strong>to</strong>r, entre elas o anticorpo monoclonalhumanizado trastuzumab (Herceptin). Em estudos clínicos randomizados,as pacientes com tumores de mama metastáticosque eram HER2-positivos sobreviveram por mais tempo quandotratadas com trastuzumab em combinação com quimioterapiado que quando tratadas somente com quimioterapia 12 . É interessantedestacar que a pesquisa também foi efetiva em reconhecerque os efei<strong>to</strong>s adversos da cardiomiopatia congestivaassociados a tratamen<strong>to</strong> com doxorubicina e trastuzumab eramdevidos ao efei<strong>to</strong> anti-apoptótico do HER2 em mióci<strong>to</strong>s normais14 .Outro exemplo interessante relaciona o imatinib com tumoresde estroma gastrointestinais (GISTs). O imatinib havia sido identificado,em estudos pré-clínicos, como eficiente inibidor de outrasquinases, como o fa<strong>to</strong>r de crescimen<strong>to</strong> derivado de plaquetas(PDGF) e o c-KIT. Este efei<strong>to</strong> em c-KIT levou a testar estadroga como um alvo terapêutico nos GISTs, os tumores mesenquimaisdo tra<strong>to</strong> gastrointestinal mais comuns. Esses tumores,que no<strong>to</strong>riamente não-respondem à quimioterapia convencional,freqüentemente apresentam mutações nos éxons 9, 11, 13do gene c-KIT, mutações essas que são responsáveis por ganhofuncional devido a ativação constitutiva do recep<strong>to</strong>r 15 . Ogene c-KIT codifica uma proteína que se localiza na membranacelular e a homodimerização de duas dessas moléculas adjacentesativa o domínio quinase, com conseqüente ativação de cascatassinalizadoras envolvidas em tumorigênese, como a proliferaçãocelular, adesão, apop<strong>to</strong>se e diferenciação. Pesquisas recentesaprovaram o imatinib como a primeira terapia sistêmicaefetiva para GIST metastático e localmente ressecável. O efei<strong>to</strong>clínico deste agente anti-câncer é geralmente rápido e os sin<strong>to</strong>masrelacionados se reduzem poucos dias após o início do usoda droga 15 . Estudos atuais visam verificar por quan<strong>to</strong> tempo opaciente teria que ser tratado e quais seriam as conseqüênciasde um tratamen<strong>to</strong> à longo prazo.A identificação de alvos terapêuticos moleculares efetivos éespecialmente necessária para câncer de pulmão, o tumor sólidomais letal nos países ocidentais, geralmente metastatizado porocasião do diagnóstico. Entre as proteínas com níveis elevadosde expressão em carcinomas pulmonares de células não escamosas(NSCLC), está o recep<strong>to</strong>r do fa<strong>to</strong>r de crescimen<strong>to</strong> epidérmico(HER1 ou EGFR). A sinalização pelo EGFR é complexa,envolvendo homo e heterodimerização com outros membros dafamília (HER2, HER3 e HER4). Recentemente foram desenvolvidaspequenas moléculas que inibem a fosforilação do EGFR,competindo seletivamente ao nível do sítio de ligação ATP-tirosina-quinase.Entre elas destaca-se o gefitinib (ZD1839, Iressa,AstraZeneca), um derivativo da quinazolina que obteve licençapara uso em NSCLC avançado em numerosos países, incluindoEstados Unidos e Japão. Contudo, em estudos clínicos fases IIe III, o gefitinib induziu uma redução tumoral dramática, mas emapenas cerca de 10% dos pacientes com NSCLC.Mais recentemente, investigações moleculares encontraramimportantes previsores biológicos de sensibilidade ao gefitinibem pacientes com carcinoma pulmonar. Em uma conquista espetacularda medicina molecular, Paez et al. 16 e Lynch et al. 17 descobriramque tumores de pacientes que responderam ao tratamen<strong>to</strong>com gefitinib apresentavam mutações no gene EGFR. Asmutações, representadas por substituição ou deficiência de algumasbases nitrogenadas, concentravam-se no sítio cataliticamenteativo do recep<strong>to</strong>r quinase (éxons 18 a 23), onde o gefitinibse liga. Esses achados sugeriram que tais mutações eramfa<strong>to</strong>res determinantes do crescimen<strong>to</strong> do câncer pulmonar, e quea inibição da atividade do EGFR pelo medicamen<strong>to</strong> destruía ascélulas cancerosas portadoras de mutações. Em experimen<strong>to</strong>sin vitro, os recep<strong>to</strong>res mutantes sinalizavam continuamente emresposta ao ligante EGF. Portan<strong>to</strong>, parece que enquan<strong>to</strong> estasmutações conferem vantagem de crescimen<strong>to</strong> às células tumorais,elas também <strong>to</strong>rnam esses tumores mais suscetíveis ao gefitinib.Paez et al. 16 detectaram tais mutações, mais freqüentemente,no gene EGFR em pacientes japoneses do que em norteamericanos.Estes achados são interessantes, porque estudosclínicos haviam mostrado que pacientes japoneses são três vezesmais responsivos ao gefitinib do que os norte-americanos.As mutações são também mais comuns em pacientes do sexofeminino não-fumantes e com tumores com padrão his<strong>to</strong>lógicode adenocarcinoma, características que haviam sido previamenteassociadas com maior probabilidade de responder a esta droga.Ao mesmo tempo, nosso grupo da Universidade do Coloradoidentificou outro marcador molecular de resposta ao tratamen<strong>to</strong>com gefitinib, na presença de um número aumentado de cópiasdo gene EGFR nas células tumorais 18 . Usando testes de hibridizaçãoin situ fluorescente (FISH), os tumores foram classificadosem EGFR-negativos, quando não apresentavam ganho nonúmero de cópias do gene por célula ou haviam ganho em nívelbaixo, e EGFR-positivos, quando os tumores tinham ganho elevadono número de genes, associados com polissomia do cromossomo7 ou amplificação gênica. Os pacientes EGFR-positivosapresentaram índices significativamente aumentados de respostaao tratamen<strong>to</strong> (36% versus 3%) e de controle da progressãoda doença (67% versus 26%), assim como um prolongamen<strong>to</strong>significativo do tempo de estabilidade clínica (mediana 9 mesesversus 2,5 meses) e sobrevida (18,7 meses versus 7,0 meses).Em análise multivariada, o número elevado de cópias dogene EGFR foi identificado como um fa<strong>to</strong>r significativo e independentementeassociado com resposta ao tratamen<strong>to</strong> e sobrevida.Em uma análise preliminar com número reduzido de pacientes,foi verificado que a maioria dos que responderam ao inibidordo EGFR era portador de uma das mutações críticas e tinhaelevado número de cópias do alelo mutado. Esses resultadosindicam que a avaliação do número de cópias do gene por célulatumoral seja usada como um parâmetro para selecionar os pacientescom carcinoma pulmonar de células não pequenas quetêm alta probabilidade de responder ao gefitinib.Apesar deste importante progresso, ainda restam questõespolêmicas nesta área, como a identificação dos mecanismos dedesenvolvimen<strong>to</strong> de resistência. Os estudos em LMC e imatinibsugerem que inúmeros mecanismos moleculares podem serimportantes. Curiosamente, a resistência ao imatinib por pacientescom LMC é determinada por amplificação gênica e mutaçõessem sentido no sítio do domínio quinase que se liga àdroga 19 , os mesmos mecanismos que <strong>to</strong>rnam os pacientes comcâncer de pulmão suscetíveis ao gefitinib.Devido à proteína EGFR e outros membros da família apresentaremníveis elevados de expressão em diversos outros carcinomashumanos, é importante investigar se esses tumores tambémsão portadores de mutações amplificadas e, portan<strong>to</strong>, candida<strong>to</strong>sao tratamen<strong>to</strong> com gefitinib. A identificação de um subgrupode pacientes mais propícios a responder ao tratamen<strong>to</strong>, reduzo número de casos a serem incluídos em subseqüentes estudosclínicos e os cus<strong>to</strong>s operacionais, sem perder o poder estatístico.Arq Ciênc Saúde 2004 jan-mar;11(1):40-3

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