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Mapeamento e Quantificação das Fitofisionomias da Área Alagada ...

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1MAPEAMENTO E QUANTIFICAÇÃO DAS FITOFISIONOMIAS DA ÁREAALAGADA DO BAIXO CURSO DO RIO TAQUARIMYRIAN DE MOURA ABDON 1 e JOÃO DOS SANTOS VILA DA SILVA 2RESUMO: A área de estudo é a planície de inun<strong>da</strong>ção do baixo curso do rio Taquari, noPantanal do Estado de Mato Grosso do Sul. Desde de 1974 essa região tem apresentadoperíodos anuais maiores de inun<strong>da</strong>ção acarretando mu<strong>da</strong>nças na paisagem local. Estetrabalho tem como objetivo mapear e quantificar as diferentes fitofisionomias <strong>da</strong> área, emdois períodos: 1966, representando o de seca, e 1995, de cheia. A área de estudo foidelimita<strong>da</strong> com base em imagens do satélite Landsat-TM e informações de campo. Aquantificação <strong>da</strong> área foi realiza<strong>da</strong> em Sistema de Informações Geográficas (SIG). Para olevantamento <strong>da</strong> cobertura vegetal, foram utiliza<strong><strong>da</strong>s</strong> fotografias aéreas pancromáticas de1966, na escala de 1:60.000, com a interpretação restituí<strong>da</strong> para a escala de 1:100.000, eimagens obti<strong><strong>da</strong>s</strong> do satélite Landsat-TM em 1995, na escala de 1:100.000. A área de estudofoi quantifica<strong>da</strong> em 11.149,55 km 2 . No mapeamento de 1966, foram identifica<strong><strong>da</strong>s</strong>,inicialmente, 72 classes de vegetação e, no de 1995, 50 classes, posteriormente agrega<strong><strong>da</strong>s</strong>em 40 e 33 classes, respectivamente. Foram elaborados dezoito mapas de vegetação, naescala de 1:100.000, referentes às folhas topográficas utiliza<strong><strong>da</strong>s</strong>, que se encontramarquivados em formato digital, no CPAP-Embrapa.1 Bióloga, M.Sc., Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/DSR), Av. dos Astronautas, 1.758, CaixaPostal 515, CEP 12201-970 São José dos Campos, SP. myrian@ltid.inpe.br ou jvilla@zaz.com.br2 Matemático, M.Sc., Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1.880, Caixa Postal 109, CEP 79320-900Corumbá, MS. jvilla@zaz.com.br


2MAPPING AND QUANTITATION OF PHYTOPHYSIONOMIES IN A FLOODEDAREA OF LOWER TAQUARI RIVERABSTRACT: The study area is the flooding plain of the lower course of the Taquari River,in the Pantanal of Mato Grosso do Sul State Since 1974 this area has been presenting largerannual periods of flood causing changes in the local landscape. This work aims to makemaps and to quantify the different vegetation physionomies of the area, in two periods:1966, representing the drought period, and 1995, representing the period of full water. Thestudy area was defined based on satellite Landsat-TM images and field information. Thequantification of the area was accomplished in the system of geographical information(SIG). For the survey of vegetation cover, black and white aerial photos of 1966 were usedin the scale of 1:60,000, with the interpretation restored to the 1:100,000 scale. SatelliteLandsat-TM images 1995 for were in the 1:100,000 scale. The study area was quantified as11,149,55 km 2 . In 1966, they were identified, initially as 72 vegetation classes and in 1995,50 classes, later on joined by 40 and 33 classes respectively. Eighteen vegetation maps inthe 1:100,000 scale, related to topographical maps, were filed in digital format, at EmbrapaPantanal.


3INTRODUÇÃOAs áreas úmi<strong><strong>da</strong>s</strong> desenvolvem-se dentro de um processo de sucessão naturalconhecido por sucessão autogênica. A ocupação inicial de plantas numa área alaga<strong>da</strong>provoca uma mu<strong>da</strong>nça no ambiente que, por sua vez, ocasiona uma nova mu<strong>da</strong>nça <strong><strong>da</strong>s</strong>plantas que o ocupam e, assim, sucessivamente. Eventos de seca e inun<strong>da</strong>ção e alteraçõesna profundi<strong>da</strong>de e no fluxo <strong>da</strong> água favorecem algumas espécies e inibem outras.No Pantanal, especificamente na bacia hidrográfica do rio Taquari, no Estado deMato Grosso do Sul, alguns processos naturais e antrópicos têm contribuído para asmodificações observa<strong><strong>da</strong>s</strong> nas últimas três déca<strong><strong>da</strong>s</strong>: aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de agropastoril,aumento do desmatamento a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, aumento do ravinamento <strong><strong>da</strong>s</strong> subbaciasdo planalto, aumento <strong>da</strong> precipitação média e modificação <strong>da</strong> estrutura morfológicados rios do Pantanal, desmatamentos em áreas de preservação permanente, aumento <strong><strong>da</strong>s</strong>áreas de inun<strong>da</strong>ção abaixo de 200 metros (Embrapa, 1993; Brasil, 1997).No baixo curso do rio Taquari, uma extensa área de inun<strong>da</strong>ção é atribuí<strong>da</strong> aotransbor<strong>da</strong>mento desse rio. Na atual fase de inun<strong>da</strong>ção do Pantanal, 1974 até hoje, apecuária, base <strong>da</strong> economia do Pantanal, tem se tornado uma ativi<strong>da</strong>de com baixarentabili<strong>da</strong>de, porque extensas áreas de campo passaram a ser inun<strong>da</strong><strong><strong>da</strong>s</strong> vários mesesdurante o ano.A vegetação é um indicador de mu<strong>da</strong>nças <strong><strong>da</strong>s</strong> condições ambientais de uma região.Portanto, o objetivo deste trabalho é mapear e quantificar fitofisionomias <strong>da</strong> planície deinun<strong>da</strong>ção do baixo curso do rio Taquari, em duas <strong>da</strong>tas representativas de períodosplurianuais de seca e cheia, com intervalo de 30 anos. Essas informações subsidiarãoanálises futuras <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong><strong>da</strong>s</strong> na cobertura vegetal <strong>da</strong> região.


4MATERIAL E MÉTODOSA região de inun<strong>da</strong>ção do baixo curso do rio Taquari, seleciona<strong>da</strong> para este trabalho,pode ser observa<strong>da</strong> na FIG. 1. Possui forma triangular e é limita<strong>da</strong>, a oeste, pelo rioParaguai e pelo rio Paraguai-Mirim; ao norte, pelo corixo Vermelho, vazante Ten<strong>da</strong>l e peloCorixão; a sudeste, pela vazante do Corixão. O ponto do rio Taquari, a leste, onde se iniciaa área de estudo, localiza-se na fazen<strong>da</strong> São Gonçalo.FIG. 1. Área de estudo localiza<strong>da</strong> na planície de inun<strong>da</strong>ção do baixo curso do rio Taquari,Pantanal de MS


5A partir dessa fazen<strong>da</strong> até alcançar o rio Paraguai, o rio Taquari apresentacaracterísticas de drenagem divergente, instabili<strong>da</strong>de dos leitos fluviais e declivi<strong>da</strong>devariando de 1 cm/km a 3 cm/km. O escoamento <strong>da</strong> água é lento, apresentando grandesáreas com períodos de inun<strong>da</strong>ção de seis meses ou mais (Pott et al., 1997; Tucci et al.,1997). É freqüente o transbor<strong>da</strong>mento do rio Taquari e a retenção <strong><strong>da</strong>s</strong> águas nas depressões<strong>da</strong> planície. Nesta região são observados períodos anuais de seca máxima entre agosto esetembro. Segundo Pott et al. (1997), a vegetação é predominantemente de Savana e deformações pioneiras.A delimitação <strong>da</strong> área de estudo foi realiza<strong>da</strong> com base em imagem do satéliteLandsat-TM, de outubro de 1990, em composição colori<strong>da</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> ban<strong><strong>da</strong>s</strong> 3, 4 e 5, na escalade 1:250.000. Os limites foram demarcados sobre as cartas topográficas na escala de1:100.000, acompanhando vazantes e corixos principais <strong>da</strong> área de estudo. As informaçõessobre extensão e limite <strong>da</strong> inun<strong>da</strong>ção, obti<strong><strong>da</strong>s</strong> pela imagem de satélite, foramcomplementa<strong><strong>da</strong>s</strong> com trabalhos de campo e sobrevôo. Ao todo foram utiliza<strong><strong>da</strong>s</strong> nove cartasna projeção UTM (Tabela 1). Salienta-se que a inun<strong>da</strong>ção não ocorre uniformemente,variando de acordo com a região, em profundi<strong>da</strong>de e tempo de permanência <strong>da</strong> água. Oprocesso de digitalização dos limites e a quantificação <strong>da</strong> área de estudo foram feitos noSistema de Informações Geográficas (SGI).


6TABELA 1. Imagens e cartas topográficas utiliza<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>da</strong> delimitação <strong>da</strong> área de estudo,localiza<strong>da</strong> na planície de inun<strong>da</strong>ção do baixo curso do rio Taquari, Pantanalde MS.Imagemórbita.ponto/ Q.Data de aquisição Cartas topograficas226.73 A 17/9/1995 SE.21-Z-A-ISE.21-Z-A-IISE.21-Z-A-IVSE.21-Z-A-V226.73 B 17/9/1995 SE.21-Z-A-IISE.21-Z-A-III226.73 C 17/9/1995 SE.21-Z-A-IVSE.21-Z-C-I227.73 B 23/8/1995 SE.21-Y-A-IIISE.21-Y-B-VI227.73 D 23/8/1995 SE.21-Y-B-VISE.21-Y-D-IIIForam elabora<strong><strong>da</strong>s</strong> transparências <strong><strong>da</strong>s</strong> nove cartas topográficas digitaliza<strong><strong>da</strong>s</strong>,contendo os limites <strong>da</strong> área de estudo e obedecendo os cortes internacionais para a escalade 1:100.000. Elas serviram de base para a interpretação visual, do tema vegetação, nasimagens de satélite. As imagens utiliza<strong><strong>da</strong>s</strong> neste trabalho encontram-se lista<strong><strong>da</strong>s</strong> na Tabela 1.Imagens obti<strong><strong>da</strong>s</strong> do satélite Landsat-TM, composição colori<strong>da</strong> com as ban<strong><strong>da</strong>s</strong> 3, 4 e5, associa<strong><strong>da</strong>s</strong> ao azul, verde e vermelho, respectivamente, foram interpreta<strong><strong>da</strong>s</strong> na escala de1:100.000, em áreas coincidentes com as bases topográficas defini<strong><strong>da</strong>s</strong> para a área de estudo.A interpretação foi realiza<strong>da</strong> com base em elementos de cor, forma, textura e localização,a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> dos trabalhos de Hernandez Filho et al. (1998), Abdon et al. (1998) e Silva et al.


7(1998). Os temas delimitados nas interpretações <strong>da</strong> imagem e <strong><strong>da</strong>s</strong> fotos foram definidossegundo a legen<strong>da</strong> do Sistema Fisionômico-Ecológico, proposto por Brasil (1980) eatualizado por Veloso et al.(1991) e IBGE (1992).Fotografias aéreas pancromáticas na escala de 1:60.000, referentes ao vôo realizadono Pantanal pela 5 a Divisão de Levantamento do Ministério do Exército, foraminterpreta<strong><strong>da</strong>s</strong> com a utilização de um estereoscópio de espelho. Na área de estudo, essasfotos foram adquiri<strong><strong>da</strong>s</strong> nos meses de junho/julho de 1965 e abril/maio de 1966. Para seobter um mosaico corrigido, foi feita a restituição <strong><strong>da</strong>s</strong> fotografias aéreas, adotando oprocesso de triangulação radial gráfica, por meio de moldes transparentes, segundoMarchetti e Garcia (1978).O reconhecimento <strong>da</strong> área, a identificação de algumas fitofisionomias e aobservação de pontos de dúvi<strong>da</strong> na interpretação preliminar <strong>da</strong> imagem de satélite foramrealizados a partir de um sobrevôo na área de estudo. Esse sobrevôo foi realizado no dia16/11/1996, em parte <strong>da</strong> região alagável do leque aluvial do baixo curso do rio Taquari.Durante os meses de outubro e novembro de 1997, foram realiza<strong><strong>da</strong>s</strong> incursões ao campo,com helicóptero, para observações sobre a presença de água nas fitofisionomias dessaregião e para o reconhecimento <strong><strong>da</strong>s</strong> fitofisionomias mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> na área de estudo. Emdezesseis pontos foram feitas coletas de material florístico para caracterização dos temas devegetação (Pott et al., 2000). Todos os pontos foram localizados no campo com GlobalPositioning System (GPS) de navegação.As classes de vegetação delimita<strong><strong>da</strong>s</strong> nas interpretações <strong>da</strong> imagem e <strong><strong>da</strong>s</strong> fotos foramdigitaliza<strong><strong>da</strong>s</strong> e quantifica<strong><strong>da</strong>s</strong> em SIG. Agregações de classes identifica<strong><strong>da</strong>s</strong> tanto em 1966quanto em 1995 foram necessárias para facilitar as análises comparativas <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>vegetação na região (Abdon et al., no prelo). Nas Tabelas 2 e 3 podem ser observa<strong><strong>da</strong>s</strong> asformações de vegetação mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> em 1966 e 1995, respectivamente, e a quantificação deca<strong>da</strong> tema diferenciado. Os mapas de vegetação, elaborados na escala de 1:100.000,referentes às folhas topográficas utiliza<strong><strong>da</strong>s</strong>, encontram-se, arquivados em formato digital,na Embrapa Pantanal.


9(continuação)Código classe <strong>Fitofisionomias</strong> mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> Área (km 2 )Sg+Sga+Sa Campo + campo alagado + cerrado 34,87Sga+Sg+Sa Campo alagado + campo + cerrado 351,23Sgs+Sga Campo sujo + campo alagado 120,86Sg+Sgs Campo + campo sujo 119,17Sga+Sgs Campo alagado + campo sujo 142,95Sg+Sga Campo + campo alagado 119,73Sga+Sg Campo alagado + campo 235,81Sistema Edáfico de Primeira Ocupação – Formações Pioneiras 130,36Pae Espinheiral 104,72Pac Cambarazal 25,64Sistemas de Transição Ecológica - Ecótono 738,84Pac+Sg Cambarazal + campo 87,24Sg+Pac Campo + cambarazal 94,37Sgs+Paaq+Sga Campo sujo + planta aquática + campo alagado 239,99Sga+Paaq+Sgs Campo alagado + planta aquática + campo sujo 317,24Sistemas de Transição Ecológica - Encrave 216,21Fa+Pae Mata Ciliar + espinheiral 56,44Sa+Pae+Sg Cerrado + espinheiral + campo 15,42Sga+Paaq+As Campo alagado + planta aquática + cerrado 15,70Pae+Sg Espinheiral + campo 53,96Sg+Pae Campo + espinheiral 50,85Sga+Paaq+Pae Campo alagado + planta aquática + espinheiral 23,84Sistema secundário 5,04Ap Pastagem cultiva<strong>da</strong> 5,04Corpos d’água 3,24Ag Baías e lagoas 3,24TOTAL 11.149,55


10TABELA 3. Quantificação <strong><strong>da</strong>s</strong> classes de vegetação mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> em 1995.Código classe <strong>Fitofisionomias</strong> mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> Área (km 2 )Floresta Estacional Semidecidual 63,67Fa Aluvial 63,67Floresta Estacional Decidual 12,68Cs Submontana 12,68Savana (Cerrado) 9.314,61Sd Savana floresta<strong>da</strong> (cerradão) 256,29As Savana arboriza<strong>da</strong> (cerrado) 109,83Sg Savana gramíneo-lenhosa (campo) 185,61Sga Savana gramíneo-lenhosa alaga<strong>da</strong> (campo alagado) 410,09Sgs Savana gramíneo-lenhosa suja (campo sujo) 252,42Sd+As Cerradão + cerrado 446,82Sd+As+Sg Cerradão + cerrado + campo 16,30Sd+As+Sgs Cerradão + cerrado + campo sujo 7,54Sd+As+Sga Cerradão + cerrado + campo alagado 125,75Sa+Sgs+Sd Cerrado + campo sujo + Sd 543,02Sa+Sgs Cerrado + campo sujo 151,87Sa+Sg Cerrado + campo 91,00Sgs+Sd+Sa Campo sujo + cerradão + cerrado 34,34Sga+Sd+As Campo alagado + cerradão + cerrado 17,54Sg+As+Sd Campo + cerrado + cerradão 356,43Sga+Sa+Sd Campo alagado+ cerrado + cerradão 116,53Sgs+As Campo sujo + cerrado 2.549,02Sg+As Campo + cerrado 533,26Sga+As Campo alagado + cerrado 819,25Sgs+Sga+As Campo sujo + campo alagado + cerrado 341,55Sga+Sg+As Campo alagado + campo + cerrado 1.950,14Sistema Edáfico de Primeira Ocupação - Formações Pioneiras 616,23Pae Espinheiral 310,03Pac Cambarazal 0(continua...)


11(continuação)Código classe <strong>Fitofisionomias</strong> mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> Área (km 2 )Pae+Pac Espinheiral + cambarazal 194,92Paaq Planta aquática 69,75Paaq+Pac Planta aquática + cambarazal 41,53Sistemas de Transição Ecológica - Ecótono 1.009,35Sga+Pae+Pac Campo alagado + espinheiral + cambarazal 85,74Sga+Paaq+Pac Campo alagado + planta aquática + cambarazal 478,59Sga+Paaq Campo alagado + planta aquática 445,02Sistemas de Transição Ecológica - Encrave 45,77Sga+Paaq+As Campo alagado + planta aquática + cerrado 45,77Sistema secundário 50,84Ap Pastagem cultiva<strong>da</strong> 50,84Corpos d’água 36,38Ag Baías e lagoas 36,38TOTAL 11.149,55RESULTADOS E DISCUSSÃOA área total do Projeto foi quantifica<strong>da</strong> em 11.149,55 km 2 com uso de SIG, a partirdos <strong>da</strong>dos digitalizados no plano de informação referente ao limite <strong>da</strong> área.No mapeamento de 1966, foram identifica<strong><strong>da</strong>s</strong>, inicialmente, 72 classes de vegetaçãoe, no de 1995, 50 classes, posteriormente agrega<strong><strong>da</strong>s</strong> em 40 e 33 classes fitofisionômicas,respectivamente. Na Tabela 2 podem ser observa<strong><strong>da</strong>s</strong> as fitofisionomias mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> na áreade estudo em 1966 e sua quantificação. Na Tabela 3 encontram-se quantifica<strong><strong>da</strong>s</strong> asfitofisionomias mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> em 1995.A Floresta Estacional Semidecidual Aluvial é uma formação que ocorre nos terraçosmais antigos <strong><strong>da</strong>s</strong> calhas dos rios. Regionalmente, essa fitofisionomia pode ser reconheci<strong>da</strong>como mata de galeria ou mata ciliar. Caracteriza-se por uma formação florestal ribeirinha


12que ocupa as acumulações fluviais quaternárias. Na região de estudo ocorre em áreas maisa montante do rio Taquari. Nas imagens de satélite apresentou semelhanças com algumasáreas de cerrado alagado e foram diferencia<strong><strong>da</strong>s</strong> em função de sua localização.A fitofisionomia Floresta Estacional Decidual Submontana pode ser, regionalmente,reconheci<strong>da</strong> como mata, mata calcária ou mata seca, com mais de 50% dos indivíduosdespidos de folhagem no período seco. Essa formação vegetal é encontra<strong>da</strong> em substratosformados por rochas carbonata<strong><strong>da</strong>s</strong> (Pott et al., 1997). Na região de estudo, os poucosmorros residuais de composição calcária, localizados próximos ao rio Paraguai-Mirim, sãoocupados por essa formação vegetal.A Savana (cerrado) é a formação mais predominante em to<strong>da</strong> a planície do Pantanal.Na área de estudo, ela foi subdividi<strong>da</strong> em quatro subgrupos de formação: floresta<strong>da</strong>,arboriza<strong>da</strong>, parque e gramíneo-lenhosa. Os quatro subgrupos de formação de cerradotambém foram diferenciados entre si em função <strong>da</strong> presença de água ou <strong>da</strong> presença decampo-sujo. Foram observa<strong><strong>da</strong>s</strong> ocorrendo de forma simples (sete formações em 1966 ecinco, em 1995) e ocorrendo em classes compostas (dezessete formações em 1966 edezesseis, formações em 1995). Nas classes compostas, a formação que aparece emprimeiro lugar refere-se àquela de maior predomínio na categoria.A savana floresta<strong>da</strong> é conheci<strong>da</strong> regionalmente como cerradão. É uma formaçãocom fisionomia florestal, ocorrendo em terreno não inundável. As árvores apresentam-sedispostas de maneira mais ou menos ordena<strong>da</strong>, com copas irregulares podendo se tocar. Naárea de estudo chegam a alcançar 18 metros de altura e, algumas vezes, podem apresentarestratos arbustivo e herbáceo diferenciados. A partir dos <strong>da</strong>dos utilizados neste trabalho,não foi possível diferenciar áreas homogêneas de cerradão de áreas ocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> por cerradão emata semidecídua. As duas formações são semelhantes em sua estrutura, sendo possível suadiferenciação apenas com estudos florísticos mais detalhados. Na área de estudo, a mata doCedro e a mata do Fuzil, que ocorrem na margem direita do rio Taquari, foram incluí<strong><strong>da</strong>s</strong>nessa fitofisionomia.


13A savana arboriza<strong>da</strong> pode ser, regionalmente, reconheci<strong>da</strong> como cerrado, campocerrado ou cerrado aberto. As árvores apresentam-se distribuí<strong><strong>da</strong>s</strong> de forma mais esparsa queno cerradão e, na área de estudo, chegam a alcançar 12 metros de altura. A composiçãoflorística, apesar de semelhante à <strong>da</strong> savana floresta<strong>da</strong> quanto às árvores, possui ecótiposdominantes que caracterizam os ambientes de acordo com o espaço geográfico ocupado.A formação de savana-parque é constituí<strong>da</strong>, essencialmente, por um estratograminóide, integrado por hemicriptófitos e geófitos de florística natural ou antropiza<strong>da</strong>,entremeado por nanofanerófilos isolados. É comum observar nessa formação a existênciade agrupamentos vegetais arbóreos.Prevalecem na formação de savana gramíneo-lenhosa, quando natural, os gramadosentremeados por plantas lenhosas raquíticas e palmeiras acaules, que ocupam extensasáreas domina<strong><strong>da</strong>s</strong> por hemicriptófitos e que, aos poucos, quando manejados, por meio dofogo ou pastoreio, vão sendo substituídos por geófitos que se distinguem por apresentarcaules subterrâneos, portanto mais resistentes ao pisoteio do gado e ao fogo. Na região, essafitofisionomia pode ser reconheci<strong>da</strong> como campo, campo limpo, campo sujo ou campoalagado.As formações do Sistema Edáfico de Primeira Ocupação (formações pioneiras)ocorrem ao longo dos cursos d’água ou ao longo <strong><strong>da</strong>s</strong> depressões com água (pântanos,lagunas e lagos), pedologicamente instáveis, caracteriza<strong><strong>da</strong>s</strong> por ambientes de sedimentação,úmidos, periódica ou permanentemente inun<strong>da</strong>dos. Na área de estudo foram identifica<strong><strong>da</strong>s</strong>somente formações de vegetação com influência fluvial e/ou lacustre. Em 1966 foramdiferencia<strong><strong>da</strong>s</strong> as comuni<strong>da</strong>des aluviais, regionalmente conheci<strong><strong>da</strong>s</strong> por espinheiral ecambarazal. Em 1995, grandes áreas ocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> por espinheiral, cambarazal e plantasaquáticas foram identifica<strong><strong>da</strong>s</strong>.O ecótono é uma mistura florística entre tipos de vegetação. Quando a estrutura dostipos de vegetação é semelhante, é necessário complementar a fotointerpretação, comestudos florísticos para se obter a delimitação <strong><strong>da</strong>s</strong> áreas de ecótono. Foram mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> quatroformações de ecótonos, em 1966, variando composições de formações pioneiras com


14savana, e em 1995, três de ecótonos, variando composições de savana com formaçõespioneiras.O encrave é uma ocorrência vegetacional de transição edáfica. Forma mosaicos deáreas encrava<strong><strong>da</strong>s</strong>, situa<strong><strong>da</strong>s</strong> entre duas regiões ecológicas, possíveis de serem bemdelimita<strong><strong>da</strong>s</strong> em escalas maiores de trabalho. Foram mapea<strong><strong>da</strong>s</strong> seis formações de encravesna área de estudo em 1966, variando nas composições de savana com formações pioneiras efloresta estacional semidecidual com formações pioneiras. Em 1995, apenas uma formaçãode encrave foi delimita<strong>da</strong> fazendo uma composição de savana com formações pioneiras.O tema Sistema Secundário refere-se às áreas ocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> com pastagens cultiva<strong><strong>da</strong>s</strong>.Os corpos d’água são as lagoas e baías.No mapeamento de 1995, uma extensa área alaga<strong>da</strong> é observa<strong>da</strong> próxima ao rioParaguai, tanto na margem direita do rio Taquari quanto na margem esquer<strong>da</strong>,permanecendo com água durante quase todo o ano. Nessa região, muitas fazen<strong><strong>da</strong>s</strong> depecuária encontram-se hoje abandona<strong><strong>da</strong>s</strong> em função <strong>da</strong> não existência de campos secos. Orio Paraguai funciona como uma barreira para a água que escoa no sentido leste-oeste epodem ser verifica<strong><strong>da</strong>s</strong> grandes extensões de densas comuni<strong>da</strong>des de plantas aquáticas. Nasáreas alaga<strong><strong>da</strong>s</strong> é comum a presença de cambará tanto misturados às espécies de mata ciliarquanto formando áreas homogêneas <strong>da</strong> mesma espécie. Próximo ao rio Paraguai-Mirimforam observa<strong><strong>da</strong>s</strong> muitas árvores mortas em meio a paisagem descrita anteriormente. Nosentido do rio Paraguai para leste, há uma transição <strong>da</strong> vegetação com influência fluvialpara campos alagados, com plantas aquáticas, campos com cerrado e, mais adiante, áreasdomina<strong><strong>da</strong>s</strong> por cerradão e cerrado alternado com áreas de campo seco.Acompanhando o leito principal do rio Taquari são observa<strong><strong>da</strong>s</strong> grandes áreas complantas aquáticas, muita lama e cambará. Áreas de mata ciliar existem mais a montante dorio Taquari. Grandes áreas de campo alagado com ou sem plantas aquáticas são vistas emquase to<strong>da</strong> a região.É níti<strong>da</strong> a dominância, na área de estudo, de áreas ocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> por campo com capões.A presença de acuris morrendo nos capões de mata é sempre constatado, principalmente na


15região que recebe a água do “arrombado” Caronal. Manchas grandes de mata e cerradãoocorrem mais afasta<strong><strong>da</strong>s</strong> do rio Taquari. Foram observa<strong><strong>da</strong>s</strong> áreas de campo sujo ocupandoregiões afasta<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>da</strong> margem esquer<strong>da</strong> do rio Taquari.CONCLUSÕESApesar <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de e diversi<strong>da</strong>de do ambiente estu<strong>da</strong>do, as formações vegetaispredominantes existentes na região de estudo foram diferencia<strong><strong>da</strong>s</strong>, tanto a partir <strong>da</strong>interpretação de fotografias aéreas, como a partir de imagens de satélite.Em função <strong>da</strong> semelhança na resposta espectral, observa<strong>da</strong> nas imagens de satélite,áreas ocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> por formações pioneiras e áreas de campo alagado com presença demanchas de cerrado foram difíceis de serem diferencia<strong><strong>da</strong>s</strong>. Os trabalhos de camporesolveram grande parte dessas dúvi<strong><strong>da</strong>s</strong>.Capões e cordilheiras de cerrado, com presença dominante de acuri, foraminterpretados nas imagens de satélite como áreas ocupa<strong><strong>da</strong>s</strong> por cerradão. A diferenciaçãodessas regiões, com os <strong>da</strong>dos utilizados no trabalho, muitas vezes não é possível de serfeita. As fotografias aéreas na escala de 1:60.000, com a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> interpretação comestereoscópio, não apresentaram esse tipo de problema.As áreas de mata ciliar foram diferencia<strong><strong>da</strong>s</strong>, principalmente, em função de sualocalização nas margens dos rios. No entanto, para áreas de floresta semidecídua, como ado Cedro e do Fuzil, não houve, nas interpretações diferencia<strong><strong>da</strong>s</strong> dos cerradão, necessi<strong>da</strong>dede um estudo florístico mais detalhado para estabelecer seus limites.


16REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASABDON, M. de M.; SILVA, J.S.V. Mu<strong>da</strong>nças na cobertura vegetal causa<strong><strong>da</strong>s</strong> porinun<strong>da</strong>ção do Rio Taquari, Pantanal, Brasil. In: SIMPÓSIO LATINOAMERICANODE PERCEPCIÓN REMOTA, 9., e REUNIÓN PLENARIA SELPER, 19., 2000,Puerto Iguazú. CD-ROM (no prelo).ABDON, M. de M.; SILVA, J.S.V.; POTT, V.J.; SILVA, M.P. Utilização de <strong>da</strong>dosanalógicos do Landsat-TM na discriminação <strong>da</strong> vegetação de parte <strong>da</strong> sub-região <strong>da</strong>Nhecolandia no Pantanal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.33, n.especial,p.1799-1813, out., 1998.BRASIL.Ministério <strong><strong>da</strong>s</strong> Minas e Energia. Projeto RADAMBRASIL: fitogeografiabrasileira, classificação fisionômico-ecológica <strong>da</strong> vegetação neotropical. Salvador,1980. 49p. il.BRASIL. Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e <strong>da</strong> Amazônia Legal.Plano de Conservação <strong>da</strong> Bacia do Alto Paraguai- PCBAP, v.III. Análise integra<strong>da</strong>e prognóstico <strong>da</strong> bacia do Alto Paraguai. Brasília: MMA/PNMA, 1997. 370p.EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal. Plano diretor do Centro dePesquisa Agropecuária do Pantanal CPAP. Brasília, 1993.GALDINO, S.; CLARKE, R.T. Levantamento e estatística descritiva dos níveishidrométricos do rio Paraguai em Ladário, MS – Pantanal: período 1900-1994.Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 1995. 72p. (EMBRAPA-CPAP. Documentos, 14).HERNANDEZ FILHO, P.; PONZONI, F.J.; PEREIRA, M.N. <strong>Mapeamento</strong> <strong>da</strong>fitofisionomia e do uso <strong>da</strong> terra de parte <strong>da</strong> bacia do Alto Taquari (MS) mediante o uso


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18VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.T.; LIMA, J.C.A. Classificação <strong>da</strong> vegetaçãobrasileira, a<strong>da</strong>pata<strong>da</strong> a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. 124p.

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