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Herbivoria em dois ambientes com alta e baixa disponibilidade de ...

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DISCUSSÃOOs resultados obtidos aqui para cinco espécies <strong>de</strong>planta indicam que a herbivoria é maior no costãorochoso do que na restinga. Essa relação inversaentre <strong>disponibilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> recursos e herbivoria está<strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a hipótese da <strong>disponibilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>recursos (HDR). Vale ress<strong>alta</strong>r, entretanto, que aHDR foi proposta inicialmente <strong>com</strong> base <strong>em</strong> umestudo que avaliou o efeito da <strong>disponibilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>luz sobre a herbivoria. Partindo da pr<strong>em</strong>issa quea intensida<strong>de</strong> luminosa na restinga e no costãorochoso é s<strong>em</strong>elhante e que a principal diferençaentre os <strong>dois</strong> <strong>ambientes</strong> é a <strong>disponibilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>nutrientes, mostramos que a HDR também po<strong>de</strong>ser aplicada para plantas <strong>em</strong> áreas <strong>com</strong> diferentes<strong>disponibilida<strong>de</strong></strong>s <strong>de</strong> nutrientes no solo e não apenaspara a intensida<strong>de</strong> luminosa. Fine et al. (2004)também avaliaram o efeito da <strong>disponibilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>nutrientes sobre a produção <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas das plantas<strong>em</strong> uma área da floresta Amazônica. Os autoresencontraram que plantas <strong>em</strong> <strong>ambientes</strong> pobres <strong>em</strong>nutrientes (solos arenosos) tend<strong>em</strong> a investir mais<strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa química do que plantas <strong>em</strong> <strong>ambientes</strong>ricos <strong>em</strong> nutrientes (solos argilosos). Esse investimentodiferencial estaria relacionado ao elevadocusto <strong>de</strong> produzir novos tecidos <strong>em</strong> <strong>ambientes</strong> <strong>com</strong><strong>baixa</strong> <strong>disponibilida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> recursos.Folhas <strong>em</strong> expansão concentram três vezes maismetabólitos secundários do que folhas maduras, ouseja, é mais custoso produzir folhas novas do qu<strong>em</strong>anter folhas maduras (Coley & Barone, 1996).Além <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> menos custosas, folhas madurassofr<strong>em</strong> menos herbivoria do que folhas novas, poispossu<strong>em</strong> menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nitrogênio e água esão menos palatáveis (Coley & Borone, 1996). Uma<strong>de</strong>fesa eficiente contra a hebivoria seria, portanto,o investimento <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesas nas folhas novas. Sugerimosque a menor incidência <strong>de</strong> herbivoria nosindivíduos que ocorr<strong>em</strong> na restinga seja resultadodo maior investimento <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesas <strong>em</strong> folhas novas.No entanto, <strong>com</strong>o nosso estudo avaliou apenas osdanos foliares <strong>em</strong> geral, são necessários estudosfuturos que <strong>com</strong>prov<strong>em</strong> que o mecanismo ligadoao padrão encontrado é resultado <strong>de</strong> um maiorinvestimento <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa química dos indivíduosda restinga.Além das respostas particulares da planta àherbivoria, há mais processos que pod<strong>em</strong> estarenvolvidos no padrão <strong>de</strong> herbivoria encontrado.Caso a abundância das plantas estudadas vari<strong>em</strong>uito <strong>de</strong> um ambiente para o outro, é esperadoque a herbivoria seja maior no ambiente <strong>em</strong> que aplanta é mais frequente, simplesmente pela maiorprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontro do herbívoro. Por outrolado, a abundância <strong>de</strong> herbívoros também po<strong>de</strong> variarentre os <strong>ambientes</strong> estudados. É esperado queno ambiente <strong>com</strong> maior abundância <strong>de</strong> herbívoros,a herbivoria seja maior. Assim, estudos adicionaissão necessários para confirmar quais fatores explicamo padrão <strong>de</strong> herbivoria encontrado.REFERÊNCIASColey, P.D & T.A. Mitchell. 1991. Comparison ofherbivory and plant <strong>de</strong>fense in t<strong>em</strong>perate andtropical broad-leaved forest, pp. 26-49. Em:Plant-animal interactions: evolutionary ecologyin tropical and t<strong>em</strong>perate regions (P.W. Price,T.M. Lewinsohn, G.W. Fernan<strong>de</strong>s & W.W.Benson, eds.).Coley, P.D. & J.A. Barone. 1996. Herbivory andplant <strong>de</strong>fenses in tropical forests. Annual Reviewof Ecology and Syst<strong>em</strong>atics, 27:305-335.Dirzo, R. & C. Domingues. 1995. Plant-animalinterection in Mesoamerican tropical dry forest.Seasonally dry tropical forests (S.H. Bullock,H.A. Mooney & E. Medina, eds.). CambridgeUniversity Press, Cambridge.Fine, P.V.A.; I. Mesones & P.D. Coley. 2004. Herbivorespromote habitat specialization by treesin Amazonian forests. Science, 305:663-665.Jolivet, P. 1998. Interrelationship between insectsand plants. Library of Congress, Washington.Price, P.W. 1991. The plant vigor hypothesis andherbivore attack. Oikos, 62:244-251.Pugnaire, F.I. & F. Valladares 2007. Plant ecology.CRC Press, Boca Raton.Richards, L.A. & P.D. Coley. 2007. Seasonal andhabitat differences affect the impact of food andpredation on herbivores: a <strong>com</strong>parison betweengaps and un<strong>de</strong>rstory of a tropical forest. Oikos,116:31- 40.Stamp, N. 2003. Out of the quagmire of plant<strong>de</strong>fense hypotheses. The Quartely Review ofBiology, 78:23-55.White, T.C. 1984. The abundance of invertebrateherbivores in relation of the availability ofnitrogen in stressed food plants. Oecologia,63:93-105.Orientador: Braulio Almeida SantosCurso <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> Ecologia - Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo3

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