Índice30.º FESTIVAL DE ALMADA - PROGRAMA Director Rodrigo FranciscoCapa Adriana Molder Fotografia da imagem da capa AchimKleuker Textos Ângela Pardelha e Eduardo Brandão DesignGonçalo Marto Impressão - Irisgráfica | Distribuição gratuita | 30.000 un.02 Do Pátio do Prior do Crato aoTeatro Municipal <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong>.30 Anos de Festa do Teatro e daCultura em AlmadaMaria Emília Neto de Sousa03 Escolher certoRodrigo Francisco04 <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong>: Encenador,pedagogo, combatenteJean-Guy LecatEspectáculos estrangeiros08 Maldito seja o traidor da sua pátria!10 Cortar a meta12 Mulher, conhece o teu corpo14 Victor, ou as crianças ao poder16 Mulheres de Ibsen18 O papalagui20 País natal22 O sorriso eterno24 O prémio Martin26 A última gravação de Krapp28 A menina Júlia30 O principezinho32 Planilha34 História de um coração partido36 A linha amarela38 Macadamia Nut Brittle40 Heroína42 E se nos metêssemos ao barulho?!44 O vento num violinoEspectáculos nacionais48 i.b.s.e.n.49 Sala VIP50 O Sr. Ibrahim e as flores do Corão51 noites brancas52 Ai amor sem pés nem cabeça53 Cada sopro54 Candide55 O pelicano56 A laugh to cry57 Sonho de uma noite de VerãoActos complementares59 Exposição DodecaedroAdriana Molder60 Instalação documentalJean-Guy Lecat60 Documentário Não basta dizer «não»Catarina Neves61 Encontros da Cerca62 Colóquios na Esplanada62 Música na EsplanadaInformações úteis63 Contactos e acessos64 Reservas e assinaturas
Do Pátio Prior do Crato ao TeatroMunicipal <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong>30 Anos de Festa do Teatroe da Cultura em AlmadaEscolher certoFoi há trinta anos que a Companhia de Teatro de Almada (CTA) e <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong>,seu primeiro Director, de mãos dadas com a Câmara Municipal de Almada, fundaramo Festival Internacional de Teatro de Almada. Em condições materiais muitíssimomodestas, mas com uma ambição cultural do tamanho do mundo, começava, noPátio Prior do Crato, em Almada Velha, aquele que viria a ser, e é até aos nossos dias,um dos mais prestigiados Festivais Internacionais de Teatro, pela sua qualidade, quantidadede espectáculos, companhias nacionais e estrangeiras, e pelo seu extraordináriopúblico. Começou no Pátio Prior do Crato, quando a liberdade conquistada era umacriança e a cultura era ainda um alimento muito escasso nas classes trabalhadoras.O Teatro e o Festival rapidamente passaram a constituir projectos estratégicos para odesenvolvimento cultural da cidade e do concelho de Almada. O Festival ocupa a cidade,praças, escolas, salas de espectáculo, atravessa o rio e está presente no Teatro D.Maria II, Centro Cultural de Belém, no S. Luiz Teatro Municipal, Culturgest, entre outros.Almada, com o seu Festival, apresentando espectáculos de todo o mundo, reforçaa ideia da cidade de duas margens, afirma-se no panorama nacional e internacional decidades de cultura, chega a ser considerada “o Coração do Mundo”.Nesta trigésima edição consecutiva, com <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong> presente no nosso coração,com a competência do novo Director, Rodrigo Francisco, com a capacidade empreendedorae de concretização da CTA, sem Ministério da Cultura mas de novo e semprecom o Município de Almada enquanto pilar institucional determinante desde a primeiraedição, teremos uma programação de excelência, pese embora os profundos einjustos cortes financeiros ao Festival e à Companhia decididos pelo Governo.Neste Festival homenagearemos o seu fundador, o <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong>, continuando a obrae o feito. Àqueles que conheci há mais de 30 anos, quando comecei na vida autárquica,àqueles que entretanto partiram da nossa companhia – ao <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong>, ao VirgílioMartinho, ao António Assunção, ao Canto e Castro, entre outros – e a quantos até hojeforam chegando à CTA, prestigiando com o seu trabalho e a sua arte o nome de Almadae as suas gentes, quero agradecer reconhecidamente a amizade, a comunhão de sonhose ideais realizados, a aventura partilhada com todas as raivas e alegrias que temos vivido,sempre e sempre em busca da Felicidade inatingível.Ao público do Festival, a todas as companhias e actores, a todos os parceiros desta trigésimaedição, à CTA e ao seu Director Rodrigo Francisco, um forte e caloroso aplausoe um grande e muito sincero bem-haja, a todos e cada um de vós.Viva o Teatro! Viva o 30º Festival Internacional de Teatro de Almada!Maria Emília Neto de SousaPresidente da Câmara Municipal de AlmadaEm 1978 <strong>Joaquim</strong> <strong>Benite</strong>, com o seu Grupo de Campolide, sai do Teatro daTrindade e instala-se numa colectividade almadense. Abandona uma das maisbelas salas do País e vem para o meio dos operários. Estreia um autor comunistadesconhecido, José Saramago. Cria uma mostra de teatro amador, que se transformanum dos mais importantes festivais da Europa — trinta edições depois, verificamos queescolheu certo.Apostando na diversidade estética, pautada pela excelência artística, o Festival deAlmada tem sido um local de encontro – de encontro entre artistas, mas sobretudode encontro entre artistas e o público. Como tal, numa recente época de relativaabundância, durante a qual pulularam luminárias fátuas e vazias de sentido, nessa épocaem que a Cultura foi também um negócio, o Festival apostou no fortalecimento de laçoscom os teatros seus parceiros (aqueles geridos por artistas) — e com a sua Cidade.Nesta 30.ª edição apresentamos de novo os grandes criadores e intérpretes doteatro europeu; regressa a mais importante Companhia portuguesa independente, aCornucópia; há duas óperas, um concerto sinfónico, seis estreias e um ciclo de teatronórdico — e, não por acaso, há também espectáculos de cada um dos PIIGS. Sabíamoso que aí vinha: o desinvestimento na Cultura não começou com este Governo, nãose trata desta ou daquela cor política, deste ou daquele governante – é outra coisa.Sabíamos que a ideologia liberal não encara o livre acesso dos cidadãos à Cultura comoum direito, embora ele esteja consagrado na Constituição. Sabemos que a uma classedirigente inculta e mal preparada não lhe convém uma população bem formada e compoder reivindicativo. Aos jovens formados pelo Estado, em cuja educação o mesmoEstado tanto investiu num passado recente, é-lhes agora sugerido que emigrem. E, comoprevíamos o que aí vinha, reunimo-nos àqueles que pensam como nós e preparámo-nospara resistir, apresentando uma das melhores programações dos últimos anos.Em 2013 a subvenção estatal diminuiu ainda mais – mas apresentamos mais dezespectáculos do que no ano passado, com a garantia de qualidade, por exemplo, doOdeón – Théâtre de l’Europe, ou do Théâtre de la Ville. Acreditamos, porque no-loensinaram, que um público mais informado e mais exigente reivindicará num futuropróximo aquilo que lhe é devido.Podíamos ter ficado a chorar sobre o leite derramado — mas a gente não escolhe assim.Rodrigo FranciscoDirector Artístico