BR 448Vinte e dois quilômetros queimpactarão todo o EstadoEstrada considerada um marco na malha rodoviária do <strong>Rio</strong><strong>Grande</strong> do Sul, a BR 448, também conhecida como Rodoviado Parque, permitirá a redução de 40% do trânsito da BR 116,por onde trafegam diariamente 150 mil veículos, contando comuma ponte estaiada e a mais extensa pista elevada do Estado.Com mais de mil operários envolvidos <strong>no</strong> trabalho, além dos22 program<strong>as</strong> ambientais, a obra promoverá a realocação de600 famíli<strong>as</strong> da precária Vila Dique, de Ca<strong>no</strong><strong>as</strong>, para <strong>no</strong>v<strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong>,ainda em construção. Tudo isso em apen<strong>as</strong> 22,34 kmConsórcio Queiroz/Galvão/OAS/Br<strong>as</strong>ília-Guaíba, supervisão Ecoplan e DnitLuciana Patella | JornalistaA construção da rodovia, que se estendede Sapucaia do Sul à entrada de Porto Alegre,está agora a ple<strong>no</strong> vapor, com previsãode entrega para o início de 2014. O trabalhoestá dividido em três lotes sob a supervisãodo Departamento Nacional de Infraestruturade Transportes (Dnit). Apesar da pequenaextensão, a obra é avaliada em cercade R$ 918,3 milhões, em muito devido àscomplexidades envolvid<strong>as</strong> em sua execução.“Com certeza, ela é extremamente complexa,pois têm desde questões geotécnic<strong>as</strong>, solosmoles, presença de água, criando a necessidadede atuar com grandes volumes deaterro e terraplanagem; até a construção dedivers<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> de arte, entre el<strong>as</strong>, um longotrecho de rodovia elevada (2,6 km) e umaponte estaiada. Então, há uma série de detalhestécnicos que a tornam diferenciada.Numa extensão pequena, juntamos uma sériede dificuldades que estão tendo que sersuperad<strong>as</strong>”, relata o Superintendente do Dnit<strong>no</strong> <strong>RS</strong>, Eng. Civil Vladimir C<strong>as</strong>a.Ele recorda de époc<strong>as</strong> em que o trabalhoficou até mesmo paralisado devido a alagamentos,em virtude da região ser baixa e plana.“Era <strong>no</strong> meio da água. Então, isso limitoue atrapalhou muito o início da obra. Depoisque conseguimos ‘tirar o pé da água’, comoeu costumava brincar, ficou um pouco maisEngenheiro considera que BR 448 está do lado erradoApesar d<strong>as</strong> vantagens que a Rodovia trará quando pronta,para o Engenheiro Civil Mauri Panitz, a construção da BR448 chega com atr<strong>as</strong>o de pelo me<strong>no</strong>s du<strong>as</strong> décad<strong>as</strong>, em localequivocado e me<strong>no</strong>s extensa do que deveria. “Há 40 a<strong>no</strong>s, jáse pensou nesse traçado e a ideia foi abandonada à épocapor ter sido considerada eco<strong>no</strong>micamente inviável”, relembraPanitz, que critica ainda o fato de o projeto atual não se estenderaté Portão, como o estudo da década de 1960. “É umabsurdo fazer uma rodovia paralela à BR 116 e só para beneficiarCa<strong>no</strong><strong>as</strong> e Esteio. Tem que servir o maior território possívelda Região Metropolitana.”O Engenheiro considera que o traçado ideal deveria sermais a leste, do lado esquerda da BR 116, considerando osentido crescente da quilometragem. “Existe, n<strong>as</strong> prateleir<strong>as</strong>do Dnit, um projeto feito ainda <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1970 que se chamava‘Free Way POA-NH’, que vem a ser o traçado da <strong>RS</strong> 010que o Gover<strong>no</strong> do Estado fala hoje em dia, chamada Rodoviado Progresso. Eles estão querendo fazer na posição correta”,afirma. Sobre o local eleito pelo Dnit, o Engenheiro destacaentre os problem<strong>as</strong> o fato de ser uma área invadida, beira derio e zona de banhado com grandes espessur<strong>as</strong> de solo mole.“Ess<strong>as</strong> questões tornam a obra muit<strong>as</strong> vezes mais cara”,explica, salientando ainda que “se tivessem feito primeiro dolado certo, não seria necessário fazer do lado errado”.Para ele, além de encarecerem a obra – que iniciou comorçamento da ordem de R$ 570 milhões –, <strong>as</strong> característic<strong>as</strong>do local contribuíram com o atr<strong>as</strong>o do cro<strong>no</strong>grama e o aumentodo custo da obra para qu<strong>as</strong>e R$ 1 bilhão. “Quando elescomeçaram a BR 448, fui entrevistado pelos órgãos de imprensaque me perguntaram se iam conseguir fazer <strong>no</strong>s trêsa<strong>no</strong>s. Eu disse que era praticamente impossível. Obviamente,muitos não gostaram da minha opinião. Sua estimativa ficavaentre seis e <strong>no</strong>ve a<strong>no</strong>s de obr<strong>as</strong>. “Fazer uma freeway em zonade solo mole, numa beira de rio, com um clima como o<strong>no</strong>sso, além d<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>ões... ora ia ser o tempo que iria dificultar,ora a enchente do rio, ora <strong>as</strong> desapropriações”, argumenta,lembrando que o trabalho já está “totalmente” fora doprazo previsto inicialmente.24SET/OUT’12 | 92
Dnitfácil, pois os trabalhos puderam ter uma continuidademaior”, explica. Ele ressalta tambémo fato de a estrada estar em meio a umaRegião Metropolitana, o que traz desde dificuldadesao trânsito de caminhões aos canteirosde obr<strong>as</strong>, até a questão social, que envolveu<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> que moravam próxim<strong>as</strong> aotraçado da via e tiveram que ser re<strong>as</strong>sentad<strong>as</strong>– ação ainda em andamento. “Isso é sempreum processo muito trabalhoso e difícil. M<strong>as</strong>estamos conseguindo fazer com um grau deêxito e rapidez bem considerável.”C<strong>as</strong>a também é categórico ao afirmarque a BR 448 é a obra rodoviária de maiorimpacto aos gaúchos, principalmente pelonúmero de pesso<strong>as</strong> que irá beneficiar. “Seconsiderarmos que cada um dos veículosque circulam na BR 116 possa ter uma médiade du<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, já está se falando emalgo em tor<strong>no</strong> de 300 mil a 350 mil pesso<strong>as</strong>,sem contar naquel<strong>as</strong> que indiretamente sãoafetad<strong>as</strong>, como quem tem que receber mercadori<strong>as</strong>e não consegue porque o veículoestá retido <strong>no</strong> trânsito, ou pesso<strong>as</strong> com problem<strong>as</strong>de saúde que precisam se deslocarpara a Capital ou, ainda, que perdem voos,de turismo ou negócios, em função de quea rodovia está congestionada.” Vladimir consideratambém que a influência da rodovi<strong>as</strong>e estenderá a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> regiões do Estado.“Isso não envolve só a Capital e o Vale doSi<strong>no</strong>s, grande parte do Estado circula poresse local. Por exemplo, veículos que vêmda Serra Gaúcha à Zona Sul do <strong>RS</strong> obrigatoriamentep<strong>as</strong>sam por lá.”De acordo com o superintendente, o Gover<strong>no</strong>Federal apoia estender a via até a Serra,ligando a BR 448 à <strong>RS</strong> 240, que p<strong>as</strong>sa porPortão. Em junho, o ministro dos Transportes,Paulo P<strong>as</strong>sos, autorizou a extensão. E,em 28 de agosto, foi aberta licitação paracontratar o estudo de viabilidade para o prolongamentoda via. Entre outr<strong>as</strong> informações,o documento irá apresentar a definiçãodo <strong>no</strong>vo traçado da estrada. Ainda não háprazos para o início desta obra.Volume Lote 1Solos moles removidos 234.545,00 m³Volume de areia colocado 754.927,750 m³Volume de argila aplicado 2.160.768,354 m³Lote 1: solos moles exigiramalternativ<strong>as</strong> de terraplanagemO Km 0 da rodovia está localizado <strong>no</strong>entroncamento d<strong>as</strong> <strong>RS</strong> 118 e BR 116 (Sapucaiado Sul) e se estende por 9,14 km até oentroncamento com a BR 386 (na altura deCa<strong>no</strong><strong>as</strong>). O trecho, sob responsabilidade doConsórcio Sultepa Construções e ComércioLtda. e Toniolo Busnello S/A, contará comdu<strong>as</strong> pist<strong>as</strong> de du<strong>as</strong> faix<strong>as</strong> cada e seis obr<strong>as</strong> dearte especiais: a duplicação do viaduto da <strong>RS</strong>118; três p<strong>as</strong>sagens inferiores ferroviári<strong>as</strong>,du<strong>as</strong> sob a BR 448 e uma <strong>no</strong> ramo de acessoa Esteio; um viaduto sobre a BR 448 – acessoa Esteio, e uma ponte sobre o Arroio Sapucaia.Também estão previstos quatro p<strong>as</strong>sa-faun<strong>as</strong>e 14 galeri<strong>as</strong> para escoamento da produçãoindustrial e dos cursos de água. Os investimentos<strong>no</strong> trecho chegam a R$ 217,3 milhões.O Eng. Cahoe Sohnem, responsável pelaTerraplanagem <strong>no</strong> trajeto, confirma queum dos desafios da equipe do Lote 1 foi como solo do local. “Temos de 5 a 12 metros desolo mole, dependendo do local. Então, osparâmetros para o trabalho são variáveis.Por isso, foram fundamentais a instrumentaçãoe <strong>as</strong> análises preliminares, com a utilizaçãodos dados obtidos pelos testes geotécnicos,para escolher <strong>as</strong> melhores técnic<strong>as</strong>de terraplanagem e garantir a estabilidadedo terre<strong>no</strong>”, explicou, dizendo que há áre<strong>as</strong>em que o aterro chegou a 10 metros.Processos construtivos de fundação da BR 448Remoção de solo mole e substituição por areiaUtilizada onde a profundidade da camada de solo mole não excede 3 m, a solução érecomendada por procedimento do Dnit, “pois é definitiva sem recalques e eco<strong>no</strong>micamenteviável”. A substituição dos solos moles é efetuada por material are<strong>no</strong>so, comobjetivo da compactação hidráulica do volume removido, que é depositado na regiãoadjacente ao offset da rodovia, formando um ‘bota-espera’. Após a cravação do geodre<strong>no</strong>e execução do colchão de areia, o material do ‘bota-espera’ é transportado para<strong>as</strong> berm<strong>as</strong> de equilíbrio.Berm<strong>as</strong> sobre geodre<strong>no</strong>s com lençol drenanteNos trechos onde a camada de solo mole eram superiores a 3 m, foi realizada a drenagemdo terre<strong>no</strong> por meio da implantação de colchão drenante de areia e uma malha degeodre<strong>no</strong>s. O conjunto pressionado pelo aterro faz com que a água seja expulsa daparte inferior e escoe para <strong>as</strong> val<strong>as</strong> laterais. Os geodre<strong>no</strong>s variam de profundidade e vãoaté 12 m de acordo com <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> do terre<strong>no</strong>.Aterro sobre geogrelhaPara solos em que <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> são de baixíssima qualidade, onde a utilização deberma poderia causar o rompimento do leito estradal, foi preconizada a utilização de mant<strong>as</strong>de geogrelh<strong>as</strong>, reforçando o solo e evitando o cisalhamento do mesmo. Fonte: DnitDia do Engenheiro Agrô<strong>no</strong>moO sucesso do agronegócio br<strong>as</strong>ileiro e o futuro da agriculturap<strong>as</strong>sam pel<strong>as</strong> mãos do Engenheiro Agrô<strong>no</strong>mo. Parabéns a estesprossionais que, em 12 de outubro, comemoram seu dia!25