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Ivan Saraiva

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<strong>Ivan</strong> <strong>Saraiva</strong><br />

Casa Publicadora Brasileira<br />

Tatuí, SP


Direitos de publicação reservados à<br />

Casa Publicadora Brasileira<br />

Rodovia SP 127 – km 106<br />

Caixa Postal 34 – 18270-000 – Tatuí, SP<br />

Tel.: (15) 3205-8800 – Fax: (15) 3205-8900<br />

Atendimento ao cliente: (15) 3205-8888<br />

www.cpb.com.br<br />

2ª edição<br />

3ª impressão: 300 mil exemplares<br />

Tiragem acumulada: 900,5 milheiros<br />

2015<br />

Coordenação Editorial: Vanderlei Dorneles<br />

Editoração: Vanderlei Dorneles e Diogo Cavalcanti<br />

Revisão: Adriana Seratto e Luciana Gruber<br />

Projeto Gráfico: Fábio Fernandes<br />

Capa: Eduardo Olszewski<br />

Imagem de Capa (Moça): Montagem sobre fotos de © iko | Fotolia e © Iakov Kalinin | Fotolia<br />

Imagem de Capa (Atleta): Montagem sobre fotos de © andy_di | Fotolia e © Warren Goldswain | Fotolia<br />

Foto do autor: Rede Novo Tempo de Comunicação - MKT<br />

IMPRESSO NO BRASIL / Printed in Brazil<br />

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)<br />

<strong>Saraiva</strong>, <strong>Ivan</strong><br />

Esperança viva : uma escolha inteligente /<br />

<strong>Ivan</strong> <strong>Saraiva</strong>. – 2. ed. – Tatuí, SP : Casa<br />

Publicadora Brasileira, 2016.<br />

ISBN 978-85-345-2206-9<br />

1. Esperança – Aspectos religiosos –<br />

Cristianismo 2. Vida cristã 3. Vida espiritual<br />

4. Salvação (Teologia) – Cristianismo 5. Salvação –<br />

Ensinamento bíblico I. Título.<br />

15-07167 cdd-230<br />

Índices para catálogo sistemático:<br />

1. Teologia cristã: Religião 230<br />

Os textos bíblicos citados neste livro foram extraídos da versão Almeida Revista e<br />

Atualizada 2ª edição, salvo outra indicação.<br />

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por<br />

qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.<br />

Tipologia: Fairfield LT Std, 10,3/12,5 – 15223/33583


Sumário<br />

Para começar... .................................................................................4<br />

1..O Poder da Esperança.................................................................6<br />

2 .Conexão Total............................................................................12<br />

3 .Casamento Perigoso..................................................................18<br />

4..Razões para Crer........................................................................25<br />

5 .Riqueza Predestinada...............................................................32<br />

6..Um Idioma Inusitado.................................................................42<br />

7 .Milagres Inegáveis....................................................................50<br />

8..O Fim do Medo..........................................................................57<br />

9..O Escudo do Altíssimo..............................................................64<br />

10..Ninguém Deixado para Trás.....................................................70<br />

11..Eternamente Livre.....................................................................77<br />

12..O Deus Incomparável................................................................85<br />

Finalizando... ..................................................................................92


Para começar...<br />

É muito interessante conhecer a cultura de outros povos. Na China, há<br />

pessoas que frequentam um templo budista, seguem a filosofia e os conselhos<br />

de Confúcio e, em casa, veneram deuses do xintoísmo. Que variedade!<br />

No entanto, se para nós é difícil entender os hábitos espirituais de um<br />

amigo chinês, tente imaginar um oriental nas ruas de São Paulo, onde há<br />

inúmeras igrejas, com os mais variados nomes. Cada uma tem sua prática<br />

particular e doutrinas diferenciadas. Diante da variedade de alternativas, a<br />

dúvida cresce no coração de quem busca a verdade e o caminho da ética.<br />

Como um chinês que nunca ouviu falar de Cristo consideraria a nossa<br />

religião? O que ele diria aos parentes na China após visitar a cidade de São<br />

Paulo com seus inúmeros templos?<br />

Atualmente, existem cerca de 40 mil denominações cristãs e cada<br />

uma delas afirma ter a verdadeira e mais pura interpretação bíblica. Todas<br />

usam o mesmo Livro como base de suas doutrinas. No entanto, apresentam<br />

visões diferentes ou mesmo opostas do que seja a verdade e de<br />

como alcançar a vida eterna. Nesse labirinto, encontrar o caminho seguro<br />

parece quase impossível.<br />

Este pequeno livro destaca os benefícios de ter esperança. A esperança<br />

é uma virtude e um sentimento capaz de multiplicar as forças e transformar<br />

a vida. Ela nos impulsiona para grandes conquistas. No entanto, para que<br />

não desaponte, a esperança precisa ter uma base sólida na verdade. Por<br />

isso, convidamos você a descobrir a verdade. Fundamentada na verdade,<br />

a esperança se torna uma força viva capaz de dar uma nova direção à vida.<br />

Por muito tempo, o interesse pela verdade tem sido a mais elevada<br />

aspiração das pessoas. Conhecer o que é verdadeiro e fazer o que é certo é<br />

um ideal muito nobre. Entretanto, precisamos saber que encontrar a verdade<br />

não é simplesmente definir um conjunto de regras de conduta. Vai<br />

além disso. É conhecer a verdade de um Deus pessoal, capaz de despertar<br />

novas convicções e uma nova expectativa sobre o futuro.<br />

De fato, a verdade não é apenas pensamento. A verdade inclui doutrina<br />

e conhecimento. Porém, toda doutrina e todo conhecimento verdadeiros<br />

têm sua origem no Deus eterno. Quando conhecemos esse Deus,<br />

4


Para começar...<br />

alcançamos tudo que é essencial. Ele ilumina as sombras e substitui a<br />

dúvida pela certeza. Um encontro verdadeiro com Deus muda tudo na<br />

vida. Ele é a certeza da vitória da verdade sobre a mentira. Somente a<br />

verdade que provém desse Deus é capaz de libertar de todo engano e de<br />

despertar uma esperança viva.<br />

Nos últimos tempos, a espiritualidade e as coisas sagradas têm atraído<br />

muito a atenção das pessoas. Na Idade Média, a Bíblia era escondida e não<br />

podia ser traduzida para a língua do povo comum. Durante o Iluminismo,<br />

Bíblias foram queimadas em praça pública. Hoje, porém, a Palavra de<br />

Deus é traduzida e lida em centenas de línguas ao redor do mundo.<br />

No entanto, apesar de a Bíblia não ser escondida nem queimada, o<br />

engano e os falsos ensinos se multiplicam. Diante de tudo isso, precisamos<br />

realmente refletir sobre o Filho do Deus vivo, que se apresentou como a<br />

própria Verdade. Ele vai na contramão de tudo e nos garante: “E conhecereis<br />

a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Em seguida, afirma:<br />

“Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (João 17:17).<br />

Embora a verdade seja impopular e não seja buscada ou desejada por<br />

muitos, a proposta deste livro é redescobrir esse tesouro. Muito do que<br />

você vai ler aqui é inédito e surpreendente. O objetivo é colocar você frente<br />

a frente com a verdade capaz de despertar uma esperança viva. Esperança<br />

de que o bem vai vencer e de que a verdade vai sobrepujar a mentira tão<br />

popular no mundo em que vivemos.<br />

Você poderá expandir a leitura usando sua Bíblia. Como os assuntos<br />

deste livro são bastante discutidos hoje, há materiais de apoio na internet,<br />

os quais serão indicados. Ao final de cada capítulo há também um estudo<br />

sugestivo só com passagens bíblicas e links que você pode acessar para se<br />

aprofundar nos temas.<br />

Certa vez, um amigo me deu um livro usado, que tinha sido lido não<br />

só por ele, mas também pela esposa dele. Então me disse: “Livro foi feito<br />

para circular; abençoou a mim e agora abençoará você!” Gostei dessa atitude!<br />

Portanto, fique o tempo que quiser com este livro e, se achar que<br />

deve compartilhá-lo, não pense duas vezes! Se este livro mexer com você,<br />

se trouxer novas verdades e mais sentido à sua vida, passe-o adiante. Assim<br />

veremos mais rápido a esperança viva levar luz a cada coração!<br />

5


1<br />

O Poder da Esperança<br />

No filme O Dia Depois de Amanhã, a esperança desponta como um<br />

fator de sobrevivência para o jovem Sam e seus amigos Brian e Laura. Eles<br />

se refugiam em uma biblioteca pública enquanto Nova York é inundada<br />

por um tsunami. Trata-se de uma ficção dirigida por Roland Emmerich,<br />

lançada em 2004 e que se tornou campeã de bilheteria.<br />

Nessa produção, o climatologista Jack Hall, interpretado pelo ator<br />

Dennis Quaid, prevê uma catástrofe gigantesca com base em seus estudos<br />

do aquecimento global. Tudo acontece segundo sua previsão, mas em<br />

menos tempo. O derretimento do gelo polar altera a corrente do Atlântico<br />

Norte, o que leva a uma queda acentuada na temperatura. O clima violento<br />

provoca tornados, furacões, tempestades de granizo e tsunamis com grande<br />

poder de destruição. As repentinas mudanças climáticas lançam o hemisfério<br />

Norte em uma nova era do gelo.<br />

O jovem Sam, filho de Jack, e seus amigos estão em Nova York para<br />

uma competição acadêmica, quando as águas de um imenso tsunami<br />

inundam a cidade e são rapidamente congeladas. Eles ficam encurralados<br />

e se refugiam na biblioteca, aquecendo-se com a queima de livros. Sam<br />

consegue falar com o pai e avisa de sua situação. Jack promete que vai<br />

buscar o filho. Ele e dois colegas partem de Washington para Manhattan<br />

a fim de encontrar o rapaz, tendo prometido que o buscaria a qualquer<br />

custo. Na Filadélfia, eles perdem o veículo em um acidente e seguem a<br />

pé debaixo da nevasca.<br />

Na biblioteca, Sam adverte que todos deveriam esperar ali dentro até vir<br />

o salvamento e que sair seria morte certa. Entretanto, poucos o escutam.<br />

Desesperadas, as pessoas tentam escapar, aventurando-se no frio intenso<br />

das ruas cobertas de neve, só para serem congeladas em sua caminhada.<br />

Finalmente, no típico modelo hollywoodiano, Jack e seu amigo Jason<br />

chegam a Nova York, mas quase perdem as esperanças ao encontrar a<br />

biblioteca enterrada na neve. O grupo de Sam, porém, estava a salvo dentro<br />

do prédio. Eles são, então, resgatados por helicópteros.<br />

6


O Poder da Esperança<br />

Sam e seus amigos conseguiram sobreviver graças à esperança fundada<br />

na promessa de Jack de que o alcançaria onde quer que ele estivesse.<br />

Ele confia nessa promessa e é isso que faz com que não se desespere nem<br />

se aventure no gelo como os demais, cujas decisões refletem o estado de<br />

pânico e a ausência de esperança.<br />

As questões climáticas discutidas no filme são apenas ficção, mas a<br />

esperança aparece aí como um fator de sobrevivência, o que é cientificamente<br />

comprovado. De fato, a esperança se tornou objeto de estudo<br />

da ciência nas últimas décadas, com diversas pesquisas mostrando seus<br />

efeitos positivos. A primeira coisa que os pesquisadores afirmam é que a<br />

esperança é resultado de decisão e escolha. E, uma coisa é certa, a esperança<br />

tem poder sobre a mente e o corpo.<br />

O interesse de psiquiatras, psicólogos e médicos na esperança se deve a<br />

seu potencial de cura e realização. O pesquisador norte-americano Charles<br />

S. Snyder, autor do livro “A psicologia da esperança” (The Psychology of<br />

Hope), lançado em 1994, entende a esperança como uma ideia motivacional<br />

que possibilita a uma pessoa acreditar em resultados positivos para<br />

suas metas e aspirações. Segundo ele, a pessoa que tem esperança consegue<br />

desenvolver estratégias de vida e de sobrevivência de forma mais<br />

eficaz e reúne motivação para colocá-las em prática.<br />

Na área da saúde, as pesquisas têm demonstrado que o sentimento de<br />

esperança exerce grande influência em eliminar ou reduzir problemas físicos<br />

e psicológicos antes de eles acontecerem. Ou seja, o sistema imunológico e<br />

hormonal da pessoa cheia de esperança é mais eficaz. As pesquisas de Snyder<br />

comprovaram que a esperança ajuda o indivíduo a reagir positivamente em<br />

caso de doenças e lesões. Essas pessoas são mais fortes em tolerar a dor. O psicólogo<br />

comprovou que os portadores de esperança têm mais capacidade ou<br />

habilidade adaptativa para resolver seus problemas. A esperança realmente<br />

tem poder.<br />

A emoção ou o sentimento de esperança, portanto, é capaz de promover<br />

não só a saúde mental, mas também física. Alguns psicólogos relacionam<br />

a depressão à ausência de esperança, situação em que a pessoa não<br />

vê mais solução para si mesma.<br />

Mas, para muitos pesquisadores, a esperança é apenas uma questão<br />

de “pensamento positivo”; algo que nós mesmos produzimos. Isso ocorre<br />

quando se ignora a origem e o mecanismo geral dessa emoção.<br />

No entanto, essa visão limitada da esperança tende a ser superada com os<br />

estudos de Anthony Scioli, professor de psicologia do Keene State College,<br />

7


ESPERANÇA VIVA<br />

em New Hampshire, nos Estados Unidos. Desde o final dos anos 1990,<br />

ele tem estudado a esperança cientificamente e demonstrado sua forte<br />

dimensão espiritual e religiosa. Scioli comprovou que a esperança está<br />

ligada a virtudes como paciência, gratidão, amor e fé. E estas são virtudes<br />

originalmente bíblicas. O pesquisador afirma que a esperança não estabelece<br />

vínculo só com o próximo, mas sobretudo com um Ser superior,<br />

ou seja, com Deus. Isso mostra que a verdadeira esperança é diferente de<br />

otimismo e pensamento positivo. Ela liga a pessoa a um Deus pessoal que<br />

é fonte de poder.<br />

Na Bíblia, o apóstolo Paulo destaca a esperança como uma das três virtudes<br />

principais do cristianismo, juntamente com a fé e o amor. “Agora,<br />

pois, permanecem a fé, a esperança e o amor” (1 Coríntios 13:13). Por<br />

meio dessa virtude, os cristãos desejam e esperam em Deus uma vida<br />

superior e eterna a ser alcançada no reino da glória.<br />

Enquanto enfrentam lutas e desafios, os cristãos contam com as três<br />

virtudes essenciais como uma proteção segura. Paulo diz: “Sejamos sóbrios,<br />

revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a<br />

esperança da salvação” (1 Tessalonicenses 5:8, itálicos acrescentados).<br />

A palavra “esperança” existe na maioria dos idiomas, o que sugere que<br />

nenhuma cultura consegue viver sem esperança. Na Bíblia, ela é usada<br />

mais de 100 vezes, e o que mais chama a atenção é que a esperança<br />

bíblica não é fruto de pensamento positivo. Não é algo que as pessoas<br />

têm em si mesmas nem uma força especial que alguns recebem ao nascer.<br />

A esperança é algo que as pessoas desenvolvem em sua relação om Deus.<br />

Três coisas se destacam na esperança segundo a Bíblia. Primeiro, as<br />

pessoas esperam a solução de seus problemas em Deus. O salmista diz:<br />

“Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dEle vem a<br />

minha esperança” (Salmo 62:5). “Bem-aventurado aquele que tem o Deus<br />

de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor” (Salmo 146:5).<br />

As pessoas trabalham e se esforçam, mas contam com o poder de Deus ao<br />

enfrentar e superar os desafios e os perigos da vida. “Os que esperam no<br />

Senhor renovarão as suas forças. Subirão com asas como águias; correrão<br />

e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão” (Isaías 40:31).<br />

Além disso, os personagens bíblicos consideram Deus como sua própria<br />

esperança. No Salmo 65:5, lemos: “Ó Deus, Salvador nosso, esperança de<br />

todos os confins da terra.” O profeta Jeremias diz: “Bendito o homem que confia<br />

no Senhor e cuja esperança é o Senhor” (Jeremias 17:7). Deus é a própria<br />

esperança no sentido de que Ele é a fonte do poder desejado e esperado.<br />

8


O Poder da Esperança<br />

Um terceiro aspecto importante da esperança é que ela leva as pessoas<br />

a ter confiança em relação ao futuro. Os filhos de Deus vivem intensamente<br />

o presente, mas eles sabem que a vida não se restringe a esta Terra.<br />

Há uma realidade superior e eterna depois desta. O próprio Deus afirma:<br />

“Há esperança para o teu futuro” (Jeremias 31:17). As promessas de Deus<br />

são fonte de esperança e certeza.<br />

Portanto, a expectativa daqueles que têm esperança em Deus é tremendamente<br />

positiva. Por isso, eles enfrentam os desafios com otimismo<br />

e reúnem mais forças em todos os sentidos, conforme comprovam as pesquisas<br />

mencionadas. A esperança tem poder.<br />

Paulo fala da esperança da “ressurreição” como um tesouro para os cristãos<br />

(Atos 23:6; 24:15). O apóstolo estava seguro de que, por ocasião da<br />

segunda vinda de Cristo, vai se concretizar a “esperança da glória de Deus”<br />

com o estabelecimento de Seu reino eterno (Romanos 5:2). Nesse evento,<br />

toda a “criação será redimida do cativeiro da corrupção” (Romanos 8:21).<br />

Essa expectativa positiva acerca do reino<br />

de Deus, com toda a Terra restaurada em<br />

uma vida livre da morte e do mal, diferencia<br />

os portadores da esperança daqueles que não<br />

têm esperança e vivem “sem Deus num mundo”<br />

dominado pela tragédia (Efésios 2:12). Sem<br />

Deus, o pessimismo domina o mundo, que<br />

segue sua história de guerra em guerra. Os<br />

jornais noticiam a violência, a crise da ecologia<br />

e a corrupção. Assim, a esperança perde espaço e o medo do futuro<br />

toma conta dos corações. Por isso, o filósofo alemão Arthur Schopenhauer<br />

diz que viver é sofrer, com pequenos instantes de felicidade, o que leva a<br />

considerar a vida absurda e vazia. Assim, para muitos, não temos motivo<br />

para ter esperança no mundo.<br />

Deus, porém, rompeu com a marcha do mundo e derramou a esperança<br />

viva em nosso coração. Desta forma, a segunda vinda de Cristo<br />

em glória e majestade é considerada pelo apóstolo Paulo como a “bendita<br />

esperança” (Tito 2:13). Por causa da ressurreição de Cristo, testemunhada<br />

por uma multidão de mais de 500 pessoas (1 Coríntios 15:6),<br />

Pedro diz que Deus “nos regenerou para uma viva esperança, mediante a<br />

ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pedro 1:3). Essa esperança<br />

é viva porque está estabelecida nas promessas de um Deus vivo, o<br />

qual é a própria personificação da esperança. Paulo diz que “Cristo em vós”<br />

9<br />

Deus, porém,<br />

rompeu com a<br />

marcha do mundo<br />

e derramou a<br />

esperança viva<br />

em nosso coração.


ESPERANÇA VIVA<br />

é “a esperança da glória” (Colossenses 1:27), sendo Ele mesmo a “nossa<br />

esperança” (1 Timóteo 1:1).<br />

Há um famoso e tradicional cântico cristão que diz: “Porque Ele vive<br />

posso crer no amanhã. Porque Ele vive temor não há...” Tudo o que desejamos<br />

são dias melhores, dias de paz, dias de segurança e justiça. Esse<br />

tempo ainda não chegou, mas esperamos e sabemos com todas as forças<br />

do nosso ser que vai chegar porque o Deus vivo assim prometeu.<br />

Foi Jesus que inspirou João a escrever: “Deus limpará de seus olhos<br />

toda lágrima e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor,<br />

porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4, ARC). Essa<br />

promessa enche nosso coração de uma esperança que se renova a cada<br />

manhã. A volta de Jesus em glória e majestade é a mais preciosa promessa<br />

de toda a Bíblia. É nela que todas as demais promessas estão alicerçadas,<br />

e é nela que você deve se apegar cada dia.<br />

Essa esperança não pode desapontar porque está firmada em um<br />

Deus vivo. No filme de Emmerich, a esperança do jovem Sam não estava<br />

fundada em um mero sentimento ou pensamento positivo, mas em uma<br />

promessa feita por alguém que ele conhecia bem: seu pai. Assim é a esperança<br />

em Cristo, que não desaponta porque está firmada na promessa de<br />

um Deus vivo, nosso Pai.<br />

A esperança que liberta está alicerçada na verdade da Palavra de Deus.<br />

De que vale uma esperança sem fundamento? De que adianta alguém<br />

se iludir com algo que nunca acontecerá? A esperança que alimenta o<br />

coração precisa ser confiável e estar fundada na promessa do Deus Todo-<br />

Poderoso. Precisamos da esperança viva, que não desaponta porque está<br />

firmada na verdade.<br />

Conta-se de uma garotinha que teria recebido duas maçãs. A mãe da<br />

menina percebeu a euforia no rosto dela e quis lhe ensinar uma lição:<br />

– Meu amor, vejo que ganhou duas maçãs, não é mesmo?!<br />

– Sim, mamãe. Grandes e lindas!<br />

– São bem vermelhas, filha, e devem estar deliciosas!<br />

– Acho que são as melhores maçãs do mundo inteiro, mamãe!<br />

– Bem, filha, você tem duas. O que acha de me dar uma?<br />

A menina pareceu constrangida por um momento. Então, rapidamente<br />

mordeu uma maçã e, em seguida, a outra. A mãe ficou indignada e<br />

já ia dar uma bronca, quando a menina estendeu a mão e disse:<br />

– Toma, mamãe. Esta é a mais doce!<br />

A menina terminou ensinando uma lição à mãe.<br />

10


O Poder da Esperança<br />

Essa é a atitude de Deus conosco. Ele nos oferece o que é melhor!<br />

Jesus assumiu a cruz do nosso desespero e nos abre o caminho da esperança<br />

viva que não desaponta.<br />

Uma coisa, porém, é certa: o que garante que nossa esperança seja<br />

viva é se ela está firmada na promessa e na verdade do Deus vivo, se ela<br />

é um dom de Deus. No mundo há muitos caminhos fascinantes, mas<br />

que escondem engano e ilusão. No caminho incerto não pode haver esperança.<br />

Nossa escolha em termos de esperança precisa ser bem lúcida.<br />

Nos capítulos seguintes, discorremos sobre alguns desses caminhos a<br />

fim de buscar conhecer um pouco da verdade sólida da Palavra de Deus<br />

que deve ser o fundamento da nossa esperança.<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Qual é a maior tristeza para uma pessoa? (Jó 7:6).<br />

2. O que esse mundo de pecado faz com o ser humano? (Jó 19:10).<br />

3. Como termina a esperança daqueles que não têm Jesus no coração?<br />

(Provérbios 11:23).<br />

4. Qual deve ser a nossa esperança? (Salmo 39:7).<br />

5. Há esperança na morte? (Provérbios 14:32).<br />

6. Que esperança Jesus oferece em relação à morte? (João 11:25, 26).<br />

7. Qual é a grande esperança para o mundo? (João 14:1-3).<br />

8. Como o apóstolo Paulo expressa essa esperança? (Filipenses 3:20).<br />

9. Quão abençoada é a pessoa que carrega essa esperança? (Jeremias<br />

17:7-10).<br />

10. Que certeza nos dá essa esperança? (Romanos 8:24, 25).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

11


2<br />

Conexão Total<br />

Em pouco tempo, não teremos mais que escolher nos conectar à internet.<br />

Todos permaneceremos on-line para poder viver. Esqueça a internet<br />

como entretenimento que rouba parte do nosso tempo. Ela estará conosco<br />

o tempo todo e em todos os lugares, não sendo mais restrita a tablets,<br />

celulares ou laptops.<br />

Daqui a pouco tempo, farão parte de nossa vida dispositivos “inteligentes”,<br />

como relógios que verificam notícias do trânsito e nos acordam mais<br />

cedo quando houver engarrafamento, roupas que avaliam nossa saúde e<br />

enviam relatórios ao médico e casas que analisam o consumo de luz, água<br />

e gás, preparando relatórios diários e comparativos com os gastos dos vizinhos.<br />

Uma conexão total!<br />

De fato, a inteligência artificial saltou das telas do cinema fictício para<br />

nosso cotidiano. Não são apenas as relações sociais que mudaram com a inclusão<br />

digital, mas a vida como um todo, no nível do trabalho, dos negócios, dos<br />

hábitos, dos estudos e, sobretudo, do acesso ao conhecimento. Os computadores<br />

possibilitaram uma agilidade sem precedentes aos processos de produção<br />

em todos os setores. Desde a fabricação de automóveis até a manipulação de<br />

alimentos, a produção tem sido otimizada e acelerada. As empresas produzem<br />

muito mais e em menos tempo. Os bancos gerenciam as contas e prestam<br />

serviços com mais eficácia e rapidez graças à conexão direta com os clientes.<br />

As empresas incorporaram uma elevada despesa com os computadores, mas<br />

estão produzindo bem mais e vendendo mais rápido do que nunca.<br />

Talvez uma das maiores vantagens dos computadores e da internet seja<br />

a disponibilização e o acesso à informação no contexto de escolas, universidades<br />

e centros de pesquisa. A literatura universal e as pesquisas mais<br />

recentes podem ser acessadas e lidas de qualquer parte do mundo, nas<br />

mais diversas línguas, graças aos sistemas de busca e tradução. O sonho<br />

de Vannevar Bush, um dos idealizadores da internet, de uma “Biblioteca<br />

de Alexandria” virtual com todas as obras da cultura humana disponíveis a<br />

um clique, é praticamente uma realidade.<br />

12


Conexão Total<br />

A internet e as redes sociais também estão conectando pessoas das<br />

mais diversas culturas. Isso provoca emancipação, inclusão, conscientização<br />

e pode abrir portas para revoluções e mudanças sociopolíticas<br />

de grandes proporções, como tem ocorrido em algumas regiões do<br />

Oriente Médio.<br />

As relações sociais já não são mais as mesmas. As fronteiras territoriais<br />

e culturais praticamente desapareceram. Pessoas se conhecem, se relacionam<br />

e se casam sem barreiras geográficas. Encontrar parentes e amigos de<br />

quem nos distanciamos com o passar do tempo tem sido uma das grandes<br />

surpresas das redes.<br />

No entanto, nem tudo é para ser celebrado na era digital. Nossa relação<br />

com os computadores e com a internet também tem nos exposto a<br />

perigos e riscos inéditos na história, desde a banalização do amor e do<br />

sexo até a destruição da privacidade de pessoas e de organizações. Com<br />

pessoas como Edward Snowden soltas pelo mundo, não há mais sigilo,<br />

principalmente para aqueles que fazem espionagem da vida alheia ou do<br />

país vizinho. O presidente dos Estados Unidos que o diga!<br />

E quanto aos valores, a família, a vida religiosa, a segurança dos<br />

filhos? O que a internet tem feito e promete ainda fazer? Estará o mundo<br />

mais seguro e o futuro será mais promissor na era da virtualidade?<br />

Poderá a “Biblioteca de Alexandria” virtual durar para sempre? O imenso<br />

acúmulo de dados e informações não permite uma resposta afirmativa<br />

nesse caso.<br />

Na verdade, a complexidade é tal que recebemos o alerta de um dos<br />

“pais da internet”. O matemático americano Vint Cerf diz: “Historiadores<br />

do futuro terão grandes dificuldades para encontrar registros de nosso<br />

tempo atual.” De acordo com ele, em um contrassenso impensável, “o<br />

século 21 está entrando em uma Idade das Trevas digital”. Essa preocupação<br />

se deve à incapacidade de se preservar informação. Atualmente, em<br />

apenas dois anos, produzimos mais informação do que toda humanidade<br />

produziu até aqui. Como existe uma constante atualização nas linguagens<br />

de programação e pouco investimento em arquivamento, muito do que<br />

hoje está na rede pode deixar de existir.<br />

Lembro-me de que, no ano de 1998, alguém me disse a seguinte frase:<br />

“O computador veio resolver problemas que não existiriam sem ele!”<br />

Qualquer nova tecnologia também gera novos problemas. Nesse contexto,<br />

que outros problemas estão sendo criados para a sociedade e para<br />

os indivíduos com uma conexão ininterrupta? Que tipo de novas angústias<br />

13


ESPERANÇA VIVA<br />

estarão à nossa frente? O mundo digital facilita nossa vida em diversos<br />

aspectos, mas também é capaz de destruir os desavisados e os que vivem<br />

sem a proteção da verdade e do Deus altíssimo.<br />

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, nos adverte quanto a uma sociedade<br />

intolerante à dor que se refugia em relacionamentos virtuais a fim de<br />

interagir, mas sem criar laços humanos reais e verdadeiros. Segundo ele,<br />

as redes sociais são um fenômeno mundial não pela capacidade de se fazer<br />

novos amigos instantaneamente, mas pela facilidade de excluir amigos,<br />

conhecidos e desconhecidos – sem dor, culpa ou sofrimento. “Se alguém<br />

escrever algo desagradável eu posso bani-lo da minha vida apertando uma<br />

única tecla”, diz Bauman.<br />

Será que relacionamentos instantâneos e descartáveis são os únicos<br />

efeitos colaterais do uso indiscriminado da internet? O perigo de nossas<br />

crianças postarem informações pessoais em excesso nas redes sociais é<br />

tudo com que devemos nos preocupar? Acredito que não. O mundo virtual,<br />

que cria inúmeras facilidades e oportunidades, pode ser muito mais<br />

destrutivo do que imaginamos. Mal utilizada, a virtualidade pode se transformar<br />

em um golpe final para a sociedade como a conhecemos. A internet,<br />

mesmo sendo virtual, tem dominado o mundo físico, emocional e espiritual<br />

de muitas pessoas. Apesar das advertências por todos os lados, o mundo<br />

virtual não é visto como um perigo pela maioria dos internautas.<br />

Curiosamente, o ser humano não é nada original em multiplicar a maldade.<br />

Isso já ocorria no passado e foi o motivo pelo qual Deus destruiu o<br />

mundo com o dilúvio. “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia<br />

multiplicado na Terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu<br />

coração” (Gênesis 6:5).<br />

É fácil perceber que a maldade está se multiplicando como resultado<br />

do uso desequilibrado da internet. É claro que há muitas coisas boas no<br />

mundo virtual. Cultura, informação, conhecimento e, sobretudo, mensagens<br />

que promovem o relacionamento saudável com o próximo e com<br />

Deus. Milhões de pessoas buscam a Deus e a verdade bíblica com a<br />

ajuda da internet, pois ela se tornou um poderoso e rápido canal de divulgação.<br />

A despeito disso, é necessário advertir acerca do precipício para<br />

o qual estão direcionados os que vivem sem Deus e que se entregam ao<br />

vício da virtualidade.<br />

Pare e pense: quantas pessoas você conhece que já tiveram a vida destruída<br />

pelo uso inadequado da internet? É possível comparar o número<br />

de pessoas convertidas com o número daqueles destruídos pelas redes?<br />

14


Conexão Total<br />

Acredito que nenhuma pesquisa tenha sido feita nesse sentido por aqui; mas,<br />

nos Estados Unidos, um em cada cinco divórcios está vinculado às redes<br />

sociais, de acordo com a Academia Americana de Advogados Matrimoniais.<br />

A pesquisa revela ainda as principais razões mencionadas por pessoas<br />

cuja vida foi destruída por meio das redes sociais: (a) mensagens impróprias<br />

a pessoas do sexo oposto ou a ex-companheiros; e (b) amigos comentando<br />

o comportamento do cônjuge nas redes sociais.<br />

Nunca foi tão fácil o acesso à pornografia. No conforto de casa, sem<br />

nenhum tipo de exposição aparente é possível se viciar em sexo virtual,<br />

sem que familiares consigam perceber. Segundo o psicólogo Philip<br />

Zimbardo, professor da Universidade de Stanford, o acesso a sites pornográficos<br />

pode destruir a sociedade como a conhecemos. Ele afirma que<br />

esse hábito caracteriza uma geração desajustada e que o vício a tornará<br />

incapaz de viver no mundo real e desenvolver relações saudáveis.<br />

Neste exato momento é possível que você esteja lendo este livro e consultando<br />

seu celular a cada 10 minutos. O vício em internet tem afetado<br />

vidas em todos os cantos do planeta. Não me refiro a pessoas que gostam de<br />

estar conectadas e que passam muito tempo nas redes sociais. Refiro-me a<br />

pessoas que não conseguem viver sem 50 mil cliques por dia.<br />

A dependência de internet (DI) é um dos novos transtornos psiquiátricos<br />

ligados ao uso impróprio do computador e de outros dispositivos.<br />

Segundo estimativas do Hospital das Clínicas, cerca de 10% dos usuários<br />

de computador são dependentes de internet, e o número salta para 20%<br />

entre os que utilizam smartphones.<br />

O Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI), vinculado<br />

ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de<br />

Medicina de São Paulo, presta atendimento psiquiátrico e psicoterapêutico<br />

a pacientes com DI (adultos, adolescentes e seus familiares) desde 2007.<br />

O mais incrível de tudo é que o processo de desintoxicação de um dependente<br />

de internet é exatamente o mesmo de uma pessoa viciada em crack.<br />

As características de possíveis dependentes de internet são: pessoas<br />

inteligentes e mentalmente ágeis; elas preferem passar o “dia todo” conectadas;<br />

pertencem a todas as faixas etárias; apresentam sintomas de depressão<br />

e/ou ansiedade; preferem as interações virtuais às reais; têm um ciclo<br />

de amizades e de relacionamentos empobrecido e utilizam a internet como<br />

uma forma de expressão daquilo que realmente são e pensam.<br />

Nossos filhos estão sendo tirados de nós, e não sabemos como defendêlos.<br />

O quadro é o de uma sociedade compulsiva, em que tudo passa<br />

15


ESPERANÇA VIVA<br />

A internet tem<br />

tirado o tempo<br />

que deveria<br />

pertencer a Deus,<br />

aos nossos filhos<br />

e a nós mesmos.<br />

rapidamente e nada é feito para durar. Daí decorre a obsessão pelo corpo<br />

ideal, o culto às celebridades, o endividamento geral e a instabilidade dos<br />

relacionamentos amorosos.<br />

Descrevendo a sociedade futura, o apóstolo Paulo advertiu: “Sabe, porém,<br />

isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas,<br />

avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais,<br />

ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis,<br />

caluniadores, sem domínio de si, cruéis,<br />

inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados,<br />

mais amigos dos prazeres que amigos de<br />

Deus, tendo forma de piedade, negando- lhe,<br />

entretanto, o poder” (2 Timóteo 3:1-5).<br />

Os educadores já nos advertiram: “Tirem<br />

os computadores do quarto de seus filhos,<br />

controlem o que eles estão acessando, restrinjam<br />

o tempo de uso, etc.” Hoje o clamor vem do Céu e diz: “Tirem o<br />

computador do coração de vocês, passem mais tempo com Deus do que<br />

com as redes sociais! É hora de buscar mais o Céu e menos a ‘nuvem’!”<br />

A internet tem tirado o tempo que deveria pertencer a Deus, aos nossos<br />

filhos e a nós mesmos. A areia movediça chegou ao nosso pescoço e<br />

sequer estamos procurando um galho no qual nos agarrar.<br />

Lembro-me de aconselhar uma mulher no Norte do Brasil. Ela é uma<br />

guerreira que batalha todos os dias pelo sustento do lar. É professora de<br />

carreira e realmente se importa com seus alunos. Eu vi coragem em seus<br />

olhos e força em suas convicções, mas bastou começar a falar do problema<br />

para a voz ficar trêmula e embargada. O marido estava viciado em pornografia.<br />

Ela, como milhares de outras esposas, acidentalmente descobriu<br />

que o esposo estava envolvido nisso havia meses.<br />

Para ela, o mundo tinha desabado. Sentia-se usada, trocada, traída e feia.<br />

Eles conversaram, o marido confessou os erros e prometeu nunca mais acessar<br />

aqueles tipos de site. O tempo passou; porém, quando as feridas começaram<br />

a cicatrizar, ele caiu e novamente foi descoberto. A professora de alma<br />

guerreira não sabia mais o que fazer ou como proceder. Ela ama o pai de seus<br />

dois filhos, mas todos os dias pensava em divórcio. Esse drama consumia<br />

suas energias e a vontade de viver. Felizmente ela recorreu a Jesus, que lhe<br />

deu condições emocionais para ajudar o marido a sair daquele drama.<br />

Esse caso ocorreu no Norte do Brasil, mas pode ser o de milhares de<br />

outros. A internet está destruindo sua família e seus sonhos? Caso sua<br />

16


Conexão Total<br />

resposta seja positiva, eu lhe apresento um salvador real: Jesus Cristo, o<br />

filho de Deus. Mais do que nunca, nós precisamos atender ao que Ele<br />

recomendou: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça,<br />

e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33).<br />

Pode ser que você não veja mais solução para sua vida e se sinta desconectado<br />

de Deus. Talvez imagine que esteja sem saída, em um labirinto,<br />

mas é exatamente nesse ponto que chamamos de impossível que surgem<br />

as oportunidades de se reconectar com Deus. Por isso, nunca se esqueça<br />

de que “os impossíveis dos homens são possíveis para Deus” (Lucas 18:27).<br />

Eu e você podemos crer no amanhã, podemos crer em dias melhores.<br />

Nada está acabado. Lembre-se de que o impossível para nós é possível<br />

para Deus. A ação conjunta e on-line com Deus é a grande oportunidade.<br />

A metodologia divina sempre foi: esforço humano unido ao poder divino.<br />

Temos de fazer nossa parte, encarar as ameaças como são e permanecer<br />

atentos aos perigos do nosso tempo.<br />

Depois de fazer a nossa parte em oração, devemos acreditar que Deus<br />

cuidará de todo o restante. Você pode voltar a ser feliz, ter esperança e certeza<br />

da vitória. Pode ter garantia de que nenhuma inteligência artificial será maior<br />

do que sua inteligência espiritual. Basta apenas estar on-line com Deus, que<br />

é a fonte de toda a sabedoria. Em conexão total com Ele, nada temos a temer.<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Como a Bíblia descreve os últimos dias? (2 Timóteo 3:1-5).<br />

2. Qual é a orientação de Davi sobre ver coisas ruins? (Salmo 101:3).<br />

3. Qual deve ser nossa prioridade, segundo Jesus? (Mateus 6:33).<br />

4. Por que Jesus reprovou os fariseus e saduceus? (Mateus 16:2, 3).<br />

5. Segundo Daniel, que outra característica existiria para definirmos o<br />

tempo do fim? (Daniel 12:4).<br />

6. Como as pessoas considerariam a volta de Jesus? (2 Pedro 3:3, 4).<br />

7. Devemos passar por uma renovação mental para entender os planos<br />

de Deus para nossa vida (Romanos 12:2).<br />

8. Quais são os planos de Deus para você? (Jeremias 29:11).<br />

9. Em um mundo tão confuso, como encontrar Deus? (Jeremias 29:13).<br />

10. O que devemos fazer diante da maldade? (Provérbios 22:3).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

17


3<br />

Casamento Perigoso<br />

Há mais de 150 anos a discussão está em pauta. Quando Charles<br />

Darwin, um naturalista britânico, convenceu a comunidade científica a<br />

respeito da seleção natural como processo de desenvolvimento da vida,<br />

o mundo se dividiu. A ideia de Darwin resultou no que conhecemos hoje<br />

como “teoria da evolução”, segundo a qual todos os seres vivos se desenvolveram<br />

a partir de ancestrais comuns.<br />

A combinação de diversas estimativas indica que hoje de 2 a 8% da<br />

população mundial seja composta de ateus, secularizados ou sem religião.<br />

Nesse grupo, praticamente todos acreditam na teoria da evolução como<br />

modelo possível para o desenvolvimento dos seres vivos. Essa teoria foi a<br />

desculpa perfeita para aqueles que desejavam tirar Deus de sua vida. Sem<br />

dúvida, a teoria de Darwin foi o instrumento ajustado para afastar milhões<br />

de pessoas da Bíblia e do Criador. Para elas, a Bíblia é apenas um livro de<br />

estórias, parábolas e alegorias.<br />

Por outro lado, grande parte do mundo cristão sempre se opôs à teoria da<br />

evolução por considerá-la diretamente oposta ao relato bíblico. Para os cristãos,<br />

em geral, a Palavra de Deus é bastante clara ao responder à pergunta de<br />

onde viemos: “No princípio, criou Deus os céus e a Terra” (Gênesis 1:1). Assim<br />

começa a Bíblia, apresentando a origem divina do mundo e dos seres vivos.<br />

Nas últimas duas décadas, porém, a discussão vem se tornando mais<br />

complexa porque uma terceira alternativa tem cativado tanto religiosos<br />

quanto cientistas. Seria possível harmonizar a existência de Deus com a<br />

teoria da evolução? E se você lesse por aí que Deus é o autor da evolução e<br />

que, ao longo de bilhões de anos, Ele tem trabalhado para criar o universo,<br />

este mundo e o ser humano? Isso faria sentido para você? Afinal, quem<br />

está com a verdade? A Bíblia, a teoria da evolução ou as duas coisas?<br />

Vamos um pouco além. E se os que defendem a ideia de que Deus<br />

é o autor do processo evolutivo forem importantes e respeitados líderes<br />

religiosos? O que você diria? Continuaria a crer na Bíblia e na literalidade<br />

da narrativa de Gênesis ou passaria a tentar harmonizar Darwin e Deus?<br />

18


Casamento Perigoso<br />

Nos últimos anos, muitos grupos cristãos têm se pronunciado em favor<br />

da teoria da evolução e da ideia do Big Bang, não vendo contradições<br />

entre elas e a Bíblia. Para boa parte da comunidade científica, a expansão do<br />

universo se deu a partir do Big Bang, uma explosão há cerca de 13 bilhões de<br />

anos. Por sua vez, a teoria da evolução trata com a maneira como os seres vivos<br />

se desenvolveram, ao longo de processos evolutivos, de adaptação ao meio<br />

ambiente e de seleção natural.<br />

Em 2014, vários jornais no mundo inteiro noticiaram o que o papa<br />

Francisco declarou, em 27 de outubro: “Quando lemos a respeito da criação<br />

em Gênesis, corremos o risco de imaginar que Deus era um mágico,<br />

com uma varinha mágica capaz de fazer tudo. Mas isso não é assim.” Com<br />

isso, ele indicou que o cristianismo pode conviver muito bem com a teoria<br />

de Darwin. O papa Bento XVI já havia afirmado, em 26 de julho de 2007,<br />

que “o debate entre criacionismo e evolucionismo é um absurdo, já que<br />

a teoria da evolução pode coexistir com a fé”. Em 1950, o papa Pio XII<br />

já descrevia a evolução como uma abordagem válida do desenvolvimento<br />

humano, na encíclica Humani Generis.<br />

Em março de 2009, o jornal O Caminho, de uma igreja protestante tradicional,<br />

também se pronunciou em favor do evolucionismo, afirmando<br />

ser “possível ver na teoria da evolução das espécies a presença permanente<br />

do ato criador de Deus ao longo de milhões de anos”. Também em<br />

2009, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos publicou<br />

que “muitas denominações religiosas aceitam que a evolução biológica<br />

tem produzido a diversidade dos seres vivos ao longo de bilhões de anos<br />

da história da Terra”. Um dos mais respeitados pensadores evangélicos<br />

dos Estados Unidos, Mark A. Noll, professor na Universidade de Notre<br />

Dame, tem afirmado que os cristãos precisam ler o livro de Gênesis à<br />

luz da teoria da evolução, que, segundo ele, mostra a maneira de Deus<br />

criar as cosias.<br />

Como podemos perceber, muitas denominações cristãs e correntes<br />

religiosas tentam compatibilizar duas ideias bem diferentes. Na concepção<br />

de boa parte dos cristãos, porém, evolucionismo e criacionismo são<br />

teorias antagônicas. Como harmonizar notas tão dissonantes? Esse é, sem<br />

dúvida, um casamento perigoso.<br />

A ideia de Deus usar a evolução, deixando que o tempo de milhões de<br />

anos fizesse todo o trabalho criador, não faz sentido. Aliás, por definição,<br />

explosões destroem, não constroem; e, se deixadas ao acaso, as coisas se<br />

desintegram em vez de se organizarem de forma complexa.<br />

19


ESPERANÇA VIVA<br />

Evolução das<br />

espécies e criação<br />

bíblica não se<br />

harmonizam.<br />

Juntá-las é oficiar<br />

um casamento<br />

desastroso.<br />

Seria essa uma tentativa de tornar a fé mais racional? Acredito que sim,<br />

mas de maneira equivocada.<br />

É verdade que existem muitas religiões totalmente ajustadas com a<br />

ideia evolucionista, como o espiritismo kardecista e o racionalismo cristão,<br />

além do hinduísmo e budismo que não entram em choque com o evolucionismo<br />

nem com qualquer outro conhecimento dito científico. O que causa<br />

surpresa é o fato de cristãos confessos sugerirem que o Éden e a criação,<br />

como descritos em Gênesis 1 e 2, sejam apenas um mito ou uma alegoria<br />

e rebaixá-los à condição de relato simbólico, em vez de literal e histórico.<br />

Uma coisa é certa: a teoria da evolução de fato invalidaria a visão<br />

histórica do relato bíblico da criação e da origem da vida. É exatamente<br />

essa dimensão histórica e literal do relato bíblico que os cristãos não<br />

podem descartar. Negar o Gênesis implica desconsiderar toda a Bíblia; é<br />

negar Deus como criador e mantenedor direto de todas as coisas. O livro<br />

de Gênesis apresenta um relato histórico, e não alegórico ou simbólico<br />

como alguns afirmam. Assim, evolução das espécies e criação bíblica<br />

não se harmonizam. Juntá-las é oficiar um casamento desastroso.<br />

Diante da seriedade do assunto, devemos<br />

examinar o que a Bíblia e o próprio<br />

Cristo têm a dizer sobre a origem de tudo o<br />

que conhecemos. Ao longo de toda a Bíblia,<br />

Deus é apresentado como o criador direto<br />

de todas as coisas. Veja alguns textos:<br />

“E abençoou a Abrão, dizendo: ‘Bendito<br />

seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador dos<br />

Céus e da Terra’” (Gênesis 14:19, NVI).<br />

“Não sabes, não ouviste que o eterno<br />

Deus, o Senhor, o Criador dos fins da Terra, nem se cansa, nem se fatiga?<br />

Não se pode esquadrinhar o Seu entendimento” (Isaías 40:28).<br />

“Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a<br />

Terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas<br />

para ser habitada” (Isaías 45:18).<br />

“Porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo o que<br />

neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de<br />

sábado e o santificou” (Êxodo 20:11).<br />

“Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de<br />

Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem”<br />

(Hebreus 11:3).<br />

20


Casamento Perigoso<br />

A criação, segundo narrada em Gênesis, é uma verdade revelada por<br />

Deus. A Bíblia é o livro da verdade, como Jesus declarou: “Santifica-os na<br />

verdade; a Tua palavra é a verdade” (João 17:17).<br />

Agora veja o posicionamento de Jesus sobre o assunto. Em nenhum<br />

momento, Ele questionou, reinterpretou ou negou a criação como descrita<br />

em Gênesis 1 e 2. Em nenhuma fala, Ele deu qualquer indício de que a<br />

vida humana fosse consequência de um processo evolutivo ou de que os<br />

dias descritos em Gênesis se referissem a eras ou milhões de anos. Ao contrário<br />

disso, as referências de Jesus ao relato da criação são bastante claras.<br />

Veja, por exemplo, a citação que Jesus fez de Gênesis, em Mateus 19:4<br />

e 5: “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e<br />

mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá<br />

a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?” Aqui Jesus apresenta o<br />

Gênesis como um relato histórico e não alegórico.<br />

Observe João 1:1 a 3: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com<br />

Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as<br />

coisas foram feitas por intermédio dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito<br />

se fez.” Jesus estava presente na semana literal da criação e exerceu papel<br />

ativo na formação do nosso planeta.<br />

O que Davi fala a respeito da origem do mundo e da vida?<br />

“Quando contemplo os Teus céus, obra dos Teus dedos, e a lua e as<br />

estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele Te lembres? E o filho<br />

do homem, que o visites?” (Salmo 8:3, 4).<br />

“Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que<br />

nos criou” (Salmo 95:6).<br />

Dessa forma, nem a Bíblia nem Jesus dão qualquer margem para duvidarmos<br />

da literalidade do relato da criação. Deus não usou a evolução para<br />

criar o ser humano nem qualquer outra forma de vida. Ele falou e tudo se<br />

fez! Esse é o poder criativo de um Deus onipotente que, diferentemente<br />

de nós, pode criar as coisas a partir do nada.<br />

Você pode ter certeza de que, para criar Adão, o Senhor Deus usou<br />

suas habilidades e o formou com as próprias mãos. Isso também revela Seu<br />

amor para com todos nós. Fomos feitos segundo Sua imagem e semelhança<br />

(Gênesis 1:26). Tentar compatibilizar a existência de Deus com a teoria<br />

da evolução é negar o relato da criação e a Bíblia toda; é um retrocesso<br />

espiritual.<br />

Líderes cristãos da atualidade têm se sentido livres para crer e ensinar<br />

que o relato da criação seja compatível com o evolucionismo. No entanto,<br />

21


ESPERANÇA VIVA<br />

Abraão, José, Moisés, Davi, Isaías, Jeremias, Daniel, Paulo, Pedro e, sobretudo,<br />

Jesus Cristo não acreditavam dessa forma e jamais ensinaram tal coisa.<br />

Está diante de nós a escolha entre acreditar na Bíblia ou no ser humano.<br />

Observe as palavras de Jesus sobre essa decisão: “Este povo honra-Me com<br />

os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. Em vão Me adoram, ensinando<br />

doutrinas que são preceitos de homens” (Marcos 7:6, 7).<br />

Com todo respeito e consideração, podemos e devemos discordar de<br />

qualquer ensino que esteja em desarmonia com a Bíblia. Como cristãos, é<br />

nosso dever estudar a Palavra de Deus e afirmar suas verdades. Conjugar<br />

a teoria evolutiva e a Bíblia em uma única sentença parece ser confortável,<br />

mas logo percebemos que se trata de uma impossibilidade. Nessa escolha,<br />

só temos segurança se estivermos fundamentados unicamente nas verdades<br />

bíblicas reveladas pelo Deus eterno.<br />

Uma coisa devemos ter em mente: a ciência é um empreendimento<br />

de grande importância; devemos estimular o conhecimento científico em<br />

todas as áreas da vida. No entanto, a confiança na Palavra de Deus deve<br />

ser superior a tudo mais. Sabe por quê? A Palavra de Deus não contém<br />

verdades; ela é a própria verdade. Ela é a verdade revelada por aquele que<br />

é a verdade encarnada, Jesus Cristo, nosso criador, mantenedor e redentor!<br />

Quantas vezes teorias científicas são derrubadas por outras teorias também<br />

científicas, apenas para estas últimas, mais tarde, também se demonstrarem<br />

equivocadas? Isso é próprio do método científico. A verdade de<br />

hoje pode não ser verdade amanhã. A fragilidade das descobertas e das<br />

verdades humanas não nos permite desenvolver princípios permanentes<br />

sobre elas. Com a Bíblia é diferente. Muito tempo antes de a ciência<br />

moderna surgir, a Palavra de Deus já declarava os segredos e as maravilhas<br />

do universo, afirmando estar a Terra suspensa “sobre o nada” (Jó 26:7),<br />

revelando o formato do nosso planeta (Isaías 40:22) e indicando que o ar<br />

tem peso (Jó 28:25).<br />

Um astrônomo chamado Maurice T. Brackbill, professor emérito de<br />

matemática no Eastern Menonita College, declarou, como resultado de<br />

seus estudos das Escrituras, que há 325 referências à Física na Bíblia.<br />

Nenhum cristão genuíno é contra a ciência ou contra o avanço do<br />

conhecimento. Entretanto, como em todas as áreas da vida, a ciência também<br />

tem seu lado falível. Por isso, às vezes, chega a prestar um serviço a<br />

interesses particulares em relação à busca da verdade. Não podemos ser<br />

seduzidos por uma ciência incerta e conduzida por pessoas falíveis. A verdadeira<br />

ciência termina confirmando a Bíblia até mesmo em detalhes<br />

22


Casamento Perigoso<br />

menores, pois Seu autor não pode errar.<br />

Como cristãos, entendemos que Adão e Eva de fato existiram. Eles foram<br />

pessoas históricas, das quais a raça humana descende. Descrer da literalidade<br />

do relato de Gênesis é o mesmo que negar a queda de Adão e Eva e<br />

a entrada do pecado no mundo. Também teríamos de negar Deus como o<br />

autor da instituição do casamento, uma vez que tudo no livro do Gênesis passaria<br />

a ser visto de forma alegórica. O sétimo dia, por exemplo, como dia de<br />

descanso, não faria sentido se os dias ali descritos não fossem literais. Logo,<br />

a tentativa de acomodar o evolucionismo à visão bíblica se mostra como uma<br />

grande armadilha. Infelizmente, milhões de cristãos sinceros estão sendo<br />

levados por essa ideia aparentemente interessante e acadêmica. Contudo, há<br />

perigos no meio do caminho. Consideremos alguns deles:<br />

Primeiro, tentar harmonizar a teoria da evolução com o relato de<br />

Gênesis traz consequências devastadoras para a fé cristã. Se Deus é o<br />

originador do processo evolutivo, em certo sentido, Ele também seria a<br />

origem das demais catástrofes derivadas do acaso ou da história, como o<br />

pecado, as enfermidades e a morte. Assim como uma criança que constrói<br />

um castelinho de areia somente para depois destruí-lo, Deus teria nos<br />

trazido à vida só para depois nos ver morrer. Se Deus coordenou o processo<br />

evolutivo e não administrou seus efeitos e defeitos, então Ele seria<br />

um Deus descuidado e isso teria causado a morte de bilhões e bilhões de<br />

pessoas ao longo dos milênios. Assim, tentar compatibilizar a teoria da<br />

evolução com a criação divina é desastroso.<br />

Satanás sempre tentou destruir a Bíblia. É verdade que essa presente<br />

tentativa é mais elaborada. No entanto, assim como nas outras vezes, ele<br />

não terá sucesso. A verdade bíblica continuará a brilhar e manter a chama<br />

da esperança para os sinceros e inteligentes filhos de Deus.<br />

Um segundo perigo para os cristãos tem a ver com a responsabilidade<br />

e a culpa. Se Deus usou o processo evolutivo e seletivo para nos criar e<br />

a história da queda não é verdadeira, então que culpa teríamos de nossa<br />

maldade e dos pecados cometidos? Diríamos que simplesmente nascemos<br />

assim. A culpa seria do processo evolutivo e não haveria por que responsabilizar<br />

as pessoas por seus atos. Ninguém culpa uma criança por nascer<br />

cega. Por que razão Jesus viria nos salvar do pecado se não somos moralmente<br />

responsáveis? Então Jesus teria vindo nos salvar do problema que<br />

Ele mesmo criou?<br />

Não podemos permitir que uma ciência humana unida a um falso<br />

criacionismo nos leve para longe de Deus e da verdade. Paulo escreveu<br />

23


ESPERANÇA VIVA<br />

a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,<br />

para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Timóteo<br />

3:16). A Bíblia deve ser nossa única regra de fé, nossa salvaguarda para nos<br />

livrar de todo tipo de engano.<br />

Está diante de nós uma questão de escolha e de fé. Devemos orar para<br />

vencer, com a Palavra de Deus, mais essa disputa. A expectativa do Céu<br />

é de que a verdade destrua a mentira, e que você se posicione firme ao<br />

lado da revelação divina e seja mais uma voz em favor de Deus e de Sua<br />

Palavra, mantendo divorciado aquilo que não pode ser harmonizado.<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Quem criou os céus e a Terra? (Gênesis 1:1).<br />

2. Por intermédio de quem criou Deus todas as coisas?<br />

(Colossenses 1:13-16).<br />

3. À imagem de quem o ser humano foi criado? (Gênesis 1:26, 27).<br />

4. O que podemos perceber por meio das coisas criadas?<br />

(Romanos 1:20).<br />

5. Que razões temos para adorar a Deus? (Salmo 95:6).<br />

6. O que entendemos sobre a origem de todas as coisas?<br />

(Hebreus 11:1-3).<br />

7. Como Jesus considerou o relato da criação em Gênesis?<br />

(Mateus 19:4, 5).<br />

8. Qual era o objetivo de Deus ao criar a Terra? (Isaías 45:18).<br />

9. O que os céus nos declaram até hoje? (Salmo 19:1).<br />

10. Devemos seguir a Bíblia ou as opiniões de líderes religiosos?<br />

(Marcos 7:6, 7).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

24


4<br />

Razões para Crer<br />

No excelente documentário chamado “Expulsos – Inteligência não<br />

é permitida” (em inglês, Expelled – No Intelligence Allowed), Richard<br />

Dawkins, um dos grandes defensores do ateísmo moderno, é questionado<br />

sobre a possibilidade de encontrar Deus um dia. A pergunta feita foi: “Se<br />

um dia você encontrasse Deus, o que diria a Ele?” Dawkins respondeu:<br />

“Eu diria: por que o Senhor se escondeu tanto?”<br />

Será que isso é verdade? Deus realmente se esconde? Teria lógica<br />

Deus criar e manter a vida e vir a este mundo para nos salvar somente para<br />

depois se esconder? Deus não apenas deixou Suas digitais espalhadas por<br />

todo o planeta, mas também deixou pegadas para O seguirmos. Também<br />

deixou sons, imagens, conceitos científicos em todos os lugares como<br />

sinais de Seu poder. Deus está diante de nós todo o tempo, apresentandose<br />

como a verdade mais concreta e absoluta que podemos conhecer. Ele<br />

dá razões e motivos para exercermos fé.<br />

Esbarramos nesses sinais de Deus todos os dias em contato com as<br />

coisas que Ele criou. Qualquer pessoa é capaz de encontrar Deus, nas<br />

pequenas e nas grandes coisas da vida. A palavra do Senhor declara:<br />

“Buscar-Me-eis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso coração”<br />

(Jeremias 29:13).<br />

A questão proposta pelos ateus e agnósticos atuais é: Como podemos<br />

crer em um Deus que não podemos ver? Os agnósticos acham que Deus<br />

pode existir, mas que não temos condição de conhecê-Lo.<br />

Há uma boa razão para crer que Deus existe: porque é verdade. Precisamos<br />

entender que a verdade não está limitada aos sentidos. Existem<br />

verdades reconhecidas universalmente que não podem ser percebidas<br />

por nenhum dos cinco sentidos. O pensamento é um bom exemplo. Não<br />

podemos tocar, ver, cheirar, ouvir ou degustar os pensamentos, mas sabemos<br />

que eles existem.<br />

Saber a verdade sobre Deus é fundamental tanto para determinar a<br />

maneira como vivemos quanto para decidir o que devemos ensinar aos<br />

25


ESPERANÇA VIVA<br />

nossos filhos. Crer ou não crer em Deus determina nossos hábitos, relações,<br />

decisões e, certamente, nosso destino.<br />

Na maior parte das questões da vida, as pessoas falam e agem como se a<br />

verdade realmente importasse. Por exemplo: é gasolina, e não suco de laranja,<br />

que entra no tanque de combustível do carro. Certamente seria louco quem<br />

pensasse que é uma opção de estilo de vida colocar suco de laranja no carro<br />

e gasolina no copo! Porém, quando o assunto é religião, Deus, moral ou<br />

espiritualidade, muitas pessoas têm a ideia de que não importa em que você<br />

acredite, contanto que seja sincero e não maltrate os outros.<br />

O assunto é sério demais. Se Deus realmente não se importasse<br />

conosco, deveríamos fechar todas as igrejas e transformá-las em postos de<br />

saúde, creches, bibliotecas ou naquilo que fosse mais necessário. A função<br />

da religião é nos ligar a Deus e prover aquilo que é nossa mais vital<br />

necessidade: salvação. A religião cristã nos mostra que Cristo atuou junto<br />

a Deus na criação e, mais tarde, se ofereceu como sacrifício para nossa<br />

redenção. Em Cristo está alicerçada a fé vivida por milhões de pessoas.<br />

Essa fé atribui significado e direção à nossa vida.<br />

O escritor britânico C. S. Lewis retratou essa ideia quando escreveu<br />

que, se o cristianismo não for verdade, então nenhuma pessoa honesta vai<br />

querer acreditar nele, por mais útil que seja. Por outro lado, se for verdade,<br />

então toda pessoa honesta vai querer acreditar, mesmo que não lhe seja<br />

útil de forma alguma.<br />

Em outras palavras: se Deus nos deu a vida, precisamos saber o que<br />

Ele espera de nós. Se Deus não tem participação em nossa vida e está<br />

distante e desinteressado, precisamos saber disso também.<br />

Um dia desses, caminhando pela rua, vi um rapaz vindo em minha<br />

direção com uma camiseta preta com dizeres em branco: “Deus morreu,<br />

assinado Nietzsche.” Quando o rapaz passou por mim, nas costas<br />

da camiseta estava escrito: “Nietzsche morreu, assinado Deus!” As frases<br />

são interessantes, carregadas de significado e até bem-humoradas.<br />

O que mais impressiona é perceber quantas pessoas gostariam que Deus<br />

não existisse.<br />

Como vimos no capítulo anterior, estima-se que mais de 400 milhões<br />

de pessoas no mundo já tiraram Deus de sua vida. Uma das principais<br />

razões para isso parece óbvia: sem Deus, tudo é permitido. Se Deus não<br />

existisse, poderíamos levar a vida como quiséssemos, sem culpa e sem responsabilidade<br />

moral por nossos atos. Sem Deus na história, cada pessoa<br />

26


Razões para Crer<br />

poderia fazer o que bem quisesse, pois não existiria uma expectativa de<br />

recompensa ou de punição eterna. Não haveria juízo final.<br />

Outras pessoas querem eliminar Deus de sua vida porque não crer é<br />

um modismo intelectual. Muitos estão convencidos de que ser ateu é algo<br />

cult, razoável. Essa ideologia do ateísmo predomina nos meios de comunicação<br />

e nas universidades. Por isso, muita gente é seduzida pelo modismo.<br />

Afinal, se uma pessoa popular ou célebre não acredita em Deus, isso deve<br />

ser verdade, muitos pensam.<br />

Precisamos desmistificar alguns conceitos muito difundidos hoje.<br />

Além disso, toda pessoa deve enfrentar certas questões antes de declarar<br />

que não acredita em Deus.<br />

Por exemplo, se Deus não é o criador e tudo é obra da combinação entre o<br />

acaso e o tempo, então houve um momento, há bilhões de anos, quando algo<br />

sem vida se transformou em algo com vida. Como isso ocorreu? A questão<br />

é simples e direta, mas nenhum cientista conseguiu até agora respondê-la.<br />

Por certo você já deve ter ouvido falar em Louis Pasteur, o cientista<br />

francês. Por causa de suas descobertas, de seu nome vem a palavra “pasteurização”,<br />

o processo de preservar o leite e seus derivados por mais<br />

tempo. As experiências e descobertas de Pasteur derrubaram a teoria aristotélica<br />

da geração espontânea, a qual afirmava ser possível surgir vida de<br />

não vida. Pasteur provou cientificamente que vida provém de vida. Ou<br />

seja, qualquer coisa submetida a quaisquer circunstâncias seja de temperatura,<br />

ambiente ou pressão que não tenha vida não gerará vida. Por uma<br />

razão óbvia: vida só provém de vida.<br />

É muito fácil entender isso. Olhe ao redor e você mesmo poderá constatar.<br />

Uma matéria inorgânica nunca pode gerar algo orgânico. Nada sem vida<br />

gera algo com vida. O que leva, então, uma pessoa inteligente a desconsiderar<br />

essa lei básica da vida e acreditar que um evento ocorrido há bilhões<br />

de anos tenha sido capaz de produzir vida? Isso exige certa medida de fé.<br />

Outra questão ainda é: Se Deus não é o criador e se tudo surgiu a partir<br />

de uma explosão, o que foi que explodiu mesmo? Que gases se uniram nessa<br />

chamada “sopa ácida galáctica”? De onde vieram os elementos que explodiram?<br />

De onde surgiram o butano, o gás hélio, o hidrogênio, o nitrogênio<br />

e todos os outros elementos químicos? Ou seja, qual foi a origem primeira<br />

de todas as coisas? A ciência não tem uma teoria para apresentar quando a<br />

questão é a causa primeira. Isso porque a causa primeira veio antes da explosão,<br />

antes do Big Bang. Esses elementos químicos seriam eternos? Como<br />

podemos imaginar coisas inanimadas existindo eternamente, mas Deus não?<br />

27


ESPERANÇA VIVA<br />

As questões sem respostas tornam a evolução apenas uma teoria e não<br />

uma lei científica estabelecida.<br />

É interessante e bem-humorada a sátira de Marcos Eberlin, pós-doutor<br />

em espectometria de massas e presidente da Sociedade Internacional de<br />

Espectometria de Massas, em sua página do Facebook, sobre a ideia do<br />

Big Bang: “No princípio era o nada... E o nada era nada... E o nada nada se<br />

fez. E o nada disse para o nada: Explode! E o nada explodiu e foi um Bang<br />

bem Big. E a antimatéria simplesmente sumiu!”<br />

Outra questão a ser encarada honestamente é: O que o ateísmo<br />

trouxe de bom para as pessoas ou para a sociedade? Procure uma pessoa<br />

que estava afundando nas drogas e que tenha sido salva pela adesão ao<br />

ateísmo. Apresente um alcoólatra que tenha vencido a bebida por ler os<br />

argumentos contrários à existência de Deus. Encontre alguém que superou<br />

a depressão profunda seguindo as ideias dos agnósticos. Quero ouvir<br />

o testemunho de uma prostituta que se encontrou com um grupo de militantes<br />

ateus e, então, resolveu abandonar seu estilo de vida porque encontrou<br />

uma filosofia que realmente trouxe sentido a sua vida.<br />

Vamos ainda a outro raciocínio. Imagine que o ateísmo esteja certo e<br />

que Deus não seja criador nem mantenedor da vida. Imagine que tudo<br />

isso seja invenção de religiosos que usam a divindade como um apoio; que<br />

toda religião não passe de misticismo e superstição. Nesse caso, você teria<br />

vindo do nada e de ninguém. Você estaria aqui sem finalidade, e ninguém<br />

poderia amá-lo nem ver sua angústia e sua dor. Depois da morte, não haveria<br />

mais nada. Sua origem seria o acaso. Não haveria um Deus criador.<br />

Jesus não teria vindo à Terra. Deus não seria a fonte da vida nem do amor.<br />

Esta seria uma maneira aterrorizante de viver: uma vida sem propósito e<br />

sem esperança. Se você sofre, não haveria ninguém para socorrê- lo. Depois da<br />

morte, não haveria ressurreição nem Céu nem nova Terra. Acabou. Game over.<br />

E quanto ao problema do bem e do mal? É comum pessoas dizerem<br />

não crer em Deus por causa da existência do mal. No 3 o século antes de<br />

Cristo, o filósofo Epicuro levantou esse dilema: ou Deus pode todas as<br />

coisas e não é amoroso; ou é amoroso, mas não pode todas as coisas. Um<br />

Deus, ao mesmo tempo, todo-amoroso e todo-poderoso não deixaria coisas<br />

ruins acontecerem, principalmente a pessoas boas.<br />

O dilema de Epicuro atravessou os séculos e chegou até nós com a mesma<br />

força de quando foi proposto. No entanto, tente ver as coisas por outro<br />

lado, e responda: o mal respeita alguém? Não. O mal respeita alguma lei?<br />

Não. O mal respeita os direitos humanos? Não. O mal respeita as crianças?<br />

28


Razões para Crer<br />

Não. Respeita idosos? Não. A verdade é que o mal não respeita nada. Então,<br />

por que é que o mal não tomou conta de tudo? Se não tem limites, por que<br />

razão o mal ainda não dominou por completo a vida humana?<br />

A resposta está em Deus. O mal não domina sobre todas as coisas porque<br />

Deus é o oposto do mal e mantém as coisas em equilíbrio até que Ele<br />

mesmo coloque um fim à maldade. Em Apocalipse 21:4, lemos que Deus<br />

“lhes enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não<br />

haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”<br />

A vida é feita de escolhas. Não somos<br />

melhores nem piores do que a soma de nossas<br />

escolhas. Quem não consegue acertar<br />

nas escolhas perde oportunidades e, muitas<br />

vezes, a estabilidade e a esperança.<br />

O que fazemos, em geral, com nossa lógica<br />

humana, é colocar em Deus a culpa das<br />

coisas que dão errado e, assim, tentamos<br />

tirá-Lo de nossa vida.<br />

Quantas pessoas culpam Deus pela<br />

fome em algum país da África, apenas para<br />

depois descartar o Criador como uma ideia<br />

que não deu certo? A culpa da fome e de<br />

todas as coisas ruins é de nós mesmos. Somos nós, seres humanos, que<br />

tomamos decisões e que escolhemos entre o certo e o errado. Somos nós<br />

que destruímos o planeta e os semelhantes. Não Deus! Satanás sempre<br />

quis deturpar o caráter de Deus, culpando-O pelo mal. Seu desejo é tirar<br />

Deus da vida das pessoas.<br />

Não permita que isso aconteça. Ao contrário, mais do que nunca, precisamos<br />

crer em Deus, em Sua graça, no amor e na redenção disponível<br />

em Jesus Cristo. Um dia, todo sofrimento terá fim. Chegará o tempo em<br />

que estaremos plenamente realizados e veremos claramente que Deus é<br />

bom e que Sua vontade é a melhor alternativa. Toda a humanidade está<br />

prestes a ver Jesus voltando nas nuvens do céu. Em Apocalipse 1:7, o<br />

apóstolo João afirma que “todo olho O verá”. Então não precisaremos<br />

mais de provas porque a bondade de Deus estará diante de nós por toda<br />

a eternidade.<br />

No Salmo 53:1, você pode constatar que o ateísmo não é tão moderno.<br />

Ali está escrito: “Diz o insensato no seu coração: não há Deus.” Muito<br />

antes de você e eu existirmos já havia pessoas tentando apagar Deus da<br />

29<br />

O mal não domina<br />

sobre todas as<br />

coisas porque<br />

Deus é o oposto<br />

do mal e mantém<br />

as coisas em<br />

equilíbrio até<br />

que Ele mesmo<br />

coloque um fim à<br />

maldade.


ESPERANÇA VIVA<br />

história e não conseguiram. Assim, hoje existem pessoas que odeiam Deus<br />

e tentam rebaixá-Lo ao nível da superstição, mas nunca conseguem.<br />

A Bíblia é a maior revelação de Deus depois da encarnação de Jesus; é<br />

a única oportunidade de alcançar paz e esperança neste mundo. Ninguém<br />

pode ser feliz sem o Autor da vida.<br />

Ao longo de meu trabalho como pastor, tenho debatido com defensores<br />

e apologistas do ateísmo em diferentes circunstâncias. Em todos os<br />

casos, uma coisa é clara: por trás de cada dúvida real ou argumento decorado<br />

existe uma história escrita com dor, mágoa, baixa autoestima, abuso e<br />

incompreensão. Algumas dessas pessoas estão profundamente decepcionadas<br />

com o mundo e com Deus.<br />

Um exemplo é uma adolescente que conheci tempos atrás. Ela cursava<br />

o segundo ano do ensino médio e era minha aluna. Mais ou menos na<br />

metade do ano, ela publicamente se declarou ateia. Na primeira oportunidade,<br />

me aproximei dela e marquei um horário para conversar sobre<br />

a questão. No local e hora marcados, nós estávamos prontos para um<br />

embate de ideias. Entretanto, não foi isso que aconteceu. Só eu falei ali.<br />

Usei a lógica, a filosofia, a matemática, a ciência e, por fim, a Bíblia,<br />

mas nada parecia produzir efeito. Ela só ficava cabisbaixa, meneando a<br />

cabeça. Quando eu já estava praticamente sem argumentos e desistindo<br />

do debate, ela cedeu. Começou a chorar e, com muita dificuldade, contou<br />

o que acontecia. “Professor”, dizia ela, “eu sempre acreditei em Deus.<br />

Sempre amei Jesus e acreditava que Ele me amava. Minha mãe sempre<br />

orava comigo e pedia a proteção de Deus para mim. Sempre confiei nas<br />

orações dela e no Deus que podia todas as coisas.” “Só que, um dia, tudo<br />

isso mudou”, ela explicou. “Quando estava no oitavo ano do ensino fundamental,<br />

eu e minha amiga fomos abordadas por dois homens quando íamos<br />

para o colégio. Eles nos levaram para uma construção abandonada e, ali,<br />

mais do que nunca eu esperei por Jesus. Eu clamei por ajuda em oração.<br />

Professor, Ele viu meu desespero, mas não fez nada; e eu e minha amiga,<br />

aos 13 anos, fomos violentadas. Eu prefiro acreditar que Deus não existe<br />

do que imaginar que Ele existe e não fez nada.”<br />

Você pode imaginar a minha dor ao ouvir tudo aquilo, mas não imagina<br />

a dor que vi nos olhos daquela garota. Naquele momento, eu respirei<br />

fundo sem ter nada para fazer além de abaixar a cabeça e chorar com ela.<br />

Em meio às lágrimas e ao silêncio, eu olhei para ela e disse: “Menina,<br />

perdoe a Deus. Não que Ele tenha errado, mas perdoe até que Ele volte,<br />

abrace você e lhe explique o que agora é inexplicável. Neste mundo,<br />

30


Razões para Crer<br />

nenhum ser humano poderá lhe dar as respostas que você precisa; mas,<br />

um dia... um dia, você entenderá o que hoje parece impossível.”<br />

A verdade é que nem tudo se encaixa na teologia humanizada que<br />

criamos. Porém, nossa consciência continua apelando ao nosso coração,<br />

dizendo: “Confie! A esperança sempre vencerá!” Deus está ao nosso lado<br />

mesmo em meio à dor e ao sofrimento. Ele prometeu estar conosco inclusive<br />

no vale da sombra da morte. É verdade que Deus não impede que<br />

coisas ruins aconteçam a pessoas boas; mas também é verdade que Ele<br />

não nos abandona em nossa dor.<br />

Meu apelo a você é para que se apegue mais e mais à esperança viva<br />

que é Jesus e não O tire de sua vida. Ele é o único que o compreende, que<br />

sabe o que você viveu, que acompanhou cada lágrima que você derramou.<br />

Ele entende sua dor e o ama incondicionalmente.<br />

Aquela menina passou a segunda metade daquele ano um pouco constrangida,<br />

manifestando gratidão em seu tom de voz. Depois que o ano<br />

findou, eu nunca mais a vi. Mesmo assim, tenho certeza de que Deus está<br />

ao lado dela mais do que nunca e que, um dia, Ele explicará àquela jovem<br />

o que agora parece inexplicável!<br />

Deus não nos criou nem morreu por nós simplesmente para se esconder.<br />

O fato de não termos todas as respostas não significa que Ele não seja<br />

nosso criador e, muito menos, que não se importe conosco. Ele nos ama e<br />

muito em breve virá a este mundo para nos buscar; então, seremos plenamente<br />

felizes! Temos razões suficientes para ter fé.<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Segundo a Bíblia, quem é o criador dos céus e da Terra? (Gênesis 1:1).<br />

2. Por intermédio de quem Deus criou todas as coisas? (Colossenses 1:16).<br />

3. Qual o objetivo de Deus ao criar a Terra? (Isaías 45:18).<br />

4. Quem criou você? (Efésios 2:10).<br />

5. O que a Bíblia fala a respeito dos ateus? (Salmo 53:1).<br />

6. Para Davi, quem é o criador de todas as coisas? (Salmo 8:3, 4).<br />

7. Precisamos de fé para crer na criação do mundo? (Hebreus 11:3).<br />

8. É realmente importante crer em Deus? (Hebreus 11:6).<br />

9. Apenas crer na existência de Deus é suficiente? (Tiago 2:19).<br />

10. Além de crer em Deus o que mais precisamos fazer? (Mateus 7:21).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

31


5<br />

Riqueza Predestinada<br />

Há alguns anos, eu me senti motivado a visitar uma senhora. Ela trabalhava<br />

como diarista na cidade de Curitiba, no Paraná. Na época, eu trabalhava<br />

nessa cidade, a mesma em que nasci. Aparentemente, essa senhora<br />

não tinha problemas; pelo contrário, ela vivia de forma confortável e feliz.<br />

Ao chegar, fui recebido com um largo sorriso. O pequeno apartamento,<br />

com mobília nova de lojas populares, sugeria que financeiramente ela<br />

estava bem. O filho, de 11 anos, estava lanchando à mesa. Havia pão com<br />

queijo, achocolatado e três variedades de frutas.<br />

Comecei a conversa falando de amenidades, dei algumas voltas e<br />

então cheguei ao ponto: “Raquel, você é uma mulher especial para Deus,<br />

é uma guerreira que cria seu filho sozinha e com muita responsabilidade.<br />

Suas decisões parecem sempre bem ponderadas. O que aconteceu? Por<br />

dois anos, você foi membro de nossa igreja e, de repente, sumiu. Agora<br />

você está frequentando um culto que fala muito de dinheiro, mas pouco<br />

de obediência a Deus e de santificação. Sua antiga igreja sempre lhe tratou<br />

com amor; é uma igreja que preza pelo ensino da Bíblia e que é séria<br />

em todas as atividades. Diga-me, o que aconteceu? Quero entender isso.”<br />

Naquele dia, fui surpreendido pelas ponderações de Raquel. Ela se ajeitou<br />

na cadeira e disse: “Olha, pastor, eu vivia uma vida de incertezas. Trabalho<br />

como diarista, e havia semanas em que só aparecia uma casa para limpar.<br />

O tempo todo chegavam cartas de empresas me cobrando contas que eu não<br />

tinha como pagar. Meu filho queria um brinquedo, e eu não podia comprar.<br />

Ele pedia dinheiro para o lanche, e eu tinha de negar. Estava entrando em<br />

depressão, e minha casa estava sempre suja e com mobília velha que ganhava<br />

dos clientes. Até que, um dia, uma amiga me convidou para ir a um culto de<br />

prosperidade. Foi um milagre. Na outra semana, começaram a surgir casas<br />

para eu limpar. Hoje não tenho um dia de folga, graças a Deus.”<br />

Ela continuou: “Veja minha casa, pastor, é tudo simples, mas é meu e<br />

está tudo pago. Meu filho está mais feliz. Eu estou mais segura e certa de<br />

que Deus tem muito mais pra mim. Tenho certeza de que vou comprar<br />

32


Riqueza Predestinada<br />

meu primeiro carro, e será zero quilômetro. Não quero nada que seja<br />

usado. Chega de pobreza, pastor. Deus não quer que seus filhos passem<br />

dificuldades. Eu sou filha do Rei. Sou uma princesa, e princesas se vestem<br />

bem, comem bem e podem pedir qualquer coisa ao Pai!”<br />

Raquel parecia acreditar ter sido predestinada a ser próspera. Ela entendia<br />

ter encontrado um lugar realmente seguro, onde achara esperança para<br />

sua vida e a de seu filho. Será que ela estava enxergando as coisas claramente?<br />

Como dizer a ela que prosperidade material não é sinônimo de salvação?<br />

Como conscientizá-la de que, na verdade, Jesus nos chama a deixar<br />

tudo para segui-Lo e não para nos tornar necessariamente ricos?<br />

A experiência de Raquel se repete aos milhares em nosso país, na<br />

América do Sul e em outros continentes. Se isso fosse verdade e tomasse<br />

as proporções devidas, seria a solução para todos os países miseráveis do<br />

mundo. Teria sido encontrada a solução para a pobreza, e nunca mais<br />

haveria fome na África e além. O fato é que o chamado “evangelho da<br />

prosperidade” já se estabeleceu há mais de 20 anos em diversos países<br />

pobres. Então, por que a pobreza continua ganhando essa guerra?<br />

Na verdade, o evangelho da prosperidade precisa ser avaliado de forma<br />

bem clara e honesta à luz da Palavra de Deus. Precisamos saber o que<br />

realmente Deus tem reservado para nós no que diz respeito à salvação e à<br />

vida material terrena.<br />

Com base na Bíblia, podemos afirmar que a vida espiritual produz<br />

necessariamente riqueza e bem-estar material? Será que a riqueza é sempre<br />

um sinal da bênção de Deus? O que dizer da riqueza alcançada por<br />

meio de opressão, dolo ou mesmo corrupção? Além disso, seria a pobreza<br />

ou doença sempre um sinal de maldição de Deus, ou ainda de falta de fé?<br />

Devemos reconhecer que o evangelho da prosperidade tem sido um<br />

dos fenômenos religiosos mais atrativos dos últimos tempos. Uma pesquisa<br />

divulgada na revista Time (de 10 de setembro de 2006), mostrou a<br />

seguinte realidade: Nada menos que 17% dos cristãos entrevistados disseram<br />

que se consideravam parte de tal movimento. Outros 31% acreditam<br />

que, se você dá seu dinheiro a Deus, Ele irá abençoá-lo com mais<br />

dinheiro. Igualmente, 61% acreditam que Deus quer que as pessoas sejam<br />

prósperas. Este percentual é mais elevado do que o próprio número de<br />

evangélicos daquele país!<br />

A razão pela qual os cultos de prosperidade estão lotados é a mensagem<br />

utilitarista e materialista que pregam. Quem não quer ser próspero?<br />

Quem não quer ter carro novo, casa confortável e dinheiro para gastar?<br />

33


ESPERANÇA VIVA<br />

O mais interessante é que, se conhecermos as pessoas atraídas por<br />

essa pregação, descobriremos que, em sua maioria, não são pessoas ricas,<br />

portando relógios de ouro ou que vivam em coberturas e apartamentos<br />

luxuosos em praias badaladas. São pessoas simples e trabalhadoras. São<br />

mães que chegam a essas reuniões cheias de fé, com o filho doente nos<br />

braços, buscando ali a última esperança para uma vida de dor, doença<br />

e pobreza. A sociedade falhou, o governo e a família falharam. Então as<br />

últimas esperanças são colocadas nas campanhas de fé, na compra do<br />

chamado “óleo abençoado” para ungir o filho, na aquisição da “caneta da<br />

fartura” e na entrega das “causas perdidas”.<br />

À luz da verdade bíblica, porém, o evangelho da prosperidade é uma<br />

meia-verdade, talvez menos. É uma propaganda de bênçãos incertas, porque,<br />

embora prometa, não pode guiar a mão de Deus. Ao contrário do que<br />

afirmam, os pregadores não possuem as chaves dos celeiros do Céu.<br />

Pense claramente sobre isso. Você conhece alguém que já não pode<br />

mais sofrer? Conhece alguém que, depois de aceitar Jesus, não mais adoeceu<br />

nem teve problemas familiares nem mais enfrentou o luto? Por acaso,<br />

os pregadores da prosperidade estão imunes à dor? Não são eles vítimas<br />

de resfriados, dores na coluna, estresse e mesmo câncer? Estariam eles<br />

isentos de perdas e prejuízos?<br />

Se tudo o que os pregadores da prosperidade afirmam fosse a verdade,<br />

então as farmácias fechariam suas portas. Se essas pessoas realmente<br />

tivessem o dom de curar, por que não estariam elas dando plantões em<br />

hospitais e postos de saúde? Isso seria a solução para milhões de sofredores<br />

que não têm recursos nem planos de saúde.<br />

A maioria dos pregadores do chamado evangelho da prosperidade é<br />

de segunda ou terceira geração. Muitos deles foram influenciados direta<br />

ou indiretamente por Kenneth Hagin (1917-2003), Kenneth Copeland<br />

(1936) ou Fred Price (1932). Esses três, por sua vez, foram influenciados<br />

por Oral Roberts (1918-2009), que tem sido apelidado de o pai do evangelho<br />

da prosperidade.<br />

Curiosamente, o evangelho da prosperidade surgiu em um país próspero,<br />

os Estados Unidos. Ali, o sonho americano impulsionou e impulsiona<br />

milhões de pessoas a desejar mais e mais. “O céu é o limite”, ensinam eles.<br />

Para isso você precisa de duas coisas: fé e dinheiro para materializar sua fé.<br />

Fé para doar e fé para receber. Isso me faz lembrar o caso de uma senhora.<br />

Ela pediu que seu pastor orasse por seu problema. A mulher esperava<br />

na Justiça a resolução de uma causa trabalhista em que receberia uma boa<br />

34


Riqueza Predestinada<br />

quantia em dinheiro. O pastor se prontificou a orar pela “causa perdida”.<br />

Um belo dia, a mulher chegou à igreja radiante, contando o milagre. Ela<br />

tinha recebido tudo com as devidas correções! Quando contou ao pastor,<br />

este lhe disse: “Eu sei. Deus já havia me revelado, e Ele também me revelou<br />

que se você tiver fé e entregar tudo ao Senhor, em 90 dias Ele vai triplicar<br />

seu dinheiro! Além disso, poderemos usar seu testemunho em rede nacional<br />

de rádio e televisão.” A mulher relutou, mas a proposta era tentadora.<br />

Três vezes mais e a fama. O que você acha que ela fez? Ela entregou tudo!<br />

Depois, à medida que o tempo passava, a mulher de fé continuou acreditando.<br />

Passaram-se dias, semanas, meses. Quando a data prometida expirou,<br />

ela entrou em desespero e foi pedir explicações, publicamente. Ela foi surpreendida<br />

pelo pregador, pois ele a chamou e diante da igreja começou a falar:<br />

“Vocês estão lembrados desta nossa irmã? Ela recebeu um dinheiro, e Deus<br />

me revelou que, se tivesse fé e entregasse 100% do que ganhara, ela receberia<br />

em 90 dias três vezes mais. Pois bem, os três meses terminaram e ela<br />

está aqui sofrendo porque ainda não recebeu nada. Irmãos, quero que isso<br />

sirva de lição para todos aqui. Esta nossa irmã teve fé suficiente para entregar<br />

tudo, mas agora não tem fé suficiente para receber as bênçãos do Senhor!”<br />

Nesses cultos, em geral, são relatadas experiências de uma fé impulsiva<br />

– casas doadas, terrenos transferidos, carros ofertados, salário integralmente<br />

oferecido –, mas que muitas vezes terminam em decepção.<br />

Na cabeça dos doadores, isso seria por gratidão ou uma forma de investimento?<br />

Deus quer mesmo que eu seja rico? Quer que eu materialize<br />

minha fé e doe o máximo para receber muitas vezes mais? Alguns pregadores<br />

insistem que sim e se valem de certos textos bíblicos para validar suas<br />

afirmações. Veja alguns deles:<br />

“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; Eu vim para que<br />

tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10).<br />

“E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou<br />

mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por causa do Meu nome, receberá<br />

muitas vezes mais e herdará a vida eterna” (Mateus 19:29).<br />

“E tudo quanto pedirdes em Meu nome, isso farei, a fim de que o Pai<br />

seja glorificado no Filho. Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu<br />

o farei” (João 14:13, 14).<br />

“Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento<br />

na Minha casa; e provai-Me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não<br />

vos abrir as janelas do Céu e não derramar sobre vós bênção sem medida”<br />

(Malaquias 3:10).<br />

35


ESPERANÇA VIVA<br />

Os textos se multiplicam e, aparentemente, contradizem outras falas<br />

de Jesus e dos apóstolos. Por exemplo:<br />

“E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma<br />

agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mateus 19:24).<br />

“Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem,<br />

e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no<br />

Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não<br />

minam, nem roubam” (Mateus 6:19, 20, ARC).<br />

“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua<br />

alma?” (Marcos 8:36).<br />

“Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa<br />

cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas<br />

dores” (1 Timóteo 6:10).<br />

Obviamente, esses textos não são antagônicos. Ao contrário, eles se<br />

complementam. Basta uma leitura simples, mas lógica e consciente, para<br />

constatar o uso inadequado dos textos bíblicos por parte daqueles que<br />

promovem o evangelho da prosperidade, no qual Jesus é um tipo de “Papai<br />

Noel”, e os ouvintes são como crianças à espera de presentes caros.<br />

É evidente que, ao declarar que viera ao mundo para que tivéssemos<br />

vida em abundância, Jesus se referia à libertação da culpa e do pecado que<br />

afetam a todos. Ele também se referia diretamente à vida eterna. Jesus<br />

Cristo não estava pensando em carros luxuosos, roupas de grife e comidas<br />

caras. Ao contrário, Ele afirma: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo<br />

se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a<br />

sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por Minha causa, esse a salvará”<br />

(Lucas 9:23, 24).<br />

Sobre receber 100 vezes mais nesta vida, Kenneth Copeland, um<br />

emblemático pregador da teologia da prosperidade, afirma abertamente:<br />

“Você quer um retorno 100 vezes maior de seu dinheiro? Oferte, e Deus<br />

o multiplicará para você. Nenhum banco no mundo oferece esse tipo de<br />

retorno!” Para a esposa de Kenneth, Gloria Copeland, “Mateus 19:29 é<br />

um excelente negócio!”<br />

Obviamente, não foi isso o que Jesus quis dizer. A recompensa que Ele<br />

indica é a comunhão com centenas e milhares de outros crentes. O versículo<br />

seguinte (Mateus 19:30) proporciona mais clareza: “Porém muitos<br />

primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros.” Isso fica mais evidente<br />

no evangelho de Marcos: “Em verdade vos digo que ninguém há que tenha<br />

deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos<br />

36


Riqueza Predestinada<br />

por amor de Mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente,<br />

o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições;<br />

e, no mundo por vir, a vida eterna” (Marcos 10:29, 30). Ou seja, Jesus<br />

incentivou o discipulado em comunidade, não o ganho financeiro pessoal.<br />

Ele fala exatamente o oposto do que pregam alguns religiosos atuais.<br />

Quando Jesus disse que faria qualquer coisa se pedíssemos em Seu<br />

nome, a que “tudo” Ele se referia? À totalidade das coisas materiais?<br />

Ele entregou em nossas mãos a força da onipotência? Se eu pedir para<br />

ser transportado imediatamente para o Japão, Jesus atenderá a esse<br />

pedido? Claro que não! Esse “tudo” se refere à construção do caráter, à<br />

pregação do evangelho, ao auxílio aos necessitados. Os textos bíblicos<br />

usados pelos pregadores da prosperidade são retirados do contexto do<br />

evangelho e usados como uma roupagem santa para interesses econômicos<br />

terrenos.<br />

A devolução dos dízimos e as ofertas têm bases bíblicas sólidas e são<br />

milenares. Abraão já devolvia o dízimo de tudo que possuía (Gênesis<br />

14:20). Entretanto, isso é feito como expressão de fidelidade e gratidão.<br />

O cristão não entrega seu dízimo a Deus diretamente, pois Ele não<br />

usa cédulas no Céu. Ele o entrega à igreja, por entender ser seu dever<br />

diante de Deus prover sustento à casa do Senhor. Quando Deus diz que<br />

vai nos abençoar, devemos entender que Ele está interessado em nos<br />

salvar definitivamente do pecado e da maldade do mundo; não necessariamente<br />

em nos dar agrados materiais que proporcionem momentos de<br />

alegria passageira.<br />

O sucesso dos cultos da prosperidade não é uma simples oferta de<br />

bênçãos por dinheiro. Há algo mais profundo em tudo isso; algo espiritual.<br />

A teologia dos pregadores da prosperidade está cheia de misticismo<br />

e sabedoria exotérica. Como bem definiu John Piper, esse é o movimento<br />

new age das Escrituras, no qual Deus é uma combinação de gênio da<br />

lâmpada com um psiquiatra todo-poderoso que pode ser facilmente manipulado<br />

por meio de ofertas e palavras mágicas.<br />

Essas ideias, porém, pervertem o evangelho. Não é possível que<br />

Jesus tenha morrido na cruz, sido chicoteado e perfurado e recebido<br />

uma coroa de espinhos para nos dar o direito de andar em um carro<br />

zero quilômetro. Ele não pode ter feito o que fez para nos dar condições<br />

de comprar uma casa de 1 milhão de reais e viajar em cruzeiros para<br />

o Caribe. Não! Ele de fato morreu para nos salvar da condenação do<br />

pecado e da morte eterna.<br />

37


ESPERANÇA VIVA<br />

O chamado evangelho da prosperidade atrai as multidões para um<br />

ciclo de ambição e culpa. Quando as bênçãos demoram a chegar, as pessoas<br />

se culpam por não terem fé suficiente ou porque suas ofertas não<br />

são generosas o bastante. Essa culpa e a ganância em seus corações as<br />

mantêm presas a cultos que teatralizam os dons carismáticos a fim de<br />

explorar a boa-fé.<br />

Na teologia e na pregação da prosperidade, Deus não é o centro do culto<br />

nem das orações. O centro do culto é o próprio ser humano. Os cristãos sabem<br />

que isso faz fronteira com a idolatria. Nesse sistema de adoração, a felicidade<br />

e o bem-estar temporais e materiais são colocados como a prioridade máxima.<br />

A pregação se transforma em um discurso de autoajuda que coloca Deus a<br />

serviço de nossos desejos. O que poderia ser mais antibíblico do que isso?<br />

Há outro problema muito claro nesse tipo de religião. Os pregadores<br />

da prosperidade afirmam como se estivessem disponíveis aqui e agora<br />

todas as bênçãos que Jesus prometeu para a eternidade, no reino da glória<br />

(ver Apocalipse 11:17). Com isso, eles confundem as pessoas e assumem<br />

uma “aparência de piedade”. Pretendem trazer a eternidade para os nossos<br />

dias, assinando em nome de Jesus, a fim de pedir mais e mais dinheiro.<br />

É inegável que essa religião popular ofereça mais do que prosperidade.<br />

Oferece esperança também. Algo que você pode realizar aqui, neste<br />

mundo. No entanto, que esperança é essa? É a esperança dos que desejam<br />

ganhar este mundo e, ainda assim, alcançar a vida eterna. É a expectativa<br />

de aproveitar a vida em sua plenitude. Nessa situação, a pessoa se coloca<br />

como um cliente especial, e Deus é visto como gerente de um banco de<br />

investimentos. É uma esperança que se materializa em pratos caros de restaurantes<br />

chiques e carros luxuosos.<br />

Essa, porém, é uma esperança que desaponta. Jesus afirmou categoricamente<br />

que não compensa “ganhar o mundo inteiro” e “perder” a salvação<br />

eterna (Mateus 16:26).<br />

O que precisamos de fato como cristãos é da verdadeira esperança.<br />

O Senhor afirma: “Quem perder a vida por Minha causa, esse a salvará”<br />

(Lucas 9:24). Ele também garante: “No mundo, passais por aflições; mas<br />

tende bom ânimo, Eu venci o mundo” (João 16:33). Precisamos buscar a<br />

esperança certa, no lugar certo e da maneira correta. Não podemos nos<br />

enganar, buscando os atalhos floridos. As flores do atalho são belas, mas<br />

escondem o perigo.<br />

É claro que Deus se importa com sua vida, com seus negócios. É evidente<br />

que Ele deseja o melhor para Seus filhos. Ele é nosso Pai! Ele nos<br />

38


Riqueza Predestinada<br />

ama tanto que se revestiu da humanidade para nos dar a verdadeira esperança.<br />

Ele declara: “Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza<br />

para vocês, mas Eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém lhes<br />

tirará essa alegria” (João 16:22, NVI). O bom Pastor conhece a necessidade<br />

de Suas ovelhas e está atento a cada detalhe da vida delas. Nada do<br />

que aconteça a você é sem importância para Deus. Cada detalhe é visto<br />

com a máxima atenção, mas Ele é um Deus soberano; por isso, sabe a hora<br />

certa de cada coisa. Nosso papel é confiar e entregar a Ele a direção de<br />

tudo na vida. Lembra-se do que o salmista escreveu? “Entrega teu caminho<br />

ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará” (Salmo 37:5).<br />

Não podemos aceitar a contradição de que os ricos sejam abençoados<br />

e estejam dentro dos planos de Deus, mas os pobres não. Existem<br />

milhares de cristãos sinceros que confiam em Deus e lutam pelo pão<br />

de cada dia. Não podemos esquecer que Jesus nasceu pobre e morreu<br />

pobre. Ele não tinha onde reclinar a cabeça e até mesmo Sua sepultura<br />

foi emprestada, por José de Arimateia. Nem por isso Ele viveu longe dos<br />

planos do Pai celestial. Ao contrário, Ele bebeu todo o cálice que Lhe<br />

fora reservado.<br />

Quando penso em Raquel com sua casa mobiliada e no filho lanchando<br />

contente, enquanto assistia à televisão, eu me pergunto: Será que ela estava<br />

mais perto de Deus ou perto apenas de realizar os sonhos materiais? Naquela<br />

visita, eu a vi satisfeita com a vida terrena, mas não posso afirmar que estivesse<br />

santificada no Senhor. Vi claramente que o foco de sua vida era a satisfação<br />

pessoal e a realização de seus sonhos. Naquele dia, ela não falou nada<br />

sobre o Céu, de suas leituras bíblicas nem dos cultos com o filho. Sua fé<br />

tinha outra preocupação, e ouvi a menção a ofertas que pareciam pagamento<br />

por recompensas terrenas que hoje existem e amanhã podem ir embora.<br />

Nos cultos de prosperidade, são contadas histórias de homens e<br />

mulheres que eram pobres e agora se consideram empresários. Não há<br />

pessoas confirmando que tiveram o caráter moldado tal qual Jesus, ou de<br />

gente doando seu tempo e seus talentos para beneficiar outras pessoas<br />

que não têm nada a retribuir.<br />

Pensando nas palavras de Raquel, nos lembramos do que Paulo escreveu<br />

a Timóteo: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa<br />

alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos<br />

contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada,<br />

e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam<br />

os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos<br />

39


ESPERANÇA VIVA<br />

os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram<br />

com muitas dores” (1 Timóteo 6:7-10).<br />

Não devemos julgar pessoas como Raquel. No entanto, à luz da Palavra<br />

de Deus, elas parecem sentadas confortavelmente em uma cadeira de<br />

balanço que não existe e embaladas por uma falsa esperança. Os móveis<br />

envelhecem, os aparelhos eletrônicos pifam e os filhos se distanciam dos<br />

caminhos do Senhor, trazendo infelicidade ainda maior aos pais. O que<br />

Jesus oferece está muito além de tudo o que os olhos podem desejar ou<br />

o dinheiro pode comprar. Talvez por isso Cristo tenha dito, como lemos<br />

acima: “ajuntai para vós outros tesouros no Céu” (Mateus 6:20).<br />

É claro que não é errado ser rico, muito menos isso é pecado. Na<br />

Bíblia encontramos pessoas ricas como Jó,<br />

Quando<br />

proporciona<br />

prosperidade a<br />

qualquer pessoa,<br />

Deus espera que<br />

esses recursos<br />

possam amenizar<br />

o sofrimento<br />

do pobre e do<br />

necessitado.<br />

Abraão, José de Arimateia, Nicodemos e<br />

outros que foram agentes do bem nas mãos<br />

de Deus. No entanto, quando proporciona<br />

prosperidade a qualquer pessoa, Deus<br />

espera que esses recursos possam amenizar<br />

o sofrimento do pobre e do necessitado. Os<br />

recursos não são dados para uma vida de<br />

ostentação e luxo. O dinheiro nas mãos do<br />

cristão deve representar esperança viva para<br />

os menos afortunados. Talento nas mãos<br />

dele se transforma em bênção para as pessoas.<br />

O tempo do servo de Deus vira serviço<br />

humanitário. Tudo vem do Senhor e tudo<br />

devolvemos a Ele quando fazemos algo pelos pequeninos!<br />

Deus quer que você seja rico? Claro. Faz 2 mil anos que Ele nos fez<br />

ricos no Calvário. Nossos tesouros estão em outro lugar, é verdade! Lugar<br />

onde não envelhecem, onde ninguém pode saquear, onde inflação alguma<br />

pode corroer. Na vida dos fiéis, a esperança venceu antes de eles nascerem.<br />

Eles foram predestinados para a riqueza da glória de Cristo.<br />

E você só precisa aceitar o convite de Cristo para ser um deles!<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Como Deus vê nosso desejo de ficar cada vez mais ricos?<br />

(Isaías 57:17).<br />

2. Qual é um dos principais perigos da riqueza? (Marcos 10:23, 24).<br />

40


Riqueza Predestinada<br />

3. Que advertência Jesus faz aos ricos? (Marcos 10:25).<br />

4. Qual foi a razão de o jovem rico ter perdido a salvação? (Mateus 19:22).<br />

5. Como podemos honrar a Deus com nossas posses? (Mateus 25:31-46).<br />

6. Que advertência é feita contra as riquezas? (Salmo 62:10).<br />

7. Quais os perigos do acúmulo de bens? (Eclesiastes 5:13).<br />

8. Que orientações a Bíblia tem para os ricos? (1 Timóteo 6:17-19).<br />

9. A Bíblia diz que as riquezas são relativas (Provérbios 13:7).<br />

10. Para que servem nossas riquezas? (1 Pedro 4:10).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

41


6<br />

Um Idioma Inusitado<br />

Pedro sempre foi um bom rapaz. No colégio nunca deu problemas.<br />

No segundo ano da faculdade, ele estava feliz e ansioso por “descobrir o<br />

mundo”. Sempre se considerou um jovem mediano. Nem muito bonito,<br />

nem muito feio. Nem rico, nem pobre. Suas notas eram pouco acima da<br />

média; porém, ele se esforçava muito para obter esses resultados.<br />

Talvez, por nunca ter sido um expoente, Pedro chegou a pensar que<br />

precisava avançar mais no autoconhecimento e entender melhor o propósito<br />

de sua vida. “Por que essa insatisfação se aparentemente tudo está<br />

bem?”, pensava ele. Alguma coisa estava errada, mas ele não sabia exatamente<br />

o que era. Como alguém pode sentir falta de algo que não sabe o<br />

que é? Como identificar o que falta?<br />

Ele tinha terminado fazia pouco tempo um namoro que havia durado<br />

seis meses. Entretanto, aos quatro meses de relacionamento, Pedro havia<br />

percebido que não daria certo. Estava sozinho, mas convicto de sua decisão.<br />

Na faculdade, estava feliz com o curso de Publicidade. Seu pai havia conseguido<br />

se aposentar. Tudo estava bem. Mesmo assim, algo parecia fora de<br />

seu controle. Um vazio sem sentido insistia em agulhar seus pensamentos.<br />

Um dia, enquanto voltava para casa, o ônibus parou no sinal vermelho,<br />

no mesmo semáforo onde ele sempre parava em seu trajeto costumeiro. No<br />

entanto, algo lhe chamou a atenção naquele dia. Um muro pichado continha<br />

uma frase escrita com uma caligrafia horrível: “Todo homem carrega em si<br />

um vazio do tamanho de Deus.” Pedro leu a frase umas cinco vezes até que<br />

o ônibus finalmente seguiu em frente. Ali mesmo, pesquisou na internet e<br />

descobriu que essa frase era creditada a Fiódor Dostoiévski, um romancista<br />

russo, considerado um dos melhores do mundo. Ele tinha ouvido falar desse<br />

escritor, mas não se lembrava de ter lido alguma coisa de sua autoria.<br />

Pedro deixou o escritor de lado e se concentrou na frase: “Todo homem<br />

carrega em si um vazio do tamanho de Deus.” Naquele momento, o rapaz<br />

começou a se perguntar se era disso que ele sempre sentia falta. O que lhe<br />

faltava seria Deus? Pedro nunca tinha sentido falta de Deus; ele sequer<br />

42


Um Idioma Inusitado<br />

tinha religião. De repente, as coisas começavam a fazer sentido. Naquele<br />

momento, seus olhos se abriram para um aspecto da vida que ele nunca<br />

dera importância: a religiosidade (ou espiritualidade).<br />

Quando chegou a sua casa, foi procurar uma Bíblia. Começou a ler o<br />

livro de Gênesis e, só depois de dez minutos, lembrou que ainda estava<br />

com a mochila nas costas. Tirou a mochila, trocou a roupa e não percebeu<br />

que a hora do almoço já havia passado. A Bíblia rapidamente se apresentou<br />

como um livro rico em mistérios, cheio de conceitos que ele não<br />

compreendia. Passou a ler a Bíblia uma hora por dia e, em duas semanas,<br />

estava convencido de que precisaria de ajuda para satisfazer sua sede de<br />

Deus e de espiritualidade.<br />

Talvez fosse o momento de procurar ajuda. Ele considerou seriamente<br />

a possibilidade de ir a uma igreja. Lembrou-se de um grande e animado<br />

templo perto de sua casa. Ali havia cultos todos os dias e estavam sempre<br />

cheios. Pedro se preparou como pôde, pois não tinha ideia do que encontraria<br />

naquele dia. Chegou tímido como naturalmente era e pensou em<br />

sentar-se na última fileira para dali observar tudo. Logo que entrou, foi<br />

surpreendido pelas músicas em alto volume. As pessoas em pé, com os<br />

olhos fechados e as mãos erguidas se balançavam de um lado para o outro,<br />

cantando a letra da música que repetia a mesma frase várias vezes.<br />

Como não sabia o que fazer, ele não fez nada. Encostou-se em uma<br />

quina ao fundo do templo e viu que muitas pessoas choravam enquanto<br />

cantavam. Ele percebeu uma ênfase nas emoções. A música alta, as repetições<br />

das frases cantadas, o embalar do corpo, tudo exercia um forte<br />

impacto. Qualquer um poderia ser facilmente envolvido pelo ambiente.<br />

Pedro resolveu permanecer um pouco mais e ver o que aconteceria.<br />

Ele tinha ido à igreja para receber esclarecimentos sobre a Bíblia, não para<br />

participar de um evento tão emocionante. Enquanto ele esperava, as coisas<br />

só se tornavam mais envolventes. A música progredia com fortes apelos.<br />

Então ele ouviu as pessoas falarem coisas que não podia entender. Algumas<br />

giravam em torno de si mesmas e caíam ao chão. Outras choravam e pareciam<br />

experimentar algo muito envolvente.<br />

Pedro se arrepiou dos pés à cabeça e ficou feliz por ninguém perceber<br />

sua presença ali. Assim que pôde, saiu e voltou para casa bem confuso.<br />

Ele fazia inúmeras perguntas a si mesmo: Em que momento eles estudavam<br />

a Bíblia? Seria tudo aquilo a manifestação de Deus, de quem ele<br />

sentia falta? Será que ele estava cheio de preconceitos filosóficos e, por<br />

isso, não reconhecia a atuação do Espírito Santo?<br />

43


ESPERANÇA VIVA<br />

Essa experiência de Pedro não foi agradável. Mas, para milhões de<br />

pessoas, o que Pedro observou é a mais gratificante e profunda experiência<br />

religiosa que um cristão pode viver. Para elas, falar em línguas e ter os<br />

sentidos arrebatados é a evidência de que o Espírito Santo tomou conta<br />

da pessoa, que ela é consagrada a Deus e, portanto, batizada no Espírito.<br />

No entanto, inúmeras perguntas surgem na mente de outros cristãos.<br />

Essas manifestações têm base bíblica? Quem está operando por trás desse<br />

fenômeno? Essa realmente é uma forma de Deus se revelar?<br />

O culto evangélico pentecostal teve sua origem no início do século 20,<br />

em uma rua da cidade de Los Angeles chamada Azusa. Ali um homem,<br />

filho de ex-escravos, por nome de William Seymour, começou um reavivamento<br />

espiritual em sua congregação que passou a ser conhecido como<br />

“O reavivamento da rua Azusa”. Os crentes, em sua maioria negros e imigrantes,<br />

afirmavam ser movidos pelo Espírito Santo, o que lhes permitia<br />

falar em línguas desconhecidas e operar curas e milagres. Décadas depois,<br />

surgiu o movimento carismático católico, a partir de 1967.<br />

Neste capítulo, vamos estudar o dom de línguas, que é uma marca<br />

distintiva dos carismáticos e pentecostais. Precisamos saber o que de fato<br />

a Bíblia afirma sobre o dom de línguas manifestado pela primeira vez em<br />

Atos 2. Esse dom estaria sendo usado corretamente em nossos dias? Qual<br />

é o propósito original de Deus em relação a esse dom?<br />

Inicialmente, vamos analisar o que Jesus falou sobre o assunto. A única<br />

referência do Mestre ao tema está em Marcos 16:17: “Estes sinais hão de<br />

acompanhar aqueles que creem: em Meu nome, expelirão demônios; falarão<br />

novas línguas.”<br />

Jesus prometeu que os crentes falariam “novas línguas”. No idioma<br />

em que os evangelhos foram escritos, o grego, há duas palavras traduzidas<br />

como “novas”: neós e kainós. A primeira significa um “novo” que ainda não<br />

existia. Ou seja, algo inédito. Por sua vez, kainós significa um “novo” que já<br />

existe há algum tempo. Ou seja, algo novo para alguém, mas não inédito.<br />

Para exemplificar, podemos comprar uma casa nova, em dois sentidos:<br />

(1) uma casa nova (neós) na qual ninguém tenha morado, recémconstruída;<br />

ou (2) uma casa que já exista há muito tempo, mas que será a<br />

nova (kainós) casa da família.<br />

Que palavra você acha que o escritor do evangelho usou para se referir<br />

a “novas línguas” em Marcos 16:17? Ele usou a palavra kainós. Isso indica<br />

que Jesus estava se referindo a línguas existentes, conhecidas, e não a algo<br />

inédito ou sem significado.<br />

44


Um Idioma Inusitado<br />

Em Atos 2, quando os discípulos foram batizados pelo Espírito Santo e<br />

receberam o dom de línguas, eles falaram línguas novas (kainós), idiomas<br />

que já existiam. Observe os seguintes versículos: “Estavam, pois, atônitos<br />

e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses<br />

que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria<br />

língua materna?” (Atos 2:7, 8).<br />

O dom de línguas descrito em Atos 2 nada tem que ver com a língua<br />

dos anjos ou línguas desconhecidas. De fato, o dom derramado por ocasião<br />

da festa do Pentecostes pode ser chamado de “dom de idiomas”. Esse<br />

dom foi dado por Deus para habilitar os apóstolos a cumprir a ordem de<br />

Jesus: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para<br />

testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mateus 24:14).<br />

Todo dom de Deus tem um propósito e uma aplicação prática. No<br />

contexto dos primeiros cristãos, o evangelho precisava se espalhar rapidamente,<br />

e os discípulos não teriam condições, muito menos tempo, para<br />

aprender novos idiomas. Por isso, Deus concedeu um dom específico para<br />

uma situação específica.<br />

À luz desse contexto da pregação do evangelho, veja em que consiste o<br />

dom de línguas, segundo a Bíblia:<br />

O dom de línguas é um dom de novos idiomas. Ou seja, a pessoa passa<br />

a falar outro idioma sem nunca tê-lo estudado (Atos 2:1-11).<br />

O dom de línguas tem um propósito evangelístico. Havia uma necessidade<br />

desse dom quando ele foi concedido (Atos 2:8).<br />

O dom de línguas é oferecido pelo Espírito Santo, quando e para quem<br />

Ele definir como necessário (1 Coríntios 12:11).<br />

Agora, veja o que o dom de línguas não é:<br />

O dom de línguas não é para todos (1 Coríntios 12:11).<br />

O dom de línguas não é gritaria (Efésios 4:30, 31).<br />

O dom de línguas não joga ninguém ao chão, e a pessoa que o recebe<br />

não perde a consciência. Ao contrário, quando é batizado no Espírito<br />

Santo, o cristão desenvolve o domínio próprio e não a perda dos sentidos<br />

(Gálatas 5:22, 23).<br />

O dom de línguas não provoca um pico de emoções nem desordem no<br />

ambiente (1 Coríntios 14:33).<br />

Pessoas em estado de êxtase, falando coisas que não compreendem,<br />

era algo inédito no cristianismo até a chegada do pentecostalismo no início<br />

do século 20. Na verdade, tais manifestações não fizeram parte dos<br />

ensinos de Cristo, dos discípulos nem dos profetas bíblicos.<br />

45


ESPERANÇA VIVA<br />

Por isso, precisamos responder a uma série de perguntas importantes:<br />

(a) Falar em línguas (glossolalia) é uma evidência da ação do Espírito<br />

Santo? (b) Onde estava o Espírito durante o período em que esse dom<br />

ainda não era manifestado? (c) Estaria esse dom guardado somente para<br />

os últimos dias? (d) Que evidências bíblicas temos a esse respeito? (e)<br />

Qual seria o propósito de esse dom se manifestar no culto se ninguém<br />

entende o que está sendo dito? (f) Quando existe a interpretação das línguas,<br />

a interpretação é confiável?<br />

A Bíblia apresenta diversas pessoas tementes a Deus, cheias de fé,<br />

plenas do Espírito Santo que, contudo, nunca falaram em línguas:<br />

Saul (1 Samuel 10:10); Gideão (Juízes 6:34); Zacarias (Lucas 1:67);<br />

os samaritanos (Atos 8:17); Maria (Lucas 1:35); Estêvão (Atos 6:5); João<br />

Batista (Lucas 1:15); e o próprio Jesus Cristo (Lucas 3:22).<br />

A lista é muito maior. Esses são alguns do Antigo e do Novo Testamento<br />

que não falaram em línguas, mas que foram batizados no Espírito Santo.<br />

Antes do Pentecostes, de fato, ninguém experimentou esse tipo de manifestação<br />

por parte do Espírito de Deus.<br />

Em nenhuma circunstância Moisés falou em línguas. Nenhum discípulo<br />

entrou em êxtase, perdendo os sentidos. Jesus não falou em línguas<br />

nem estimulou os discípulos a fazer tal coisa. De fato, não houve esse dom<br />

entre o povo de Deus, senão após o Pentecostes para a pregação do evangelho<br />

a nações que falavam línguas diferentes das faladas pelos apóstolos.<br />

Nos relatos bíblicos acerca desse dom, percebe-se o propósito e o significado<br />

do mesmo como um dom de idiomas. Os discípulos precisavam<br />

pregar o evangelho a toda tribo, língua, povo e nação (Apocalipse 5:9). Eles<br />

enfrentavam uma barreira aparentemente intransponível. Como poderiam<br />

falar os mais diferentes idiomas a fim de levar a mensagem de Cristo às<br />

nações distantes? Os discípulos eram pessoas simples e pouco acesso tiveram<br />

à educação formal. Se não fosse por uma ação sobrenatural de Deus,<br />

o evangelho não seria pregado fora dos limites da Palestina. Assim, este foi<br />

o propósito desse dom que possibilitou o evangelho de Jesus ser pregado<br />

rapidamente em todo o império romano, no primeiro século.<br />

O que aconteceu em Atos 2 foi a reversão do que houve na antiga torre<br />

de Babel. Ali, as pessoas falavam o mesmo idioma, e Deus as confundiu por<br />

causa da maldade que se espalhava pelo mundo. O dom de línguas seria a<br />

antítese de Babel. Seria a possibilidade instantânea de as pessoas voltarem<br />

46


Um Idioma Inusitado<br />

a se entender. Em um momento, Deus usou Seu poder para conter o pecado,<br />

no outro, Ele usa o mesmo poder para espalhar as boas-novas da salvação!<br />

Certamente a experiência de falar em línguas deve ser muito prazerosa,<br />

talvez até inexplicável para quem a recebe. Para esses, é forte a convicção<br />

de que se trata de uma experiência divina. Contudo, o conselho divino é<br />

que tudo seja avaliado à luz da Palavra de Deus.<br />

É preciso saber: esse “falar em línguas” como ocorre hoje seria o mesmo<br />

descrito em Atos 2? De fato, não há convicção geral de que seja. Seria a<br />

língua dos anjos? Também não deve ser, pois, depois que as línguas foram<br />

confundidas por ocasião da torre de Babel, Deus e os anjos continuaram<br />

a falar com as pessoas, usando o mesmo idioma falado por essas pessoas,<br />

ou seja, um idioma conhecido e inteligível. Quando um anjo apareceu à<br />

esposa de Manoá e disse que ela teria um filho, o anjo falou na língua dela.<br />

Quando o anjo Gabriel falou a Maria sobre ela ser a mãe de Jesus, falou de<br />

forma compreensível. Quando Abraão foi visitado por anjos, eles falaram<br />

no idioma dele.<br />

Veja o testemunho de Paulo em 1 Coríntios 13:1: “Ainda que eu fale as<br />

línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que<br />

soa ou como o címbalo que retine.” Na Bíblia, ninguém falou determinado<br />

idioma e o definiu como a língua dos anjos; pelo contrário, até mesmo o<br />

apóstolo Paulo abertamente declarou que não falava a língua dos anjos.<br />

Curiosamente, é possível encontrar vídeos no You Tube em que líderes<br />

carismáticos ensinam técnicas linguísticas para se aprender a falar em línguas.<br />

Isso é um fato, e todos podem assistir a esses vídeos, pois são públicos.<br />

Mas, ao contrário das falas ensinadas e aprendidas, é preciso frisar<br />

que na comunicação de Deus com os profetas, discípulos ou apóstolos,<br />

sempre houve diálogo eficaz e tudo o que foi falado era compreensível.<br />

Milhares de pessoas sinceras e tementes a Deus desejam de todo<br />

coração falar em línguas e nunca conseguiram. Muitas se sentem oprimidas<br />

por se considerarem indignas de receber esse dom. Nesse caso,<br />

é importante lembrar que a deliberação desse dom depende exclusivamente<br />

do Espírito Santo, segundo a necessidade da pregação do evangelho.<br />

Portanto, quando o dom não é derramado é porque não é necessário.<br />

Certa vez, durante uma viagem, o avião em que eu tinha acabado de<br />

entrar apresentou avaria em uma das asas. Como resultado, todos os passageiros<br />

tiveram de desembarcar e ficar um dia a mais na cidade. Ninguém<br />

reclamou porque isso ocorreu em Fernando de Noronha, uma das ilhas<br />

mais lindas do mundo.<br />

47


ESPERANÇA VIVA<br />

Depois de algumas orientações por parte da companhia aérea, fiquei<br />

das 15h até as 19h30 em uma fila para resolver a questão do hotel em que<br />

ficaria. Foi muito cansativo, mas as horas passaram rapidamente. Embora<br />

tenha ficado todo esse tempo em pé na fila, fiquei conversando com duas<br />

jovens. Uma era simpatizante da teosofia, com raízes no espiritismo e candomblé;<br />

a outra era uma carismática. As duas se mostravam muito dedicadas<br />

e estudiosas em suas crenças. No primeiro momento, cada um de nós<br />

disse o que fazia; e, quando souberam que eu era pastor, fizeram muitas<br />

perguntas. Assim que respondi às principais dúvidas delas, inverti o jogo<br />

e usei o método socrático, fazendo perguntas e mais perguntas para que<br />

ambas pudessem refletir sobre suas crenças.<br />

Logo, percebi que elas tinham muitas ideias religiosas bem solidificadas,<br />

mas faltava base bíblica para algumas delas. Infelizmente, muitas<br />

igrejas não estimulam as pessoas a entender a Bíblia. Por isso, ainda na<br />

fila, quando percebia que minhas perguntas impactavam a mente delas,<br />

apresentava então o “Assim diz o Senhor”. A razão de citar tanto a Bíblia<br />

em uma conversa informal como essa é fundamentar as afirmações no<br />

Deus que não pode errar. Assim, a esperança pode vencer a mentira.<br />

A conversa foi produtiva e todos aproveitamos bem as horas de espera<br />

naquele pequeno aeroporto. Cada um foi para um hotel diferente e nos reencontramos<br />

no aeroporto no dia seguinte. Pela ordem da fila, fiquei conversando<br />

com a jovem espiritualista. Ela me abordou com outras perguntas de<br />

nosso diálogo do dia anterior. Logo, percebi que a conversa tinha feito com<br />

que ela refletisse um pouco. O que mais me surpreendeu foi quando, no<br />

meio da conversa, ela disse: “Pastor <strong>Ivan</strong>, nossa amiga ontem afirmou, que<br />

para ela, as coisas que eu creio não vêm de Deus. Mas, quando vejo pessoas<br />

falando em línguas, acho que são as mesmas manifestações que ocorrem<br />

em minha religião. Por que no espiritismo essas manifestações não teriam<br />

origem divina e nos cultos carismáticos seriam atribuídas ao Espírito Santo?”<br />

Essa questão desafia a pessoa sincera que deseja entender esse fenômeno.<br />

Somente o estudo cuidadoso da Bíblia pode nos orientar e mostrar<br />

a verdade.<br />

Precisamos entender que só existe uma maneira de ter a verdadeira fé<br />

cristã: estudando a Bíblia. Todo o restante é suposição e tradição. O melhor<br />

caminho é ir honestamente à Bíblia, estudar e aceitar o que Deus afirma.<br />

Não confie no que você sente, vê ou experimenta. Confie na Bíblia.<br />

Jesus declarou: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”<br />

(João 8:32). Mais à frente, Ele disse: “Santifica-os na verdade; a Tua<br />

48


Um Idioma Inusitado<br />

palavra é a verdade” (João 17:17). A vitória da verdade sobre a mentira é<br />

conquistada por meio do estudo da Palavra de Deus e da oração sincera,<br />

pedindo que Deus revele qual é a verdade.<br />

Essa é a hora da vitória da esperança. A hora de a verdade, seja ela qual<br />

for, vencer a mentira, seja ela qual for! O conselho de Jesus é: “Examinai<br />

as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas<br />

que testificam de Mim” (João 5:39). A mesma Bíblia que apresenta Jesus<br />

como o único salvador mostra qual é o único e verdadeiro dom de línguas.<br />

Obviamente, este tema não pode ser esgotado em poucas páginas. Por<br />

isso, se você se sentiu despertado pelo assunto, gostaria de sugerir que<br />

prosseguisse o estudo. Continue estudando a Bíblia, faça dela sua única<br />

regra de fé e você verá a esperança viva em você e nas pessoas que você<br />

ama. Tenha certeza de que o contínuo esclarecimento desse tema lhe trará<br />

esperança e certeza de que a verdade é sempre a melhor religião.<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. O dom de línguas, segundo Atos 2, é sobre idiomas ou línguas<br />

desconhecidas?<br />

2. Segundo Paulo, existem línguas sem significado no mundo?<br />

(1 Coríntios 14:10).<br />

3. Paulo preferia falar em idiomas conhecidos ou em línguas<br />

desconhecidas? (1 Coríntios 14:18, 19).<br />

4. Paulo falava a língua dos anjos? (1 Coríntios 13:1).<br />

5. Quem faz a distribuição dos dons espirituais? (1 Coríntios 12:11).<br />

6. Você se lembra de pelo menos um personagem bíblico que falou em<br />

línguas desconhecidas?<br />

7. O dom de idiomas é um sinal para os crentes ou descrentes?<br />

(1 Coríntios 14:22).<br />

8. O Espírito de Deus se manifesta no barulho? (Efésios 4:30, 31).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

49


7<br />

Milagres Inegáveis<br />

Se uma pessoa querida estivesse andando feliz por um caminho florido,<br />

mas que terminasse em decepção, o que você faria? Avisaria do perigo,<br />

sendo um desmancha-prazeres, ou a deixaria seguir com a felicidade e o<br />

encanto do caminho? Evidentemente, é obrigação de qualquer pessoa sensata<br />

alertar de perigo eminente.<br />

No mundo religioso, muitos estão trilhando um caminho popular, contagiante<br />

e cheio de euforia. Contudo, o desfecho desse caminho poderá<br />

ser de frustração e descrença. Refiro-me a milagres e curas exibidos na<br />

mídia e em alguns cultos todos os dias.<br />

Uma noite, viajando sozinho de São Paulo para Jacareí, troquei o<br />

silêncio por algumas notícias no rádio. Como os assuntos não me interessaram,<br />

comecei a correr o dial do rádio até cair em uma estação<br />

religiosa. O pastor fazia a propaganda de uma campanha que começaria<br />

no início da semana seguinte. A programação seria voltada para os<br />

que precisavam de um milagre. Pelo rádio ouvia o pastor dizer: “Nós<br />

iremos importunar Deus e Ele irá nos atender de um jeito ou de outro!<br />

Venha para a campanha dos milagres e nós vamos determinar que eles<br />

aconteçam!”<br />

Fiquei pensando: Deus pode ser importunado? Alguém pode “determinar”<br />

que um milagre aconteça? O que opera os milagres é a nossa fé ou<br />

Deus? Existe alguma fórmula para Deus sempre responder positivamente<br />

a nossos pedidos por milagres?<br />

Precisamos entender que pequenos erros podem nos levar a lugares<br />

totalmente diferentes daqueles que desejamos. Por exemplo, se<br />

sairmos do Aeroporto Internacional de Guarulhos para Viena, na<br />

Áustria, seria necessário um desvio de apenas cinco graus para nos<br />

levar a Budapeste, na Hungria. Uma pequena alteração e o resultado<br />

final pode ser totalmente diferente. É assim com quase tudo na vida,<br />

basta trocar o açúcar do bolo por sal e o resultado será bem diferente<br />

do esperado.<br />

50


Milagres Inegáveis<br />

Pois bem, existem três pequenos equívocos muito comuns no meio religioso<br />

quando o assunto é milagre. Esses erros têm levado muitas pessoas à<br />

decepção com Deus e ao enfraquecimento de sua fé. São eles:<br />

1. Quando duas ou mais pessoas entregam qualquer doença completamente<br />

nas mãos divinas, Deus sempre tirará a enfermidade.<br />

2. A maior barreira para a cura física é a falta de fé.<br />

3. Se a salvação é para todos, a cura também é para todos.<br />

De fato, Deus é capaz de realizar qualquer milagre, para qualquer pessoa,<br />

independentemente do tempo, lugar ou das circunstâncias. Mesmo<br />

assim, nunca podemos nos esquecer do princípio fundamental para a<br />

ocorrência dos milagres. Todo milagre é uma prerrogativa divina. É Deus<br />

quem opera a cura, e não o ser humano. Portanto, ninguém pode determinar<br />

algo quando o assunto é milagre. Na verdade, Deus concede o milagre<br />

para quem Ele desejar, se Ele assim decidir e do jeito que Ele decidir.<br />

Nosso papel é pedir e aguardar a resposta do Senhor.<br />

Certamente você já viu ou soube que Deus concedeu milagres para alguns<br />

e para outros não. Essa questão incomoda a maioria de nós. Por que Deus<br />

cura milagrosamente uma criança com câncer e outra não? Por que crianças<br />

nascem perfeitas, um legítimo milagre presenciado todos os dias, e<br />

outras não? Por que, depois de um carro destruído, o motorista morre e o<br />

passageiro tem apenas leves escoriações?<br />

Muitas conjecturas são feitas por familiares desconsolados, mas a verdade<br />

é que estamos diante de um mistério. De fato, Deus é soberano e nem<br />

todas as coisas Ele revela a Seus filhos. “As coisas encobertas pertencem<br />

ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos<br />

filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”<br />

(Deuteronômio 29:29). Assim, nosso papel é confiar no caráter de Deus e<br />

em Suas decisões, crendo que Ele sempre fez, faz e fará o que é melhor em<br />

cada caso.<br />

Não é possível consolar uma mãe que perde o filho para o tráfico de drogas,<br />

ou confortar um pai que perde o filho em um acidente de trânsito, dizendo<br />

apenas para confiar na decisão de Deus. Apesar disso, precisamos permitir<br />

que a esperança seja maior do que a dor. Quando nada faz sentido, precisamos<br />

confiar que Deus está no controle de todas as coisas e de toda a nossa<br />

vida. Confiar em Deus, mesmo quando não entendemos o que está acontecendo<br />

ao redor, é evidência de maturidade espiritual e de uma fé estável.<br />

51


ESPERANÇA VIVA<br />

Quando eu fui pastor em Campo Grande, MS, recebi um telefonema<br />

para ir com urgência ao CTI de um hospital perto de casa. Um rapaz de<br />

uns 23 anos havia caído de um cavalo, e este caiu por cima dele. O jovem<br />

estava tendo crises convulsivas a todo instante, e isso dificultava os procedimentos<br />

para salvá-lo. Fui o mais rápido que pude e encontrei duas<br />

moças desesperadas do lado de fora do CTI; eram as duas irmãs do rapaz.<br />

Elas me explicaram o ocorrido e imploraram que eu “determinasse” que<br />

as convulsões parassem. Elas diziam confiar em mim porque uma amiga<br />

era membro da igreja que eu pastoreava e sempre falava muito bem de<br />

meu ministério. Elas realmente acreditavam que eu tivesse uma senha vip<br />

diante de Deus, uma espécie de atalho espiritual e que seria ouvido com<br />

mais rapidez e de forma positiva pelo Deus dos céus. Tentei explicar de<br />

forma apropriada que nosso papel era orar; e que Deus, se assim o quisesse,<br />

realizaria o milagre naquele caso. Elas não aceitaram minha explicação<br />

e disseram que eu não tinha fé suficiente para mover a mão de Deus.<br />

Uma delas me explicou que precisava de alguém com fé e consagração<br />

para resolver o problema do irmão. Apesar da situação constrangedora,<br />

pedi permissão para entrar no CTI e orar por aquele rapaz. Elas consentiram<br />

e, graças à bondade de Deus, o rapaz parou de ter as convulsões.<br />

Poucos dias depois, ele voltou para casa sem sequelas, e tudo ficou bem.<br />

Mesmo assim, eu pergunto: E se Deus não houvesse curado aquele<br />

jovem? Deus continuaria sendo bom? Continuaria sendo o Deus dos milagres?<br />

O fato de Deus responder positivamente àquela oração fez de mim<br />

um profeta ou algo parecido? Se o rapaz não tivesse sido curado, isso significaria<br />

que não tenho fé?<br />

Precisamos entender e aceitar a soberania de Deus em relação à nossa<br />

vida e a de todas as pessoas. Deus está acima de tudo e de todos e sabe<br />

como deve proceder em cada caso. A Bíblia diz que:<br />

1. Deus é antes de todas as coisas (Colossenses 1:17).<br />

2. Deus criou todas as coisas (Colossenses 1:16).<br />

3. Deus sustenta todas as coisas (Hebreus 1:3).<br />

4. Deus sabe todas as coisas (Isaías 46:10).<br />

5. Deus pode todas as coisas (Mateus 19:26).<br />

Assim, precisamos entender que Deus está sempre um passo à frente<br />

de nossa vida e de nossos problemas. Antes de necessitarmos de qualquer<br />

coisa, Deus já sabe disso. Antes de clamarmos, Ele já está presente. É isso<br />

52


Milagres Inegáveis<br />

que a Bíblia declara: “Antes que clamem, Eu responderei; estando eles<br />

ainda falando, Eu os ouvirei” (Isaías 65:24).<br />

Quando esteve na Terra, Jesus fez muitos milagres, muitos mesmo,<br />

levando todas as coisas com as quais teve contato ao seu curso natural.<br />

É importante perceber isso: quando realizava um milagre, Jesus colocava<br />

as coisas em seu curso apropriado. Uma pessoa que não enxerga está em<br />

um curso não natural; o mesmo ocorre com quem não anda ou está doente.<br />

Quando realizava um milagre, Jesus colocava tudo na normalidade outra<br />

vez. João transmitiu uma ideia do poderoso ministério de Jesus e de Seus<br />

feitos quando escreveu: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus<br />

fez. Se todas elas fossem relatadas uma a uma, creio eu que nem no<br />

mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos” (João 21:25).<br />

Todos ficamos maravilhados quando ouvimos histórias de milagres.<br />

Tanto as histórias do passado como as do presente nos impressionam porque<br />

somos limitados e carentes do poder de Deus. Um cego de nascença<br />

passar a enxergar é algo extraordinário. Um paralítico que volta a andar desperta<br />

admiração. Uma criança encontrada viva dentro de um saco de lixo<br />

boiando em uma lagoa emociona uma nação inteira. Fico me perguntado: De<br />

que vale um cego passar a enxergar se perder a vida eterna? De que adianta<br />

alguém andar se perder a oportunidade de viver para sempre? Um bebê<br />

recém-nascido resgatado dentro de um saco de lixo é um milagre; mas, e se<br />

ele perder a eternidade?<br />

Os milagres são importantes e, em algum momento da vida, podemos precisar<br />

de um. No entanto, eles não podem representar tudo. Por uma simples<br />

razão: esta vida não é tudo. Temos esperança de que haverá um tempo melhor<br />

no futuro. A Palavra de Deus garante a eternidade a quem recebe Jesus como<br />

seu salvador. Também temos a garantia de que Jesus venceu a morte. “O último<br />

inimigo a ser destruído é a morte. [...] Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde<br />

está, ó morte, o teu aguilhão?” (1 Coríntios 15:26, 55). Por isso, a vida presente<br />

não é tudo o que temos. Jesus promete vida eterna, e cremos nisso. Assim, se<br />

você não recebe o milagre que tanto pede e pelo qual tanto espera, confie em<br />

Deus e tenha a certeza de que Ele garante o maior dos milagres: a vida eterna.<br />

Embora a vida eterna seja o maior de todos os milagres, ainda estamos<br />

neste mundo; e, muitas vezes, nossas possibilidades e habilidades<br />

são insuficientes para desatar os nós da vida. Nessas horas, precisamos<br />

recorrer ao Deus que pode todas as coisas e que não tem nenhum tipo<br />

de limitação. Quando exercemos fé e confiamos no poder divino, Deus<br />

tem a oportunidade de demonstrar quem de fato Ele é. Jesus afirmou isso<br />

53


ESPERANÇA VIVA<br />

quando disse: “Isto é impossível para os homens, mas para Deus tudo é<br />

possível” (Mateus 19:26).<br />

Podemos afirmar que nossas impossibilidades e limitações são condições<br />

para Deus realizar os milagres. O sentimento de dependência é o primeiro<br />

passo da fé e da confiança em Deus. Os milagres são reais, são testemunhados<br />

por crentes e descrentes em todos os tempos, inclusive em nossos dias.<br />

Além disso, a Bíblia é reconhecida como o livro dos milagres, tendo aproximadamente<br />

200 relatos sobre milagres ocorridos de Gênesis ao Apocalipse.<br />

Sem dúvida, os mais significativos são: a criação do mundo e a encarnação de<br />

Jesus. Entretanto, todos os relatos bíblicos de milagres são verdadeiros e fiéis.<br />

Há um esquema bastante lógico, proposto por Marcos De Benedicto<br />

no livro O Fascínio dos Milagres (p. 28) para exemplificar a possibilidade<br />

de os milagres acontecerem:<br />

1. Se Deus é inteligente, existe possibilidade de Ele agir.<br />

2. Se Deus é poderoso, existe meio de Ele agir.<br />

3. Se Deus é amor, existe probabilidade de Ele agir.<br />

4. Deus é 1, 2, 3. Logo, a ação/intervenção divina é possível, factível<br />

e até provável.<br />

Assim, é evidente que milagres não somente são possíveis, mas prováveis<br />

e reais. Eles estão ocorrendo o tempo todo bem diante dos nossos olhos.<br />

Tenho certeza de que Deus já lhe concedeu alguns ao longo de sua vida.<br />

Infelizmente, temos incertezas quanto a esse assunto, porque hoje não conseguimos<br />

mais detectar se os milagres são verdadeiros ou se fazem parte<br />

de uma peça ensaiada. Não conseguimos discernir entre o verdadeiro e o<br />

simplesmente teatralizado.<br />

A todo instante, vemos na televisão ou ouvimos pelo rádio testemunhos<br />

de pessoas com problemas de saúde, que não tinham mais esperança e<br />

que agora estão saudáveis e felizes, graças à oração em determinado culto.<br />

Muitos creem nisso e correm a essas reuniões; enquanto outros saem delas<br />

por acreditar que tudo aquilo é apenas simulação. Como devemos proceder?<br />

Sabemos que milagres são bíblicos, possíveis, prováveis e reais. No entanto,<br />

como ter certeza de que aquilo que ouvimos é realmente obra de Deus?<br />

O próprio Jesus adverte a respeito de falsos milagres e falsos mestres<br />

(Mateus 7:22, 23).<br />

Assim, quanto à origem das curas hoje promovidas por meio do rádio<br />

e da televisão, precisamos estar atentos às evidências e clamar a Deus<br />

54


Milagres Inegáveis<br />

por orientação. Afinal, ninguém quer ser enganado. Veja algumas possibilidades<br />

quanto aos milagres atuais:<br />

1. Pessoas podem ser selecionadas: Nem todos entram na fila para ser<br />

curados diante das câmeras. Várias técnicas são usadas para selecionar<br />

os candidatos.<br />

2. Muitas curas não são documentadas ou são teatralizadas.<br />

3. Libertação espontânea de doenças: A cura espontânea de doenças,<br />

mesmo graves, não é uma raridade médica. Inexplicáveis sim;<br />

porém, elas ocorrem com ou sem oração e fé.<br />

4. Curados por Satanás: Nem todos são curados por Deus. Satanás<br />

também tem poder para realizar milagres (ver Apocalipse 13:14;<br />

Mateus 24:23, 24).<br />

5. Curas ocorrem, a despeito de quem ora. Alguns suplicantes honestos<br />

e fiéis podem ser curados por Deus. Podem ocorrer autênticas<br />

ações de Deus na vida de Seus filhos.<br />

6. Pode haver uma cura real, um verdadeiro milagre.<br />

Como não podemos determinar a origem dos diferentes milagres, devemos<br />

recorrer a Jesus e a Suas orientações. Em Mateus 7:15 e 16 (ARC), lemos:<br />

“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós disfarçados em<br />

ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis.”<br />

Jesus adverte a respeito de falsos mestres que, aparentando piedade, na<br />

verdade, não são enviados por Deus. Sua orientação requer que observemos<br />

atentamente: quais são os frutos da vida desses mestres? Qual é o resultado<br />

de seu trabalho? Jesus não fez bem para alguns e mal para outros. Qualquer<br />

mestre que pregue o cristianismo deve proceder a exemplo de Cristo.<br />

Você deseja ver o fruto do Espírito Santo na vida de uma pessoa? Então<br />

observe seu caráter. Veja o resultado ético e moral da presença e da atuação do<br />

Espírito Santo. “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,<br />

bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5:22, 23).<br />

Isso realmente faz sentido porque até mesmo Satanás pode realizar milagres<br />

e prodígios (Apocalipse 16:14). No entanto, somente alguém verdadeiramente<br />

convertido pode apresentar o fruto do Espírito. Observe as pessoas<br />

que falam de Deus e usam a Bíblia e compare seu perfil com Gálatas 5:22 e<br />

23. Veja se passam no teste recomendado por Jesus.<br />

Outro ponto importante é que Jesus já havia advertido acerca de pessoas<br />

que realizariam sinais e prodígios em nome dEle, mas que não teriam ligação<br />

55


ESPERANÇA VIVA<br />

com Ele: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-Me: Senhor, Senhor! Porventura,<br />

não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos<br />

demônios, e em Teu nome não fizemos muito milagres? Então, lhes direi<br />

explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a<br />

iniquidade” (Mateus 7:22, 23).<br />

Essa declaração de Jesus é impressionante. Ele afirma que muitas pessoas,<br />

por ocasião de Sua volta, vão declarar que profetizaram, operaram milagres e<br />

expulsaram demônios em nome de Jesus. O Senhor, porém, não os reconhecerá.<br />

“Nunca vos conheci”, afirmará Cristo. Ou seja, Jesus adverte sobre a<br />

exploração da fé por parte de pessoas fazendo promessas vazias e exibindo<br />

milagres teatralizados. Por isso, não devemos nos impressionar com milagres<br />

e curas. O que conta é o caráter transformado, com o fruto do Espírito.<br />

Talvez alguém esteja em um caminho florido, colorido e feliz. Talvez<br />

esteja certo de que encontrou a igreja de Jesus, pois só vê poder e milagres<br />

ali. Cuidado! É nosso dever investigar, mediante a Bíblia, se as coisas que<br />

vemos de fato são obras de Deus. O Deus dos milagres também é o Deus da<br />

verdade e quer que confiemos nEle. Não precisamos de mediadores humanos<br />

para alcançar o favor divino, nosso único intercessor é Jesus Cristo e Ele nos<br />

guiará a toda a verdade. Ele nos dá a vitória sobre a mentira com aparência de<br />

verdade, e a esperança viva inundará nosso coração!<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Quem é o único e verdadeiro pastor? (João 10:11).<br />

2. O que faz o falso pastor? (João 10:13).<br />

3. Como podemos diferenciar o bom pastor do falso? (Malaquias 2:7).<br />

4. Jesus Cristo realizava milagres? (Mateus 4:23).<br />

5. Satanás também pode realizar milagres? (Apocalipse 16:14).<br />

6. Falsos mestres podem operar milagres? (Mateus 7:22, 23).<br />

7. Como saber se um mestre religioso é verdadeiramente convertido?<br />

(Mateus 7:20).<br />

8. Quais as características de uma pessoa cheia do Espírito Santo?<br />

(Gálatas 5:22, 23).<br />

9. Devemos crer que toda obra sobrenatural vem de Deus? (1 João 4:1).<br />

10. Que planos Deus tem para cada um de Seus filhos? (Jeremias 29:11).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

56


8<br />

O Fim do Medo<br />

“Deus deve ser um sádico cósmico, esperando Seus filhos morrerem<br />

para lançá-los no inferno e serem torturados para todo o sempre. No dilúvio,<br />

Ele nos tirou o fôlego, agora voltará para nos escalpelar com fogo e enxofre.”<br />

Estas palavras foram escritas por um universitário agnóstico em uma<br />

de minhas redes sociais. Elas se juntavam a outras tantas, argumentando<br />

que Deus não existe e que, se existisse, Ele seria um inimigo. No mesmo<br />

contexto, me mandaram uma charge em que Jesus batia à porta do coração<br />

de alguém:<br />

Jesus: Toc, toc!<br />

Pessoa: Quem é?<br />

Jesus: Jesus Cristo.<br />

Pessoa: O que você quer?<br />

Jesus: Entrar.<br />

Pessoa: Para que entrar?<br />

Jesus: Para salvar você!<br />

Pessoa: Salvar de quê?<br />

Jesus: Salvar do que vou fazer com você, se não abrir essa porta!<br />

É evidente que muitas pessoas negam a Deus ou O rejeitam porque<br />

não O conhecem de verdade. Deus não é o que muitos pensam. Não é um<br />

Deus temperamental que exige nossa adoração e deseja que Seus caprichos<br />

sejam atendidos. Ele também não é um sequestrador com uma arma<br />

na mão dizendo: “Obedeça-Me ou Eu mato você!”<br />

A Bíblia declara o contrário de tudo isso; ela diz que “Deus é amor”<br />

(1 João 4:8). Aliás, a única religião que define seu Deus em uma única<br />

palavra é o cristianismo: Deus é amor! Note, Ele não contém amor, Ele não<br />

é apenas o doador do amor, mas Ele é amor. Isso nos ajuda a compreender<br />

o caráter de Deus. O Deus bíblico não tenta e não pode ser tentado<br />

(Tiago 1:13). Em Deus não há variação de humor, muito menos podemos<br />

57


ESPERANÇA VIVA<br />

diagnosticá-Lo com bipolaridade, pois Ele não muda (Malaquias 3:6). Ele<br />

é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8).<br />

Por isso é tão importante conhecer a Deus por meio de Sua revelação<br />

nas Escrituras e não pela tradição ou por conceitos humanos. Se você quer<br />

conhecer a Deus, abra as Escrituras e olhe para Jesus. Ele declarou: “Quem<br />

Me vê a Mim vê o Pai” (João 14:9). Se Jesus é bondoso, se Ele se importou<br />

com os desprezados, se cuidou dos maltrapilhos, então podemos creditar as<br />

mesmas características ao Pai.<br />

Quando comecei a apresentar o programa Está Escrito, pela TV Novo<br />

Tempo, um dos primeiros sermões que fiz questão de pregar recebeu o<br />

título: “Por que o inferno é bom.” Tentei desmistificar o assunto do inferno.<br />

Infelizmente, a maioria dos cristãos acredita em um inferno dentro dos<br />

fantasiosos padrões de Dante Alighieri, onde Satanás, todo vermelho, com<br />

rabo, chifres e tridente na mão, é atormentado e atormenta todos os seres<br />

humanos que não foram salvos de seus pecados. Isso começaria imediatamente<br />

depois da morte de cada pessoa e duraria por toda a eternidade.<br />

É lamentável que milhões de pessoas acreditem nesse mito, que é uma<br />

das maiores mentiras implantadas no cristianismo. O nome disso é “teologia<br />

do medo”. As pessoas passam a obedecer a Deus pelo pavor de serem<br />

torturadas por toda a eternidade, e não por amor. Quantas pessoas já se<br />

voltaram para o ateísmo ou agnosticismo por causa desse tipo de conceito<br />

antibíblico? Quantas pessoas já negaram a fé em Deus porque acham isso<br />

injusto e inaceitável?<br />

A autora norte-americana Ellen G. White afirma no livro Testemunhos<br />

Seletos (vol. 1, p. 119, 120):<br />

Um inferno ardendo eternamente, pregado do púlpito e conservado<br />

diante do povo é uma injustiça ao benévolo caráter de Deus. Isso O<br />

apresenta como o maior tirano do universo. Esse difundido dogma tem<br />

encaminhado milhares ao universalismo, à infidelidade e ao ateísmo.<br />

A crença em um inferno eterno se torna uma fonte de medo. Entretanto,<br />

não precisamos desse tipo de medo, pois ele é infundado. O inferno<br />

eterno não passa de uma lenda. Precisamos deixar o medo do inferno para<br />

acreditar no Deus de amor. As duas coisas são incompatíveis.<br />

Imagine a situação de uma pessoa que tenha vivido em pecado durante<br />

70 ou 80 anos. Após a morte, ela seria mantida por Deus no fogo por milhões<br />

de anos sem fim. Isso não tem lógica e é uma afronta ao caráter de Deus.<br />

58


O Fim do Medo<br />

De uma coisa você pode estar certo(a): a Bíblia não ensina em nenhum<br />

momento que os maus queimarão pelos séculos dos séculos. O mito de que o<br />

ímpio viverá eternamente torturado pelo fogo tem afastado milhões de pessoas<br />

sinceras de Deus e da Bíblia. Isso deveria ser um alerta de que alguma coisa<br />

está errada. Uma doutrina que afasta as pessoas de Deus não pode estar correta.<br />

A freira Teresa D’Ávila foi canonizada como santa pelo papa João Paulo II<br />

na festa da Misericórdia do Jubileu do ano 2000. Em sua autobiografia<br />

Vida de Santa Teresa de Jesus, ela declara que, certa vez, foi conduzida por<br />

um anjo até o inferno. Segundo ela, o objetivo dessa “viagem” era motivá-la<br />

a viver de forma pura e justa. Sua descrição é assustadora:<br />

A entrada pareceu-me semelhante a uma passagem estreita muito<br />

longa, como um forno baixo, escuro e constrangido; o chão pareceume<br />

consistir em água lamacenta, muito suja e de muito mau cheiro,<br />

com muitos parasitas e vermes imundos. No fim, havia um nicho na<br />

parede ao jeito de um pequeno armário; aí achei-me metida em muito<br />

estreito lugar. Tudo isso era nada, em comparação com o que eu sentia:<br />

Isto que eu descrevo está só mal expresso.<br />

O que senti, parece-me que não posso nem começar a exprimi-lo;<br />

nem pode ser entendido. Isto não era nada, porém, em comparação<br />

com o agonizar de alma: um aperto, um afogamento, uma aflição tão<br />

agudamente sentida e com tal desesperada e afligida infelicidade que<br />

atormenta, que eu não sei como exprimir; porque parece estar-se sempre<br />

arrancando a alma que se rasga em pedaços.”<br />

O fato é que não sei como dar uma descrição suficientemente poderosa<br />

daquele fogo interior e daquela gravíssima desesperação sobre tão<br />

dolorosos tormentos e dores.<br />

Só de ler dá arrepio na coluna e frio na barriga! Já imaginou o que seria<br />

sofrer eternamente sem nenhuma esperança de cessar a dor? Um lugar<br />

onde você nunca mais encontraria uma pequena porção de felicidade?<br />

Que espécie de Deus seria esse se permitisse o sofrimento eterno?<br />

Por mais piedosa que tenha sido essa freira carmelita, do século 16,<br />

de uma coisa podemos saber: ela pode ter visitado qualquer outro lugar,<br />

menos o inferno, porque ele não existe. Deus nunca motivaria ninguém a<br />

ser bom usando o medo de torturas eternas.<br />

Precisamos saber o que as Escrituras Sagradas dizem acerca do assunto.<br />

Ao ler o que Deus afirma, percebemos que a questão é bem mais simples<br />

59


ESPERANÇA VIVA<br />

e lógica do que muitos pensam. Em qualquer tema, a postura correta é<br />

fundamentar nossas crenças no princípio da tota e sola Scriptura. Ou seja,<br />

toda a Bíblia e somente a Bíblia.<br />

Existem duas palavras na Bíblia que são traduzidas por “inferno” na língua<br />

portuguesa. A primeira é she’ol, uma palavra hebraica cujo significado<br />

é “sepultura”, “lugar de descanso” ou “lugar de silêncio”.<br />

A segunda palavra é grega e corresponde ao she’ol do hebraico; trata-se<br />

de hades, que também significa “sepultura”.<br />

Isso significa que todas as vezes que você ler a palavra “inferno” na<br />

Bíblia pode traduzi-la e compreendê-la como “sepultura”. Quando a pessoa<br />

morre permanece dormindo inconscientemente no cemitério onde foi<br />

enterrada. Ela não está no Céu, nem no inferno e muito menos no purgatório.<br />

Ela dorme. Veja o que diz a Bíblia em Eclesiastes 9:5 e 6: “Porque os<br />

vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma,<br />

nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento.<br />

Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm<br />

eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (itálico do autor).<br />

Portanto, a Palavra de Deus afirma claramente que não há consciência<br />

de nada durante o estado da morte, antes da ressurreição. Nem vida celestial<br />

nem vida infernal. Permanece apenas um estado de inconsciência, no<br />

qual todos os mortos aguardam a volta de Jesus para a ressurreição.<br />

Vamos a mais um texto: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais<br />

ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes<br />

como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu<br />

e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em Sua<br />

companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do<br />

Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo<br />

algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada<br />

a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta<br />

de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”<br />

(1 Tessalonicenses 4:13-16, itálico do autor).<br />

Não foi só o apóstolo Paulo que comparou a morte a um sono. O próprio<br />

doador da vida, Jesus Cristo, comparou a morte a um sono, quando<br />

ressuscitou Lázaro: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou despertá-lo”<br />

(João 11:11).<br />

De fato, a morte é real. Não permanecemos imortais nem para as delícias<br />

do Céu, nem para os tormentos. A vida eterna é sempre condicionada<br />

à nossa relação com a fonte da vida que é Deus. Sem Deus, morremos.<br />

60


O Fim do Medo<br />

Então a pergunta é: De onde vem tão grande confusão? Por que a maioria<br />

dos cristãos ainda crê em um inferno eterno? Essa ideia foi aceita pelos<br />

cristãos desde a Idade Média e os levou a interpretar três textos bíblicos<br />

de forma equivocada. São eles:<br />

“Então, o Rei dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartaivos<br />

de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus<br />

anjos” (Mateus 25:41).<br />

“E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna”<br />

(Mateus 25:46).<br />

“E, se a tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta<br />

na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível”<br />

(Marcos 9:43).<br />

Na má interpretação desses textos reside praticamente toda a teologia<br />

do medo que denigre o caráter de Deus. Para entendê-los, precisamos responder<br />

a algumas perguntas. O fogo e o castigo eterno se referem à duração<br />

do fogo ou de suas consequências? Esse fogo que “nunca se apaga”<br />

significa que queimará por toda a eternidade? Ele já existia antes da vida<br />

na Terra, uma vez que foi preparado para o diabo e seus anjos?<br />

Para responder, devemos considerar outro texto bíblico:<br />

“Como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendose<br />

entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são<br />

postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas 7).<br />

Observe que, embora o texto fale de um “fogo eterno”, Sodoma e<br />

Gomorra não estão queimando até hoje. Logo, a questão não é a duração<br />

do fogo, mas a duração de suas consequências. Estas, sim, são eternas, ou<br />

seja, a morte eterna. O fogo é literal: arde, queima e consome, mas não é<br />

de duração eterna, e sim de resultados eternos. Só Deus tem vida eterna,<br />

e só os salvos vão herdá-la por causa de sua união com Cristo.<br />

Se o pecador ficasse queimando em sofrimento, como conciliar com a<br />

afirmação bíblica de que a dor será erradicada da Terra? Veja a declaração<br />

de Apocalipse 21:4: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já<br />

não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque a primeiras<br />

coisas passaram.”<br />

São muitos os textos que afirmam a destruição final dos ímpios e<br />

que descartam a ideia de sofrimento e castigo eternos: os ímpios perecerão<br />

(Salmo 37:20); serão destruídos (Salmo 145:20); morrerão consumidos<br />

(Salmo 21:9); serão eliminados (Provérbios 2:22) e morrerão<br />

(Apocalipse 20:9, 14).<br />

61


ESPERANÇA VIVA<br />

Jesus deixa claro que voltará à Terra para dar a recompensa a cada pessoa:<br />

vida eterna ou morte eterna (Apocalipse 22:20). Em outras palavras,<br />

o castigo é real e infelizmente nem todos se salvarão. Isso será muito triste<br />

para Deus, que não tem prazer na morte do ímpio (2 Pedro 3:9), mas cada<br />

um colherá o que decidiu plantar (Gálatas 6:7).<br />

Por isso, a ideia de que Deus tem um lugar em que as pessoas queimarão<br />

eternamente não é bíblica e termina por deturpar a imagem e o caráter<br />

de Deus. Se esse lugar existisse, o mal nunca teria fim.<br />

Diante disso, não é de admirar a quantidade crescente de ateus e agnósticos.<br />

Se o inferno e o castigo eterno fossem um ensinamento bíblico, qualquer<br />

um teria dificuldades para crer em Deus; e, mais ainda, para amá-Lo.<br />

Infelizmente, a ideia medieval do inferno ainda predomina para muitos<br />

cristãos, mas não precisa fazer parte de seu conjunto de crenças. Deus não<br />

é sádico nem carrega ódio ou mágoa contra Seus filhos. É verdade que<br />

Deus exerceu juízo contra o mal por meio do dilúvio e aniquilou aquela<br />

geração. É verdade também que Ele destruirá pecado e pecadores com<br />

fogo real e literal. Entretanto, cada um vai pagar segundo suas escolhas e<br />

suas obras. Os princípios da isonomia e da proporcionalidade serão, como<br />

sempre, respeitados pelo Criador, na execução do juízo final. Deus destruirá<br />

aqueles que exercem sua liberdade para matar, roubar e destruir.<br />

Ainda assim, mesmo exercendo Sua soberania e justiça, vemos que isso<br />

será muito difícil para Deus. A Bíblia chama a destruição dos ímpios de<br />

“o estranho ato” de Deus (Isaías 28:21, ARC).<br />

Quando Deus mandar descer fogo para consumir Satanás e seus<br />

súditos, imagino que o Senhor derramará lágrimas. Para cada pessoa que<br />

morre eternamente há uma lágrima na face de Deus. Depois que o último<br />

pecador morrer, depois que a Terra estiver totalmente purificada, então<br />

Deus enxugará de nossos olhos toda lágrima. A maldade nunca mais se<br />

levantará sobre a terra e, enfim, veremos a vitória plena da esperança!<br />

Assim como a vitória veio pela morte de Cristo, mais uma vez na morte,<br />

então, de bilhões de pessoas, ocorrerá a consumação dessa vitória.<br />

Portanto, descarte de sua vida toda ideia que retrate mal o caráter de<br />

Deus. Abrace a verdade das Escrituras. Nossa esperança reside em um<br />

Deus de amor, que não muda e que sempre deseja o nosso melhor. Tudo<br />

o que Deus puder fazer para salvar você e sua família Ele o fará. Você é<br />

filho(a) de Deus e nada pode mudar isso.<br />

Veja Deus na pessoa do amorável Jesus, que veio para salvar e buscar o<br />

perdido. Deus ama você de tal maneira que entregou Seu único Filho para<br />

62


O Fim do Medo<br />

que você tenha esperança viva de dias melhores e viva sem medo. Tenha<br />

unicamente a Palavra de Deus como fundamento de suas crenças, e você<br />

verá a vitória da esperança sobre a mentira e o medo!<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. O que Jesus disse a respeito de Si mesmo? (João 11:25, 26).<br />

2. Que promessa Jesus faz a todos? (Apocalipse 22:4).<br />

3. O ser humano é uma alma ou possui uma alma? (Ezequiel 18:4;<br />

Gênesis 2:7).<br />

4. Há esperança de vida eterna para o ser humano? (1 Tessalonicenses<br />

4:13-18).<br />

5. Os ímpios perecerão ou sofrerão para sempre? (Salmo 37:20).<br />

6. Deus entregou Seu Filho para nos salvar da morte eterna e não do<br />

sofrimento eterno (João 3:16).<br />

7. O fogo eterno se refere à duração do fogo ou de suas consequências?<br />

(Judas 7).<br />

8. Quem é o único imortal em todo o universo? (1 Timóteo 6:14, 16).<br />

9. Como é o estado do ser humano na morte? (Eclesiastes 9:5, 6).<br />

10. Para onde vamos depois da morte? (Eclesiastes 9:10).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

63


9<br />

O Escudo do Altíssimo<br />

Em abril de 2014, fiz minha primeira viagem à África, especificamente a<br />

Angola. Conheci um país lindo, rico e em processo de reconstrução, pois eles<br />

passaram 27 anos em guerra civil, até que, em 2002, a paz foi restabelecida.<br />

Viajei durante 30 dias por suas estradas e anunciei as verdades bíblicas<br />

em suas cidades. Acompanhado pelo quarteto Arautos do Rei, preguei em<br />

igrejas, ginásios e estádios. Todos os dias, milhares de pessoas chegavam<br />

de diferentes regiões para ouvir os hinos de louvor e a proclamação bíblica.<br />

Antes, eu não conhecia muito da história desse povo hospitaleiro nem<br />

de suas necessidades espirituais. No entanto, ao longo de dias de convivência<br />

com os angolanos, entendi perfeitamente que algo ainda precisa<br />

ser superado ali. Muitos ainda têm raízes no animismo, conjunto de crenças<br />

que admite práticas como o vodu, ocultismo e paganismo.<br />

Apesar de Angola oferecer liberdade religiosa, milhares de feiticeiros<br />

estão encarcerados, considerados culpados de todo tipo de maldades,<br />

inclusive de assassinatos. Percebi que pessoas já convertidas ao cristianismo<br />

ainda convivem com o medo dos bruxos e de seus “poderes sobrenaturais”.<br />

De modo geral, há muito misticismo. Sendo assim, não pensei<br />

duas vezes, comecei a apresentar o que a Bíblia fala a respeito do ocultismo<br />

em suas mais diferentes formas de manifestação.<br />

Quando cheguei à simpática cidade de Lubango, onde ficaríamos<br />

alguns dias, soube que aquela cidade era a mais influenciada pela feitiçaria<br />

em toda a Angola. Orei bastante a Deus e, em um ginásio para 5 mil<br />

pessoas, fiz um apelo para que as pessoas ali presentes se convertessem ao<br />

Senhor Jesus e abandonassem a prática da feitiçaria.<br />

Pedi que todos os cristãos presentes tivessem a coragem de jogar fora<br />

seus amuletos. Emocionei-me porque centenas de pessoas foram à frente<br />

escolhendo Jesus como seu único protetor, mesmo lutando contra seus<br />

temores mais profundos.<br />

Na manhã seguinte ao sermão, percebi que algumas pessoas me olhavam<br />

de um jeito diferente. Perguntavam-me o tempo todo se eu tinha<br />

64


O Escudo do Altíssimo<br />

dormido bem. Como a pergunta era recorrente, mais do que o normal,<br />

aproximei-me de uma senhora simpática e perguntei por que as pessoas<br />

estavam tão preocupadas acerca da minha noite de sono. Então ela<br />

falou: “Pastor, estão todos preocupados<br />

com o senhor. Ninguém pode falar o que<br />

o senhor falou ontem à noite sem despertar<br />

a ira das trevas. Os espíritos deixaram o<br />

senhor dormir?”<br />

Eu acalmei minha nova amiga, agradeci<br />

a preocupação, mas lhe disse: “Dormi como<br />

um passarinho!” Ela não entendeu a expressão,<br />

então lhe disse que dormi muito bem!<br />

A Bíblia afirma: “Em paz me deito e logo<br />

pego no sono, porque, Senhor, só Tu me<br />

fazes repousar seguro” (Salmo 4:8).<br />

A verdade é uma só: quando estamos<br />

com Jesus Cristo, não precisamos temer<br />

nada nem ninguém. Nem mesmo todas as<br />

forças das trevas juntas podem encostar em<br />

um único fio de nossos cabelos, pois está<br />

escrito: “Nenhum mal te sucederá, praga alguma chegará à tua tenda.<br />

Porque aos Seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem<br />

em todos os teus caminhos” (Salmo 91:10, 11). Os fiéis de Deus estão<br />

protegidos sob o escudo do Altíssimo.<br />

No entanto, ninguém precisa atravessar o Atlântico para perceber a<br />

atração e o poder do ocultismo e da feitiçaria na vida das pessoas. Basta<br />

olhar para as prateleiras do entretenimento. As armadilhas do ocultismo<br />

estão em toda a parte: nos filmes, televisão, internet, livros, games, músicas,<br />

tratamentos alternativos e, mesmo, em igrejas.<br />

Essas armadilhas tentam nos atrair por meio da curiosidade, do anseio<br />

por felicidade, da busca pelo poder e da descoberta do mistério. Há certo<br />

deslumbramento naquilo que é misterioso; o que é oculto fascina a maioria<br />

das pessoas. A feitiçaria e suas seduções estão maquiadas com a roupagem<br />

do bem. Sua aparência tenebrosa é escondida pelos milhões de<br />

dólares da máquina hollywoodiana de maquiar as trevas com a luz.<br />

Por definição, ocultismo significa conhecimento oculto. A palavra<br />

vem do latim occultus: “clandestino, escondido, secreto”. Esconder o mal,<br />

misturá-lo com o bem e maquiar o diabo – eis as estratégias empregadas<br />

65<br />

A feitiçaria e<br />

suas seduções<br />

estão maquiadas<br />

com a roupagem<br />

do bem. Sua<br />

aparência<br />

tenebrosa é<br />

escondida<br />

pelos milhões<br />

de dólares<br />

da máquina<br />

hollywoodiana de<br />

maquiar as trevas<br />

com a luz.


ESPERANÇA VIVA<br />

para levar as pessoas a abraçar o mal sem perceber o que estão fazendo,<br />

como se estivessem se divertindo.<br />

Tudo à nossa volta deve ser avaliado à luz do conflito entre o bem e o<br />

mal. A Bíblia atesta a realidade da guerra travada entre Deus e o diabo, na<br />

qual estamos envolvidos diretamente. “Houve peleja no Céu. Miguel e os<br />

Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus<br />

anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no Céu o lugar deles.<br />

E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e<br />

Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra, e, com<br />

ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:7-9).<br />

Hoje, o campo de batalha é a mente; somos disputados em cada aspecto<br />

de nossos pensamentos, palavras e ações. Neste exato momento, eu e você<br />

estamos envolvidos nessa guerra. É a luta entre o certo e o errado, entre<br />

o bem e o mal, entre nossa vontade humana egoísta e a perfeita vontade<br />

de Deus. Sendo assim, é importante perceber que, para nos influenciar,<br />

Deus usa como armas o amor e a verdade, enquanto Satanás usa a<br />

mentira e o engano.<br />

Em cada situação, o inimigo muda suas estratégias. Os rituais de magia<br />

não atraem mais as multidões na América do Sul onde, em sua maioria,<br />

as pessoas são cristãs e muitos são secularizados. Por isso, o diabo tem<br />

outras estratégias.<br />

Todos sabem que o hábito da leitura não é forte entre os adolescentes<br />

sul-americanos. Não é estranho um juvenil ou adolescente devorar um<br />

livro de mais de 500 páginas? E ler toda a série? Fico alarmado ao ver professores<br />

defendendo a literatura do ocultismo. Se fazem isso, estão incentivando<br />

meninos e meninas a colocar a mente sob a influência das trevas,<br />

pois o diabo está disfarçado nessas histórias. Harry Potter com seus sete<br />

volumes e oito filmes seduziu uma geração que lotava livrarias e salas<br />

de cinema no dia do lançamento. Quando essa geração cresceu, uma<br />

nova série foi apresentada a ela: Crepúsculo, na qual um lobisomem e um<br />

vampiro lutam pela atenção e o amor de uma menina. Todo o enredo é<br />

envolvente, e os atores são modelos em termos de beleza e interpretação.<br />

Assim, o inimigo de Deus tem buscado preparar uma geração para aceitar<br />

todo tipo de satanismo subliminar. O convívio com magia, feitiçaria e<br />

versões perversas do sobrenatural submete as pessoas ao contato direto<br />

com o agente do mal.<br />

Devemos analisar criticamente nosso envolvimento com esse tipo de<br />

entretenimento. Se Deus tem um plano para redimir e restaurar sua vida,<br />

66


O Escudo do Altíssimo<br />

será que Satanás também não tem uma estratégia para perverter você? Será<br />

que não há uma intencionalidade por trás do entretenimento que seduz<br />

nossa geração? De fato, nosso lar precisa ser blindado contra toda e qualquer<br />

influência do mal. Qualquer tipo de feitiçaria, bruxaria, encantamento,<br />

duendes e unicórnios, inclusive aqueles que assumem uma aparência do<br />

bem, devem ser expulsos do nosso lar.<br />

Satanás pretende alcançar a mente das crianças para depois pervertêlas.<br />

Cabe a nós agir para proteger as pessoas que amamos. Os filmes com<br />

temática ocultista, entre outras igualmente nocivas, parecem ser um entretenimento<br />

inocente e até saudável para uma tarde de domingo em família.<br />

Entretanto, somente a eternidade poderá mostrar os danos causados à<br />

mente e às emoções dos telespectadores.<br />

Quando o assunto é proteger nossa casa, colocamos muros, grades,<br />

alarmes monitorados, cerca elétrica e trancas. Contudo, o maior perigo é<br />

levado para dentro de casa por nós mesmos. Mais do que nunca, pais e<br />

mães interessados no futuro de seus filhos devem fazer uma limpeza espiritual<br />

no lar. Em alguns casos, é necessário passar um “pente fino” em cada<br />

cômodo da casa com a seguinte questão em mente: Existe alguma coisa<br />

aqui que represente o agente do mal ou que desagrade a Deus? Depois de<br />

recolher tudo, deveríamos inutilizar essas coisas e lançá-las fora.<br />

Veja o que a Bíblia afirma a respeito de feitiçaria: “Não se achará entre<br />

ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador,<br />

nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem<br />

necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele<br />

que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por essas abominações o<br />

Senhor, teu Deus, os lança de diante de ti” (Deuteronômio 18:11).<br />

Deus é bastante claro e contundente ao se posicionar contra tais práticas.<br />

No entanto, quando as coisas são feitas de forma sutil e sedutora,<br />

muitas vezes, as pessoas não percebem a presença do mal travestido de<br />

entretenimento. Na Bíblia, não há dúvida: não existe bruxo bom, não<br />

existe feitiçaria e magia do bem. Quando o assunto é ocultismo, não existe<br />

mesa branca ou preta. Toda forma de ocultismo provém das trevas, do<br />

príncipe do mal.<br />

A atual popularidade do ocultismo e suas variantes resulta de se explorar<br />

a inclinação humana para crer em algo que traga esperança. Infelizmente,<br />

muita gente está procurando a felicidade de olhos fechados. Espíritos-guia,<br />

cristais, duendes, magias, hipnose, astrologia, quiromancia, necromancia,<br />

esoterismo, carma e outras formas de espiritualismo oferecem uma falsa<br />

67


ESPERANÇA VIVA<br />

sabedoria e um prazer traiçoeiro. As pessoas estão sendo enganadas, pensando<br />

ser beneficiadas. Quem as “beneficiaria”? O pai da mentira, que<br />

lhes promete que terão algo que elas não têm? Muitas pessoas sinceras se<br />

apegam a médiuns, paranormais, mágicos e feiticeiros.<br />

É evidente que essas armadilhas são estrategicamente desenvolvidas<br />

para desviar a atenção das pessoas do único e suficiente salvador: Jesus<br />

Cristo. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não<br />

existe outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos<br />

salvos” (Atos 4:12).<br />

Para os ocultistas, Jesus foi um vidente. Eles entendem que o Deus<br />

encarnado era apenas uma das manifestações da Divindade. Um tipo de<br />

guru, comparado a Buda ou Confúcio. Isso é negar que Jesus é Deus, que<br />

Ele é o único salvador do mundo. Buda, Confúcio, Maomé estão mortos.<br />

Jesus ressuscitou, vive eternamente, e isso faz toda a diferença. Ele declarou:<br />

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra,<br />

viverá” (João 11:25).<br />

O esforço para rebaixar Cristo ao nível de outros mestres espirituais<br />

se dá pelo fato de que onde Jesus entra não resta espaço para o ocultismo<br />

e seus derivados. Foi exatamente isso que aconteceu na terceira<br />

viagem missionária de Paulo, quando pregou na região de Éfeso. “Também<br />

muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros,<br />

os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que<br />

montavam a cinquenta mil denários. Assim, a palavra de Senhor crescia e<br />

prevalecia poderosamente” (Atos 19:19, 20).<br />

Graças a Deus, essa tem sido a experiência do povo que conheci em<br />

Angola. A cada dia, o país se torna mais cristão e vai abandonando a magia<br />

e se apegando ao escudo do Altíssimo. Os feiticeiros vão saindo de cena, e<br />

a liberdade e o amor ganham espaço.<br />

Ainda antes de terminar a estada em Angola, lembro-me de atender<br />

um casal já convertido ao cristianismo, mas ainda fragilizado pela cultura<br />

animista. Eles já estavam casados havia mais de quatro anos, mas ainda<br />

não tinha filhos. Por isso, estavam sendo pressionados a procurar uma<br />

famosa feiticeira local. Caso a esposa não consiga engravidar, começa<br />

então outra pressão para que o marido se divorcie dela e procure outra<br />

mulher que não seja “amaldiçoada” e possa lhe dar filhos. Por isso, era possível<br />

ver duas coisas nos olhos daquela mulher: medo e esperança. Graças<br />

ao cristianismo, agora ela tem uma alternativa entre a feiticeira e o divórcio.<br />

Jesus tem abençoado mulheres estéreis naquele país, como jamais se<br />

68


O Escudo do Altíssimo<br />

poderia imaginar. Assim, em inúmeros casos, a esperança tem vencido a<br />

mentira e o medo.<br />

Embora o ocultismo avance fortemente em diversas partes do mundo,<br />

isso não precisa ser realidade na minha e na sua vida. Busque ao Senhor<br />

e Ele o(a) libertará de todo poder das trevas. O mal é real e pode destruir<br />

pessoas e famílias inteiras. No entanto, se você está sob o escudo do<br />

Altíssimo, nada tem a temer. O Salvador é todo-poderoso, e, se estivermos<br />

conectados com Ele, nossa esperança sempre será viva, estaremos em<br />

segurança e nada poderá nos atingir.<br />

O que você está esperando? Faça uma limpeza espiritual em seu lar.<br />

Remova tudo que estiver ligado ao ocultismo. Use sua liberdade para se<br />

afastar de qualquer coisa que possa afastá-lo de Deus. Permaneça em<br />

Cristo, e Ele permanecerá com você.<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Contra quem é nossa luta? (Efésios 6:12).<br />

2. Os demônios podem realizar sinais e prodígios? (Apocalipse 16:14).<br />

3. Qual é a intenção de Satanás? (João 10:10).<br />

4. Como podemos nos proteger contra Satanás? (Efésios 6:11).<br />

5. Quem nos habilita a vencer? (Romanos 8:37).<br />

6. O que Deus diz sobre feitiçaria? (Deuteronômio 18:11).<br />

7. O que Ele diz a respeito de médiuns? (Levítico 20:27).<br />

8. Devemos dar ouvidos aos espíritos? (1 Timóteo 4:1).<br />

9. Precisamos estar alerta aos perigos espirituais (Apocalipse 12:12).<br />

10. Que segurança Deus nos dá? (Salmo 91:11).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

69


10<br />

Ninguém Deixado para Trás<br />

Com certeza você já deve ter ouvido o ditado popular: “A voz do povo<br />

é a voz de Deus.” Muitas vezes percebemos o clamor popular como algo<br />

positivo e benéfico. No entanto, em outras ocasiões, notamos as multidões<br />

fora de si, inclinando-se para a futilidade e o erro. Nem sempre a voz<br />

do povo é a voz de Deus. Aliás, biblicamente, o erro e, por vezes, a falta de<br />

fé são ligados à multidão ou à maioria.<br />

Um rápido exercício de memória nos leva a constatar isso. Os gentios<br />

sempre foram a maioria em relação ao povo judeu, nem por isso tinham<br />

a verdade. Foi a voz de uma multidão que condenou Cristo à morte e<br />

perdoou o marginal Barrabás. A maioria absoluta estava errada e morreu<br />

por ocasião do dilúvio. Somente Noé e sua família estavam certos e<br />

foram salvos.<br />

Por outro lado, na Bíblia, muitas vezes uma minoria mantém a verdade<br />

e a defende. Foi assim com os três hebreus diante da fornalha ardente em<br />

Babilônia. Foi assim com os discípulos, com a Reforma Protestante; e,<br />

infelizmente, é assim hoje.<br />

A verdade bíblica continua impopular, julgada pelos padrões humanos<br />

e desprezada pela maioria. Isso deve ser um aviso a todo cristão sincero<br />

que busca a vontade de Deus. É por isso que Jesus nos encaminha ao<br />

estudo da Palavra de Deus. “Examinais as Escrituras, porque julgais ter<br />

nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim” (João 5:39).<br />

Ao examinar as Escrituras, você sabe qual é uma das verdades mais<br />

afirmadas? Essa verdade sintetiza o amor de Deus e é a mais vibrante<br />

esperança. Acertou se você pensou na “volta de Jesus”! Há cerca de 2.500<br />

referências bíblicas ao tema. Deus apresenta essa promessa de forma<br />

enfática. Nada pode ser mais belo, nada pode aquecer mais o coração do<br />

que esperar Jesus voltar. Aquele que nunca quebrou uma única promessa<br />

declara que virá outra vez e nos levará de volta para casa! Ele diz: “Não se<br />

turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa<br />

de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito.<br />

70


Ninguém Deixado para Trás<br />

Pois vou preparar-vos lugar. E, quando Eu for e vos preparar lugar, voltarei<br />

e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vos<br />

também” (João 14:1-3).<br />

Essa verdade parece ser aceita por protestantes, católicos, evangélicos<br />

e pentecostais. Ao menos em um ponto todos concordam, certo?<br />

Errado. Embora todos creiam que Jesus vai voltar, há muita divergência<br />

acerca de como isso acontecerá. Embora a Bíblia seja clara e simples, o<br />

ser humano não resiste à tendência de especular e elaborar ideias nem<br />

sempre verdadeiras. Veja o que Cristo disse sobre isso: “E em vão Me adoram,<br />

ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mateus 15:9).<br />

Precisamos saber claramente o que a Bíblia ensina a respeito da volta<br />

de Jesus. Como em outros casos, também precisamos seguir o princípio<br />

da tota e sola Scriptura (toda e somente a Escritura) para fundamentar<br />

nossa crença sobre o assunto.<br />

Existem basicamente duas ideias populares a respeito da volta de Jesus.<br />

De acordo com a primeira, o retorno de Cristo ocorrerá em um único<br />

momento e será presenciado por todos os habitantes da Terra. O evento será<br />

real, literal, visível e pessoal. A segunda compreensão divide o evento em<br />

dois momentos, com um intervalo de sete anos entre eles. Sendo que, no<br />

primeiro momento, Jesus viria secretamente e resgataria sua igreja. Então,<br />

depois da grande tribulação (de sete anos), Jesus voltaria novamente de<br />

maneira gloriosa.<br />

Podemos resumir a segunda proposta da forma como segue:<br />

1. Jesus viria secretamente e arrebataria a igreja da Terra para o Céu.<br />

2. Ocorreria uma grande tribulação de sete anos para todos os que<br />

ficarem para trás.<br />

3. Surgiria o anticristo, que assumiria o governo do mundo.<br />

4. Ocorreria a batalha final (Armagedom) entre o anticristo e os judeus<br />

convertidos ao cristianismo.<br />

5. Então, seguir-se-ia a segunda vinda de Jesus com poder e glória.<br />

Resumidamente, é nisso que a maioria dos evangélicos acredita. Foi<br />

baseado nessa crença que se produziu uma série de livros de grande<br />

sucesso nos Estados Unidos, Left Behind (“Deixados para trás”), de Tim<br />

LaHaye e Jerry B. Jenkins. O sucesso da série foi tal que, pouco tempo<br />

depois, virou uma série de filmes veiculada nas salas de cinema de todo<br />

o mundo. O sucesso de Left Behind se deve a vários fatores, mas existe<br />

71


ESPERANÇA VIVA<br />

um elemento que diferencia esse fenômeno de bilheteria de outros: ele se<br />

baseia em uma crença de milhões de cristãos.<br />

Por que há tanta confusão interpretativa a respeito da volta de Jesus?<br />

Talvez porque falte o claro estudo da Palavra de Deus. Embora seja popular<br />

e tenha conquistado as multidões, a crença no chamado arrebatamento<br />

secreto está longe de ser unanimidade no cristianismo.<br />

Causa estranheza a muitas pessoas a ideia de que Jesus faria algo<br />

secreto, comportamento mais comum ao inimigo de Deus. Jesus sempre<br />

é vinculado ao conhecimento, luz, liberdade, salvação. Em nenhum<br />

momento nas Escrituras, Deus ou Jesus age de forma secreta.<br />

Veja o que o próprio Jesus diz a respeito de Sua vinda: “Porque, assim<br />

como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de<br />

ser a vinda do Filho do Homem” (Mateus 24:27). O Apocalipse também<br />

nos esclarece acerca desse evento: “Eis que vem com as nuvens, e todo<br />

olho O verá” (Apocalipse 1:7).<br />

A analogia da segunda vinda de Jesus com um relâmpago que rasga o<br />

céu de leste a oeste e a declaração de João de que Jesus vai descer com as<br />

nuvens do céu não deixam margem para se imaginar um evento secreto.<br />

De fato, a Bíblia não abre nenhum espaço para a crença de que Jesus viria<br />

de maneira escondida e muito menos em duas fases.<br />

O evento da segunda vinda tem algumas características bem definidas.<br />

O retorno de Cristo será:<br />

1. Visível (Mateus 24:27; Apocalipse 1:7).<br />

2. Audível (1 Tessalonicenses 4:16).<br />

3. Glorioso (Mateus 16:27; Apocalipse 19:11-16).<br />

4. Pessoal e literal (Atos 1:9-11).<br />

5. Súbito e inesperado (Mateus 24:38, 39).<br />

Parece que a lógica e a clareza da Palavra de Deus favorecem a<br />

crença da minoria nesse caso. Depois de tudo o que Jesus passou por<br />

amor de nós, sendo zombado, esbofeteado e crucificado, não será muito<br />

mais natural que Ele apareça de forma triunfante ao som de trombetas<br />

celestiais e diante dos olhos de todos os seres humanos? Claro que<br />

sim! Isso é muito mais natural e lógico do que uma segunda vinda de<br />

forma secreta.<br />

72


Ninguém Deixado para Trás<br />

Os cristãos apostólicos tinham uma saudação especial que eles só usavam<br />

entre si. Conforme registrado em 1 Coríntios 16:22, a palavra era<br />

“Maranata”. Esta expressão é constituída de dois termos aramaicos: Marana<br />

(nosso Senhor) e tha (vem), e significa: “Vem, nosso Senhor!” Assim, a volta<br />

de Jesus era a saudação dos primeiros cristãos. Os apóstolos saudavam uns<br />

aos outros reafirmando essa esperança o tempo todo.<br />

O Deus revelado por meio das Escrituras declara ser luz, verdade, libertação.<br />

Ele revela a Si mesmo na pessoa de Seu Filho (João 14:9). Deus não<br />

deixa segredos nem realiza ações secretas. Pelo contrário, a Bíblia diz que<br />

“certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar<br />

o Seu segredo aos Seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Toda e qualquer<br />

ideia divina e todos os planos do Altíssimo são revelados a nós, Seus servos.<br />

A Bíblia é um livro de revelação. À luz do relato das ações históricas<br />

de Deus, não há coerência em uma crença de que Deus aja secretamente.<br />

Consideremos o chamado “arrebatamento secreto”. Milhões de pessoas<br />

desaparecendo em todas as regiões da Terra instantaneamente. Haveria<br />

pavor e decepção por parte das pessoas que não fossem “abduzidas”.<br />

Depois, elas teriam sete anos de tribulação, remoendo a perda de seus<br />

queridos e recebendo as pragas finais do juízo divino. No Armagedom, a<br />

última grande batalha, os judeus seriam perseguidos mais uma vez. Há<br />

tantas lacunas e incoerências nessa crença que admira o fato de tantos<br />

cristãos a defenderem.<br />

Isso acontece porque, infelizmente, a maioria das pessoas que dizem crer<br />

na Bíblia não a investiga de fato. Por isso, essas pessoas acreditam em tudo<br />

o que se prega nos cultos como se fosse verdade pelo simples fato de ser<br />

pregado assim.<br />

Quando seguia em suas viagens missionárias, o apóstolo Paulo passou<br />

por várias cidades, dentre elas Tessalônica e Bereia. Cada povo reagiu de<br />

forma distinta aos ensinos dele. Os de Bereia, por exemplo, foram considerados<br />

mais nobres que os de Tessalônica porque, depois de ouvir Paulo<br />

falar, corriam para as Escrituras a fim de examinar se, de fato, tudo o que<br />

ele falava estava de acordo com a Palavra de Deus (Atos 17:10, 11). Antes<br />

de acreditar em qualquer doutrina ou pregação, devemos usar a Bíblia<br />

como árbitro capaz de julgar todas as coisas. Isso é essencial porque nossa<br />

salvação está em jogo.<br />

Alguns textos são usados para apoiar a crença no arrebatamento<br />

secreto. O mais comum é Mateus 24:36 a 44:<br />

73


ESPERANÇA VIVA<br />

Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos<br />

céus, nem o Filho, senão o Pai. Pois assim como nos dias de Noé, também<br />

será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias<br />

anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento,<br />

até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam,<br />

senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também<br />

a vinda do Filho do Homem. Então, dois estarão no campo, um será<br />

tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho, uma<br />

será tomada, e deixada outra. Portanto, vigiai, porque não sabeis em<br />

que dia vem o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família<br />

soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse<br />

arrombada a sua casa. Por isso, ficai também vós apercebidos; porque,<br />

à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá.<br />

Esses versículos revelam muitas coisas sobre a segunda vinda de<br />

Cristo. Não há, porém, a possibilidade de sustentar a doutrina do arrebatamento<br />

secreto com base neles por várias razões:<br />

O texto indica a surpresa das pessoas diante da volta de Jesus e também<br />

seu despreparo espiritual para o evento. Nada aqui se refere a uma<br />

ação divina secreta.<br />

O exemplo dado por Jesus de que uma pessoa será levada e outra<br />

deixada é como uma figura de linguagem. Caso contrário, se o texto<br />

for entendido de forma literal, significaria que metade das pessoas no<br />

mundo se salvaria e a outra metade não. Isso seria um fator limitador<br />

da graça de Jesus, o que é uma incoerência. Se o texto ainda for lido de<br />

forma literal, Jesus seria considerado um ladrão, uma vez que é comparado<br />

a um.<br />

Com toda certeza haverá um arrebatamento, mas nunca secreto. Isso<br />

é confirmado em 1 Coríntios 15:51 a 58 e 1 Tessalonicenses 4:13 a 18.<br />

Jesus passou um bom tempo falando aos discípulos a respeito dos sinais<br />

que antecederiam Seu retorno à Terra (Mateus 24; Marcos 13; Lucas 21).<br />

Ele recomendaria ao mundo vigiar e se preparar simplesmente para depois<br />

voltar de forma secreta, somente para alguns e não para toda a humanidade?<br />

Por acaso, quando veio a primeira vez, Jesus restringiu a graça e a<br />

salvação a uns poucos? Por que Ele faria isso em Sua segunda vinda?<br />

Na verdade, a Bíblia é muito clara quanto ao que ocorrerá nos últimos<br />

dias e como será a segunda vinda de Cristo. Vejamos de forma didática e<br />

cronológica:<br />

74


Ninguém Deixado para Trás<br />

Cristo revela os sinais que apontam para Seu breve retorno.<br />

1. Falsos cristos (Mateus 24:5).<br />

2. Guerras e rumores de guerras (Mateus 24:6).<br />

3. Fome, doenças e terremotos (Mateus 24:7).<br />

4. Falsos profetas enganando pessoas desavisadas (Mateus 24:11).<br />

5. Multiplicação do pecado e esfriamento do amor (Mateus 24:12).<br />

6. O último clamor ou o clamor da meia-noite (Mateus 24:14;<br />

Apocalipse 14:6-13).<br />

7. A grande tribulação que antecede a volta de Jesus (Mateus<br />

24:15-25; Apocalipse 12:17; Apocalipse 16).<br />

Por ocasião da volta de Jesus, haverá duas classes de pessoas vivas: os<br />

justos e os ímpios. O foco não está em movimentos religiosos. A grande<br />

questão é quem guarda os mandamentos de Deus (Apocalipse 12:17) e<br />

quem adora a besta e sua imagem (Apocalipse 14:9). O mundo estará dividido<br />

só em dois grupos: os que seguem a Bíblia e, por isso, são considerados<br />

justos (justificados pelo sacrifício de Jesus); e os que seguem os próprios<br />

pensamentos e filosofias, que são considerados injustos (não justificados,<br />

pois desprezam o sacrifício de Jesus).<br />

Quando regressar, Cristo ressuscitará os justos mortos e os levará para o<br />

Céu com os justos vivos (1 Coríntios 15:51-58; 1 Tessalonicenses 4:13-18).<br />

Os ímpios mortos permanecerão na sepultura e os ímpios vivos morrerão ante<br />

o esplendor da glória do Filho de Deus (Apocalipse 6:14-16). Os remidos<br />

reinarão com Cristo no Céu por mil anos (Apocalipse 20).<br />

Após o milênio, Jesus voltará à Terra com os remidos na nova Jerusalém.<br />

Nesse momento, diante da cidade santa, ocorrerá a segunda ressurreição<br />

(Apocalipse 20:6). Todos os ímpios vão ressuscitar, e haverá o último julgamento.<br />

Então, ocorrerá o que a Bíblia chama de “estranho ato” de Deus (Isaías<br />

28:21, ARC). Ele mandará descer fogo do céu e, semelhantemente ao que<br />

aconteceu no dilúvio, os impenitentes serão destruídos. É o fim do pecado e<br />

dos pecadores. A maldade, Satanás e seus anjos serão aniquilados para sempre.<br />

Essa decisão, por mais difícil que seja para Deus, é justa. Todos tiveram inúmeras<br />

oportunidades de arrependimento. Cada um colherá o que plantou em vida.<br />

Nesse contexto, a Bíblia apresenta um dos textos mais belos: Apocalipse<br />

21:4 e 5: “E lhes enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá,<br />

75


ESPERANÇA VIVA<br />

já não haverá mais luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas<br />

passaram. E Aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas<br />

todas as coisas.”<br />

Tudo será restaurado. A mesma Palavra eterna que criou o mundo vai<br />

renová-lo à perfeição original. A escritora Ellen White descreve esse clímax<br />

no livro O Grande Conflito (p. 678):<br />

O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem.<br />

O universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso<br />

júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida,<br />

luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo<br />

átomo até ao maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas,<br />

em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor.<br />

De uma coisa podemos ter certeza: ninguém será deixado para trás!<br />

Ninguém será esquecido, e Jesus nunca agirá secretamente, porque Ele<br />

é nossa esperança viva. Ele nos ama e, por isso, voltará visivelmente. Virá<br />

nos buscar e, conforme prometeu, nos levará de volta para casa!<br />

“Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem<br />

demora. Amém! Vem, Senhor Jesus” (Apocalipse 22:20).<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Que sinais apontam para a brevidade da volta de Jesus?<br />

(Mateus 24:5-12).<br />

2. Jesus voltará de maneira invisível? (Mateus 24:27; Apocalipse 1:7).<br />

3. Como Ele virá? (Atos 1:9-11).<br />

4. O que acontecerá com os justos mortos por ocasião da volta de<br />

Jesus? (1 Coríntios 15:51-57).<br />

5. Como Jesus descreveu Sua segunda vinda? (Mateus 16:27).<br />

6. Com que finalidade Jesus diz que virá outra vez? (João 14:2, 3).<br />

7. Que promessa é feita aos que esperam Jesus? (Hebreus 9:28).<br />

8. Quantos anos passaremos no Céu com Jesus? (Apocalipse 20:4).<br />

9. Diante da morte e do luto, como podemos nos consolar? (1<br />

Tessalonicenses 4:18).<br />

10. O que falta para Jesus voltar? (Mateus 24:14).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

76


11<br />

Eternamente Livre<br />

Em 1982, o cineasta Steven Spielberg escreveu e produziu um filme<br />

que foi sucesso de bilheteria em todo o mundo. Dirigido por Tobe Hooper,<br />

Poltergeist – o Fenômeno levou o tema da possessão para as salas de televisão<br />

com um pote de pipoca. O fascínio pelo sobrenatural cresceu, atingindo<br />

proporções jamais vistas. Desde então, consumir o terror e o medo<br />

tem sido o hábito de milhões de pessoas de todas as idades.<br />

Aliás, produzir terror como entretenimento tem sido algo muito lucrativo.<br />

Estima-se que, todos os anos, os Estados Unidos movimentem cerca<br />

de 6 bilhões de dólares com essa linha de filmes somente no feriado de<br />

Halloween. Segundo a CNBC, canal por assinatura dedicado a notícias<br />

de negócios, sete em cada dez americanos participam dessa festa anualmente.<br />

Isso nos dá uma ideia da popularidade que bruxas e mortos-vivos<br />

têm naquele país.<br />

“Doces ou travessuras?” Por trás da pergunta aparentemente inocente<br />

que as crianças fazem na comemoração do dia das bruxas, uma indústria<br />

bilionária se movimenta com tentáculos cada vez mais fortes e longos. Isso<br />

deve nos fazer refletir. Será que a indústria do medo, com suas bonecas<br />

monstruosas, seus jogos mortais e filmes tenebrosos, se interessa apenas<br />

por lucro? Tudo em termos de cinema macabro se resume a entretenimento<br />

e dinheiro?<br />

A resposta parece ser “não”. Existe algo além daquilo que nossos olhos<br />

podem ver. Uma estratégia muito bem articulada tem estado em operação<br />

para alcançar a mente de crianças, adultos e idosos.<br />

Nesse contexto, a primeira coisa que precisamos saber é que o diabo<br />

existe e está ativo na Terra. A Bíblia diz: “Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu<br />

até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta”<br />

(Apocalipse 12:12).<br />

Segundo as Escrituras, o anjo Lúcifer foi criado por Deus como um ser<br />

de luz. Ele era perfeito em tudo o que fazia, até que a inveja e o orgulho<br />

encontraram espaço em seu coração (Ezequiel 28:11-15). Como um ser<br />

77


ESPERANÇA VIVA<br />

perfeito em um ambiente perfeito pôde originar o mal é um mistério não<br />

revelado (ver 2 Tessalonicenses 2:7).<br />

No entanto, sabemos que o gênio do mal existe, é real e não está sozinho.<br />

O livro do Apocalipse também relata que, por meio de mentira e<br />

engano, ele levou um terço dos anjos celestiais a desconfiar do governo<br />

de Deus. Como resultado desses questionamentos, eles promoveram uma<br />

grande rebelião no Céu. A Bíblia declara: “Houve peleja no Céu. Miguel<br />

e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e<br />

seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no Céu o lugar<br />

deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama<br />

diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra,<br />

e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12:7-9).<br />

À luz dessas revelações sobre o conflito entre a luz e as trevas, podemos<br />

afirmar que a indústria do entretenimento, ao produzir filmes macabros,<br />

não movimenta um negócio interessado apenas em lucro e diversão. Essa<br />

indústria pode ter se tornado um instrumento por meio do qual o reino das<br />

trevas avança em seu domínio sobre as pessoas. A banalização do grande<br />

conflito entre o bem e o mal nas telas do cinema tem levado multidões<br />

a minimizar a verdadeira guerra na qual estamos envolvidos e a ignorar o<br />

astuto inimigo. Enquanto ele é motivo de piada e diversão, como ocorre<br />

em tantos filmes, as pessoas tomam poucos cuidados e a porta do coração<br />

permanece aberta para a influência perversa. Podem, nesse caso, ser alvo<br />

fácil para aquele que vem roubar, matar e destruir (ver João 10:10).<br />

Uma das manifestações mais dramáticas desse poder inimigo é a possessão,<br />

quando um espírito toma conta da pessoa, controlando-a indefinidamente,<br />

até que possa ser libertada por Deus.<br />

Diante disso, torna-se necessário examinar os efeitos dessa indústria<br />

do entretenimento à luz das Escrituras e tomar medidas apropriadas. Além<br />

disso, é preciso também considerar o mesmo fenômeno que tem lugar no<br />

rádio, na televisão e em muitos cultos atuais. Seriam reais as possessões<br />

transmitidas dessa forma? É possível haver teatralizações em cultos de<br />

expulsão de espíritos? O que a Bíblia nos diz sobre isso?<br />

Em primeiro lugar, precisamos saber que negar o exorcismo é rejeitar<br />

parte do ministério de Jesus, que libertou muitas pessoas desse mal milenar.<br />

Durante Seu ministério, Jesus libertou cativos espirituais, pessoas<br />

que tinham estado aprisionadas por anos. Os evangelhos registram sete<br />

episódios envolvendo endemoniados (Mateus 9:32; 12:22; Marcos 1:23;<br />

5:2; 7:25; 9:17; Lucas 10:17). Todas essas pessoas tiveram uma coisa<br />

78


Eternamente Livre<br />

em comum: foram libertadas por Jesus ou em Seu nome. Ele deixou evidente<br />

Sua soberania sobre tudo e todos, inclusive sobre os espíritos maus<br />

(Mateus 9:33). Não há poder no universo capaz de resistir à ação direta<br />

de Jesus e, nisso, reside nossa certeza da vitória sobre o pecado e o mal.<br />

Embora haja evidências de que a possessão seja real, não há diagnóstico<br />

psiquiátrico sobre o fenômeno e que seja reconhecido pelo DSM (Manual<br />

Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais). Talvez por isso, muitos<br />

não acreditem que uma pessoa possa ser controlada por agentes espirituais.<br />

Preferem pensar que o paciente sofra<br />

de algo como esquizofrenia, histeria, psicose,<br />

epilepsia, transtorno dissociativo de<br />

identidade, ou ainda, síndrome de Tourette<br />

(distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado<br />

por tiques múltiplos, motores ou vocais).<br />

No entanto, o que não é explicado pela<br />

medicina é a extraordinária força física e as<br />

informações, por vezes detalhadas, de fatos<br />

secretos ou impossíveis de a pessoa ter<br />

conhecimento. Outro aspecto importante<br />

Não há poder no<br />

universo capaz<br />

de resistir à ação<br />

direta de Jesus<br />

e, nisso, reside<br />

nossa certeza da<br />

vitória sobre o<br />

pecado e o mal.<br />

a ser considerado é que a pessoa endemoniada entra em estado de fúria,<br />

ódio e violência quando o nome de Cristo é enaltecido. Basta que se leia<br />

a Bíblia ou se cante um hino para se presenciar o fenômeno. Uma pessoa<br />

que tenha uma doença mental qualquer não se perturba diante da exaltação<br />

de Cristo, mas o endemoniado sim.<br />

Uma vez que se entenda que a possessão é real, é preciso saber quem<br />

está sujeito a esse tipo de situação. Satanás não pode dominar todas as<br />

pessoas, pois ele precisa do consentimento delas para tanto, e isso geralmente<br />

ocorre de forma gradativa. No livro O Desejado de Todas as Nações<br />

(p. 125), Ellen G. White esclarece:<br />

O tentador jamais poderá nos compelir a praticar o mal. Não pode<br />

dominar a mente, a menos que esta se submeta a seu controle. A vontade<br />

tem de consentir, a mente deixar sua segurança em Cristo, antes<br />

que Satanás possa exercer domínio sobre alguém. Mas todo desejo<br />

pecaminoso que nutrimos lhe proporciona um palmo de terreno. Todo<br />

ponto em que deixamos de satisfazer à norma divina é uma porta aberta<br />

pela qual ele pode entrar para nos tentar e destruir.<br />

79


ESPERANÇA VIVA<br />

Nosso mundo está se afastando progressivamente das normas divinas<br />

de uma vida correta e íntegra. Por isso, podemos entender por que existem<br />

tantos vídeos de pessoas possuídas nas redes sociais. Uma cultura cada vez<br />

mais religiosa e menos espiritual forma a condição perfeita para todo tipo<br />

de manifestação espiritualista. A realidade atual é que o corpo das pessoas<br />

está afetado pelos maus hábitos e enfermidades. A mente fica enfraquecida<br />

pelo relativismo e as filosofias destruidoras. Por sua vez, a religiosidade<br />

esvaziada termina sendo dominada pelos maus desejos e pelo sensacionalismo<br />

predominante dos meios de comunicação. Essas são condições favoráveis<br />

para o poder das trevas alcançar seu objetivo de dominar as pessoas.<br />

Ao longo de 15 anos de ministério pastoral, fui chamado algumas vezes<br />

para atender pessoas supostamente possessas. Graças a Deus, na maioria<br />

dos casos, o fenômeno não se configurava. Eram pessoas que sofriam<br />

muito e, por isso, entravam em crise, levando familiares e amigos a confundir<br />

possessão com descontrole emocional. Outras delas precisavam de<br />

atenção, compreensão e de afeto cristão para voltar ao domínio próprio.<br />

Entretanto, lembro-me de ter conhecido um rapaz que vinha sendo<br />

perturbado pelo diabo praticamente todos os dias ao longo de seis anos.<br />

Todas as noites, enquanto ele dormia, o inimigo tentava dominá-lo.<br />

Durante esses violentos ataques seu corpo ficava imóvel, paralisado e<br />

apenas a mente não era dominada. Apesar do pavor que sentia, o rapaz<br />

encontrava forças para clamar a Deus por libertação. Enquanto orava,<br />

ele sentia o corpo se soltar e a pressão diminuir. Outro aspecto que ele<br />

mencionava era que o ambiente ficava espiritualmente carregado, o que<br />

lhe causava muito medo.<br />

Desde o primeiro momento em que falou comigo, pude ver medo nos<br />

olhos dele. Dizia ter medo de ir se deitar porque sabia que o ataque seria<br />

inevitável. Como seria possível pôr um fim a tudo aquilo?<br />

Conversei longamente com o rapaz que então estava com 21 anos.<br />

No decorrer da conversa, entendi que aquilo não poderia ser apenas mais<br />

uma sessão de aconselhamento pastoral. Seria necessário um acompanhamento<br />

atento, com oração e jejum. Orientei-o a ler a Bíblia antes de<br />

dormir e orar especificamente para que Deus não permitisse aquele tipo<br />

de manifestação. Mostrei a ele a importância de destruir e jogar fora tudo<br />

que pudesse ser uma ponte entre ele e o mal. Coisas como filmes de terror,<br />

CDs de música rock e seus derivados, revistas impróprias, qualquer<br />

tipo de amuleto ou livro espiritualista, tudo deveria ser destruído. Então<br />

o nome de Cristo deveria ser exaltado em sua vida. Seus pensamentos<br />

80


Eternamente Livre<br />

deveriam ser puros, e suas ações semelhantes às de Cristo; e, em oração,<br />

ele deveria desenvolver uma convivência com Jesus. O Senhor Jesus sempre<br />

socorre a pessoa desfalecida que clama por auxílio. Ali, ambos tivemos<br />

a certeza de que a vitória era possível.<br />

Para minha alegria, aquele jovem seguiu as orientações à risca; e, com<br />

muita oração e jejum, as manifestações foram ficando cada vez menos<br />

frequentes até cessarem por completo. Mais uma vitória de Jesus sobre<br />

Satanás e seus anjos, mais uma pessoa libertada da opressão. O inimigo<br />

não tornou a incomodá-lo e o problema foi resolvido. É assim que Deus<br />

atua. Quando cura, Ele o faz completamente; quando perdoa, é para sempre;<br />

e, quando afasta o inimigo, Ele faz isso de forma eficaz.<br />

Olhando o fenômeno dessa perspectiva, o que dizer do exorcismo mostrado<br />

em alguns cultos. Em algumas reuniões religiosas, um espírito mal<br />

sempre está presente para, então, ser expulso. Por que razão? Outra questão:<br />

deveria o diabo ter o microfone para se pronunciar dentro de um templo?<br />

Infelizmente, a realidade é que muitos crentes vão ao culto e, ali,<br />

assistem ao diabo falar. É incrível! Observa-se que os espíritos ficam se<br />

contorcendo e aguardam em fila sua vez para se aproximar do microfone!<br />

Esse tipo de situação nos faz duvidar da veracidade de alguns cultos transmitidos<br />

pela televisão. Nenhum cristão deve ter prazer nem curiosidade<br />

para ouvir as mentiras do inferno. O diabo é o pai da mentira; portanto,<br />

não temos nada em comum com ele (João 8:44; 14:30). A igreja pertence<br />

a Cristo e somente a Ele. Somos adoradores do Deus vivo, queremos que<br />

Ele fale, e não o inimigo.<br />

Outro problema muito claro são as superstições promovidas por alguns<br />

evangélicos. Que diferença existe entre acreditar que o “corredor do sal”<br />

irá afugentar espíritos maus e que um crucifixo pode fazer a mesma coisa?<br />

O cristão deve repudiar a prática de misticismo e crendices.<br />

Nenhum teatro ou encenação tem qualquer poder sobre o diabo. Só por<br />

uma vida consagrada ao Senhor Jesus e pelo poder divino podemos enfrentar<br />

esse fenômeno. Jesus afirmou isso quando orientou os discípulos: “Esta<br />

casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum]” (Marcos 9:29).<br />

Expulsar demônios é um dos momentos mais tensos do ministério cristão.<br />

A experiência é tão forte que fica na memória. É um momento em que<br />

percebemos nitidamente nossa impotência e fragilidade. É exatamente<br />

nessa hora que Deus realiza o milagre e mostra Seu poder e soberania.<br />

Nada pode resistir ao poder de Jesus Cristo. Nem todos os espíritos maus<br />

podem rivalizar o Deus que venceu tudo e todos na cruz do Calvário.<br />

81


ESPERANÇA VIVA<br />

É por isso que não precisamos temer. A vitória foi conquistada e assegurada<br />

a nós na morte de Cristo. Isso deve encher nossa vida de força e<br />

esperança! A vitória foi garantida e nada pode reverter isso. Somos mais<br />

que vencedores por meio de Jesus (Romanos 8:35-39).<br />

Qualquer pessoa afligida pelo mal pode ser libertada, basta desejar de<br />

todo o coração e buscar auxílio em Cristo. Nesse caso, deve-se procurar<br />

uma igreja ou um pastor que tema a Deus, que pregue sobre a volta de<br />

Jesus e que guarde os mandamentos de Deus conforme a Bíblia ensina,<br />

inclusive o quarto mandamento que manda santificar o sétimo dia. Nesse<br />

lugar, o inimigo de Deus terá medo de entrar.<br />

Nos momentos de lucidez, a pessoa afligida pelo mal pode tomar decisões<br />

por si mesma. É essencial que recorra a Jesus e peça ajuda. A pessoa<br />

precisa querer ser libertada. Então, Deus ouvirá seu clamor por libertação e,<br />

com toda certeza, Ele mandará Seus anjos para socorrer essa pessoa sincera.<br />

Veja o que diz a escritora Ellen G. White sobre isso, no livro Testemunhos<br />

Seletos (vol. 1, p. 121):<br />

Satanás não suporta que se apele para [Deus] seu poderoso rival,<br />

pois teme e treme diante de Sua força e majestade. Ao som da oração<br />

fervorosa, todo o exército de Satanás treme. Ele continua a chamar<br />

legiões de anjos maus para conseguir seu fim. E, quando os anjos todopoderosos,<br />

revestidos com a armadura celestial, chegam em auxílio da<br />

pessoa fraca e afligida, o inimigo e seus anjos recuam, sabendo muito<br />

bem que sua batalha está perdida.<br />

Embora a possessão seja um fenômeno real, Deus está disposto e exercer<br />

poder para libertar a pessoa que verdadeiramente queira ser libertada.<br />

Veja como enfrentar uma situação como essa:<br />

1. Saiba que a vitória já foi conquistada por Jesus. Assim, é impossível<br />

que algum espírito o domine se você escolher fazer de Jesus o primeiro,<br />

último e o melhor em sua vida.<br />

2. Jogue fora todas as coisas que possam aproximá-lo do mal. Isso inclui<br />

música rock e derivadas, pornografia, bebidas alcoólicas, cigarro, drogas,<br />

toda e qualquer forma de espiritualismo, livros e filmes de ocultismo e<br />

feitiçaria, bem como jogos de violência, entre outros. Ou seja, qualquer<br />

coisa que pertença ao poder das trevas e não ao bem deve ser lançada fora.<br />

Muitas pessoas são libertadas apenas por destruir esse tipo de material.<br />

82


Eternamente Livre<br />

3. Tenha uma alimentação saudável. Uma vez que a mente e o corpo<br />

estão em sintonia e a possessão passa pelo domínio da mente, é importante<br />

ter boa saúde.<br />

4. Habitue-se a ler a Bíblia todos os dias. Isso é fundamental. A Palavra<br />

do Senhor tem poder para nos proteger e guardar (Salmo 91:11).<br />

5. Nunca se deite sem antes orar a Deus de maneira específica. Peça<br />

libertação de tudo que é ruim. Clame para que anjos de Deus, magníficos<br />

em poder, venham lhe fazer companhia.<br />

6. Não tenha medo. Não se deixe oprimir por esse sentimento. Você<br />

está com Deus, então quem deve ter medo é o inimigo que já foi vencido<br />

na cruz para todo o sempre.<br />

Se os filmes de terror podem levar o diabo para dentro de um lar, é<br />

dever dessa família mostrar ao intruso a porta de saída. É hora de se posicionar<br />

ao lado de Deus nessa guerra. Assim, a vitória da esperança acontecerá<br />

mais uma vez em sua vida e na vida das pessoas que você ama.<br />

A mentira, as maldições e o engano serão expostos à luz da Palavra de<br />

Deus e estaremos em segurança com o Senhor.<br />

Tenho certeza de que seu coração está cheio da esperança viva e,<br />

assim, permanecerá. A promessa de Deus é certa: não lutamos sozinhos,<br />

não temos nada a temer, pois estamos sob o escudo do Altíssimo, que tudo<br />

pode. Você é filho da luz, ande sempre na luz e será eternamente livre.<br />

Jesus declarou abertamente: “Aí vem o príncipe do mundo; e ele<br />

nada tem em Mim” (João 14:30). Que essa também seja a sua experiência.<br />

Que o inimigo de Deus nada tenha em você. Que seu coração pertença<br />

unicamente a Jesus, tendo em mente aquilo que Tiago escreveu:<br />

“Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”<br />

(Tiago 4:7).<br />

Quando Jesus Cristo liberta, é para sempre.<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. O diabo existe como pessoa ou é apenas uma força cósmica?<br />

(Apocalipse 12:7-9).<br />

2. Por que Lúcifer se transformou em diabo? (Isaías 14:12-14).<br />

3. Satanás está sozinho ou há um império das trevas? (Apocalipse 12:4).<br />

4. Podemos nos envolver com médiuns ou feiticeiros? (Deuteronômio<br />

18:10-13).<br />

83


ESPERANÇA VIVA<br />

5. Em nome de quem devemos proceder e agir em todas as<br />

circunstâncias? (Colossenses 3:17).<br />

6. Deus pode nos proteger dos ataques de Satanás? (Salmo 91:11).<br />

7. Jesus tem poder sobre os espíritos demoníacos (Mateus 9:33).<br />

8. Há problemas em assistir a filmes de terror? (Salmo 101:2, 3).<br />

9. Podemos fazer alguma sociedade com Satanás? (João 14:30).<br />

10. O que devemos fazer para que Satanás se afaste? (Tiago 4:7).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

84


12<br />

O Deus Incomparável<br />

Jesus sempre foi e será incomparável. Ele estava com Deus na criação<br />

do mundo. Ele existia antes de se encarnar como um ser humano. Na<br />

Terra, Ele revelou a natureza e o caráter do Pai como um Deus de amor.<br />

Ele lia o coração das pessoas. Curou os doentes, libertou os encarcerados<br />

de espírito e defendeu os marginalizados e humildes.<br />

Por onde Ele passava não havia como não percebê-Lo. Cada partícula<br />

desse mundo sabia quem Ele era. A natureza, os animais, as doenças, os<br />

demônios e até mesmo a morte obedeciam a Suas ordens. Todos se submeteram<br />

ao Deus revestido em pele humana.<br />

Entretanto, Jesus não se tornou uma pedra para salvar pedras, não se<br />

tornou um pássaro para salvar pássaros, também não se tornou uma árvore<br />

para salvar a floresta. Ele se tornou um de nós para nos redimir. Contudo,<br />

por mais estranho que possa parecer, nossa raça resistiu e negou Seu amor<br />

e Sua oferta de salvação. O impensável aconteceu. Aqueles a quem Ele<br />

veio salvar O desprezaram e dEle não fizeram caso (Isaías 53:3).<br />

Pelo relato dos evangelhos, somos informados de que o mar era subjugado,<br />

as doenças desapareciam, os demônios ficavam apavorados e a<br />

morte não tinha força alguma diante do Senhor Jesus. Só a nossa raça<br />

desobedeceu, desprezou e crucificou o Autor da vida. Ele foi traído por<br />

um amigo próximo, abandonado por seguidores, Sua morte foi premeditada<br />

pelos líderes religiosos e o governador lavou as mãos ao condená-Lo.<br />

Antes de crucificarem Jesus, cuspiram nEle. A intenção não era de<br />

causar dor, mas humilhar e rebaixar a pessoa de Cristo. Aquele que usou<br />

a saliva para abrir os olhos do cego (João 9:6) foi cuspido por aqueles que<br />

não enxergaram o amor divino manifestado nEle. Espancaram e torturaram<br />

Jesus para que depois fosse morto entre ladrões, como se fosse um deles.<br />

A despeito de tudo, para espanto dos incrédulos, Jesus de Nazaré ressuscitou<br />

e provou que Ele era quem afirmava ser: Emanuel, Deus conosco.<br />

Ele ressurgiu da morte e tem todo o poder para perdoar, salvar e restaurar<br />

todos que clamam por Seu nome. Isso O torna ímpar e incomparável.<br />

85


ESPERANÇA VIVA<br />

A questão que atravessa os séculos e chega até nós é: por que deixar o<br />

Céu e habitar entre seres humanos? Por que trocar a eternidade por uma<br />

vila em Nazaré? Por que abandonar as glórias celestiais por uma carpintaria?<br />

A resposta a essas perguntas sempre nos constrange. Temos dificuldade em<br />

entender que todo o sacrifício de Jesus foi por nossa causa. A Bíblia declara<br />

que Cristo veio à Terra na plenitude dos tempos (Gálatas 4:4). Ele nasceu<br />

no tempo determinado pelas profecias para cumprir o plano da redenção.<br />

O cenário era de grande perturbação. O povo judeu vivia na iminência<br />

de uma insurreição contra Roma. As pessoas estavam céticas quanto à religião<br />

por causa de seus maus líderes. Ou seja, nesse aspecto, a plenitude<br />

dos tempos significava o pior momento, quando a tensão social, cultural e<br />

religiosa desfavorecia qualquer movimento de restauração espiritual.<br />

Esse foi o contexto do nascimento e do ministério de Jesus Cristo. Ele<br />

veio em uma época em que o templo estava corrompido pela prática do<br />

comércio em vez de promover a salvação dos pecadores. Os líderes religiosos<br />

se odiavam e lutavam entre si por status e poder. O povo estava perdido<br />

na ignorância e no formalismo religioso.<br />

Será que há alguma semelhança com os nossos dias? Diante da iminente<br />

volta de Jesus, o quadro não parece muito diferente. O que percebemos<br />

hoje é uma cultura muito mais espiritualista do que espiritual, em<br />

que objetos mágicos e energizados, médiuns e a busca pela prosperidade<br />

suplantam a busca pela verdade. Muitos veem a eternidade e a volta de<br />

Jesus como uma oportunidade de lucro e prosperidade. O interesse pela<br />

verdade e o estudo da Palavra de Deus são substituídos por experiências<br />

emocionais, músicas envolventes e orações clamorosas que as pessoas<br />

escutam, mas não entendem.<br />

Tudo isso está bem distante do que Cristo ensinou. O discurso de<br />

Cristo era impressionante. Ele não era um pregador da comodidade, mas<br />

da adversidade. Hoje, os pregadores mais populares são aqueles que proclamam<br />

a felicidade dos crentes. Jesus, porém, estava preocupado com a<br />

santidade dos fiéis. Enquanto líderes religiosos dos nossos dias estão interessados<br />

em converter pessoas ricas, das quais possam obter lucro, Jesus<br />

manda não ajuntar tesouros aqui na Terra (Mateus 6:19-21). Em oposição<br />

ao acúmulo de bens, Ele diz: “Vende os teus bens, dá aos pobres e terás<br />

um tesouro no Céu; depois, vem e segue-Me” (Mateus 19:21).<br />

Nem todos percebem ao ler a Bíblia, mas a fala de Jesus sempre foi<br />

impopular. Ele afirmou: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha<br />

para trás é apto para o reino de Deus” (Lucas 9:62). Um pouco mais à<br />

86


O Deus Incomparável<br />

frente, no mesmo evangelho, colocou toda a humanidade contra a parede<br />

quando disse: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de<br />

aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao<br />

outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Lucas 16:13).<br />

A verdade é que seguir a Jesus nunca foi tarefa fácil. Jesus exigiu excelência<br />

quando disse que devemos ser “perfeitos” (Mateus 5:48), ou seja,<br />

íntegros em nosso compromisso com Ele. Não é fácil abandonar tudo para<br />

seguir a Jesus. Não é fácil amar os inimigos. A mensagem de Jesus sempre<br />

foi de sacrifício pessoal e, por isso, é impopular. A verdade, porém, é que<br />

no Céu não entrarão os que amam este mundo. Nada imperfeito vai ter<br />

lugar ali. Por isso, é preciso morrer para o eu e deixar que Cristo viva em<br />

nós. Caso contrário, não se pode ver o reino dos Céus (João 3:5).<br />

É essencial entender que, com Jesus, não há meio-termo. Assim como<br />

não existe uma mulher meio grávida, não existe um meio cristão. Ou você<br />

renunciou a si mesmo e deixa Cristo dirigir sua vida, ou você faz o que<br />

deseja e Cristo não nasceu verdadeiramente em seu coração.<br />

Da mesma forma que Jesus recriará o mundo, Ele quer recriar você.<br />

A proposta de Cristo é exatamente esta: uma nova criação, uma nova<br />

natureza e um novo caráter para os cidadãos do reino de Deus. Por isso,<br />

devemos aprender a amar as coisas que Deus ama e odiar as coisas que<br />

Ele odeia. Se Jesus odeia o pecado, devemos odiá-lo também. Se Ele não<br />

suporta o egoísmo e o orgulho, devemos extirpá-los de nossa vida. Se Deus<br />

é compassivo e misericordioso, devemos ser assim, pois Ele é nosso caminho<br />

e exemplo.<br />

Os primeiros seguidores de Cristo foram chamados de cristãos porque<br />

seguiam os ensinamentos de Cristo e buscavam, pelo poder e influência<br />

do Espírito Santo, viver como Ele viveu. As pessoas que confessavam<br />

Jesus como o Messias enviado por Deus eram identificadas dessa<br />

forma: cristãos.<br />

Hoje é possível identificar católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais<br />

e espíritas. Entretanto, onde estão os cristãos? Onde estão aqueles<br />

que vivem o que Cristo ensinou? Ser cristão é muito mais do que pertencer<br />

a uma igreja; é agir como Cristo agia e viver como Cristo vivia.<br />

Como era a vida de Jesus? Quais são Seus ensinos? Sendo o maior,<br />

Jesus Cristo tratava todos igualmente, interessava-se pelos desprezados,<br />

pelos indignos e pelos pecadores. Ele valorizava os humilhados e acreditava<br />

nas pessoas mais improváveis e mais ignoradas, mas se enfurecia<br />

com o pecado. Jamais expôs alguém ao ridículo. Ele escolheu ser o último<br />

87


ESPERANÇA VIVA<br />

e mostrou ao mundo que o maior no reino dos céus é o que mais serve a<br />

Deus e ao próximo. Defendeu a verdade, resistiu ao mal e sempre perdoou<br />

os que O ofendiam.<br />

O exemplo de Jesus define o que é ser cristão em qualquer situação e<br />

em qualquer tempo. Se pregamos para as pessoas e simplesmente repetimos<br />

que Deus as ama, não estamos fazendo nada demais. Falar isso é<br />

muito mais fácil do que dizer: “Nós te amamos”; e demonstrar isso com<br />

ações verdadeiramente cristãs. É mais fácil amar o mundo inteiro do que<br />

o nosso vizinho. É mais fácil crer na verdade do que vivê-la.<br />

Os pregadores de hoje falam muito das coisas boas que as pessoas<br />

podem ganhar ou ter se elas forem membros de uma igreja. Muitos alardeiam<br />

as vantagens de ser um cristão. Todavia, Jesus desafiou as pessoas a<br />

tomar sua cruz e segui-Lo. Isso significa sacrifício, renúncia e rompimento<br />

com as vantagens e comodidades deste mundo. Na verdade, se não estivermos<br />

bem fundamentados naquilo que Jesus disse em relação ao que é ser<br />

um cristão, podemos estar vivendo uma religião que nada tem de Cristo,<br />

senão Seu nome. Infelizmente, isso é uma coisa muito difundida hoje.<br />

Precisamos entender que Jesus não é uma mercadoria que encontramos<br />

no culto, que possa ser adquirida para melhorar nossa vida. Ele representa<br />

uma mudança muito mais radical. Ele afirmou que é a própria vida (João<br />

14:6). Ele é também nossa única esperança. Na criação, no princípio de<br />

tudo, Jesus transformou a Terra sem forma e vazia em um lindo planeta. Da<br />

mesma forma, Ele quer entrar hoje em sua vida e reescrever sua história!<br />

A transformação de vida proposta por Cristo não é parcial e muito<br />

menos incompleta. É uma mudança que envolve absolutamente tudo na<br />

vida. Nossa vontade deixa de ter a importância e a centralidade que tinha,<br />

pois ela passa a pertencer a Jesus (João 4:34). Afinal, não somos mais nós<br />

que vivemos, mas Ele vive em nós (Gálatas 2:20).<br />

Em vez de desejar as coisas que Jesus pode dar, precisamos aceitá-Lo<br />

em nosso coração. Quando isso ocorre de fato, nossa vontade estará em harmonia<br />

com a vontade de Deus, e seremos uma nova criatura. O impossível<br />

será realizado. Isso proporciona realização e felicidade sem comparação.<br />

Essa felicidade nada tem a ver com dinheiro, status ou fama. É a felicidade<br />

de estar em sintonia com Deus, como nosso criador e redentor. É sobre<br />

essa alegria que Jesus falou em João 15:11 (NVI): “Tenho lhes dito estas<br />

palavras para que a Minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja<br />

completa.” Isso preenche a vida de significado, pois temos a certeza de<br />

que a eternidade se aproxima e sorri para nós.<br />

88


O Deus Incomparável<br />

Não podemos nos contentar com o tipo de “Jesus discreto” muito<br />

difundido hoje. Aquele que aparece de vez em quando e desaparece quase<br />

sempre. Não podemos também pretender ter o “Jesus estepe”, igualmente<br />

popular. Muita gente vai guiando a própria vida a toda velocidade e, então,<br />

quando algo dá errado, recorre ao “bondoso Jesus”. Qualquer “forma de<br />

Jesus” que não seja o Jesus revelado na Palavra de Deus não passa de uma<br />

enganação, um estepe sem ar!<br />

Um dia desses, fui abordado por um rapaz inteligente e sincero. Ele me<br />

procurou no fim de uma pregação para falar de uma suposta descoberta<br />

teológica recente. Depois de muito estudo, ele chegou à conclusão de que,<br />

no fim de todas as coisas, todas as pessoas<br />

serão salvas por Jesus. “Não haverá perdidos,<br />

pois o amor de Deus é muito maior do que<br />

nossos pecados e todos seremos perdoados”,<br />

afirmava ele.<br />

Ouvi atentamente a empolgante “descoberta”<br />

daquele jovem e expliquei que,<br />

na teologia, o nome dessa crença é universalismo.<br />

Aparentemente, essa ideia é bela<br />

e bíblica, pois sabemos que “as misericórdias<br />

do Senhor não têm fim; renovam-se cada manhã” (Lamentações<br />

3:22). No entanto, ela tem um problema: não é verdadeira. A Bíblia fala<br />

claramente sobre salvos e perdidos. Pensar que os castigos de Deus são<br />

apenas uma metáfora é o mesmo que dizer que Suas bênçãos também o<br />

sejam, pois elas são declaradas da mesma forma.<br />

Jesus disse: “Nem todo o que Me diz Senhor, Senhor! entrará no reino dos<br />

céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus. Muitos,<br />

naquele dia, hão de dizer-Me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós<br />

profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demônios, e em<br />

Teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente:<br />

nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniquidade”<br />

(Mateus 7:21-23).<br />

É claro que Jesus faz de tudo para nos salvar; afinal, foi para isso que<br />

Ele veio à Terra. O que devemos entender é que não adianta apenas querer<br />

ser salvo. Precisamos deixar que Cristo nos salve.<br />

Se você perguntar em uma igreja quem deseja ir para o Céu, todos<br />

levantarão a mão. Se você atravessar a rua e fizer a mesma pergunta dentro<br />

de um bar, todos, de igual forma, vão desejar. Todos desejam viver<br />

89<br />

Todos desejam<br />

viver eternamente,<br />

mas a questão é<br />

se queremos ou<br />

não morrer para<br />

esta vida e nascer<br />

de novo.


ESPERANÇA VIVA<br />

eternamente, mas a questão é se queremos ou não morrer para esta vida<br />

e nascer de novo.<br />

Na verdade, nenhuma religião é mais pacífica e, ao mesmo tempo,<br />

mais radical do que o cristianismo. Jesus se entregou plenamente para<br />

nos salvar; mas, ao mesmo tempo, Ele exige tudo de nós. A salvação que<br />

Ele oferece se realiza por meio de uma aliança, um pacto. Para se ter uma<br />

aliança são necessárias duas partes; porém, para quebrá-la uma parte é<br />

suficiente. Tornar-se um cristão é entrar em aliança com Cristo. Ele é fiel<br />

e todo-poderoso em manter a aliança e cumprir Sua parte. Entretanto, nós<br />

podemos quebrar a aliança, e a única coisa que Ele não fará é nos obrigar<br />

a cumprir o pacto contra nossa vontade. A vontade e a decisão do coração<br />

são respeitadas pelo Céu.<br />

Em tudo isso, uma coisa é certa: assim como temos expectativas em<br />

relação a Deus, Ele também tem expectativas em relação a nós. Da mesma<br />

forma como você e eu já sentimos alegria pelas vitórias de nossos filhos,<br />

Deus também se alegra quando tomamos boas decisões. Temos o privilégio<br />

de poder chamar Deus de Pai e de ser Seus filhos. Gosto muito da forma<br />

como Ellen G. White expressa os sentimentos de Jesus no livro O Desejado<br />

de Todas as Nações (p. 483):<br />

Suportei as vossas dores, experimentei as vossas lutas, enfrentei<br />

as vossas tentações. Conheço as vossas lágrimas; também Eu chorei.<br />

Aqueles pesares demasiado profundos para serem desafogados em<br />

algum ouvido humano, Eu os conheço. Não penseis que estais perdidos<br />

e abandonados. Ainda que vossa dor não encontre eco em nenhum<br />

coração na Terra, olhai para Mim e vivei.<br />

É preciso entender que tudo o que Jesus quer é curar nossas feridas e nos<br />

levar de volta para casa, pois Ele é nossa esperança viva. Enquanto o mundo<br />

ama os que são belos, os que tiram as melhores notas, os mais importantes,<br />

Jesus ama os pecadores, os miseráveis, o ser humano como ele é.<br />

Se você está enfrentando grandes desafios e acha que nada dá certo<br />

em sua vida, erga seus olhos a Jesus Cristo. Ele nunca falha, nunca erra<br />

e quer ensinar o caminho a você. Na verdade, Ele é o caminho. Quem se<br />

conecta com Ele fica on-line com Deus. Ele é a raiz e a fonte de tudo que<br />

é verdadeiramente bom e incomparável.<br />

90


O Deus Incomparável<br />

Conheça melhor o livro da esperança: a Bíblia<br />

1. Com o que Jesus foi ungido para Sua obra? (Atos 10:38).<br />

2. Onde Ele começou Seu ministério? (Lucas 4:14, 15).<br />

3. De que forma Jesus ensina as pessoas? (Mateus 7:29).<br />

4. Qual foi a relação de Jesus com Sua lei? (Mateus 5:17).<br />

5. O que é necessário para vermos o reino de Deus? (João 3:5).<br />

6. Basta clamar o nome do Senhor para ser salvo? (Mateus 7:21-23).<br />

7. O que podemos fazer por Cristo? (Mateus 25:34-40).<br />

8. Por que razão Jesus veio ao mundo? (1 Timóteo 1:15).<br />

9. Qual é o maior presente de Deus à raça humana? (João 3:16).<br />

Para saber mais, acesse: esperanca.com.br<br />

91


Finalizando...<br />

Quando vejo igrejas lotadas realizando cultos todos os dias confesso<br />

que fico triste. Eu deveria ficar feliz, mas não. Minha percepção é de que<br />

as igrejas estão cheias de pessoas vazias, querendo exatamente as mesmas<br />

coisas que querem as pessoas fora da igreja.<br />

Desejar e buscar a verdade é uma atitude muito nobre. No entanto,<br />

muitos hoje, incluindo cristãos, não estão atrás da verdade; estão preocupados<br />

com o conforto, com a felicidade. Isso é o que lhes importa, nada<br />

mais. As pessoas mudaram. Por isso, o perfil das igrejas também mudou.<br />

Elas se modernizaram e compreenderam o que precisam oferecer para<br />

obter “sucesso” com as pessoas de hoje.<br />

Os cultos que pregam a verdade estão vazios. Os que prometem felicidade<br />

e ganho terreno estão lotados. Os cultos que falam sobre santidade<br />

estão vazios. Os que pregam prosperidade estão lotados. Os cultos<br />

que utilizam música sacra estão vazios. Aqueles com bandas de rock estão<br />

cheios. Os cultos que pregam a Bíblia estão vazios. Os que pregam autoajuda<br />

estão lotados. Os cultos em que a liturgia tem ordem e decência estão<br />

vazios. Aqueles que estimulam as emoções estão cheios.<br />

Sabe por que alguns cultos estão vazios e outros cheios? É por causa<br />

da mensagem. Muitas pessoas não querem saber o que é certo ou errado.<br />

O que importa é se sentir bem. Se gostam do pastor, ótimo. Se gostam do<br />

louvor é isso o que importa. Muitas pessoas querem comodidade e um<br />

lugar que seja agradável.<br />

No entanto, se você leu este livro até aqui, é porque você quer outro<br />

caminho, mais seguro, mais bíblico e mais verdadeiro. Esse caminho<br />

existe e a Palavra de Deus o indica claramente. Jesus afirma: “Eu sou o<br />

caminho, e a verdade, e a vida” (João 14:6). O caminho seguro é aquele<br />

dos que “guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de<br />

Jesus” (Apocalipse 12:17).<br />

Muitos cristãos parecem ter criado um novo meio de salvação: a<br />

sinceridade. Entretanto, sinceridade não transforma o errado em certo.<br />

92


Finalizando...<br />

A Bíblia nunca garante salvação pela sinceridade, mas sim “pela graça<br />

[...] mediante a fé” (Efésios 2:8). As Escrituras afirmam que a fé vem pelo<br />

ouvir a “Palavra de Deus” e se consolida em seguir a “verdade” que liberta<br />

(Romanos 10:17; João 8:32).<br />

A conexão total com a Palavra de Deus, por meio de Cristo, conduz a<br />

uma mudança de vida, leva a viver como uma nova criatura. A graça verdadeira,<br />

aquela que brota do Calvário, tem a função de nos transformar.<br />

A graça para ser verdadeira precisa limpar nossos pensamentos e nosso<br />

coração de toda mancha do pecado. Graça que não transforma, não é<br />

graça, ainda que haja sinceridade. Quando o poder salvador de Cristo<br />

entra em nossa vida, não aceitamos mais meias verdades, queremos a verdade<br />

plena conforme está na Palavra de Deus e não desejamos viver em<br />

uma comunidade que não busque isso.<br />

Embora muitos estejam negligenciando a importância da verdade,<br />

Jesus não agiu assim. Ao contrário, Ele se apresentou como a verdade<br />

encarnada (João 14:6). Não buscar a verdade é não buscar a Jesus. A pessoa<br />

de Jesus e a verdade são inseparáveis. Jesus é a verdade. A verdade só<br />

existe nEle.<br />

Este livro deve incomodar você, caso você tenha estado conformado<br />

com meias verdades. É um chamado para que você encare e estude as<br />

Escrituras Sagradas e descubra a verdade da Palavra de Deus. Jesus Cristo<br />

afirma: “Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (João 17:17).<br />

Então, o que você está esperando? Permita que a verdade vença a mentira<br />

em sua vida. Pergunte, questione, duvide, examine. Deixe a Palavra<br />

de Deus falar a você. E, diante da verdade, tome uma atitude que faça a<br />

diferença.<br />

Esteja certo de que Jesus morreu na cruz por você. Mas Ele ressuscitou.<br />

Está empossado no trono da Majestade e é poderoso para guiar você à<br />

verdade e a uma restauração completa. Ele é a sua esperança viva!<br />

93


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sua vida. Procure conhecê-Lo melhor e<br />

viva com mais esperança.


O conflito entre o<br />

Bem e o Mal<br />

envolve cada pessoa<br />

Mari Baroni / Imagem: Fotolia<br />

A<br />

autora, em uma clara explanação, apresenta o real signifi cado da história nos<br />

últimos 20 séculos e mostra qual será o desfecho do confl ito entre o bem<br />

e o mal.


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