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Boletim_A4_4páginas_ENAE_Asa_Ana Maria

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A forragem é produzida na própria área, e os plantios são feitos com acesso ao PRONAF. Toda produção é destinada a<br />

estocagem de alimentos. Todo esterco produzido pelos caprinos são utilizados para adubação orgânica do milho,<br />

palma e Gliricidia.<br />

Em 2013, <strong>Ana</strong> juntamente com outras mulheres da comunidade, conquistam o Premio Mulheres que Produzem o<br />

Brasil Sustentável, da Secretária de Politicas Para as Mulheres da Presidência da Republica, recebido das mãos da<br />

Ministra Eleonora Menicucci presidenta eleita Dilma Rousseff, em Brasília – DF.<br />

Poço Verde/SE<br />

A HISTÓRIA DE UMA LUTADORA<br />

DO SERTÃO OCIDENTAL<br />

Símbolo da premiação: Mulheres que produzem o Brasil Sustentável em 2013<br />

Na comunidade Cacimba Nova, no municıṕio de Poço Verde – SE, territó rio do Sertão Ocidental, vive <strong>Ana</strong> <strong>Maria</strong> de<br />

Oliveira Souza Santos, de 39 anos, mais conhecida por <strong>Ana</strong> do leite. Sua famıĺia é formada pelo seu esposo Arivaldo<br />

dos Anjos Santos, 43 anos, também conhecido como Nininho, dois filhos, uma menina chamada Kathleen Gabrilly,<br />

Gabriela Souza Santos e um menino chamado de Erick Vitor Souza Santos.<br />

“No primeiro processo de 500 grupos inscritos, eles ficaram dentre 30 e conquistaram um livro e troféu.<br />

O reconhecimento foi um orgulho pra nos, e encontramos com mulheres de todo Brasil onde tivemos oficinas para<br />

discutir nosso temas e conquista. Foi um momento maravilhoso. Foi uma riqueza, o contato com algumas entidades<br />

com a discussão de nossos dificuldades”<br />

Em 2014 a família conquista a cisterna de 52 mil litros do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). A<br />

partir daí novas possibilidades surgiram, as plantações ao redor da casa melhoraram, os animais<br />

consomem água de qualidade, a água da chuva agora tem endereço, um calçadão de forma inteligente faz a<br />

captação é fonte de vida que alimenta a convivência com o Semiárido. È uma realidade, com traços<br />

marcantes de prosperidades e muita animação.<br />

“Aquela água agora serve para minha horta, fruteiras e animais. Antes era na carroça pegando água nas<br />

nações (barreiros públicos). Um sonho realizado conquistar minha cisterna. Quando eu via chover e a<br />

cisterna de 16 mil litros derramava água pelo escape, eu imaginava como segurá-la, mas hoje eu posso”.<br />

Ao longo dos anos as conquistas foram muitas, os desafios também, mas o que se vê é um clima de otimismo<br />

dessa família que tanto acredita na permanência do homem e da mulher no campo. As perspectivas são<br />

outras, não se ver mais animais mortos nem pessoas com fome. Vê-se um Semiárido prosperar e com muita<br />

vida pujante.<br />

Família reunida no aprisco<br />

Lugar de riquezas sem igual, povo forte e lutador, na região Semiárida a agricultura é seu forte. Na labuta diária<br />

qualidade de vida é seu norte. Sonhos são formulados em busca da sustentabilidade e da permanência no campo.<br />

<strong>Ana</strong> <strong>Maria</strong>, desde criança, acompanhava seus pais no trabalho com a terra e criação de animais. Em especial, com<br />

caprinos e ovinos, muitos aprendizados foram adquiridos - hoje isso faz a diferença nos afazeres cotidianos. A<br />

história da família de <strong>Ana</strong> do leite é marcada pela resistência, valorização da identidade, da cultura e dos princípios<br />

familiares. Em toda a sua essência, evidencia a importância da permanência em seu lugar de origem, sempre em<br />

busca do desenvolvimento da família e da comunidade.<br />

“Eu sempre fui uma pessoa que estudou pouco, mas também sempre busquei conhecimento e nunca quis sair do meu<br />

lugar, sair de perto da minha mãe.”<br />

No ano de 1997, ainda morando com a sua mãe, <strong>Ana</strong> acessa um programa social chamado PRÓ-SERTÃO, do governo<br />

do Estado de Sergipe. Foi nessa época que conquistou uma cisterna de placas de água para beber, dando um grande<br />

passo em seu processo de convivência com o Semárido. No mesmo ano, a partir de um intercâmbio entre agricultores<br />

e agricultoras, conhece a criação de caprinos, e o despertar para o interesse em aprofundar os conhecimentos a cerca<br />

da criação foi evidente. Com muita força de vontade os aprendizados foram se tornando reluzentes.


Em 1998, <strong>Ana</strong> juntamente com a sua mãe, acessa um projeto de fomento junto ao Banco do Estado de<br />

Sergipe – BANESE, possibilitando a compra de seis cabras mestiças advindas da cidade de Porto da Folha.<br />

Assim como ela, outras pessoas da comunidade também acessaram o fomento e em comum acordo,<br />

também adquiriram um reprodutor para dar suporte as matrizes de todas as famílias. <strong>Ana</strong> iniciou a<br />

criação de caprinos e ela traz a importância de se preservar o que é bom, preservar os animais que tem<br />

adaptação fácil à região e passar isso de geração em geração.<br />

Percebendo a necessidade de se capacitar ainda mais na criação e beneficiamento, busca mais um<br />

parceiro. Dessa vez é o SEBRAE que orienta através de cursos e intercâmbios, estimulando e<br />

potencializando a sua capacidade de manejo adequado a criação de caprinos e beneficiamento do leite e<br />

seus derivados.<br />

Em 2002, <strong>Ana</strong> casa-se com Arivaldo, mais conhecido como Nininho. Começaram a desenhar a sua história<br />

e a construir sua família que hoje é completada por um casal de filhos. A terra da família foi uma conquista<br />

pela herança e outra pequena parte comprada com recursos próprios em 2002. São oito tarefas de muita<br />

vida, com lutas e conquistas para produção de vegetais e criação de animais.<br />

Na área que rodeia a casa, em apenas uma tarefa a diversidade é visível. Tem uma linda cisterna, tem<br />

produção vegetal, com frutas, hortaliças e ervas medicinais; tem também um aprisco para criação dos<br />

animais. Na outra parte da terra, são sete tarefas de muita diversidade, tem feijão para alimentar a família<br />

e tem palma, Gliricidia e milho para alimentar os animais.<br />

“Tudo que conseguimos foi fruto de trabalho, tanto na roça como na criação dos animais”.<br />

A mão de obra familiar sempre está presente, desde os afazeres domésticos, até o plantio de vegetais e o<br />

manejo dos animais. Com a afinidade na criação de caprinos, principalmente para suprir as necessidades<br />

alimentares da família, a comercialização do leite e seus derivados aumenta a renda familiar. A produção<br />

de queijo e leite é vendida na comunidade, saindo a R$ 0,90 litro do leite. A média de produção de leite por<br />

dia é de 18 litros.<br />

“Procuramos nos alimentar do que produzimos, tanto carne como leite e seus derivados, está presente na<br />

nossa alimentação, sabemos o que estamos comendo”.<br />

O criatório de caprino<br />

É uma grande tradição<br />

Há mais de vinte anos<br />

Trabalham com a criação.<br />

O leite de cabra<br />

É passado de geração a geração<br />

Pois na comunidade Cacimba nova<br />

Já é tradição.<br />

Autoria: Crianças da comunidade Cacimba Nova<br />

Por ser uma agricultora experimentadora, surge a ideia de se produzir o iogurte do leite de cabra. Sua<br />

persistência deu certo, e em 2003 ela aumenta o leque de produtos em sua comercialização. Para<br />

produzir 1 quilo de queijo é utilizado 8 litros de leite. O processo leva em média 4 horas Parece ser muito<br />

leite, porém ela vende cada quilo de queijo por R$25,00. Já para produzir um litro de iogurte é somente<br />

necessário 1 litro de leite. Nesse caso o processo é mais lento e leva em média 24 horas. Com a venda do<br />

leite de cabra e seus derivados a família consegue obter uma renda mensal de R$ 900,00.<br />

Com o passar dos anos, a quantidade de animais aumentou devido à demanda da produção de leite e seus<br />

derivado. Entre os anos de 2005 e 2010, a família forneceu o iogurte para a Companhia Nacional de<br />

Abastecimento (CONAB) através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). De lá para cá ela<br />

só vem crescendo tanto nas alternativas de manejo, quanto no empoderamento de seus conhecimentos<br />

sociais, políticos e ideológicos.<br />

Criação de caprinos de <strong>Ana</strong> <strong>Maria</strong><br />

Com a produção a todo vapor e o crescimento aflorante, aparece também a necessidade de melhorar e<br />

ampliar suas estruturas para os animais, tendo em vista novos sistemas de comedouro para o<br />

fornecimento das forragens, sistema automático de bebedouros que funciona por gravidade, para o<br />

fornecimento de água, sistema de limpeza das instalações e um novo sistema de ordenha elevada. No ano<br />

de 2008, a agricultora teve acesso a financiamento junto ao Banco do Nordeste do Brasil – BNB. Com o<br />

recurso a família construiu um novo aprisco na sua área, pois, antes era localizado na área de sua mãe.<br />

Passaram os anos e até hoje a família mantém as sementes animais que já manejam há 15 anos. Isso<br />

fortalece a ideia de que as sementes são adaptáveis ao clima e podem dar bons resultados, precisam ser<br />

conservadas para ir passando de geração a geração. Apesar de todos os cuidados por parte da família<br />

para evitar doenças, a compra de medicamentos ainda é bem presente, mas as práticas alternativas vem<br />

conquistando espaço e hoje já se utiliza o banho de nim, folha de bananeira, para que se possam<br />

substituir os medicamentos sintéticos e da maior sustentabilidade.<br />

Ordenha do leite de cabra pela família

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