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Literatura Olá, hoje na coluna de Literatura, teremos um conto baseado em fatos reais. Espero que apreciem a leitura. Por Karina Miranda Ela era apenas uma menina de vinte e poucos anos quando tudo aconteceu. Estava sozinha com as crianças em casa, o marido há muito havia se ausentado, trabalhando na construção civil em uma cidade distante. Contrariando todas as perspectivas para aquele ano, começou a chover, não uma leve garoa ou um sereno refrescante. Era uma chuva intensa, constante, de pingos grossos, que lhe golpeavam a face ao recolher as roupas do varal. Raios, relâmpagos, trovões... a natureza expressava ali toda sua fúria e enchia o rio que passava ao lado do pequeno casebre. Rose, a filha mais velha, tentava sem sucesso acalmar o choro do bebê, que em meio àquela cacofonia de sons , colocava à prova toda a potência de seus pulmões. Ela sentia medo, sabia que se o rio enchesse estariam perdidos, a casa ficava em um elevado, mas ilhados ali, sem família ou vizinhos por perto, logo as provisões acabariam e ela não sabia o que seria de si , das duas crianças maiores e do bebê que carregava no ventre. Temia também pela hora do parto que se aproximava. Entretanto, apesar da tenra idade e da vida difícil, possuía uma fé inabalável e rezava a cada minuto de cada dia: para Deus, para a Virgem Maria e para sua Mãe, esperando que a ouvissem e que um milagre acontecesse. Mas a chuva não deu trégua, o nível do rio aumentava e chegou até sua porta. A criança que esperava inquietava-se cada vez mais, sentindo o medo, a tensão e a fome materna. Com a subida do rio, os animais em desespero procuravam abrigo e não tardou para que sua casa virasse morada provisória de pássaros e pequenos roedores. Porém, a situação que já estava difícil tornou-se pavorosa com a chegada das cobras, eram muitas e apareciam em todos os lugares, ela não dava conta de expulsá-las, pois elas sempre voltavam e pareciam se multiplicar. Passou então a não dormir, com medo de que machucassem ou até mesmo matassem suas crianças, que mesmo tão inocentes e pequeninas, não se atreviam mais a chorar , vendo o caos em que sua pequena casa havia se transformado e o desespero nos olhos de sua mãe. Elas sabiam que os animais sentiam fome e que mal podiam esperar pela oportunidade de um vasto banquete. Os dias passavam lentos e a fé antes inabalável, começava a dar lugar à dúvida e quando então ela sentiu que não sobreviveria a mais um dia, a chuva amainou e surgiu o sol: magnífico, em todo o seu esplendor. E com ele, a fé daquela pequena família também voltou a aquecer seus corações, eles sabiam que o socorro logo viria, poderiam esperar um pouco mais. Assim, sete dias depois daquela fatídica tarde onde tudo começou, a jovem mãe avistou no horizonte uma pequena embarcação, que os resgatou, levandoos para um lugar seguro,onde receberam cuidados médicos, alimentos, roupas limpas e onde dois dias depois, chegava ao mundo a pequena Rita. Estabeleceram-se então na cidade, à espera do retorno paterno e nunca mais regressaram àquele pequeno sítio. Karina Miranda é escritora, casada com um alemão e mãe de duas meninas. Mora atualmente na Suíça, depois de uma temporada na Alemanha. Tem a literatura como paixão, hobby e terapia. VERÃO 2016 | VIVER MELHOR MAGAZINE 15 Viver Melhor.indd 15 8/25/16 4:19 PM