13.09.2016 Views

Mulher batalhadora, dona Z?lia relata as conquistas que o trabalho lhe rendeu

Dona Zlia Maria uma mulher que no tem medo de trabalhar. Desde criana ajudava os pais e, na juventude, assumiu a responsabilidade pelos irmos, at os 22 anos, quando se casou com se Jos Cndido. Por causa das viagens constantes do marido para trabalhar, em Braslia-DF, ela assumiu a casa e a educao das filhas. hoje, com as filhas j formadas e trabalhando, ela diz que est mais "aliviada", mas continua trabalhando.

Dona Zlia Maria uma mulher que no tem medo de trabalhar. Desde criana ajudava os pais e, na juventude, assumiu a responsabilidade pelos irmos, at os 22 anos, quando se casou com se Jos Cndido. Por causa das viagens constantes do marido para trabalhar, em Braslia-DF, ela assumiu a casa e a educao das filhas. hoje, com as filhas j formadas e trabalhando, ela diz que est mais "aliviada", mas continua trabalhando.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ano 8 • nº 2265<br />

Agosto/2016<br />

Currais Novos<br />

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Du<strong>as</strong> Águ<strong>as</strong><br />

<strong>Mu<strong>lhe</strong>r</strong> <strong>batalhadora</strong>, <strong>dona</strong> Zé<strong>lia</strong> <strong>relata</strong> <strong>as</strong><br />

conquist<strong>as</strong> <strong>que</strong> o <strong>trabalho</strong> <strong>lhe</strong> <strong>rendeu</strong><br />

Dona Zé<strong>lia</strong> Maria dos Santos Alves é uma mu<strong>lhe</strong>r forte, trabalhadora, corajosa e extremamente<br />

dedicada à famí<strong>lia</strong>. Ela mora no sítio Namorado, município de Currais Novos, sertão Seridó, no Rio<br />

Grande do Norte. Foi lá <strong>que</strong> n<strong>as</strong>ceu, em 17 de abril de 1962. As terr<strong>as</strong>, ela recebeu em doação, da<br />

sogra, e outra parte de herança dos pais. A vida toda de <strong>dona</strong> Zé<strong>lia</strong>, desde criança, foi de muit<strong>as</strong><br />

dificuldades, lut<strong>as</strong> e <strong>trabalho</strong>, m<strong>as</strong> toda dedicada à famí<strong>lia</strong>. Primeiro, à famí<strong>lia</strong> dos pais. “Eu, mesmo<br />

sendo mais nova, a do meio, era <strong>que</strong>m cuidava da famí<strong>lia</strong>, por<strong>que</strong> meus pais confiavam em mim”, conta<br />

<strong>dona</strong> Zé<strong>lia</strong>. Depois de c<strong>as</strong>ada, cuidou da criação e educação d<strong>as</strong> 3 filh<strong>as</strong>: Luzia Ja<strong>que</strong>line dos Santos<br />

Alves, hoje com 30 anos; Luana Ja<strong>que</strong>leide dos Santos Alves, 27 anos; e Laionara Jacicleide dos<br />

Santos Alves, 22 anos.<br />

Ela se c<strong>as</strong>ou com José Cândido Alves, quando tinha 22 anos. M<strong>as</strong>, por vári<strong>as</strong> vezes, ele viajou para<br />

trabalhar em Br<strong>as</strong>í<strong>lia</strong> e só voltava de tempos em tempos. “Depois da última vez <strong>que</strong> veio e voltou para<br />

Br<strong>as</strong>í<strong>lia</strong>, demorou 8 anos. Ele se aposentou por lá e veio embora. Já vai fazer 10 anos <strong>que</strong> ele voltou”,<br />

narra <strong>dona</strong> Zé<strong>lia</strong>. Por causa disso, ela criou <strong>as</strong> 3 filh<strong>as</strong> praticamente sozinha. Hoje, seu José Cândido<br />

mora com a famí<strong>lia</strong>, m<strong>as</strong> tem problem<strong>as</strong> de saúde e anda apoiado em mulet<strong>as</strong>.<br />

“Pra criar minh<strong>as</strong> filh<strong>as</strong>, eu <strong>que</strong>brava pedra, plantava hortaliç<strong>as</strong>, criava animais, fazia carvão pra<br />

vender e terminei montando um bar e restaurante pe<strong>que</strong>no, por um ano e seis meses”, <strong>relata</strong>. Ela conta<br />

<strong>que</strong> teve <strong>que</strong> fechar o restaurante por<strong>que</strong> <strong>as</strong> filh<strong>as</strong> atingiram a idade escolar e tiveram <strong>que</strong> ir estudar na<br />

cidade. Para ajudar a mãe a sustentar a famí<strong>lia</strong>, a<br />

filha mais velha, Luzia, foi trabalhar de doméstica.<br />

“M<strong>as</strong> el<strong>as</strong> continuaram estudando. Hoje, a barra<br />

está menos pesada, por<strong>que</strong> <strong>as</strong> filh<strong>as</strong> já estão<br />

trabalhando, terminaram cursos técnico e<br />

faculdade e já p<strong>as</strong>saram em concurso”, diz <strong>dona</strong><br />

Zé<strong>lia</strong>, demonstrando satisfação.<br />

Dificuldade com água<br />

A água para consumo doméstico sempre foi uma<br />

dificuldade. Ela conquistou a cisterna da primeira<br />

água em 2006 e a da segunda (cisterna de<br />

enxurrada), só em 2015. Ela tem um poço tubular,<br />

m<strong>as</strong> a água é salobra. “Plantei uma hort<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> a


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Du<strong>as</strong> Águ<strong>as</strong> Articulação Semiárido Br<strong>as</strong>ileiro – Rio Grande do Norte<br />

produção é ruim, por<strong>que</strong> a água é salgada<br />

e <strong>que</strong>ima <strong>as</strong> verdur<strong>as</strong> e <strong>as</strong> frut<strong>as</strong>. Não<br />

presta pra produzir verdur<strong>as</strong>. Eu plantei<br />

couve, pimentão, coentro e cebolinha. Só<br />

vai prestar com a água do inverno”,<br />

explica. Não tem água de chuva na<br />

cisterna, por<strong>que</strong> choveu pouco em 2016.<br />

Ela colocou água do poço, <strong>que</strong> é salobra.<br />

Antes de ter <strong>as</strong> cistern<strong>as</strong> e o poço tubular,<br />

ela tinha <strong>que</strong> ir pegar água no Açude do<br />

Pico do Totoró, distante cerca de 3<br />

quilômetros do lugar. “Quando o açude<br />

estava cheio, a gente puxava com uma<br />

bomba; m<strong>as</strong> a água de beber tem <strong>que</strong><br />

p e g a r m a i s l o n g e a i n d a , d e u m<br />

dessalinizador. M<strong>as</strong> agora a gente vai<br />

pegar mais perto, por<strong>que</strong> vem um<br />

dessalinizador para cá”, disse. Segundo ela,<br />

atualmente a água de beber vem da<br />

operação “carro pipa”.<br />

Dona Zé<strong>lia</strong> disse <strong>que</strong> está muito feliz, com a<br />

cisterna da segunda água. Ela afirmou <strong>que</strong><br />

sabe plantar tudo, e quando chover vai<br />

produzir. Ela é uma mu<strong>lhe</strong>r “vivedeira”,<br />

guerreira e não tem medo de trabalhar. Na<br />

conversa, disse <strong>que</strong> vendia o <strong>que</strong> produzia<br />

em feir<strong>as</strong> livres de vári<strong>as</strong> cidades, entre el<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> Currais Novos, Lagoa Nova e até em<br />

algum<strong>as</strong> do vizinho Estado da Paraíba.<br />

Ainda hoje vende na feira de Currais Novos<br />

<strong>as</strong> galinh<strong>as</strong> caipir<strong>as</strong> <strong>que</strong> cria. Orgulhosa do<br />

<strong>trabalho</strong>, ela mostrou vári<strong>as</strong> galinh<strong>as</strong><br />

caipir<strong>as</strong> já pront<strong>as</strong>, no freezer, para levar e<br />

vender na feira e entregar a clientes <strong>que</strong><br />

fazem encomend<strong>as</strong>.<br />

Atualmente, <strong>dona</strong> Zé<strong>lia</strong> cria vários animais. “Eu tenho uma criação de galinha; tinha 10 porcos, m<strong>as</strong> vendi<br />

e agora só estou com dois, m<strong>as</strong> vou comprar mais, por<strong>que</strong> gosto muito de criar; tenho 30 cabeç<strong>as</strong> de<br />

ovelh<strong>as</strong>; <strong>as</strong> do projeto, a primeira pariu, m<strong>as</strong> morreu; a segunda pariu e se criou, e agora pariu de novo,<br />

m<strong>as</strong> está doente; m<strong>as</strong> <strong>as</strong> outr<strong>as</strong>, uma está parida e outra amojada (prenha)”, <strong>relata</strong>.<br />

O caráter produtivo foi 4 ovelh<strong>as</strong>. “Ganhei <strong>as</strong> do projeto e continuo criando, por<strong>que</strong> vivo disso. Pra<br />

sustentar minha c<strong>as</strong>a, eu compro e vendo. Compro porco, galinha, ovelha, gado; eu tinha seis cabeç<strong>as</strong> de<br />

gado, m<strong>as</strong> acabei tod<strong>as</strong> com minh<strong>as</strong> filh<strong>as</strong>, para estudarem na faculdade. Tudo quanto peguei e investi,<br />

foi pra el<strong>as</strong>”, diz <strong>dona</strong> Zé<strong>lia</strong>, demonstrando prazer pelo <strong>que</strong><br />

faz.<br />

Ela conta <strong>que</strong> neste ano é <strong>que</strong> está mais “aliviada”, por<strong>que</strong><br />

<strong>as</strong> filh<strong>as</strong> já terminaram os estudos. “G<strong>as</strong>tei muito, agora<br />

mesmo terminei de pagar R$ 1.500,00 de um empréstimo.<br />

Não fi<strong>que</strong>i com nada, m<strong>as</strong> estou muito feliz, por<strong>que</strong> fi<strong>que</strong>i<br />

livre de cont<strong>as</strong> pra pagar. Acredito <strong>que</strong> de hoje em diante<br />

vou viver mais sossegada, por<strong>que</strong> minh<strong>as</strong> filh<strong>as</strong> agora vão<br />

trabalhar e arrumar <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> pra el<strong>as</strong>. Pra mim não <strong>que</strong>ro,<br />

não. El<strong>as</strong> conseguindo pra el<strong>as</strong>, estou muito feliz”, afirma.<br />

As palavr<strong>as</strong> <strong>que</strong> ela diz são de uma pessoa <strong>que</strong> se sente<br />

vitoriosa e realizada na vida.<br />

Realização<br />

Apoio

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!