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Revista Suinocultura Industrial

Suinocultura Industrial aborda temas como manejo, produção, nutrição, genética, equipamentos, unidades de pesquisa, sanidade e muitos outros relacionados ao setor. Seus leitores são em sua maioria: produtores, empresários, técnicos, pesquisadores envolvidos com o setor, médicos veterinários, sanitaristas, zootecnistas e estudantes.

Suinocultura Industrial aborda temas como manejo, produção, nutrição, genética, equipamentos, unidades de pesquisa, sanidade e muitos outros relacionados ao setor.
Seus leitores são em sua maioria: produtores, empresários, técnicos, pesquisadores envolvidos com o setor, médicos veterinários, sanitaristas, zootecnistas e estudantes.

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Granulometria de<br />

milho para suínos<br />

De extrema importância, a granulometria<br />

tem impacto direto sobre o rendimento<br />

da moagem, afetando a produtividade<br />

das fábricas de ração e o consumo<br />

de energia. Também, tem efeito<br />

sobre a digestibilidade dos suínos<br />

em crescimento e terminação.<br />

Entrevista<br />

Augusto Togni, gerente Adjunto da Unidade de<br />

Agronegócio do Sebrae Nacional, fala sobre a<br />

atuação da entidade no setor agropecuário e<br />

destaca o trabalho desenvolvido em cadeias<br />

produtivas como a da carne suína.


Editorial<br />

SI 272<br />

Guia Gessulli chega<br />

como encarte<br />

O Guia Gessulli da Avicultura e <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> é a mais tradicional ferramenta<br />

de busca por informações de empresas, produtos e serviços. Nesse ano,<br />

vem com uma grande novidade. Toda a parte do guia será um encarte especial,<br />

que acompanhará a edição. Aliado ao conteúdo completo de <strong>Suinocultura</strong><br />

<strong>Industrial</strong>, o leitor terá a sua disposição um sistema de fácil consulta, que o ajudará<br />

a encontrar o que for preciso para potencializar o seu negócio.<br />

O foco central da elaboração desse encarte é migrar futuramente o Guia Gessulli<br />

para um formato totalmente digital. Hoje, o guia já dispõe de um site que facilita<br />

a consulta pelos usuários, sendo inclusive responsivo para smartphones e tablets.<br />

Com a internet cada vez mais presente na vida das pessoas, o objetivo<br />

é buscar uma interatividade ainda maior por meio do desenvolvimento de um<br />

aplicativo específico de busca. Essa futura ferramenta permitirá que produtores,<br />

técnicos, empresários e outros profissionais do setor tenham sempre<br />

em mãos as melhores opções de empresas, produtos e serviços, encontrando<br />

com facilidade o que procuram.<br />

O crescente uso de aplicativos no campo é inclusive tema de matéria especial<br />

dessa edição. Com a popularização dos smartphones, começam a surgir diversas<br />

opções voltadas ao uso específico na avicultura e na suinocultura. A adoção<br />

dos aplicativos é um caminho sem volta, que contribui decisivamente para a<br />

melhoria da produtividade e da eficiência dentro dos sistemas produtivos.<br />

Na área de processamento de carnes, a revista traz um artigo explicando os<br />

conceitos da nanotecnologia. Essa tecnologia inovadora tem sido utilizada em<br />

diversas áreas da atividade humana, tornando-se cada vez mais importante para<br />

indústrias, como a de alimentação animal. O leitor também vai encontrar no conteúdo<br />

dessa revista uma matéria especial destacando os diferenciais produtivos<br />

da Ianni Agropecuária, sediada no município de Itu (SP). Responsável por produzir<br />

a própria ração, mantendo um alto controle de qualidade, a propriedade<br />

tem como um dos destaques a sua creche totalmente automatizada.<br />

Fundador: Oswaldo Gessulli (1921-1999)<br />

Diretores: Andrea Gessulli e Ricardo Gessulli<br />

Boa leitura a todos!<br />

Os editores<br />

Índice ›<br />

16 Estudos da Embrapa<br />

A granulometria do milho é de extrema importância,<br />

com efeitos diretos sobre o rendimento da moagem dos<br />

moinhos, afetando a produtividade das fábricas de ração.<br />

E, em decorrência, tem efeito sobre o consumo de<br />

energia elétrica. Uma granulometria menor reduz a produtividade<br />

na fábrica e aumenta o consumo de energia.<br />

28 Tecnologia em<br />

alimentos<br />

A nanotecnologia tem sido utilizada amplamente nas áreas<br />

de cosméticos, fármacos e na medicina como potencial<br />

revolucionário em diagnósticos, novas drogas e novas<br />

formas de liberação, assim como no desenvolvimento de<br />

vacinas e na engenharia de tecidos. Nos últimos anos vem<br />

se tornando cada vez mais importante na área de alimentação<br />

humana e animal.<br />

52 Nutrição<br />

O uso de enzimas exógenas e peletização aumentam a<br />

digestibilidade da dieta em suínos na fase pré-inicial.<br />

Estudo buscou verificar o efeito da peletização e da inclusão<br />

de uma mistura de enzimas na dieta de suínos na<br />

fase pré-inicial de produção. Foram utilizados 24 suínos<br />

machos, castrados, com idade média de 35 dias.<br />

Redação: Humberto Luis Marques. Site: Fernanda Oliva. Editoração: Diego Veloso Barbosa. Tráfego<br />

e Circulação: Leila Carla Xavier. Comercial: Anderson Silva (executivo de negócios). Adriana Maciel,<br />

Evelyn Pelissari Corrêa, Guilherme Ferrari e Jéssica Gomes (assistentes comerciais). Relações Internacionais:<br />

Camila Bezerra (Europa), Glaucio Amaral (Ásia), Joice Miotto Gaiotto (EUA e América<br />

Latina). Financeiro: Luma Ferreira Brisson de Souza e Jacqueline Saraiva.<br />

Administração, Assinaturas, Comercial e Redação:<br />

Av. Antonio Gazzola, 1001, 8º andar, Jardim Corazza, Itu (SP), Cep 13301-916.<br />

Tel.: (11) 2118-3133/ (11) 4013-1277.<br />

E-mail: gessulli@gessulli.com.br<br />

Internet: www.suinoculturaindustrial.com.br<br />

<strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> é uma publicação dirigida a produtores, empresários, técnicos e pesquisadores ligados à produção e industrialização de carne suína no Brasil e América Latina. Os<br />

artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista. Não é permitida a reprodução parcial ou total das reportagens e artigos publicados sem a autorização por escrito dos<br />

editores. Registrada no Regime especial DRT-1 n 011391/90.


Agenda 2016<br />

Outubro<br />

4º Simpósio da Ciência do Agronegócio<br />

Data: 06 e 07 de outubro<br />

Local: Porto Alegre (RS)<br />

Realização: UFRGS<br />

Tel.: (51) 3308-6001<br />

Site: www.ufrgs.br/cepan<br />

IX Simpósio Paranaense de Pós-colheita de Grãos<br />

Data: 19 a 21 de outubro<br />

Local: Campo Mourão (PR)<br />

Realização: Abrapos<br />

Tel.: (43) 3345-3079<br />

Site: www.abrapos.org.br<br />

E-mail: abrapos@fbeventos.com<br />

Novembro<br />

30ª Reunião Anual do CBNA<br />

Congresso sobre Nutrição de Aves<br />

e Suínos - Micotoxinas<br />

Data: 08 a 10 de novembro<br />

Local: Instituto Agronômico - Campinas (SP)<br />

Realização: CBNA<br />

Tel.: (19) 3232-7518<br />

Site: www.cbna.com.br<br />

E-mail: cbna@cbna.com.br<br />

Eurotier 2016<br />

Data: 15 a 18 de novembro<br />

Local: Hanover - Alemanha<br />

Realização: DLG<br />

Tel.: +49 (0) 69 24 788-0<br />

Site: www.eurotier.com<br />

E-mail: expo@dlg.org<br />

Avisulat 2016<br />

Data: 22 a 24 de novembro<br />

Local: Centro de Eventos FIERGS - Porto Alegre (RS)<br />

Realização: Asgav, SIPS, Sindilat/RS<br />

Tel.: (51) 3228-8844<br />

Site: www.avisulat.com.br<br />

E-mail: comercial@avisulat.com.br<br />

20ª Rodada Goiana de Tecnologia em Manejo<br />

de Suínos<br />

Data: 24 e 25 de novembro<br />

Local: Auditório França Gontijo - Goiânia (GO)<br />

Realização: AGS<br />

Tel.: (62) 3203-1666<br />

Site: www.ags.com.br<br />

E-mail: ags@ags.com.br<br />

2º Simpósio Baiano de Produção Animal (SBPA)<br />

Data: 25 de novembro<br />

Local: Itapetinga (BA)<br />

Realização: UESB<br />

Tel.: (77) 3261-8450<br />

Site: www.zootecniaativa.com/sbpa<br />

E-mail: sbpa@zootecniaativa.com<br />

Dezembro<br />

II Encontro Nacional da Agroindústria<br />

Data: 05 a 08 de dezembro<br />

Local: Bananeiras (PB)<br />

Realização: UFPB<br />

Site: www.iienag2016.wixsite.com/enag<br />

Encontro Nacional da Cultura do Milho<br />

Data: 15 e 16 de dezembro<br />

Local: Uberlândia (MG)<br />

Realização: Universidade Federal<br />

de Uberlândia (UFU)<br />

Tel.: (34) 3239-4411<br />

Site: www.fealq.org.br<br />

Fevereiro<br />

Show Rural Coopavel<br />

Data: 06 a 10 de fevereiro<br />

Local: Cascavel (PR)<br />

Realização: Coopavel<br />

Tel.: (45) 3225-6885<br />

Site: www.showrural.com.br<br />

Fale com a redação<br />

Críticas, sugestões de assunto, discussões sobre as reportagens<br />

ou envio de material para publicação, entre em contato<br />

conosco pelo e-mail: redacao@gessulli.com.br<br />

É você colaborando com a difusão da informação ao seu setor!<br />

Os editores se reservam ao direito de condensar e editar os<br />

e-mails para adaptá-los à linguagem e espaço da revista.<br />

4 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Nossa História<br />

São Paulo • Brasil • Março 1982 - Número 41 - Ano 5<br />

A influência do Clima na<br />

Agropecuária<br />

Pesquisas de 1982 e ferramentas modernas atuais convergem<br />

para soluções tecnológicas de produção.<br />

Oclima é discussão em todas as vertentes da<br />

agropecuária e, desde os primórdios, realizam-se<br />

experimentações a fim de considerar<br />

a temperatura ideal para determinadas<br />

atividades. Na suinocultura, por exemplo, os animais<br />

sofrem com demasiado calor ou demasiado frio; exigindo,<br />

assim, ambiente ideal que garanta maior qualidade<br />

de carcaça e conversão alimentar.<br />

Na revista <strong>Suinocultura</strong><br />

<strong>Industrial</strong> do mês de<br />

Março de 1982, o veterinário<br />

e zootecnista<br />

Alberto Neves Costa realizava<br />

pesquisa sobre a<br />

influência do clima nas<br />

fases de crescimento e<br />

de engorda dos suínos.<br />

Na época, os sistemas de climatização<br />

eram limitados e os resultados não poderiam<br />

ser diferentes: a eficiência, na produção de suínos,<br />

é severamente limitada pelas altas temperaturas,<br />

enquanto que no frio invernal, os animais apresentaram<br />

um aumento significativo no percentual de pernil, lombo<br />

e cortes magros na carcaça.<br />

Atualmente, com a evolução da automação das granjas<br />

suinícolas, soluções para controle de umidade e temperatura<br />

são itens considerados obrigatórios, bem como<br />

antecipar medidas para sanar emergências ambientais.<br />

Pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e<br />

Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), para realizar<br />

previsões num esforço para reduzir os impactos das<br />

mudanças climáticas sobre a agropecuária, anunciaram<br />

em setembro de 2016, o desenvolvimento de uma<br />

plataforma digital capaz de prever episódios de veranico<br />

– fenômeno caracterizado por alguns dias de seca<br />

durante a estação chuvosa – com até quatro semanas de<br />

antecedência. A ferramenta pode servir para auxiliar<br />

no planejamento de todas as atividades rurais.


Aprovação para<br />

venda de carne<br />

suína à Coreia do<br />

Sul deve ocorrer<br />

no início de 2017<br />

O ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) considerou positivo o saldo da sua visita a Seul, na Coreia do Sul.<br />

Ele conseguiu do vice-ministro da Agricultura, Lee Jun-won, a promessa de que o processo para a aprovação da importação da carne<br />

suína de Santa Catarina seja concluído no início do próximo ano, quando técnicos do governo coreano deverão vir ao Brasil para uma<br />

série de visitas técnicas a frigoríficos. O mercado da Coreia do Sul é de 50 milhões de consumidores. As negociações para a entrada<br />

de carne suína brasileira no mercado coreano já se arrastam por uma década. O processo de liberação de importação de carne suína<br />

de Santa Catarina entrou na sétima fase, que é a aprovação pelo Congresso da Coreia do Sul.<br />

Crédito: Beto Barata/PR<br />

PIB do agronegócio avança<br />

2,45% no 1º semestre<br />

Visite o site | www.suinoculturaindustrial.com.br<br />

Mapa quer aumentar para<br />

10% a participação no<br />

mercado mundial<br />

Em palestra no Seminário Empresarial de Alto Nível Brasil-China,<br />

em Xangai, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,<br />

Blairo Maggi, afirmou que a agricultura brasileira tem<br />

capacidade de aumentar ainda mais sua participação no mercado<br />

mundial do agronegócio. “O complexo do agro é bastante<br />

diversificado no Brasil. Temos condições de atender a toda a<br />

população brasileira e as demandas mundiais”, garantiu o ministro.<br />

Maggi revelou que sua meta a frente do Ministério da<br />

Agricultura é aumentar a participação brasileira no mercado<br />

mundial de 6,9% para 10% em um prazo de cinco anos. Um dos<br />

objetivos é que o Brasil amplie o comércio com a China, o que<br />

foi discutido em encontro do presidente Michel Temer com o<br />

presidente chinês Xi Jinping durante viagem ao país.<br />

O Produto Interno Bruto do agronegócio brasileiro cresceu<br />

0,62% em junho e registrou alta de 2,45% no primeiro semestre<br />

deste ano, em comparação com o igual período de 2015,<br />

segundo dados da Confederação Nacional de Agricultura e<br />

Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados<br />

em Economia Aplicada (Cepea), divulgados no final de setembro.<br />

O crescimento semestral se deve principalmente à alta na<br />

cadeia produtiva da agricultura, que registrou avanço de 3,64%.<br />

Todos os setores do agronegócio tiveram avanços no primeiro<br />

semestre, mas o setor primário se destacou com expansão de<br />

3,05% atribuída à alta dos preços agrícolas, o que compensou<br />

a queda na produção, especialmente de soja e milho, afetada<br />

pela seca. Já o PIB da Agroindústria registrou alta de 2,28% no<br />

primeiro semestre de 2016 em comparação com o mesmo período<br />

de 2015, principalmente devido à indústria de processamento<br />

vegetal, que teve aumento de preços no semestre. Com<br />

informações da Reuters.<br />

6 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

7


FNDS alcança 36% do plantel<br />

de suínos no Brasil<br />

Abate de suínos chega a<br />

10,46 milhões de cabeças,<br />

o maior desde 1997<br />

O abate de suínos no país chegou a 10,46 milhões de cabeças,<br />

o maior desde 1997. O abate de frangos cresceu 6,5% no mesmo<br />

período. Essas e outras informações estão disponíveis nos<br />

resultados do 2º trimestre de 2016 das Pesquisas Trimestrais<br />

do Abate de Animais, do IBGE. No 2º trimestre de 2016, foram<br />

abatidas 10,46 milhões de cabeças de suínos, com alta de 3,9%<br />

em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 8% (770,93<br />

mil cabeças de suínos a mais) na comparação com o mesmo<br />

período de 2015. Trata-se do maior resultado desta pesquisa,<br />

iniciada em 1997. Santa Catarina continua liderando o abate<br />

de suínos, seguido por Rio Grande do Sul e Paraná. Houve aumento<br />

no abate de suínos em 19 das 25 UFs participantes da<br />

pesquisa. Os principais aumentos ocorreram em Santa Catarina<br />

(+189,29 mil cabeças), Rio Grande do Sul (+137,43 mil<br />

cabeças), Minas Gerais (+115,83 mil cabeças), Mato Grosso<br />

(+96,43 mil cabeças) e Paraná (+87,42 mil cabeças).<br />

Criado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos<br />

(ABCS) no final de 2014 para garantir sustentabilidade e defender<br />

as ações de produção, indústria e comercialização, o<br />

Fundo Nacional de Desenvolvimento da <strong>Suinocultura</strong> (FNDS)<br />

já conta com mais de 579 mil matrizes – correspondente a<br />

36% do plantel de suínos do país. Os números divulgados pela<br />

associação indicam que a adesão de produtores ao Fundo<br />

alcançou quase todas as regiões do país, conforme infográfico<br />

abaixo. Os recursos arrecadados pelo FNDS também são<br />

convertidos em frentes de estímulo ao consumo da proteína –<br />

como exemplo, o lançamento do conceito Escolha + Carne<br />

Suína. A recente adesão do<br />

Grupo JBS, um dos líderes<br />

mundiais do ramo<br />

de alimentação, foi<br />

fator decisivo para<br />

o crescimento<br />

do Fundo. A empresa,<br />

representada<br />

pela marca Seara,<br />

acresce em cerca<br />

de 200 mil matrizes<br />

– coadjuvando<br />

no alcance da considerável marca de<br />

36% do plantel nacional de suínos.<br />

Visite o site | www.suinoculturaindustrial.com.br<br />

Embarques de carne suína in natura acumulam<br />

alta de 36,6% no ano<br />

De acordo com números levantados pela Associação Brasileira de Proteína Animal<br />

(ABPA), as exportações brasileiras de carne suína in natura seguem em forte alta<br />

neste ano. Em agosto foram embarcadas 57,5 mil toneladas, volume 36,6% superior<br />

ao registrado no mesmo período do ano passado. No acumulado<br />

entre janeiro e agosto de 2016 o setor registrou elevação de 41,4%, com<br />

411 mil toneladas. Com estes números, o setor obteve uma receita<br />

cambial de US$ 127 milhões em agosto, saldo 19,8% superior<br />

ao registrado no oitavo mês de 2015. No ano, a alta é de<br />

7,7%, com US$ 812,2 milhões alcançados nos oito primeiros<br />

meses de 2016. Já em reais, o resultado do setor chegou a<br />

R$ 407,5 milhões em agosto (+9,4%) e R$ 2,878 bilhões entre<br />

janeiro e agosto (+22,6%).<br />

8 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

9


Mudança de modelo econômico da China<br />

gera oportunidades de negócios no País<br />

Ao deixar de priorizar as exportações de manufaturas baratas para focar no imenso mercado<br />

doméstico, a China passou a apresentar crescimento bem mais modesto e tornou-se<br />

motivo de preocupação global. Depois de crescer a taxas superiores a 10% entre 2003 e<br />

2012, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês avançou somente 6,9% em 2015. O resultado, o pior<br />

desde 1990, colocou no radar os sérios problemas do país como, por exemplo, a distribuição<br />

desigual da renda. Porém, embora a economia chinesa esteja em franco processo de desaceleração,<br />

o mercado consumidor não para de aumentar, o que representa ótima oportunidade de negócios<br />

a quem souber traçar a estratégia correta e investir no país. Segundo informe elaborado pelo Credit Suisse,<br />

atualmente 109 milhões de pessoas compõem a classe média chinesa e têm uma renda entre US$ 50 mil e US$ 500 mil ao ano. A<br />

população do gigante asiático está em torno de 1,3 bilhão de habitantes. Apesar da ampla desigualdade social, a China possui hoje a<br />

maior classe média do mundo e encontra-se à frente dos Estados Unidos (92 milhões de pessoas) e Japão (62 milhões de pessoas).<br />

BRF investe US$ 16 milhões em processadora de alimentos<br />

da Malásia<br />

A BRF anunciou um novo investimento internacional, desta vez na Malásia, para expandir<br />

presença em mercados muçulmanos. A controladora BRF Foods deterá participação de 70%<br />

na processadora de alimentos da Malásia FFP - FFM Further Processing SDN BHD -, com um<br />

aporte de aproximadamente US$ 16 milhões. Os outros 30% ficarão com a FFM Berhad, que<br />

por sua vez é subsidiária da PPB Group Berhad, que atua no sudeste asiático nos segmentos<br />

de grãos, agribusiness e produtos de consumo. Em março, a companhia havia anunciado abertura de um escritório em Kuala Lumpur<br />

como plataforma para alcançar mercados consumidores muçulmanos. “A transação está em linha com a estratégia da BRF em expandir<br />

sua presença no sudeste asiático e seu contínuo comprometimento com os mercados muçulmanos”, afirma a empresa.<br />

Brasil negocia abertura do mercado de carnes com Myanmar<br />

Visite o site | www.suinoculturaindustrial.com.br<br />

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo<br />

Maggi, deixou a cidade de Yangon, capital de Myanmar, com<br />

a perspectiva de fechamento de acordos bilaterais. O ministro<br />

da Agricultura de Myanmar, Tun Win, disse que a visita de Maggi<br />

foi um grande avanço para a consolidação da parceria entre<br />

os dois países. Para ele, uma cooperação forte com o Brasil<br />

tem um significado importante do ponto de vista geopolítico,<br />

uma vez que pode fortalecer a posição de Myanmar em relação<br />

à China. De olho no mercado de 50 milhões de habitantes,<br />

o Brasil quer exportar carne e abrir as portas do país para<br />

empresas brasileiras instalarem frigoríficos de carnes bovina,<br />

suína e aves para vender no mercado interno de Myanmar ou<br />

mesmo exportar, como já ocorre na Tailândia, Coreia, Emirados<br />

Árabes e China.<br />

10 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Safeeds amplia<br />

participação internacional<br />

A Safeeds iniciou<br />

a comercialização<br />

de seus produtos<br />

para outros países.<br />

Especializada em<br />

aditivos alternativos<br />

e seguros para<br />

nutrição animal, a empresa já exporta para países da<br />

América Latina. Nos próximos anos, a empresa pretende<br />

ampliar as exportações para além das Américas. O<br />

processo de internacionalização da empresa vem de<br />

encontro com os investimentos em pesquisa realizados<br />

para aprimorar os seus produtos e diferenciá-los no<br />

segmento de produção animal livre de antibióticos Para<br />

competir comercialmente em outros países, a empresa<br />

realiza rigorosos testes e validações que garantem a eficácia<br />

de seus produtos nas mais diversas condições de<br />

aplicação. O projeto de internacionalização da Safeeds<br />

também conta com a seleção de agentes e distribuidores<br />

internacionais capacitados para atendimento técnico<br />

especializado nos diferentes mercados de atuação.<br />

Starrett lança linha de facas<br />

para frigoríficos de aves e suínos<br />

Líder mundial no segmento de lâminas de serra de fita para a indústria<br />

de alimentos, a Starrett apresenta o seu mais novo produto para<br />

frigoríficos de aves e suínos: a linha de facas e chairas profissionais. Já<br />

reconhecida pela qualidade e precisão dos seus produtos, este lançamento<br />

oferece para açougues, frigoríficos, supermercados e profissionais<br />

da indústria de alimentos em geral uma nova e excelente opção<br />

para o corte de carnes. Tendo como carro-chefe as serras e equipamentos,<br />

o grupo percebeu a alta eficiência de suas serras também em<br />

frigoríficos, foi então que após alguns anos de pesquisa chegou a um<br />

produto final com a alta qualidade dos produtos Starrett, que fazem do<br />

grupo líder de mercado neste segmento. Assim, foram desenvolvidos<br />

vários modelos de facas, com lâmina de aço inox alemão, para abates<br />

de aves, bovinos, suínos e para a área de embutidos.<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

11


SI Online<br />

suinoculturaindustrial.com.br<br />

facebook/suinoculturaindustrial twitter/Gessulli instagram/@gessulliagribusiness youtube/tvgessulli<br />

FACEBOOK<br />

4.714 pessoas alcançadas<br />

Produtor aposta na utilização do<br />

biogás para sanar passivos ambientais<br />

e gerar novas fontes de renda<br />

José Carlos Colombari aposta na produção sustentável de suínos desde 2006, quando implantou<br />

o primeiro biodigestor na propriedade com o objetivo de tratar os resíduos dos animais, produzir<br />

biogás e, consequentemente, gerar energia. A Unidade Granja Colombari (UGC) está localizada no<br />

município de São Miguel do Iguaçu, oeste do Estado do Paraná. Em 2008, a propriedade se destacou<br />

pelo pioneirismo, ao tornar-se a primeira granja do Brasil a trabalhar com o sistema de geração<br />

distribuída (GD), termo que designa a geração de energia elétrica em conjunto com os produtores<br />

independentes de fonte de energia. Foi também a primeira unidade produtiva com auto abastecimento<br />

de energia no Brasil, sendo monitorada pela Companhia Paranaense de Energia (Copel).<br />

Acesse o link e leia na íntegra:<br />

suinoculturaindustrial.com.br/biogas272<br />

Vídeo<br />

Para Alex Atala, carne suína<br />

é um dos grandes exemplos<br />

da cozinha brasileira<br />

Em entrevista à TV Gessulli, durante o lançamento do Festival Suíno no Ponto, o<br />

chef Alex Atala comenta sobre a importância da carne suína em sua gastronomia<br />

Assista!<br />

suinoculturaindustrial.com.br/atala272<br />

FIQUE ATENTO<br />

Prorrogado o prazo para suinocultores<br />

contratarem crédito<br />

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu prorrogar até 30 de junho de 2017 a possibilidade de contratação de crédito de<br />

custeio com prazo de dois anos destinado à retenção de matrizes suínas. Anteriormente, o crédito estava disponível até 30 de junho<br />

de 2016. A retenção de matrizes ocorre quando os criadores destinam menos fêmeas ao abate, conservando-as de maneira<br />

a poder aumentar a produção de leitões. Segundo nota do Ministério da Fazenda, o aumento do preço do milho e consequente<br />

dificuldade de acesso ao produto foi o motivo da medida. O grão é um dos principais ingredientes usados na ração de suínos.<br />

“O resultado [da alta do preço do milho] é uma queda acentuada na relação entre o preço do suíno vivo e do milho, o que leva os<br />

produtores a elevar o abate de matrizes suínas, ocasionando a sobre oferta de carne”, justificou a Fazenda.<br />

12 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

13


Inside<br />

A Aurora Alimentos fechou parceria com a empresa Topigs Norsvin<br />

para o fornecimento de material genético suíno, em evento realizado<br />

em Chapecó (SC).<br />

Herbert Corrêa de Oliveira<br />

é o novo contratado da<br />

Tectron. O médico veterinário<br />

será coordenador técnico<br />

comercial na empresa e vai<br />

atuar na região oeste<br />

do Paraná.<br />

Entre os dias 02 e 11 de setembro, São Paulo (SP) recebeu o Festival<br />

Suíno no Ponto em mais de 40 restaurantes. Para o lançamento, a<br />

diretoria da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)<br />

recebeu no restaurante “Dalva e Dito”, renomados convidados,<br />

entre eles o chef Alex Atala e participantes do Masterchef Brasil.<br />

Representantes das associações de suinocultores de diversos Estados<br />

participaram do lançamento oficial da 4ª Semana da Carne Suína, realizada<br />

pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).<br />

14 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Flauri Migliavacca, diretor<br />

Técnico da Mig-PLUS,<br />

marcou presença no<br />

12º Seminário Internacional<br />

de <strong>Suinocultura</strong><br />

Agroceres PIC.<br />

Vinícius de Moura Dias,<br />

FEO, e Gaspar Silva, gerente<br />

de relacionamento do Grupo<br />

Setta durante o 12º Seminário<br />

Internacional de <strong>Suinocultura</strong><br />

Agroceres PIC.<br />

Marco Aurélio Gama, head de Saúde Animal,<br />

e Marcio Vital Ferreira, gerente de Marketing<br />

de Saúde Animal da Boehringer Ingelheim.<br />

Carlos Ercoli e o diretor Raúl Brega receberam<br />

a homenagem pelo reconhecimento apoio e<br />

desenvolvimento científico da Vetanco.<br />

A Zoetis, companhia global<br />

de saúde animal, anunciou a<br />

contratação de Cintia Santos<br />

como gerente de Produtos<br />

de <strong>Suinocultura</strong>. Cintia é<br />

formada em Administração<br />

de Empresas pela UFRJ, com<br />

especialização em gestão<br />

pela FGV.<br />

José Lúcio, da Microvet,<br />

acompanhado do produtor<br />

Antonio Ianni e da chefe-geral<br />

da Embrapa Suínos e Aves<br />

Janice Zanella no 12º Seminário<br />

Internacional de <strong>Suinocultura</strong><br />

Agroceres PIC.<br />

Os produtores Olinto Arruda e Manoel Lopes estiveram<br />

presentes no 12º Seminário Internacional de <strong>Suinocultura</strong><br />

Agroceres PIC, que aconteceu no Rio de Janeiro.<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

15


Estudos da Embrapa<br />

Granulometria do milho<br />

para suínos em crescimento<br />

e terminação<br />

A granulometria do milho também tem efeito direto sobre o rendimento da moagem dos<br />

moinhos afetando a produtividade das fábricas de ração. E, em decorrência, tem efeito<br />

sobre o consumo de energia elétrica. Uma granulometria menor reduz a produtividade na<br />

fábrica e aumenta o consumo de energia.<br />

Por_Jorge Vitor Ludke 1 , Dirceu Luis Zanotto 1 , Arlei Coldebella 1 , Anildo Cunha Júnior 2 , Teresinha Marisa Bertol 1<br />

Crédito: Marcos V. N de Souza<br />

Omilho é o principal ingrediente usado<br />

na alimentação de suínos participando<br />

em média com 75% na formulação das<br />

rações e, tradicionalmente, de forma isolada,<br />

o cereal representa em torno de 40% do custo de<br />

produção na suinocultura brasileira. Em 2015, cerca de<br />

13,5 milhões de toneladas de milho foram destinados<br />

para a alimentação de suínos no Brasil (Figura 01).<br />

Desde 2005 o preço do milho tem forte correlação com<br />

aquele praticado no mercado internacional (exceto nos<br />

períodos de adversidade climática interna ou externa)<br />

e os altos preços alcançados pelo cereal atualmente, no<br />

Brasil, merecem muita atenção para maximizar a eficiência<br />

do milho na alimentação dos suínos.<br />

É bem conhecido que a utilização de híbridos de milho<br />

com diferente composição físico-química em dietas<br />

para suínos em crescimento e terminação afeta o<br />

desempenho e as características de carcaça (Moore et<br />

al., 2008). Porém, a granulometria traduzida pelo diâmetro<br />

geométrico médio de partícula (DGM, expresso em<br />

micra) também influencia a eficiência na utilização do<br />

milho moído pelos suínos em terminação (Goodband<br />

16 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Figura 01. Produção total de milho em 2015 (84 milhões de toneladas)<br />

sendo 60% destinada à alimentação animal (49,8 milhões de toneladas)<br />

e deste total 84,7% (42 milhões de toneladas) foi para a alimentação<br />

de aves e suínos<br />

et al., 2002). A granulometria do milho pode apresentar vés de uma sequência de projetos nas duas últimas décadas,<br />

foram desenvolvidos conhecimentos, produtos e<br />

variação do DGM das partículas entre 400 e 1.200 micra<br />

e a resposta observada neste intervalo usando rações processos para uma melhor utilização do milho em função<br />

de diferentes granulometrias, por exemplo, dispo-<br />

fareladas está apresentada na Figura 02.<br />

Pesquisas recentes têm confirmado que a redução da nibilização do Software Granucalc (www.cnpsa.embrapa.<br />

granulometria do milho melhora a digestibilidade de br/softgran/softgran.php), onde se avalia e se interpreta a<br />

nutrientes e/ou da energia bruta das rações (Rojas e adequação do grau de moagem do milho para suínos e<br />

Stein, 2015) e o desempenho de suínos em crescimento aves. Porém, para o desenvolvimento de uma nutrição<br />

e terminação (Bertol et al., 2016). Mas apesar de conhecidos<br />

os efeitos da variabilidade físico-química e de um método rápido e prático que associe a composi-<br />

energética de precisão, é necessário o estabelecimento<br />

da granulometria sobre o valor energético para suínos, ção nutricional e a granulometria de cada partida de mina<br />

formulação de rações ainda se<br />

utiliza o mesmo valor médio de Figura 02. Efeito da granulometria do milho sobre a conversão<br />

Energia Metabolizável (EM) para alimentar (F/G) de suínos<br />

qualquer partida e granulometria<br />

de milho, baseado em tabelas de<br />

composição de alimentos (Tabela<br />

01). Isto ocorre porque as equações<br />

de predição da EM disponíveis<br />

atualmente podem ser consideradas<br />

de uso limitado, uma vez<br />

que foram geradas para cereais e/<br />

ou alimentos em geral ou, quando<br />

elaboradas especificamente para<br />

o milho não levam em consideração<br />

a influência da granulometria.<br />

Particularmente por não serem<br />

considerados os efeitos da granu-<br />

Fonte: Adaptado de Goodband et al. (2002)<br />

lometria sobre a EM, as equações<br />

de predição apresentam baixa<br />

exatidão a exemplo dos modelos<br />

propostos por Li et al. (2014). Em<br />

contrapartida, a avaliação do valor<br />

de EM específico para cada partida<br />

e granulometria, em tempo<br />

real à formulação de ração, contribui<br />

para maximizar a precisão<br />

no balanceamento das dietas e<br />

melhoria do desempenho animal,<br />

reduzindo os custos de produção<br />

de suínos.<br />

Fonte: Adaptado da ABIMILHO (2015)<br />

RESULTADOS DE<br />

PESQUISA NA EMBRAPA<br />

SUÍNOS E AVES<br />

Na Embrapa Suínos e Aves, atra-<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

17


Crédito: Lucas S. Cardoso/Embrapa<br />

Figura 03. Peneiras com diferentes aberturas de furos (1,5; 1,8; 3,0; “in vivo” com suínos, de acordo<br />

4,5 e 8,0 mm) usadas para obter diferentes granulometrias<br />

com a metodologia de coleta total<br />

de fezes e urina. Foram realizados<br />

14 experimentos envolvendo<br />

672 suínos, com peso médio<br />

inicial de aproximadamente 60<br />

kg. Cada experimento foi conduzido<br />

com 48 suínos usando uma<br />

única partida de milho com os<br />

respectivos cinco DGMs. A análise<br />

descritiva das variáveis avaliadas<br />

é apresentada na Tabela<br />

lho, sob forma de equações de predição, visando obter<br />

valores estimados de EM, os mais próximos possíveis<br />

dos valores reais. Uma pesquisa com o objetivo de estabelecer<br />

equações de predição da EM do milho para<br />

suínos, tendo como base a composição físico-química e<br />

granulometria de diferentes partidas de milho foi realizada.<br />

Foram moídas 14 partidas de milho em moinho de<br />

martelos, de modo a produzir cinco granulometrias por<br />

partida mediante a utilização de peneiras com diferentes<br />

aberturas de furos: 1,5; 1,8; 3,0; 4,5 e 8,0 mm (Figura<br />

03). Desta forma, foram obtidos 70 lotes de milho moído<br />

(14 partidas x cinco DGMs). Determinou-se a composição<br />

físico-química para as 14 partidas de milho, considerando<br />

matéria seca, cinzas, proteína bruta, extrato<br />

etéreo, fibra bruta e fibra detergente ácido. Também foi<br />

avaliada a densidade e a energia bruta. Para os 70 lotes<br />

de milho foram avaliados o DGM e a EM para suínos.<br />

O DGM foi determinado através de análise de granulometria<br />

utilizando um conjunto de peneiras (Figura 04)<br />

conforme metodologia oficial sendo o DGM calculado<br />

pelo software Granucalc ® (EMBRAPA, 2013). A EM foi<br />

determinada através de experimentos de metabolismo<br />

02. Os milhos apresentaram matéria seca variando de<br />

86,22% até 87,60% e valores de DGM entre 421 e 1.235<br />

µm quando avaliados na matéria natural.<br />

Com base nos níveis de exatidão e precisão, foram<br />

escolhidas quatro equações para estimar a EM do milho<br />

(Tabela 03). O DGM teve participação decisiva,<br />

apresentando correlação negativa com o valor de EM,<br />

similarmente aos resultados obtidos por Rojas e Stein<br />

(2015), que observaram aumentos do valor de EM do<br />

milho em função da redução do DGM das partículas.<br />

A densidade influenciou positivamente o valor da EM<br />

devido a sua relação proporcional com a vitreosidade<br />

do endosperma do milho (Li et al., 1996). Isto porque,<br />

a propriedade vítrea se correlaciona de forma positiva<br />

com a fração do amido amilopectina que, por sua vez,<br />

apresenta valor energético superior ao da fração de<br />

amilose. O EE também demonstrou efeito positivo sobre<br />

o valor de EM do milho. Esta observação é perfeitamente<br />

justificável, uma vez que o valor calórico dos<br />

óleos em geral é 2,25 vezes maior do que o conteúdo<br />

energético dos carboidratos e proteínas.<br />

As equações de predição são compostas por dois<br />

segmentos, sendo o primeiro<br />

Tabela 01. Valores de Energia Metabolizável (Kcal/kg) para suínos aplicável a valores de DGM<br />

em tabelas de composição dos alimentos e determinados “in vivo” igual ou menor que 481 µm. O<br />

na Embrapa Suínos e Aves<br />

segundo segmento agrupa os<br />

demais casos, ou seja, quando o<br />

EM (Kcal/kg) Fonte N Média<br />

DGM for maior do que 481 µm. A<br />

“in vivo” Embrapa, (2015) 14 3339*<br />

redução do DGM do milho para<br />

Tabela Embrapa (1991) - 3293<br />

valor igual ou inferior a 481 µm<br />

Tabela UFV (2011) - 3340<br />

deixa de contribuir para a melhoria<br />

Tabela NRC (2012) - 3395<br />

da EM e este é o valor limi-<br />

Tabela INRAPORC (2014) - 3386<br />

te para a redução do DGM. Na<br />

*(variação de 3118 a 3573 Kcal/kg) em função do DGM e da composição química<br />

equação 1, é possível verificar a<br />

18 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Crédito: Lucas S. Cardoso/Embrapa<br />

Figura 04. Conjunto de peneiras padrão ABNT com as frações de<br />

milho retidas na análise de granulometria (DGM)<br />

importância do DGM como<br />

variável preditora, uma vez<br />

que explica 72,7% de toda<br />

variação observada para os<br />

valores de EM do milho, com<br />

um erro de predição (EP)<br />

de apenas 43,3 kcal/kg. Nas<br />

equações 2, 3 e 4, são associadas<br />

ao DGM, as variáveis<br />

densidade, EE e ambas, respectivamente,<br />

observandose<br />

melhorias gradativas na<br />

exatidão (R 2 ) e precisão (EP)<br />

dos modelos. As equações<br />

elaboradas neste estudo<br />

apresentaram melhor exatidão<br />

(R 2 ) e precisão (EP) em<br />

comparação com as equações<br />

de outros estudos desenvolvidas<br />

especificamente<br />

para milho (Li et al., 2014),<br />

podendo ser utilizadas para<br />

estimar satisfatoriamente a<br />

EM para suínos (Zanotto et<br />

al., 2016).<br />

Na Figura 04 estão apresentados<br />

os valores observados<br />

de Energia Metabolizável<br />

corrigida para nitrogênio (na<br />

base natural = 87,5% de matéria<br />

seca), curva ajustada e<br />

intervalo de predição (95%)<br />

em função do Diâmetro Geométrico<br />

Médio, considerando<br />

a equação 1 da Tabela 03, isto<br />

é, apresenta o ajuste do modelo<br />

apenas contemplando o DGM<br />

do milho moído, cujo R² foi igual<br />

a 0,727 e os erros de predição<br />

iguais a 43,3 kcal/kg, representando<br />

1,29% da energia metabolizável<br />

observada. Nota-se que<br />

a moagem do milho em DGMs<br />

inferiores a 481 µm não aumenta<br />

a energia metabolizável do milho<br />

para suínos.<br />

Tabela 02. Análises descritivas das variáveis físico-químicas para partidas de<br />

milho (14) e diâmetro geométrico médio (DGM) de partículas e energia metabolizável<br />

(EM) para os lotes de milho moído (70)<br />

Variável 1 (%) Partidas/lotes Média Desvio Padrão Mínimo Máximo<br />

Matéria seca 14 86,89 0,47 86,22 87,60<br />

Matéria mineral 14 1,04 0,08 0,95 1,20<br />

Proteína bruta 14 7,54 0,58 6,66 9,03<br />

Extrato etéreo 14 3,79 0,45 2,85 4,62<br />

Fibra bruta 14 1,18 0,38 0,57 1,91<br />

Fibra detergente ácido 14 1,98 0,54 1,24 2,78<br />

Fibra detergente neutro 14 12,42 1,73 8,70 15,09<br />

Densidade* (g/L) 14 729 17 686 757<br />

Energia bruta (kcal/kg) 14 3917 27 3865 3962<br />

DGM* (µm) 70 702 218 420 1235<br />

EM suínos (kcal/kg) 70 3339 106 3118 3482<br />

1<br />

Valores na base de 87,5% MS; *Analisado na matéria natural<br />

Tabela 03. Equações de predição para estimar o valor da EM do milho para<br />

suínos, estimativas dos parâmetros e respectivos coeficientes de determinação<br />

(R²) e erro de predição (EP)<br />

Modelo<br />

0,727<br />

0,764<br />

0,796<br />

0,837<br />

= EM (kcal/kg), d = densidade do grão (g/L), EE = Extrato etéreo (%), DGM = Diâmetro geométrico médio (µm).<br />

Valores na base de 87,5% MS<br />

R²<br />

EP (kcal/kg)<br />

43,3<br />

41,7<br />

38,0<br />

34,0<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

19


Figura 05. Valores observados de Energia Metabolizável corrigida<br />

para nitrogênio (na base natural = 87,5% de matéria seca), curva<br />

ajustada e intervalo de predição (95%) em função do Diâmetro<br />

Geométrico Médio, com amostra seca<br />

do custo de moagem e de fabricação da<br />

ração.<br />

Embora não se observe efeito de DGM<br />

sobre variáveis biológicas para frangos<br />

de corte, tem-se sugerido o uso de milho<br />

com DGM entre 850 e 1.050 µm (Zanotto<br />

et al., 1998) dada a economia com<br />

o processo de moagem. Para suínos, a<br />

redução do DGM do milho melhora a<br />

eficiência de utilização do alimento e,<br />

desta forma, a recomendação de DGM<br />

precisa ter outra abordagem com recomendação<br />

diferente. Rotineiramente<br />

é sugerida a utilização de milho com<br />

DGM entre 450 e 600 µm para suínos.<br />

O ajuste das condições de moagem<br />

para obtenção de um DGM específico<br />

desejado está na dependência de um<br />

monitoramento contínuo do processo<br />

A GRANULOMETRIA E A FÁBRICA<br />

DE RAÇÃO<br />

A granulometria do milho também tem efeito direto sobre<br />

o rendimento da moagem dos moinhos afetando a produtividade<br />

das fábricas de ração. E, em decorrência, tem<br />

efeito sobre o consumo de energia elétrica. Uma granulometria<br />

menor (milho moído com menor DGM) reduz a<br />

produtividade na fábrica e aumenta o consumo de energia.<br />

O aumento do DGM do milho têm como resultado o<br />

aumento do rendimento de moagem e a diminuição do<br />

consumo de energia elétrica, contribuindo para redução<br />

de moagem.<br />

Nos Quadros 01 e 02, para moinho industrial e de médio<br />

porte, respectivamente, estão expressos os coeficientes<br />

técnicos para a moagem do milho e as estimativas de<br />

energia metabolizável (EM) do milho em função da granulometria<br />

(adotando a equação 1, somente com o efeito<br />

do DGM), além do cálculo dos custos de moagem por<br />

1.000 Mcal de EM e o cálculo do custo em reais da energia<br />

metabolizável do milho para cada 1.000 Mcal. Verifica-se<br />

um aumento no preço da Energia Metabolizável do<br />

milho à medida que o DGM aumenta. Em compensação<br />

o custo da moagem para cada 1.000<br />

Quadro 01. Rendimento de moagem do milho e consumo de energia<br />

elétrica mensurados com moinho tipo industrial, modelo centrífugo a<br />

martelos<br />

Mcal (considerando apenas o preço<br />

da energia elétrica) reduz com maior<br />

DGM. Nesta comparação simplificada<br />

verifica-se uma grande vantagem para<br />

DGM das partículas do milho (µm)<br />

Variáveis<br />

adotar um menor DGM em detrimento<br />

515 655 905<br />

a um menor gasto com energia elétrica<br />

Rendimento de moagem (Ton/h) 10,028 21,882 26,671<br />

no DGM maior. Acima de 481 µm o preço<br />

da EM no milho (adotando R$ 0,90/<br />

Consumo de energia (KWh/Ton) 11,01 6,453 4,139<br />

Despesa com a energia elétrica (R$/Ton) 5,433 3,185 2,043<br />

kg de milho) é estimado em Y= 0,0389<br />

Energia Metabolizável (Mcal/Ton) 1 3407 3341 3223<br />

x DGM + 244,11 Reais por 1.000 Mcal<br />

Custo de moagem (R$/1.000Mcal) 1,595 0,953 0,634<br />

(R 2 = 0,9997). Não existe vantagem econômica<br />

em adotar um DGM menor que<br />

Preço Energia Metabolizável (EM)<br />

264,18 269,39 279,22<br />

do milho (R$/1.000Mcal)*<br />

481 µm quando o milho moído vai integrar<br />

Fonte: Coeficientes técnicos para moagem de Zanotto et al. (1999). Valor por KWh em R$ 0,4935.<br />

1<br />

Aplicando a equação de predição N° 1, *Preço do milho R$ 54,00/60 kg<br />

rações para suínos em crescimento<br />

e terminação.<br />

20 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Quadro 02. Rendimento de moagem do milho e consumo de energia<br />

elétrica mensurados com moinho de média capacidade, modelo<br />

centrífugo a martelos<br />

Considerando apenas o gasto com energia<br />

elétrica e os benefícios em termos<br />

de Energia Metabolizável com base nas<br />

equações de predição existe vantagem<br />

DGM das partículas do milho (µm)<br />

Variáveis<br />

econômica em usar granulometria mais<br />

484 666 886 986<br />

fina (menor DGM) quando da moagem<br />

Rendimento de moagem (Ton/h) 0,569 1,269 1,650 2,063<br />

do milho.<br />

Consumo de energia elétrica (KWh/Ton) 10,0 7,5 5,8 4,0<br />

O ajuste da granulometria do milho, mediante<br />

Despesa com a energia elétrica (R$/Ton) 4,935 3,701 2,862 1,974<br />

uso de peneiras adequadas no<br />

Energia Metabolizável (Mcal/Ton) 1 3421 3336 3232 3185<br />

moinho, deve ser observado sempre que<br />

Custo de moagem (R$/1.000Mcal) 1,442 1,109 0,886 0,620<br />

o milho for destinado para compor rações<br />

Preço Energia Metabolizável (EM)<br />

263,05 269,81 278,45 282,56 de suínos em crescimento e terminação.<br />

do milho (R$/1.000Mcal)*<br />

A mesma granulometria não deverá ser<br />

Fonte: Coeficientes técnicos para moagem de Zanotto et al. (2000). Valor por KWh em R$ 0,4935.<br />

1<br />

Aplicando a equação de predição N° 1, *Preço do milho R$ 54,00/60 kg<br />

utilizada para o milho que vai compor as<br />

rações de frangos de corte, pois existe elevação<br />

do custo de moagem sem obter ganhos<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

em Energia Metabolizável para os frangos de corte. SI<br />

Atualmente as equações de predição com abordagem<br />

fundamentada apenas na variação da composição de<br />

nutrientes para estimar o valor energético do milho para<br />

1<br />

Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves<br />

2<br />

Analista da Embrapa Suínos e Aves<br />

suínos são gerais (inespecíficas para o milho) e de baixa<br />

precisão, não atendendo o requisito necessário para a formulação<br />

de ração de forma precisa, conforme as exigências<br />

nutricionais dos animais.<br />

A Bibliografia Citada neste artigo pode ser obtida no site<br />

da <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> por meio do link:<br />

www.suinoculturaindustrial.com.br/granulometria272<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

21


Entrevista<br />

Ações buscam reposicionar<br />

imagem da carne suína no<br />

mercado interno<br />

Gerente adjunto da Unidade de Agronegócio (Uagro) do Sebrae Nacional, Augusto<br />

Togni, aponta os investimentos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas para o desenvolvimento da suinocultura com foco em ações para aumentar<br />

o consumo per capita de carne in natura.<br />

Da Redação<br />

Enquanto o brasileiro consome 15,1 quilos<br />

de carne suína in natura, o consumo per<br />

capita na China é mais que o dobro, 39<br />

quilos ao ano. Números que precisam ser<br />

levados em consideração, visto que o Brasil é o quarto<br />

maior produtor e exportador mundial desta proteína.<br />

Assim, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas (Sebrae) assumiu um compromisso<br />

com a cadeia suinícola em aumentar o consumo interno<br />

para 18 quilos, através de campanhas e investimentos<br />

que possam gerar oportunidades para a cadeira<br />

produtiva.<br />

Augusto Togni, gerente adjunto da Unidade de Agronegócio<br />

(Uagro) do Sebrae Nacional, conta que para<br />

chegar a essa meta, a entidade tem contribuído com<br />

inovações e estruturação da cadeia suinícola para que<br />

o produtor possa expandir sua produção contribuindo<br />

para a inovação e estruturação da cadeia de valor da<br />

suinocultura brasileira, por meio da gestão do conhecimento<br />

e da inter-relação entre os segmentos da atividade<br />

visando à sustentabilidade dos produtores de<br />

suínos brasileiros. “Em 2009, a pesquisa realizada pela<br />

Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)<br />

constatou que o País, embora considerado o quarto<br />

maior produtor e exportador, possuía um consumo per<br />

capita da carne suína baixo - em comparação com os<br />

demais países, consequência de uma imagem equivocada<br />

das condições de produção e das propriedades<br />

nutricionais”, explica.<br />

Desta forma, o Sebrae promove junto à associação projetos<br />

que vislumbram a transformação da imagem da<br />

suinocultura e seu reposicionamento junto ao consumidor,<br />

bem como a apresentação de informações sobre<br />

suas propriedades nutricionais, melhoria de gestão<br />

das granjas e as adequações de cortes à preferência<br />

dos consumidores e promoções no varejo. Entre as<br />

ações estão trabalhos desenvolvidos com produtores<br />

independentes. “Podemos citar como exemplos as<br />

instrutórias para granjas e treinamentos em bem-estar<br />

animal, que visam melhorar os resultados zootécnicos<br />

e financeiros das granjas, onde os conhecimentos adquiridos<br />

podem ser aplicados em granjas de 100 ou<br />

5.000 matrizes”, explica Togni.<br />

A melhor qualificação do pequeno produtor ganha<br />

cada vez mais importância, visto que o mercado torna-<br />

-se a cada dia mais competitivo e as margens menores.<br />

Assim, Togni enfatiza que, ao aprimorar o resultado<br />

dos pequenos produtores as ações contribuem para reter<br />

esses trabalhadores na atividade e no campo, além<br />

de contribuir com o crescente aumento da produção<br />

e consequente oferta de um produto de qualidade e<br />

preço competitivo.<br />

Para a <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong>, Augusto Togni concedeu<br />

uma entrevista exclusiva sobre as ações do Sebrae<br />

junto ao Agronegócio com ênfase no trabalho realizado<br />

para fomentar o mercado suinícola. Acompanhe.<br />

<strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> - O Sebrae é direcionado às<br />

pequenas e médias empresas, desde quando ele<br />

atua no agronegócio? Quais os focos centrais de sua<br />

atuação?<br />

Augusto Togni - Em 2005, iniciou-se a atuação do<br />

22 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Crédito: Divulgação/Sebrae<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

23


Sebrae no Setor do Agronegócio com as carteiras de<br />

projetos setoriais, segmentadas e multissetoriais. Nosso<br />

foco é o aumento da competitividade de pequenos<br />

negócios rurais em segmentos estratégicos do agronegócio,<br />

relacionados com a produção animal e vegetal,<br />

agroindústrias, encadeamento produtivo e temáticas<br />

como sistemas florestais, agroenergia, produção orgânica,<br />

entre outras, visando o desenvolvimento da gestão,<br />

inovação, serviços tecnológicos e oportunidades<br />

de negócio.<br />

SI - O senhor está à frente de um departamento chamado<br />

Agribusiness United. Poderia explicar a estrutura<br />

e funcionamento desse departamento?<br />

Augusto Togni - A unidade está estruturada em núcleos<br />

de atendimento. Neles, os colaboradores desenvolvem<br />

conteúdos, realizam consultoria e desempenham<br />

as funções de gestor de carteira de projetos, orçamento,<br />

programas e parcerias público privadas. A equipe é<br />

formada por 18 colaboradores e duas estagiárias: engenheiros<br />

agrônomos, médicos veterinários, administradores,<br />

contador, secretária-executiva e economistas.<br />

SI - Qual o perfil de projetos que ele apoia? Como<br />

são selecionados os projetos que recebem o apoio<br />

do Sebrae?<br />

Augusto Togni - Os projetos propostos à Unidade de<br />

Atendimento Setorial - Agronegócios dão ênfase às<br />

ações com foco em sustentabilidade, mercado governamental,<br />

internacionalização, agroindústrias e produção<br />

artesanal, mecanismos de agregação de valor e<br />

diferenciação de produtos, como Indicações Geográficas<br />

e Marcas Coletivas, levando em consideração<br />

a demanda existente e as necessidades identificadas<br />

previamente. Sempre que constatado que efetivamente<br />

são viáveis e representem uma oportunidade e um diferencial<br />

competitivo para o público atendido.<br />

SI - Qual o interesse do Sebrae especificamente no<br />

agronegócio?<br />

Augusto Togni - O agronegócio vem se mostrando<br />

como uma alternativa promissora para o fortalecimento<br />

do País. A expressiva contribuição nas exportações,<br />

os resultados representados pelo Produto Interno Bruto<br />

(PIB) do setor, a quantidade de empregos gerados<br />

no campo e o fomento ao empreendedorismo rural por<br />

“Sebrae busca contribuir<br />

com iniciativas que possam<br />

ampliar a competitividade<br />

e a sustentabilidade dos<br />

pequenos negócios rurais”<br />

meio das várias políticas governamentais são poderosos<br />

aliados para o desenvolvimento e crescimento da<br />

economia. Apesar de o universo de produtores rurais<br />

no País ser extremamente representativo, atingindo<br />

cerca de 5,2 milhões de propriedade rurais familiares<br />

e não familiares, esse público apresenta uma grande<br />

carência de gestão no pequeno negócio rural, desde<br />

a formalização do negócio e a falta de competências<br />

técnicas qualificadas para o processo produtivo até<br />

a gestão, evidenciando fragilidades em controles gerenciais,<br />

uso de indicadores, estratégias de venda,<br />

24 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


entre outros. Dessa forma, o Sebrae busca contribuir<br />

com iniciativas que possam ampliar a competitividade<br />

e a sustentabilidade dos pequenos negócios rurais e,<br />

também, contribuir com a inclusão social e produtiva<br />

para a construção de um país mais justo, competitivo<br />

e sustentável.<br />

SI - Como o Sebrae atua dentro das cadeias produtivas<br />

de proteína animal, como a da carne suína?<br />

Augusto Togni - Atuamos com os projetos de atendimentos<br />

segmentados, com grupos de produtores rurais<br />

e ou de forma setorial abrangendo vários grupos<br />

produtivos dentro de um mesmo projeto. Nos dois<br />

casos, são projetos que estão em uma bacia regional,<br />

microrregião, macrorregião ou em biomas específicos.<br />

No âmbito da Carteira de Projetos de <strong>Suinocultura</strong>, o<br />

Sebrae atuou em 10 Unidades Federativas em parceria<br />

com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos<br />

(ABCS). O trabalho foi realizado nos principais elos da<br />

cadeia - produção, industrialização e comercialização,<br />

com o objetivo de aumentar o consumo per capita da<br />

carne suína.<br />

SI - O Sebrae também tem projetos ligados a outras<br />

cadeias produtivas de proteína animal?<br />

Augusto Togni - Sim. Atuamos com as carteiras de<br />

projetos na apicultura, aquicultura e piscicultura, avicultura,<br />

bovinocultura de corte e de leite e ovinocaprinocultura.<br />

Os projetos são executados pelo Sebrae nos<br />

estados, com a coordenação nacional.<br />

SI - O Sebrae iniciou um trabalho junto a ABCS visando<br />

uma reestruturação da cadeia produtiva de suínos<br />

e o aumento do consumo de carne suína. Como<br />

surgiu essa parceria?<br />

Augusto Togni - Em 2009, a pesquisa realizada pela<br />

ABCS constatou que o Brasil, embora considerado o 4º<br />

maior produtor e exportador, possuía um consumo per<br />

capita da carne suína baixo em comparação com os<br />

demais países, consequência de uma imagem equivocada<br />

das condições de produção e das propriedades<br />

nutricionais. Dessa forma, foram iniciadas as ações<br />

que promoveram a transformação da imagem e seu<br />

reposicionamento junto ao consumidor, bem como a<br />

apresentação de informações sobre suas propriedades<br />

nutricionais, melhoria de gestão das granjas e as<br />

adequações de cortes à preferência dos consumidores<br />

e promoções no varejo.<br />

SI - Um dos focos do Sebrae é o empreendedorismo,<br />

o PNDS (Projeto Nacional de Desenvolvimento<br />

da <strong>Suinocultura</strong>) - desenvolvido em parceria com a<br />

ABCS - estaria dentro desse foco empreendedor?<br />

Augusto Togni - Sim. O empreendedorismo está relacionado<br />

as ações de melhoria do processo produtivo,<br />

bem como as tomadas de decisões por parte dos<br />

criadores que adequarão às condições exigidas pelo<br />

mercado consumidor, como as condições sanitárias,<br />

ambientais, de bem-estar animal entre outras.<br />

SI - Qual sua avaliação dos resultados Festival Suíno<br />

no Ponto, realizado agora em setembro com o apoio<br />

do Sebrae?<br />

Augusto Togni - O Festival proporcionou maior visibilidade<br />

das ações desenvolvidas nessa parceria, no<br />

âmbito do Projeto Innovasui. Essa ação, voltada para a<br />

promoção da carne suína, possibilitou que renomados<br />

restaurantes da capital paulista pudessem desenvolver<br />

pratos gourmets à base de proteína suína, levando à<br />

opinião pública a versatilidade e praticidade de sua inserção<br />

no consumo diário.<br />

SI - Quais os impactos dessas ações, ganhos de mercado?<br />

Economicamente, o que isso representa para<br />

o setor? Existe uma estimativa do aumento de consumo<br />

da proteína in natura antes e depois desses<br />

iniciativas?<br />

Augusto Togni - As ações que o Sebrae desenvolve,<br />

em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores<br />

de Suínos (ABCS), contribuem para a inovação e<br />

estruturação da cadeia de valor da suinocultura brasileira,<br />

por meio da gestão do conhecimento e da inter-relação<br />

entre os segmentos da atividade visando à<br />

sustentabilidade dos produtores de suínos brasileiros.<br />

O reflexo dessas ações gera no mercado o aumento da<br />

competitividade, uma vez que estão associadas à oferta<br />

de produtos diferenciados com agregação de valor.<br />

Nossa expectativa é que ao final do projeto o consumo<br />

per capita de carne suína passe de 15 Kg para 18 Kg e<br />

sabemos que a cada quilo incrementado gera-se oportunidades<br />

para toda a cadeia. Os produtores podem<br />

expandir sua produção, comercializa-se mais insumos,<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

25


eprodutores, equipamentos,<br />

aumenta a demanda<br />

por mão de obra<br />

para granjas e para<br />

assistência técnica,<br />

enfim, cria-se um ciclo<br />

virtuoso e sustentável<br />

de expansão da cadeia.<br />

SI - Quais outras iniciativas<br />

tem o Sebrae<br />

com foco no aumento<br />

do consumo da carne<br />

suína?<br />

Augusto Togni - Em<br />

setembro foi realizada a<br />

4ª Semana Nacional da<br />

Carne Suína, parceria<br />

entre o Sebrae, ABCS<br />

e Grupo Pão de Açúcar<br />

(GPA), que visa o aumento<br />

das vendas da<br />

proteína. Entre as ações<br />

dessa iniciativa estão:<br />

treinamentos, oficinas<br />

gastronômicas e capacitação<br />

dos colaboradores<br />

do GPA, para informar e<br />

estimular os consumido-<br />

“Ao aprimorar o resultado<br />

dos pequenos produtores<br />

nossa parceria contribui<br />

para reter esses trabalhadores<br />

na atividade e no<br />

campo”<br />

Augusto Togni - Os trabalhos<br />

desenvolvidos<br />

em nossa parceria com<br />

a ABCS atendem aos<br />

produtores independente<br />

de sua escala e sistema<br />

de produção, já que<br />

levamos informações<br />

inerentes a melhoria dos<br />

processos produtivos e<br />

de gestão do seu negócio.<br />

Podemos citar como<br />

exemplos as instrutorias<br />

para granjas e treinamentos<br />

em bem-estar<br />

animal, que visam melhorar<br />

os resultados zootécnicos<br />

e financeiros<br />

das granjas, onde os conhecimentos<br />

adquiridos<br />

podem ser aplicados em<br />

granjas de 100 ou 5.000<br />

matrizes. Essa melhor<br />

qualificação do pequeno<br />

produtor ganha cada vez<br />

mais importância, visto<br />

que o mercado torna-se<br />

a cada dia mais competitivo<br />

e as margens me-<br />

res a consumir a carne suína. Esta ação permeia um nores. Assim, ao aprimorar o resultado dos pequenos<br />

dos focos de atuação do Sebrae, que é o Encadeamento produtores nossa parceria contribui para reter esses trabalhadores<br />

na atividade e no campo, além de contribuir<br />

Produtivo. Um pequeno produtor fornecendo à grande<br />

empresa produtos que serão processados e disponibilizados<br />

nas gôndolas em formatos práticos para consumo oferta de um produto de qualidade e preço competitivo.<br />

com o crescente aumento da produção e consequente<br />

imediato. A campanha da 4ª SNCS também será direcionada<br />

às mídias externas. Jornais de grande circulação,<br />

rádios, sites e blogs especializados serão pautadas vestimentos do Sebrae para o futuro? É previsto uma<br />

SI - O que o mercado suinícola pode esperar de in-<br />

através do envio de textos, spots e vídeos. A ideia é que agenda de ações a médio e longo prazo?<br />

a Semana agregue o maior número possível de veículos<br />

de comunicação e agentes envolvidos nas ações de final de 2017, ainda temos ações para serem executadas<br />

Augusto Togni - A nossa parceria com ABCS vai até o<br />

marketing da proteína.<br />

e com a previsão de resultados exitosos, principalmente<br />

as ações de promoção da carne suína. Outra oportunidade<br />

é a partir do próximo biênio, atuar com a estratégia<br />

SI - Quais as iniciativas do Sebrae em prol ao pequeno<br />

produtor suinícola para favorecer a produção em nos macrossegmentos de alimentos e bebidas e bioeconomia<br />

e continuar apoiando o crescimento da cadeia<br />

escala menor? Existe um levantamento sobre os impactos<br />

dessas ações para esses trabalhadores? produtiva da suinocultura. SI<br />

26 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

27


Tecnologia em Alimentos<br />

A nanotecnologia na cadeia<br />

produtiva de alimentos: aves<br />

e suínos<br />

Minimizar perdas de vitaminas e sais minerais em rações animais fortificadas, proteger uma enzima<br />

para que ela atue somente no momento ideal do processo ou da digestão, embalagem composta<br />

por partículas com capacidade de redução da carga microbiana aumentando a vida de prateleira<br />

de produtos cárneos e muito mais são algumas inovações obtidas através da nanotecnologia<br />

na área de alimentos.<br />

Por_Maria Cristina C. Nucci Mascarenhas 1<br />

Com constante mudança no hábito de consumo<br />

dos alimentos, uma excelente solução para<br />

inovar e aprimorar toda a cadeia produtiva dos<br />

alimentos está na nanotecnologia. Através desta<br />

tecnologia é possível obter substâncias em tamanho reduzido na<br />

escala micro (1 a 1000 µm ou 1 mm), como as partículas microencapsuladas<br />

e na escala nano (10 a 1000 mm ou 1 µm), como<br />

nanotubos e nanosensores para processos (KREUTER, 1996).<br />

NANOTECNOLOGIA<br />

A nanotecnologia tem sido utilizada amplamente nas áreas<br />

de cosméticos, fármacos e na medicina como potencial revolucionário<br />

em diagnósticos, novas drogas e novas formas de<br />

liberação, no desenvolvimento de vacinas e na engenharia<br />

de tecidos. Nos últimos anos vem se tornando cada vez mais<br />

importante na área de alimentação humana e animal, devido<br />

às exigências dos consumidores por maior conveniência, redução<br />

de custo, melhor qualidade nutricional (saudabilidade<br />

e bem-estar) e melhor interação entre alimento e embalagem.<br />

Na cadeia produtiva de aves e suínos, a nanotecnologia tem<br />

inovado nas etapas de criação e reprodução com novas alternativas<br />

para a nutrição animal e cuidados veterinários. O valor<br />

nutritivo, qualidade e vida de prateleira de produtos cárneos<br />

também são aprimorados através da utilização desta tecnologia<br />

(PERES; GAONKAR, 2014; MANUJA;KUMAR;SINGH, 2012).<br />

A MICROENCAPSULAÇÃO<br />

A microencapsulação é uma tecnologia ainda em exploração<br />

na área de alimentos, porém com enorme potencial de aplicação.<br />

Esta técnica consiste em obter partículas de tamanhos<br />

reduzidos na escala micro, compostas por um material encapsulante<br />

(cobertura, parede) e um material ativo chamado de recheio<br />

que pode ser na forma líquida, gasosa ou sólida. É uma<br />

técnica utilizada com estratégia de proteção e modulação com<br />

controle da liberação do ativo (GIBBS et al, 1999; THIES, 1994).<br />

Substâncias sensíveis ou instáveis aos processos de fabricação<br />

28 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


dos alimentos e rações, assim como ao processo de consumo<br />

destes (sistema gastrointestinal) podem ser protegidas<br />

pela microencapsulação. Exemplos são nutrientes bioativos,<br />

vitaminas, sais minerais, micro-organismos probióticos, peptídeos,<br />

aromas, corantes, enzimas, óleos e extratos vegetais,<br />

ácidos graxos essenciais e outros. Com a determinação correta<br />

dos materiais encapsulantes e o processo de obtenção<br />

das micropartículas, o ativo pode ser liberado no local e com<br />

o controle desejado para sua melhor atuação. Um dos usos<br />

desta tecnologia em animais é superar a deficiência de cobre<br />

e vários outros minerais como também vitaminas, utilizando a<br />

forma microencapsulada.<br />

São inúmeros os processos de produção das micropartículas<br />

e devem ser definidos de acordo com os objetivos finais destas,<br />

pois irão interferir na eficiência de proteção e na forma<br />

de liberação do material encapsulado. Eles são classificados<br />

como métodos físicos que consistem em processos de spray<br />

drying, spray cooling, em leito fluidizado, extrusão, centrifugação<br />

em múltiplos orifícios, co-cristalização e liofilização; métodos<br />

químicos através de inclusão molecular e polimerização<br />

interfacial; métodos físico-químicos por coacervação simples<br />

ou complexa e incorporação do material de recheio em lipossomas<br />

(THIES, 1994; GIBBS et al., 1999; JACKSON;LEE,1991;<br />

RÉ, 1998; LEE;YING, 2008).<br />

As micropartículas produzidas pelos diferentes métodos podem<br />

assumir diferentes formas como uma simples membrana<br />

de cobertura, de forma esférica ou irregular ou múltiplas<br />

membranas de mesma ou diferentes composições e/ou numerosos<br />

núcleos em uma mesma estrutura (multinucleada),<br />

conforme Figura 01. A distribuição do recheio classifica as micropartículas<br />

em microesferas ou microcápsulas.<br />

Quando o recheio se distribui no volume de uma matriz, tipo<br />

“reservatório”, podendo ser mononucleada ou multinucleada,<br />

com uma quantidade de recheio envolvida por uma película<br />

de parede, a denominação é de microcápsulas. Quando se<br />

tem uma matriz com partículas de recheio dispersas uniformemente<br />

em sua totalidade, a denominação é de microesferas<br />

(Figura 02). O tipo de micropartícula produzida influi na<br />

quantidade de recheio encapsulado e no comportamento de<br />

liberação do mesmo (GIBBS et al., 1999; THIES, 1994).<br />

Além do objetivo final da micropartícula, a escolha do método<br />

depende de fatores econômicos, das propriedades do recheio<br />

(sensibilidade, solubilidade), tamanho de partícula requerida<br />

para aplicação, propriedades físico-químicas do recheio (sólido,<br />

líquido ou gasoso) e do material de parede (hidrofóbico,<br />

hidrofílico), quantidade de material de recheio requerido, processos<br />

de aplicação e mecanismos de liberação (SHAHIDI;<br />

HAN,1993; FAVARO-TRINDADE; PINHO;ROCHA, 2008).<br />

A nova forma de inovar com o uso das micropartículas está na<br />

mudança de apenas ser uma adição de um produto à formulação<br />

passando a ser a adição de ingredientes totalmente novos<br />

com propriedades únicas, pois as propriedades originais<br />

dos materiais de recheio podem ser alteradas ou acentuadas<br />

após a microencapsulação e as propriedades de liberação finamente<br />

ajustadas.<br />

Os benefícios do uso da tecnologia de microencapsulação<br />

para algumas substâncias são:<br />

1. Ampliar aplicabilidade:<br />

Mascaramento de sabores ou odores desagradáveis;<br />

Conversão de líquidos em sólidos facilitando a manipulação<br />

do material encapsulado e facilitando o manuseio de<br />

substâncias tóxicas;<br />

Redução ou eliminação da irritação gástrica ou efeitos secundários<br />

provocados por algumas substâncias;<br />

Auxílio à dispersão de substâncias insolúveis ao meio (meios<br />

aquosos ou oleosos) promovendo a diluição homogênea do<br />

material encapsulado em uma gama ampla de formulação.<br />

2. Proteção da substância encapsulada:<br />

Conservação do aroma ou do princípio ativo ou da funcionalidade<br />

e qualidade nutricional do ativo;<br />

Redução da reatividade do ativo com o ambiente com proteção<br />

em relação aos agentes atmosféricos (umidade, luz,<br />

calor e/ou oxidação);<br />

Redução da velocidade de evaporação ou de transferência<br />

do ativo para o meio, redução da volatilidade;<br />

Controle microbiano do ativo.<br />

3. Promoção de liberação controlada<br />

Modulação da forma e no local de liberação do ativo;<br />

O “gatilho” de liberação do ativo pode ser o pH, ruptura<br />

mecânica, temperatura, ação enzimática, força osmótica<br />

entre outras.<br />

O PROJETO DE MICROENCAPSULAÇÃO<br />

Com a necessidade de utilização de uma substância sensível<br />

ou reativa em determinada aplicação, as definições iniciais de<br />

um projeto de uma micropartícula devem ser o objetivo requerido<br />

para esta substância em sua aplicação, a aplicação que<br />

será dada à micropartícula, o tamanho desejado e o mecanismo<br />

de liberação ao meio. A partir disto são avaliados as opções<br />

de técnicas de produção e os materiais de parede mais<br />

adequados, tendo conhecimento de quais os rendimentos de<br />

processo e eficiências de encapsulação são normalmente ob-<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

29


Figura 01. Tipos de estruturas de micropartículas<br />

Dentro do mesmo conceito, a técnica<br />

de spray cooling consiste em encapsular<br />

um ativo em um material de parede<br />

sólido, normalmente gorduras, ésteres<br />

de ácidos graxos e ceras. O ativo dissolvido<br />

ou disperso ao material de parede<br />

é atomizado, mas, neste caso, em<br />

uma corrente de ar frio, o que causa a<br />

solidificação do material de parede e a<br />

formação das micropartículas. Tal como<br />

spray drying, esta técnica é rápida e<br />

ocorre num só passo, além de que não<br />

envolve a utilização de água ou solventes<br />

orgânicos (SILVA et al.,2003).<br />

A técnica de coacervação complexa<br />

Fonte: Adaptado de GHARSALLAOUI et al, 2007<br />

consiste na separação de fases líquido/<br />

líquido de dois ou mais solutos de cargas<br />

polieletrolíticas opostas misturadas em meio aquoso.<br />

tidas nos diversos processos (JACKSON;LEE,1991).<br />

Na área de alimentos e de nutrição animal, devido às restrições<br />

da legislação por inúmeros materiais de parede, as podem ser utilizados na microencapsulação de ativos por<br />

Alguns pares de materiais de parede de cargas opostas que<br />

técnicas mais utilizadas são spray drying, spray cooling, leito esta técnica e uso em alimentos são gelatina-goma acácia,<br />

fluidizado, coacervação complexa e gelificação iônica. pectina-gelatina, gelatina-gelatina e carboximetilcelulose<br />

O recobrimento em leito fluidizado é adequado para ativos sódica-gelatina. Ao ocorrer a separação de fases e formar o<br />

sólidos a serem microencapsulados. Consiste na suspensão coacervado, este se deposita em volta do ativo insolúvel e<br />

dos ativos sólidos por uma corrente de ar quente ascendente ocorre a formação das microcápsulas. A característica desta<br />

formando um leito fluidizado de partículas. Através da nebulização<br />

de uma solução do material de parede, como carboirial<br />

de recheio envolto totalmente pelo material de parede<br />

microcápsula é considerada como a forma real, com matedratos<br />

e proteínas, as partículas são revestidas, obtendo um formando uma cápsula fechada, podendo ser mono ou multinucleada.<br />

Esta característica é importante, pois a forma de<br />

revestimento de espessura uniforme. Com esta técnica pode<br />

ser obtida microcápsula de parede simples ou múltipla (SIL- liberação do material encapsulado será imediata e total ao<br />

VA et al.,2003).<br />

rompimento da camada de material de parede. A coacervação<br />

em fase aquosa apenas pode ser usada para encapsular<br />

A atomização por spray dryer é utilizada para secagem<br />

de diversos produtos, como polpa de fruta e leite, além da materiais insolúveis em água e são necessários ajustes de<br />

produção das microesferas multinucleadas. O processo é pH e temperatura durante processo para garantir as condições<br />

ideais para interação dos materiais de parede, assim<br />

flexível e econômico devido a sua escala e alta difusividade<br />

da tecnologia, tornando vantajoso perante outras técnicas. como agentes de reticulação, para melhorar as interações<br />

Consiste na secagem das gotículas, por corrente de ar entre eles. Esta técnica é complexa, em termos operacionais,<br />

quente, de uma emulsão do ativo em solução de material e necessita de controle minucioso dos parâmetros de processo<br />

(SILVA et al.,2003; MASCARENHAS, 2010).<br />

de parede atomizada em câmara aquecida. O ativo é envolvido<br />

pelo material de parede de forma dispersa na matriz<br />

formando microesferas heterogêneas. É ampla a gama utilizada para o uso na piscicultura e na gastronomia molecu-<br />

Uma técnica muito interessante e que tem sido amplamente<br />

de materiais de parede que podem ser utilizados como lar é a gelificação iônica. Esta técnica envolve uma solução<br />

caseinatos, gelatinas, amidos, proteínas de leite, açúcares de polímero com íons de baixa massa molar interagindo com<br />

e outros. Entre os materiais a serem microencapsulados, polieletrólitos de cargas opostas formando um complexo, um<br />

podem ser lipossolúveis como hidrossolúveis (MASCARE- gel encapsulante. Normalmente se utiliza o alginato de sódio<br />

NHAS; GONÇALVES; ALVIM, 2014).<br />

ou pectina de baixo teor de metoxiliação como material de<br />

30 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


parede e íons de cálcio como agente de reticulação, reforçando<br />

a estrutura da parede formada das micropartículas.<br />

Existem dois tipos de gelificação iônica, a interna e a externa.<br />

Na gelificação iônica interna o sal de cálcio é adicionado<br />

à solução de alginato ou pectina contendo o ativo e com<br />

ajustes de pH ocorre a complexação do cálcio com os polímeros<br />

formando gel e encapsulando o ativo. Na gelificação<br />

iônica externa a solução de polímero é emulsionada com<br />

o ativo e pulverizada em solução catiônica de cálcio, sob<br />

agitação constante. O gel é formado no momento em que a<br />

gota encontra com a solução catiônica e a encapsulação do<br />

ativo ocorre. A concentração de polímeros e dos cátions, a<br />

força iônica e o pH influenciam na cinética de formação do<br />

gel, espessura da camada de parede, porosidade e estabilidade<br />

da parede, consequentemente no perfil de liberação<br />

do ativo. Uma desvantagem é que estas micropartículas<br />

são sensíveis a ambientes ácidos, pois perdem a sua estabilidade<br />

mecânica nesses ambientes. Além disso, o gel de<br />

alginato é formado na presença de íons de cálcio, assim, a<br />

sua integridade é deteriorada quando sujeita a íons monovalentes<br />

ou quelantes (fosfatos, lactatos e citratos) (SILVA et<br />

al., 2003; CORREA, 2008; SOUZA, 2012).<br />

AVALIAÇÃO DAS MICROPARTÍCULAS<br />

Antes da aplicação das micropartículas nos alimentos e<br />

rações é necessária sua avaliação e a caracterização é definida<br />

de acordo com as técnicas que foram utilizadas para<br />

produção. A avaliação deve ser em relação à morfologia<br />

das micropartículas, eficiência de encapsulação, perfil de<br />

liberação do material de recheio, propriedades físicas e<br />

estabilidade. A morfologia das micropartículas inclui a estrutura<br />

externa da parede e as propriedades de superfície<br />

como formato, tamanho e distribuição de tamanho de partículas,<br />

porosidade, grau de dureza da superfície.<br />

A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) possibilita<br />

verificar o formato das micropartículas, tamanho das partículas<br />

e as propriedades de superfície como rugosidades,<br />

porosidade, etc. A Microscopia de Força Atômica (MFA) é<br />

uma ferramenta poderosa na verificação da superfície das<br />

micropartículas, pois é possível obter informações tridimensionais<br />

da topografia da superfície externa, verificando<br />

a rugosidades e outras informações mais detalhadas,<br />

porém é uma técnica de difícil realização.<br />

A Análise de Microscopia Confocal (CLSM) pode servir<br />

como exploração da distribuição do ativo no material de<br />

parede, apenas marcando o ativo com uma substância<br />

fluorescente. Ao analisar as imagens, é possível verificar<br />

a homogeneidade da distribuição do ativo no material de<br />

parede e assim poder ter informações importantes para<br />

o estudo da liberação controlada do ativo nas aplicações.<br />

Em alguns casos, a Microscopia Ótica sob Luz Polarizada<br />

(MOLP) é uma opção simples e rápida de avaliação das<br />

micropartículas, principalmente em relação ao tamanho<br />

de partícula e distribuição do ativo na micropartícula, no<br />

caso das obtidas por gelificação iônica e coacervação<br />

complexa.<br />

O perfil de liberação é um importante parâmetro a ser avaliado<br />

para que possa ser considerado nas aplicações em<br />

formulações de produtos ou mesmo direcionar o uso das<br />

micropartículas. Após definir condições a serem testadas<br />

baseadas nas aplicações e no sistema gastrointestinal de<br />

humanos e animais, uma análise de detecção do material<br />

de recheio deve ser definida, normalmente utilizando a<br />

cromatografia ou espectroscopia.<br />

As propriedades físico-químicas das micropartículas devem<br />

ser avaliadas incluindo a densidade, permeabilidade,<br />

mobilidade eletroforética e porosidade que irão interferir<br />

na solubilidade em diversos meios e a estabilidade<br />

mecânica do material de parede para avaliação do mecanismo<br />

de gatilho de liberação do ativo.<br />

Em relação ao processo, é fundamental definir a eficiência<br />

de encapsulação, que define a real quantidade de material<br />

encapsulado, e o rendimento de processo. As análises<br />

são simples, porém deve ser específicas para cada<br />

micropartícula, além de levar em consideração as formas<br />

de aplicação que sofrerão as micropartículas (HUANG;<br />

CHEN, 2006)<br />

As análises de estabilidade devem ser adequadas conforme<br />

as condições de armazenamento e uso das micropartículas.<br />

Condições simulando estas situações devem<br />

ser realizadas e as análises devem seguir a metodologia<br />

utilizada para avaliação da produção das micropartículas.<br />

POTENCIAL DE APLICAÇÃO<br />

DA NANOTECNOLOGIA<br />

Toda a cadeia produtiva de alimentos pode ser interferida<br />

pela nanotecnologia. Na produção agrícola com defensivos<br />

agrícolas encapsulados mais eficientes e seguros; no<br />

desenvolvimento de produtos processados com uso de<br />

nanomateriais, nanosensores e nanoingredientes, nas embalagens,<br />

através do uso de embalagens ativas (contendo<br />

nanocompósitos, nanofibras, nanopartículas), que permi-<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

31


Figura 02. Definição das Micropartículas<br />

Fonte: SILVA et al., 2003<br />

tem a liberação de substâncias no produto, melhorando suas<br />

características (processos de cura e maturação, fermentação<br />

controlada, enzimas, flavorizantes, nutrientes) e no armazenamento<br />

e comercialização, por meio de embalagens contendo<br />

nanosensores, permitindo que o produto avise ao consumidor<br />

caso o produto esteja fora do padrão de qualidade (ALVIM,<br />

2015; MARQUES, 2016).<br />

Na linha de ingredientes para alimentos e nutrição animal<br />

existem inúmeros exemplos no mercado do uso desta tecnologia<br />

como os ingredientes funcionais visando o aumento<br />

de biodisponibilidade dos ativos e desenvolvimento de novas<br />

texturas, cores e aromas. A microencapsulação tem sido utilizada<br />

desde 1930 na fabricação de aromas em pó (SHAHIDI;<br />

HAN,1993; GOUIN, 2004; GIBBS et al.,1999).<br />

Além da aplicação como parte dos produtos na forma de ingrediente,<br />

o uso de nanosensores capazes de detectar substâncias<br />

e componentes potencialmente nocivos à saúde ou<br />

na rastreabilidade de produtos tem sido uma aplicação da<br />

nanotecnologia na segurança no consumo de alimentos. Neste<br />

mesmo propósito, as embalagens dos alimentos também<br />

estão sendo repensadas e desenvolvidas com esta tecnologia<br />

utilizando nanosensores que informam ao consumidor o estado<br />

do produto, denominadas como embalagens inteligentes.<br />

Além disto, a aplicação de nanotecnologia na produção de<br />

embalagens reforçando a barreira e o meio externo também<br />

já é vista no mercado (ALVIM, 2015; MARQUES, 2016).<br />

No mercado já existem inúmeros produtos utilizando esta tecnologia<br />

para uso em animais e alimentos. Com a garantia de<br />

entrega de probióticos e enzimas mais estáveis na prateleira,<br />

superando reações e interações com os diferentes ingredientes,<br />

como a Vitamina C, ou com o mascaramento do sabor<br />

de substâncias metálicas como os compostos ferrosos, esta<br />

tecnologia aprimora a entrega e biodisponibilidade de compostos<br />

nutracêuticos que são conhecidos por terem efeitos<br />

terapêuticos e preventivos de doenças.<br />

Avicultura e suinocultura<br />

Na área da saúde animal o uso da nanotecnologia é presente<br />

na produção de nanovacinas, terapias genéticas e medicamentos.<br />

Além disto, existem nanomateriais que foram desenvolvidos<br />

para recuperação de danos em tecidos dos animais<br />

(PERES; GAONKAR, 2014).<br />

Como comentado, o perfil de liberação é uma grande ferramenta<br />

que a microencapsulação oferece para o desenvolvimento<br />

de produtos inovadores. Devido à demanda por<br />

substitutos naturais aos antibióticos tradicionais utilizados na<br />

criação de frango de corte e suínos, inúmeros estudos estão<br />

sendo realizados e produtos lançados no mercado como base<br />

em ácidos orgânicos e óleos essenciais extraídos de plantas.<br />

Estes ingredientes apresentam resultados favoráveis na ação<br />

antibacteriana e na melhoria do desenvolvimento dos animais<br />

pela modulação da microflora intestinal em favor de bactérias<br />

benéficas. Como a atuação mais efetiva deve ser no intestino<br />

de aves e suínos, estudos mostram que a forma microencapsulada<br />

se torna uma vantagem competitiva perante o uso direto<br />

na alimentação dos animais. Os estudos têm mostrado que o<br />

uso destes ingredientes diretamente sofrem absorção imediata<br />

ou metabolização rápida ao entrar no duodeno, reduzindo<br />

sua eficácia, portanto, proteger estes ativos do metabolismo<br />

e da absorção precoce através da microencapsulação pode<br />

ser uma abordagem para aumentar a sua eficácia (GHEISAR;<br />

HOSSEINDOUST;KIM, 2015; ZHANG et al., 2014; GRILLI et<br />

al., 2015).<br />

Alguns trabalhos realizados para a produção destas micropartículas<br />

utilizaram as técnicas diferenciadas, como a gelificação<br />

iônica com o uso de alginato e proteína de soro como material<br />

de parede (ZHANG et al., 2014), a técnica de spray cooling<br />

com o uso de gordura como material de parede (GRILLI et<br />

al., 2015) e técnicas conjuntas de micronização, pulverização e<br />

leito fluidizado (HAN; HWANG;THACKER, 2011).<br />

Na área de nutrição animal, os nanocompostos de MgO-SiO 2<br />

e de Montmorilonita modificado são efetivos agentes removedores<br />

de aflatoxina de cereais para alimentação de animais.<br />

Algumas nanopartículas poliméricas atuam como detectores<br />

de uma variedade de produtos químicos e microbianos contaminantes<br />

em alimentos para animais. Um exemplo é o uso<br />

de nanopartículas poliméricas em animal vivo para reduzir a<br />

contaminação por Campylobacter (PERES; GAONKAR, 2014).<br />

Na criação de suínos, tem sido utilizado o aminoácido lisina<br />

microencapsulado para a complementação de dietas de baixo<br />

teor de proteínas. Durante a fase final de crescimento do<br />

animal antes do abate, a dieta de baixa proteína é interessante<br />

32 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


por reduzir a quantidade de nitrogênio nos excrementos, gerando<br />

menor quantidade de amônia nos estrumes; por reduzir<br />

a água ingerida e consequentemente menor volume de estrume<br />

gerado; por reduzir a energia gasta pelo animal para<br />

metabolização dos aminoácidos em excesso. Porém, esta<br />

dieta reduzida não pode afetar o desempenho de crescimento<br />

dos animais e a qualidade da carcaça, sendo a complementação<br />

uma opção. Como a lisina sintética isolada é sensível<br />

em condições ácidas do estômago e rapidamente absorvida<br />

no trato digestivo, reduzindo sua eficiência metabólica, a microencapsulação<br />

da lisina em material de parede lipídico é<br />

uma proteção e uma forma de liberação controlada. Estudo<br />

com redução de 3% de proteína da dieta de suínos e complementação<br />

de aminoácido lisina sintético microencapsulado<br />

apresentou efeitos metabólicos mais favoráveis que o uso de<br />

dieta tradicional e dieta com redução de proteína com complementação<br />

de lisina não encapsulada. Além disto, a redução<br />

de nitrogênio no excremento possui vantagem em relação ao<br />

meio ambiente. Autores atribuem o maior nível de utilização da<br />

lisina na forma microencapsulada devido a sua taxa mais lenta<br />

de libertação e absorção no organismo do animal<br />

(PRANDINI et al. 2013).<br />

Estudos em frango de corte avaliaram o uso de<br />

microencapsulados de inulina com vitamina E<br />

na alimentação como substitutos de antibióticos<br />

tradicionais e na melhora do desenvolvimento<br />

dos animais. Os resultados foram superiores<br />

com melhoria de produtividade das aves<br />

abatidas (SANG-OH; BYUNG-SUNG, 2011).<br />

O uso da microencapsulação para vitaminas<br />

e minerais é de extrema valia, pois a maioria<br />

destas substâncias são sensíveis e reativas,<br />

além de algumas delas apresentarem efeitos<br />

maléficos ao meio ambiente ao serem liberadas<br />

nos excrementos dos animais. A biodisponibilidade<br />

destes compostos é aumentada pela<br />

proteção e pela liberação controlada somente<br />

no local desejado. O zinco, por exemplo, é de<br />

grande importância no combate a diarreia em<br />

leitões desmamados, porém a adição deste mineral<br />

diretamente na dieta como óxido de zinco<br />

deve ser muito alta para garantir a eficiência,<br />

saindo dos limites permitidos por legislação.<br />

Existe no mercado a opção de zinco microencapsulado<br />

que é adicionado em quantidades<br />

menores ao limite permitido e apresentam resultados<br />

satisfatórios ao combate à diarreia. A microencapsulação<br />

protege o óxido de zinco do ácido do estômago, que o<br />

converte em cloreto de zinco, uma forma inativa. Por esta razão<br />

deve ser adicionado em grande quantidade se estiverem na<br />

forma livre. Por ser adicionado em menor quantidade o zinco<br />

microencapsulado também reduz os efeitos maléficos ao meio<br />

ambiente por reduzir a quantidade deste composto nos excrementos<br />

dos animais (SALOBIR; FRANKIC; REZAR, 2012).<br />

As enzimas são proteínas existentes em qualquer sistema biológico<br />

e de fundamental importância para o funcionamento<br />

dos organismos. As enzimas digestivas são produzidas pelos<br />

organismos ou podem ser administradas externamente. No<br />

sistema de criação de aves, o custo da alimentação é a maior<br />

despesa, responsável por 70% do custo de produção. Assim, a<br />

utilização de enzima é um desafio nesta área e sua otimização<br />

é imprescindível. A melhoria de eficiência das formulações<br />

de rações animais aumentando a biodisponibilidade nutricional<br />

com redução de custo é o desafio. Como as enzimas são<br />

sensíveis à alta umidade e temperaturas elevadas sofrendo<br />

perda de eficiência, a maioria delas não suporta o processo<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

33


convencional de produção de ração para aves, a extrusão,<br />

que requer alta temperatura e vapor, mesmo que em tempo<br />

curto. Para garantir eficácia na alimentação dos animais<br />

a quantidade de enzima deve ser bem superior do necessário,<br />

aumentando o custo de formulação. Sendo assim, a<br />

microencapsulação pode proteger as enzimas no processo<br />

e garantir sua eficiência na utilização em rações para aves.<br />

Produtos do mercado apresentaram taxa de recuperação de<br />

94% de enzimas microencapsuladas em rações submetidas<br />

ao processo de extrusão. Além da proteção ao processo de<br />

fabricação da ração, a liberação da enzima é controlada e<br />

esta é liberada apenas no local onde seja mais eficaz sua<br />

ação. O custo pode ser compensado com não necessidade<br />

de excesso de dosagem das enzimas nas formulações e não<br />

necessidade de embalagens e condições de armazenamento<br />

especiais para as enzimas.<br />

Produtos de origem animal para consumo<br />

Nos alimentos prontos de origem animal, as carnes para<br />

consumo apresentaram menores níveis de contaminação durante<br />

estocagem com adição de agentes bactericidas como<br />

alguns temperos (canela e orégano) e ácidos orgânicos microencapsulados<br />

(HUQ et al., 2015).<br />

Em produtos cárneos prontos, o uso de extrato de própolis<br />

microencapsulado em amido modificado por spray drying<br />

foi testado como uma opção de antioxidante natural e os resultados<br />

foram um aumento da estabilidade oxidativa da gordura<br />

de hambúrguer, sendo uma opção muito interessante e<br />

promissora para novos estudos em diversas aplicações de<br />

produtos cárneos (REIS et al., 2016).<br />

A Embrapa Suínos e Aves (SC) tem realizado pesquisas de<br />

películas para revestimento de ovo que podem aumentar o<br />

tempo de prateleira ou vida útil dos ovos, sem necessidade<br />

de refrigeração, garantindo valor agregado ao produto e<br />

economia de energia pela cadeia de abastecimento e venda.<br />

A pesquisa busca uma película contendo nanopartículas<br />

com potencial para reduzir problemas de contaminação microbiana,<br />

melhorar as propriedades de permeabilidade da<br />

casca e aumentar a resistência mecânica, reduzindo a degradação<br />

interna, aumentando o tempo de armazenamento e<br />

mantendo características e propriedades nutritivas originais<br />

do ovo (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2016).<br />

A microencapsulação tem sido utilizada em várias aplicações<br />

de processamento de alimentos. Inúmeros aromas já<br />

utilizam esta tecnologia, entregando sabores de alto impacto<br />

ou tornando o sabor de produtos mais agradável. A melhoria<br />

das características sensoriais dos produtos com o uso desta<br />

tecnologia também são observadas, já no mercado, em<br />

melhoria de texturas (estruturantes) e aparência (corantes).<br />

Além disto, esta tecnologia também está sendo utilizada na<br />

otimização de processo como na fermentação em panificação<br />

e produtos cárneos e lácteos e na extensão de vida de<br />

prateleira (MASCARENHAS, 2015; RAMACHANDRAIAH;<br />

HAN; CHIN; 2015; DIMITRELLOU et al., 2016, SAGIS, 2015).<br />

FUTURO DA NANOTECNOLOGIA<br />

A inovação na indústria de alimentos necessita da mudança<br />

de foco da observação das propriedades macroscópicas<br />

para aquelas que surgem na escala nano e micro, observando<br />

as interferências modificadas de sua funcionalidade no<br />

alimento e em seu impacto nos organismos vivos. Por este<br />

motivo, além dos inúmeros desafios tecnológicos de produção<br />

destas micropartículas, o estudo da relação entre micro<br />

e macro moléculas em relação às funcionalidades físicas e<br />

nutricionais deve ser aprofundado.<br />

No Brasil o desenvolvimento desta tecnologia na área de<br />

alimentos é embrionário e para alavancar este processo é<br />

necessário maior investimento, desde a formação de profissionais<br />

especializados, como em projetos de pesquisa e na<br />

cadeia de produção, tornando esta tecnologia viável comercialmente.<br />

Hoje, muitos destes produtos já encontrados no<br />

mercado são importados e com altos custos, porém o mercado<br />

ainda está pouco explorado. Com custos menores em<br />

produções locais, o crescimento será garantido. A legislação,<br />

em relação aos aspectos regulatórios, também precisa<br />

acompanhar este processo, pois muitos materiais e produtos<br />

finais ainda são limitados ao uso em uma gama grande de<br />

produtos, dificultando o desenvolvimento desta tecnologia<br />

neste mercado. Como é um conceito novo no mercado, o<br />

uso desta tecnologia em produtos deve demonstrar segurança<br />

aos consumidores e ao meio ambiente, mesmo considerando<br />

suas propriedades diferenciadas pela sua escala de<br />

tamanho, e através da ampla divulgação e conhecimento dos<br />

consumidores, auxiliar na sua aceitação. SI<br />

1<br />

PhD em Tecnologia de Alimentos – Unicamp; consultora<br />

nas áreas de P&D e Nanotecnologia, Noviga Partner. E-mail:<br />

crisnuccimasca@uol.com.br<br />

As Referências Bibliográficas deste artigo podem ser obtidas<br />

no site da <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> por meio do link:<br />

www.suinoculturaindustrial.com.br/nanotecnologia272<br />

34 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

35


Produtor Independente<br />

Controle de qualidade<br />

e fabricação própria<br />

de ração colocam<br />

suinocultor na vanguarda<br />

do mercado paulista<br />

Produzindo 16 dietas suínas diferentes, uma para cada fase da vida do animal, com instalações<br />

funcionais, a Ianni Agropecuária dá exemplo de sobrevivência, economia e diversificação,<br />

fundamentais em tempos difíceis para o setor.<br />

Por_Fernanda Oliva<br />

Garantir a qualidade da alimentação animal é<br />

uma das premissas que muitos produtores<br />

independentes seguem à risca para oferecer<br />

ao consumidor um produto diferenciado<br />

e, com isso, não perder a competitividade. Sob esse aspecto,<br />

encontra-se o alto custo com ração, diante de valores<br />

crescentes dos insumos que o forçam a buscar alternativas<br />

economicamente viáveis como a produção da própria dieta.<br />

Um eficiente controle de qualidade dos alimentos produzidos,<br />

unido a instalações modernas e funcionais, reduzem<br />

custos e, consequentemente, aumentam a rentabilidade.<br />

Seguindo a risca essa proposta, a Ianni Agropecuária tornou-se<br />

referência no Estado de São Paulo adotando práticas<br />

minuciosas no cuidado com o trato dos animais.<br />

36 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Com sede em Itu, a Ianni Agropecuária produz aproximadamente<br />

1.200 toneladas de ração ao mês, para alimentar<br />

um plantel de 2.450 matrizes, abrigadas também na propriedade<br />

de Porto Feliz (SP). Para manter a produção, a<br />

empresa conta com o envolvimento de mais de 100 funcionários,<br />

atuando nos processos relativos à manutenção das<br />

instalações, produção de dietas, transportes de insumos,<br />

dietas e suínos, tratamento e destino adequado dos dejetos,<br />

administração, pecuária intensiva de corte, com a produção<br />

própria de silagem para esta última.<br />

O sistema de produção de ciclo completo exige um mix de<br />

alimentação elaborada para cada fase ou etapa de produção<br />

animal. Todo o processo se inicia com as aquisições<br />

de ingredientes de qualidade, que serão destinados para<br />

produção das dietas. Para tanto a empresa se utiliza do CSP,<br />

Consórcio Suíno Paulista, responsável pela aquisição dos insumos.<br />

Áurea Cristina Ianni Rayel zootecnista, formada pela<br />

Universidade de São Paulo (USP - Pirassununga) e pós-graduada<br />

em MBA em Agronegócios pela USP-ESALQ, responsável<br />

pela Unidade Administrativa (UA) e pela Unidade de<br />

Produção de Ração (UPR), localizadas a 8 km do criatório<br />

de Itu e a 16 km do criatório de Porto Feliz, conta que o ciclo<br />

se inicia já na descarga das matérias-primas, adquiridas<br />

de terceiros. Assim que os grãos chegam, a UPR realiza<br />

algumas análises, a fim de decidir pelo seu recebimento ou<br />

recusa. “Se for milho ou sorgo, coletamos uma análise para<br />

verificar a quantidade de impurezas, de ardidos, carunchados<br />

e a umidade”, descreve.<br />

Áurea explica que esses cuidados iniciais são necessários<br />

para garantir a qualidade da compra e da ração. “Se estiver,<br />

por exemplo, fora da umidade que determinamos, não<br />

recebemos”, conta a zootecnista enquanto separa um punhado<br />

de sorgo para identificar os grãos quebrados e com<br />

impurezas. “Cada item tem um limite máximo a ser aceito.<br />

Fazemos esse processo de separação para ver se está dentro<br />

dos padrões exigidos, que estão em uma planilha. Sendo<br />

tudo aprovado na nossa análise primária, guardamos<br />

uma amostra e enviamos ao laboratório terceirizado para<br />

daí ver a quantidade de proteína, fibra, matéria mineral, enfim,<br />

tudo o que não conseguimos fazer aqui”, diz. Se a matéria-prima<br />

comprada não for grão, precisa estar acompanhada<br />

de um laudo para ser recebida. “Pegamos esse laudo,<br />

comparamos ao nosso padrão de recebimento e, mesmo<br />

que esteja adequado, também mandamos o produto para<br />

fazer um teste laboratorial. Isso normalmente acontece com<br />

farinha de carne, soro de leite, calcário, farelo de soja, entre<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

37


Para a elaboração de cada dieta é separada a quantidade<br />

de matéria-prima que será usada em cada ração, onde o<br />

milho e o farelo de soja são os principais ingredientes, em<br />

termos de quantidade. Didaticamente dividem-se as matérias-primas<br />

ou ingredientes em macronutrientes, aqueles<br />

que participam em maior quantidade, representados<br />

basicamente pelo milho, sorgo e farelo<br />

de soja e micronutrientes; outros participam<br />

em menores quantidades, repre-<br />

Na Unidade Produtora<br />

de Ração os grãos são<br />

sentados pelos aminoácidos, vitaminas,<br />

minuciosamente préminerais,<br />

enzimas, entre outros.<br />

-selecionados para verificar<br />

O processo de produção é dividido em<br />

a quantidade de impurezas,<br />

outros produtos”.<br />

duas etapas, com a finalidade de se obter<br />

de ardidos, carunchados e<br />

A zootecnista ressalta que as coletas<br />

uma maior homogeneidade dos ingredientes<br />

dentro das dietas, melhorando<br />

a umidade. Na foto Áurea<br />

e análises não são diárias, porém<br />

Ianni, responsável pela UPR<br />

se fazem necessárias para manter<br />

assim a qualidade das misturas. Primeiramente,<br />

são produzidas as pré-misturas,<br />

a qualidade alimentar. “As amostras<br />

enviadas aos laboratórios terceirizados são importantes que possuem basicamente os micronutrientes e na sequência<br />

se produzem as misturas, que nada mais são do que a<br />

também porque o nutricionista se baseia nelas para fazer<br />

as dietas. Esses ingredientes têm uma variabilidade importante<br />

a serem analisadas, principalmente produtos lácteos - etapas visa unicamente melhorar e assegurar uma melhor<br />

produção final das dietas. A divisão da produção em duas<br />

se não fizer uma análise, você está pagando muito caro por qualidade de mistura, propiciando que os animais consumam<br />

realmente o que está desenhado no programa nutricio-<br />

um produto que pode estar fraudado”, conta. As compras<br />

em grande quantidade são feitas com auxílio do Consórcio<br />

Suíno Paulista, idealizado pela Associação Paulista dos menos palatáveis.<br />

nal, evitando que selecionem ou segreguem os ingredientes<br />

Criadores de Suínos (APCS).<br />

A Unidade Produtora de Ração está instalada em uma área Economia e especificidade<br />

de aproximadamente 10.000 m², contando com equipamentos<br />

e galpões para armazenagem de matérias-primas. gável a necessidade de desenvolver mecanismos que mi-<br />

Em tempos de instabilidade no mercado suinícola, é ine-<br />

Depois de produzidas as rações, são coletadas amostras nimizem os prejuízos do negócio como um todo, produzir a<br />

das mesmas para analisar se estão atendendo aos padrões própria ração é uma vantagem econômica para o produtor.<br />

previamente estabelecidos.<br />

“As combinações dos ingredientes são feitas tecnicamente<br />

para se produzir dietas a menores custos, que atendam as<br />

Dietas<br />

necessidades específicas de cada grupo de animais. Adquirir<br />

rações prontas inviabilizaria definitivamente a produ-<br />

Os 16 tipos de dietas fareladas têm como objetivo atender<br />

as necessidades nutricionais de cada fase da vida ção de suínos. A suinocultura só é possível se produzirmos<br />

dos suínos, maximizando sua produção e produtividade,<br />

como segue: na fase de produção - Pré-Maternidade; tonio Ianni, proprietário.<br />

as dietas que fornecemos para nossos animais”, relata An-<br />

Pré-Inicial I, Pré-Inicial II, Pré-Inicial III, Inicial, Inicial Transferência;<br />

Crescimento I, Crescimento II, Crescimento III, Instalações modernas<br />

Crescimento IV e Terminação; na fase de preparação de Unindo a eficiência de manter a própria produção, a família<br />

Ianni investiu em instalações funcionais com o objetivo<br />

marrãs - Marrãs I e Marrãs II; na fase de gestação - Gestação;<br />

na fase de amamentação – Lactação; o macho reprodutor<br />

- Reprodutor. Depois de produzidas as rações são setor creche, com cerca de dez anos de funcionamento, os<br />

de garantir bem-estar animal e qualidade na produção. No<br />

transportadas a granel até os silos de armazenamento nos pisos na sua totalidade são ripados plásticos, os comedouros<br />

automáticos e as rações chegam até eles de forma setores de criação propriamente ditos.<br />

au-<br />

38 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


tomatizada. O setor é subdividido em oito salas, cada uma<br />

tem capacidade de alojar 900 leitões, do desmame até os<br />

63 dias de idade. Neste setor as rações também são armazenadas<br />

em silos aéreos, localizados fora dos barracões,<br />

sendo que cada lote de 450 leitões é servido por um silo<br />

independente, possibilitando se trabalhar com maior variedade<br />

de dietas, de acordo com as necessidades<br />

dos grupos de animais.<br />

A Unidade Produtora de<br />

Ianni entende que a exploração suinícola<br />

Leitões possui equipamentos<br />

nos moldes como está posta, é muito dependente<br />

das instalações. “As boas ins-<br />

que garantem o bem-estar<br />

dos animais, como sistema de<br />

talações promovem o bem-estar para os<br />

ventilação e automatização<br />

animais, transformando em rentabilidade<br />

2012, um conjunto de normas criadas<br />

pelo governo do Estado de São<br />

dos alimentos. Na foto<br />

para o suinocultor. É fundamental que o<br />

Angela Ianni, responsável<br />

suinocultor se conscientize de que tudo<br />

Paulo, junto à Associação Paulista<br />

pela UPL<br />

que se faz para tornar a vida dos animais<br />

dos Criadores de Suínos (APCS) e<br />

mais confortável, irá refletir em maior status<br />

sanitário dos mesmos, traduzindo em maior produção “Estamos extremamente preocupados com o futuro da sui-<br />

demais setores da cadeia suinícola.<br />

e produtividade”, entende. “A suinocultura confinada deve nocultura paulista e, logicamente, com o futuro do suinocultor,<br />

vivemos crises constantes e duradouras, que estão de-<br />

ser feita em instalações que confiram bem-estar para os<br />

animais, permitindo fácil acesso à água e à ração, abundantes<br />

e de boa qualidade, controle térmico, no que tange em nenhum momento deixar de aplicar tecnologias, porque<br />

lapidando sensivelmente nosso patrimônio. Não podemos<br />

a temperaturas e às correntes de vento, limpeza impecável se não fizermos vamos ter um produto pior e o mercado vai<br />

das baias, ou seja, os animais quando em bem-estar não nos penalizar por isso. Então, a todo o momento, estamos<br />

gostam de sujeira”, conscientiza.<br />

buscando melhorias técnicas de vanguarda, para atender<br />

A creche é 100% vazada, evitando que o animal se deite sobre<br />

as fezes, urina ou água. Cortinas e forros, além de ou-<br />

Antonio Ianni. SI<br />

o mercado de carnes, voltado ao consumidor final”, finaliza<br />

tros equipamentos, protegem e fornecem calefação, para<br />

evitar corrente de ventos e temperaturas abaixo do indicado<br />

para cada estágio de desenvolvimento. “Criar suínos é Família traz a suinocultura no sangue<br />

muito simples, basta que você se preocupe com o conforto A quarta geração da família Ianni está assumindo os<br />

dos animais, fazendo tudo para que o suíno esteja feliz, em negócios. Áurea Cristina Ianni Rayel e Andrea Cristina<br />

todas as unidades de produção, mesmo na recria e terminação.<br />

Se o suíno não sofrer certamente produzirá muito terinária, já fazem parte da rotina de administração da<br />

Ianni, zootecnistas, e Angela Cristina Ianni, médica ve-<br />

mais e a rentabilidade será muito maior. “Não podemos e suinocultura e dos demais negócios da família, sempre<br />

não devemos ser cruéis com os animais”, entende Ianni. acompanhadas pelo pai, Antonio Ianni. O primeiro a<br />

Apesar de possuir ciclo completo, os setores de produção<br />

seguem o conceito de múltiplos sítios, separados em por volta de 1913, estabelecendo-se em Itu (SP), falecen-<br />

chegar ao Brasil foi o imigrante italiano, Andrea Ianni,<br />

três ambientes, Unidade Produtoras de Leitões, Creche e do em 1934. Seu filho, Silvio Ianni assume os negócios,<br />

Recria/Terminação, distantes entre si, com a finalidade de dando continuidade à criação de suínos. Em 1949 adquire<br />

outra propriedade agrícola, mais distante da cidade,<br />

quebrar eventuais contaminações horizontais entre as fases.<br />

Os dejetos oriundos de todos os criatórios são tratados e transfere os criatórios, local onde hoje se localizam as<br />

em biodigestores e o biofertilizante aplicados no solo para Unidades, Administrativa e de Produção de Ração. Em<br />

a produção de silagem de milho, esta destinada à produção 1982, Antonio Ianni, neto de Andrea Ianni, assumiu integralmente<br />

os negócios, que agora vem sendo gradativa-<br />

de bovinos confinados.<br />

A suinocultura possui o “Selo Suíno Paulista” desde o ano de mente transferidos para as mãos das filhas.<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

39


12º Seminário Internacional de <strong>Suinocultura</strong><br />

Diferenciais competitivos<br />

para o setor<br />

Organizado pela Agroceres PIC, 12º Seminário Internacional de <strong>Suinocultura</strong> reuniu gestores<br />

de 75% do plantel tecnificado brasileiro no Club Med Rio das Pedras para apresentar excelência<br />

de conteúdo.<br />

Por_Daniel Azevedo, do Rio de Janeiro (RJ)<br />

O12º Seminário Internacional de <strong>Suinocultura</strong><br />

Agroceres PIC, realizado no Club Med Rio das<br />

Pedras, em setembro, promoveu uma imersão<br />

no tema “Investindo em Diferenciais de<br />

Competitividade” a 400 convidados, que representam 75%<br />

das matrizes tecnificadas do plantel brasileiro.<br />

“O Brasil tem a vocação para ser um dos Top 3 produtores<br />

mundiais de carne suína e será líder global em eficiência em<br />

breve. Este evento abordou todos os aspectos que cercam a<br />

atividade para que nosso cliente consiga o máximo desempenho”,<br />

introduziu o diretor Superintendente da Agroceres<br />

PIC, Alexandre Furtado da Rosa.<br />

Assim, as palestras desenharam um quadro abrangente<br />

de soluções e alternativas para a suinocultura nacional ao<br />

tratarem de genética, sanidade, nutrição, política, economia,<br />

grãos, planejamento e tendências dos consumidores,<br />

sempre com especialistas amplamente reconhecidos. Entre<br />

eles, grandes nomes nacionais e internacionais como o cronista<br />

Arnaldo Jabor, o economista Alexandre Schwartsman,<br />

o especialista André Pessôa, o administrador de empresas<br />

Pedro Janot, o expert Charlie Arnot e o veterinário Fernando<br />

Gomez, entre outros.<br />

“O propósito do evento não é discutir um momento específico<br />

do setor, mas sim, fazer um debate mais profundo<br />

sobre os principais itens e tendências que influenciam na<br />

competitividade da suinocultura brasileira”, resumiu Furtado<br />

da Rosa.<br />

Deste modo, os participantes foram inseridos no quadro<br />

sócio-político brasileiro com Jabor, conheceram a análise<br />

econômica de Schwartsman e tiveram acesso à leitura sobre<br />

o mercado de grãos de André Pessôa (ler texto a seguir),<br />

como contextualização para o segmento da suinocultura.<br />

40 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Em seguida, vieram as palestras sobre a “licença social”<br />

a partir de uma comunicação transparente com a sociedade,<br />

do estadunidense Charlie Arnot (veja nas próximas<br />

páginas); e sobre oportunidades de melhorias na fase de<br />

crescimento dos suínos com o chileno Fernando Gomez<br />

(leia a reportagem).<br />

“As crises são mais implacáveis para quem tem menor<br />

grau de tecnificação, não se protege na compra de grãos,<br />

peca no planejamento e não conta com mão de obra qualificada.<br />

Mas, hoje, temos uma suinocultura mais preparada<br />

para o momento do mercado que, inclusive, já dá<br />

melhores sinais para 2017”, concluiu o diretor Superintendente<br />

da Agroceres PIC.<br />

O conteúdo técnico prosseguiu com as estratégias de<br />

crescimento e planejamento do frigorífico mexicano Kekén,<br />

com o gerente de Operações Arón Aranzolo Labra;<br />

e as vantagens do pacote genético da PIC com o geneticista<br />

da empresa nos Estados Unidos, Matt Culbertson.<br />

Por fim, o administrador de empresas, Pedro Janot, primeiro<br />

presidente da Azul Linhas Aéreas e responsável pela<br />

estratégia para a fundação da companhia, apresentou o<br />

case e os princípios que a tornaram um sucesso mercadológico<br />

e, especialmente, de avaliação dos consumidores.<br />

A seguir, confira os textos sobre três palestras apresentadas<br />

no evento:<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

41


“O agro deve contar menos com o governo”, diz André Pessôa<br />

Consultor alerta que estoque de passagem de grãos deve continuar baixo e produtores deveriam<br />

garantir acesso a insumos com antecedência.<br />

Os principais insumos da suinocultura deverão<br />

continuar valorizados no mercado interno até<br />

a próxima safra. Esta foi uma das mensagens<br />

do consultor André Pessôa em sua palestra<br />

realizada no 12º Seminário Internacional de <strong>Suinocultura</strong><br />

Agroceres PIC.<br />

“Com o câmbio mais favorável à exportação, os grãos brasileiros<br />

são os mais competitivos do mundo. Assim, o produtor de<br />

grãos não precisa fazer estoque pois sempre terá mercado e<br />

os estoques de passagem serão baixos novamente, sustentando<br />

preços”, analisa.<br />

Pessôa explica que a quebra da safrinha, agora chamada safra<br />

de verão, favoreceu o aumento dos preços dos insumos, no<br />

entanto não foi o principal fator. A razão para isso, segundo<br />

ele, é que o milho e a soja brasileira seguirão competitivos em<br />

preço e qualidade no mercado internacional.<br />

Nem mesmo a excelente produção nos Estados Unidos deve<br />

afetar fortemente os preços no mercado interno nos próximos<br />

meses, pois as cotações do mercado internacional, devido ao<br />

câmbio, permanecem acima do brasileiro.<br />

“Se o suinocultor quiser ter acesso a estoques, deverá comprar<br />

entre outubro e dezembro”, adianta. Por outro lado, o<br />

especialista também não aconselha os produtores de grãos a<br />

reter o produto esperando melhores preços, pois a oferta pode<br />

aumentar também no Brasil em 2017.<br />

Suínos X Insumos<br />

A relação de troca entre os principais insumos para a suinocultura<br />

melhorou a partir de julho, apesar de ainda não garantirem<br />

uma margem adequada à atividade até meados de<br />

setembro.<br />

Segundo o consultor André Pessôa, o quilo do suíno valorizou<br />

em relação ao milho, a ração e o farelo de soja e tinham tendência<br />

de melhorar ou ao menos manter-se até o final do ano.<br />

Por exemplo, a relação com o farelo de soja melhorou de 0,44<br />

em julho para 0,34 em agosto (ou quase 1 para 3), a da ração<br />

de 0,35 para 0,24 (1 para 4); e a do milho, de 0,3 para 0,21<br />

(praticamente 1 para 5). Os valores consideraram as cotações<br />

do suíno em Chapecó (SC), a do milho em Campinas (SP) e a<br />

da soja em Sorriso (MT).<br />

Ainda assim, no caso da ração e do milho, tais relações ainda<br />

estão entre as piores desde 2013 e bem longe das mais vantajosas<br />

aos suinocultores, que foram registradas por volta de<br />

outubro de 2014.<br />

Previsões<br />

A perspectiva para a safra 2016-2017 dos Estados Unidos<br />

é muito positiva tanto para milho, que pode chegar a 383<br />

milhões de toneladas, como para soja, que deve girar ao<br />

redor de 114 milhões de toneladas.<br />

Já no Brasil, a produção de milho deve chegar a 92 milhões<br />

de toneladas e cerca de 102 milhões de toneladas de soja<br />

na safra 2016-2017. Tais projeções já consideram a redução<br />

da chance de haver um fenômeno La Niña, bem como uma<br />

ampliação da área para cultivo de milho.<br />

“É a melhor relação de troca dos últimos anos (sacas de<br />

soja ou milho X custos) para os produtores de grãos. Este é<br />

um forte estímulo para manutenção da área ou ampliação,<br />

especialmente para o milho”, disse.<br />

No entanto, em curto prazo, a sensação<br />

de escassez milho no mercado interno<br />

deve permanecer, pelo menos até janeiro.<br />

Isso porque o estoque de passagem<br />

deve ficar próximo a cinco milhões de<br />

toneladas.<br />

Iniciativa privada<br />

Com as dificuldades orçamentárias<br />

do governo,<br />

o consultor sugere<br />

ainda que o setor do<br />

agronegócio procure as<br />

próprias soluções para<br />

garantir a estabilidade,<br />

tanto para a agricultura<br />

como para a pecuária.<br />

“O governo terá ainda<br />

menos capacidade<br />

de gerar soluções, por<br />

exemplo, para o estoque<br />

de passagem. Por isso,<br />

o agronegócio depende<br />

ainda mais dos próprios<br />

esforços”, alerta.<br />

42 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


“Transparência é chave para ter a confiança do consumidor”,<br />

diz especialista<br />

Consultor Charlie Arnot defende que setor deve garantir sua “licença social” e evitar dificuldades<br />

e prejuízos.<br />

Oestadunidense Charlie Arnot frisou que a transparência<br />

na comunicação com a sociedade é<br />

indispensável para garantir a “licença social”<br />

para a suinocultura, em sua palestra no 12º Seminário<br />

Internacional de <strong>Suinocultura</strong> Agroceres PIC.<br />

O CEO do Center for Food Integrity explicou que, apesar de<br />

uma fantástica indústria alimentícia, os consumidores acreditam<br />

cada vez menos nas empresas do setor, em instituições<br />

governamentais ou mesmo em argumentos científicos.<br />

“Este foi um processo de décadas que fez o público ficar cético<br />

das instituições, das autoridades. Nos últimos 45 anos, os<br />

alimentos ficaram mais seguros, baratos e acessíveis. Mas o<br />

público vê o agronegócio como uma mesma instituição, que<br />

só visa o lucro, polui, desmata e maltrata animais”, sintetizou.<br />

Já que os alimentos são um item muito importante para todas<br />

as pessoas, recuperar a confiança dos consumidores é crucial<br />

para evitar uma série de dificuldades e prejuízos, inclusive<br />

para garantir a continuidade das indústrias.<br />

“Este quadro exige a licença social, ou seja, a aceitação por<br />

parte da sociedade de que determinada atividade ou empresa<br />

cumpre valores, princípios e é transparente a ponto de ser<br />

respeitada”, detalhou.<br />

Temas sensíveis<br />

No caso da suinocultura, Arnot destacou temas polêmicos<br />

como o uso de gaiolas individuais, o manejo animal, o bem-<br />

-estar e o uso de antibióticos, entre outros.<br />

“A comunicação do setor deve ser transparente a ponto de<br />

admitir erros, mostrar o que está errado e agir para compartilhar<br />

valores com a sociedade. Neste caso, a comunicação<br />

tradicional não funciona”, destacou.<br />

No passado, prossegue, a autoridade era reconhecida pelo<br />

cargo de um interlocutor e, atualmente, se dá pelo relacionamento.<br />

Do mesmo modo, o consumidor tem muito mais<br />

diversidade de informação e nem todo tipo de tecnologia é<br />

valorizada, entre outros aspectos.<br />

A construção de uma relação de confiança passa por compartilhar<br />

valores, ser honesto e, principalmente, transparente.<br />

“Valores sociais compartilhados são de três a cinco vezes<br />

mais importantes para gerar confiança do que competência<br />

ou estudos científicos”, argumentou.<br />

Para o CEO, o agronegócio e seus especialistas têm os dados<br />

e podem construir este tipo de relação, mas poder é diferente<br />

de fazer. “Além disso, dever também é diferente de poder. O<br />

conhecimento mostra que deveríamos fazer esta mudança na<br />

relação com a sociedade”, frisou.<br />

Ele relata o exemplo das Ongs, que já entram nos debates<br />

com superioridade moral e mais aceitação pública, uma vez<br />

que as empresas sempre são vistas preocupadas apenas<br />

com o lucro. “Precisamos admitir claramente que devemos<br />

produzir de maneira sustentável, responsável e segura, e agir<br />

com muita transparência”, alertou.<br />

Como ser transparente?<br />

Os sete passos para ser transparente na relação com a sociedade<br />

são, segundo o especialista, a motivação, a abertura, a<br />

participação, a relevância das informações, a clareza das mensagens,<br />

a credibilidade e a precisão do discurso.<br />

“Nossa pesquisa do Center for Food Integrity mostrou que a<br />

transparência não é mais opcional. A opinião de um grupo de<br />

mães, por exemplo, pode ter mais peso do que de um especialista.<br />

Infelizmente, fatos científicos não são<br />

mais suficientes”, comparou.<br />

Mas há oportunidades para estabelecer<br />

esta relação de confiança por<br />

meio da comunicação. “Por exemplo,<br />

atualmente há grande interesse sobre<br />

o que o alimento contém ou como é feito.<br />

Assim, é importante demonstrar<br />

como são as práticas de produção<br />

e responder as questões de<br />

forma rápida”, acrescentou.<br />

Por fim, o especialista<br />

defendeu que comunicar<br />

valores torna as<br />

informações técnicas<br />

menos relevantes. “Isso<br />

requer uma mudança de pensamento<br />

e comunicação. As pessoas<br />

não se importam o quanto<br />

você sabe até que saibam o<br />

quanto você se importa”, finalizou.<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

43


Especialista destaca fatores-chave para melhor<br />

expressão da genética<br />

Fernando Gomez alerta para necessidade de planejamento de instalações flexíveis.<br />

Omédico veterinário Fernando Gomez,<br />

especialista da PIC em fase de crescimento<br />

de suínos, destacou cinco<br />

fatores-chave para o desempenho<br />

pós-desmame, em sua palestra realizada no segundo<br />

dia do 12º Seminário Internacional de <strong>Suinocultura</strong><br />

Agroceres PIC.<br />

Segundo o técnico chileno da PIC, os cuidados iniciais,<br />

o acesso à ração, ventilação, a disponibilidade<br />

de água e o espaço vital são fatores que combinados e<br />

sem investimentos custosos resultam na maior expressão<br />

do potencial genético dos suínos.<br />

“Naturalmente, existem outros fatores<br />

fundamentais como sanidade,<br />

nutrição e outros, mas destaco<br />

apenas o impacto destes cinco<br />

tópicos para mostrar como influenciam<br />

nos resultados e devem ser<br />

considerados inclusive no planejamento<br />

das instalações”,<br />

argumentou.<br />

Deste modo, ele demonstrou<br />

que o planejamento<br />

sobre estes cinco<br />

fatores traz oportunidades<br />

de GPD (Ganho de Peso<br />

Diário), redução de mortalidade,<br />

variação do peso no<br />

abate, qualidade da carne,<br />

bem-estar animal, segurança<br />

e ambiente.<br />

Gomez ressaltou, inclusive, a<br />

importância de os gestores investirem<br />

em instalações flexíveis.<br />

Assim, continuou, os galpões continuarão<br />

permitindo o desempenho<br />

ótimo dos animais mesmo com<br />

mais peso pela evolução genética<br />

ou demanda por suínos mais pesados que ocupariam<br />

mais espaço.<br />

Segundo o especialista, um estudo realizado pela<br />

PIC em granjas americanas apontou que elevar o<br />

peso de um suíno em 5 kg (127 kg X 122 kg) gerou<br />

3% mais densidade e 1,7% mais calor, além de haver<br />

exigido 1,3% mais espaço no comedouro, 6,6% mais<br />

disponibilidade de ração e 7,1% mais espaço para<br />

transporte.<br />

“A flexibilidade de comedouros e bebedouros, por<br />

exemplo, pode aumentar a eficiência de uma granja<br />

praticamente sem gerar mais custos e com muito<br />

mais rentabilidade. Temos casos de simples falta de<br />

planejamento que limitam o rendimento da criação<br />

em milhares de dólares por ano”, apontou.<br />

Ele comentou também que, em geral, as granjas<br />

da América Latina precisam melhorar os cuidados<br />

iniciais com leitões e aproveitar mais as vantagens<br />

geradas pela ventilação natural permitida pelas condições<br />

climáticas favoráveis em muitas regiões produtoras<br />

do continente.<br />

Genética<br />

O médico veterinário também apresentou resultados<br />

de outro estudo sobre desempenho realizado com o<br />

reprodutor AGPIC 359, lançado pela Agroceres PIC<br />

no Brasil durante o evento, e dois tipos de fêmeas.<br />

A matriz Camborough da PIC teve resultados melhores<br />

na maioria dos quesitos e, especialmente, na<br />

margem de lucro sobre o investimento em rações e<br />

instalações.<br />

“Considerando fatores como peso inicial, peso final,<br />

GPD, conversão alimentar, mortalidade, suínos de<br />

máximo valor e outros, chegamos ao resultado que<br />

a combinação do AGPIC 359 e a matriz Camborough<br />

produziu, em média, US$ 5 a mais por animal.<br />

Por isso, é preciso analisar a cadeia suína de forma<br />

completa”, comparou.<br />

44 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Revolução no Campo<br />

Aplicativos: tecnologia<br />

na palma da mão<br />

Com a disseminação dos dispositivos móveis, a informação chega porteira adentro, auxiliando<br />

o produtor na tomada de decisão e rentabilidade do negócio.<br />

Por_Fernanda Oliva<br />

Aexpressão “ter o mundo na palma da mão”,<br />

em dias atuais, faz realmente sentido. Vivemos<br />

a era da tecnologia, assistindo o agronegócio<br />

se atualizar na mesma velocidade<br />

que novas ferramentas surgem para facilitar a comunicação.<br />

Dispositivos móveis como smartphones e tablets<br />

são computadores de bolso que já se tornaram parte do<br />

cotidiano da população e caminham para ser uma extensão<br />

da cadeia produtiva por oferecer uma gama imensurável<br />

de dados precisos sobre informações que, até então,<br />

eram restritas. A funcionalidade dessas ferramentas auxilia<br />

na coleta e análise de dados da propriedade através de<br />

46 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Aplicativos (APPs) e softwares comprovando que o uso da<br />

tecnologia não é mais opção, mas sim uma condição para<br />

o desenvolvimento da produtividade.<br />

Mesmo que quiséssemos deixá-los passar despercebidos,<br />

os aplicativos estão cada vez mais usuais. De acordo com<br />

números do Kantar Ibope Media, divulgados na revista Exame,<br />

84% dos brasileiros usam ao menos um aplicativo em<br />

seus smartphones. De acordo com o Yahoo, que conduziu<br />

uma pesquisa sobre o uso de aplicativos ao lado da plataforma<br />

de análise Flurry Analytics, o Brasil está na 10ª colocação<br />

entre países que mais utilizam os sistemas operacionais,<br />

como iOS e Android. Esses softwares adaptados ao<br />

dispositivo móvel oferecem dados de fácil manuseio com<br />

uma interface adaptada para o dispositivo, com tráfego de<br />

dados necessários para navegação menor, além do acesso<br />

off-line, onde armazenam informações que possibilitam navegação<br />

mesmo sem acesso a internet.<br />

No agronegócio, com o aumento das possibilidades de<br />

acesso a informação, o que antes dependia de consultores,<br />

integradores ou empresas prestadoras de serviços ficou<br />

disponível ao produtor que passa a executar mecanismos<br />

envolvendo bases de dados e inteligência artificial.<br />

Luís Gustavo Barioni, pesquisador da Embrapa Tecnologia<br />

Agrícola aponta que essa otimização da informação<br />

é essencial em todas as cadeias de produção animal de<br />

forma direta ou indireta. “Temos trabalhado bastante na<br />

área de simulação de interfaces, onde olhamos para um<br />

sistema produtivo e tentamos fazer a projeção do desempenho<br />

numa determinada situação, incluindo variáveis de<br />

decisão que estão sob a tutela do produtor”, explica.<br />

Através desses simuladores, o produtor pode conferir resultados<br />

capazes de dar a ele uma previsão tanto do desempenho<br />

da produtividade, mortalidade da produção,<br />

quanto dados com estimativas de retorno econômico. “A<br />

simulação de sistema tem se estendido bastante no uso<br />

de aplicativos. Logicamente, por outro lado, temos também<br />

aplicativos de controle, de bases de dados que tem<br />

aspectos de armazenamento de dados históricos da produção,<br />

projeção e previsão e, nesse caso, um movimento<br />

que hoje se inicia é de compatibilizar essas ferramentas.<br />

Isso quer dizer que, a partir do monitoramento do seu sistema,<br />

se consegue fazer previsões e evidenciar um tempo<br />

hábil em relação ao planejado. Então, têm várias linhas<br />

de desenvolvimento desses sistemas para um futuro próximo”,<br />

revela o pesquisador.<br />

Barioni, que integra o Laboratório de Matemática Computacional,<br />

percebe a tecnologia caminhando, em passos<br />

largos, na direção do campo. “Por ser o agronegócio um<br />

setor que sobrevive a crise vemos um investimento de<br />

várias empresas, em área de informática, comunicação.<br />

Empresas de tecnologia estão investimento pesado e<br />

apostando que realmente essas novas tecnologias devem<br />

revolucionar a produção no campo”, diz. “A agricultura<br />

é um terreno muito fértil (para a adoção de tecnologia),<br />

porque existe muita incerteza relacionada aos aspectos<br />

de produção e a redução dessas incertezas passa pela<br />

informação. E essa informação está cada vez mais disponível,<br />

tanto em base de dados na internet, quanto na<br />

possibilidade de usar sensores e softwares que fazem o<br />

processamento desses dados gerando informação para<br />

tomada de decisão”, ressalta.<br />

A tecnologia na mão do produtor<br />

“Não necessariamente toda a tecnologia vai ficar na mão<br />

do produtor, mas dentro da cadeia, dentro do envolvimento<br />

do processo produtivo, seja por meio de consultores,<br />

empresas de insumos, compradores, esse tipo de sistema<br />

acaba permeando toda a cadeia e dessa forma influenciando<br />

as decisões do produtor”, entende o pesquisador<br />

mesmo avaliando que vai aumentar bastante, na próxima<br />

década, a adoção de aplicativos. “A gente percebe que<br />

a tecnologia da informação e os meios para que ela seja<br />

adotada estão evoluindo rápido, basta ver os smartphones<br />

que deixaram de ser um meio de fazer telefonema para<br />

ser o que é hoje. Isso deverá dar ao profissional oportunidade<br />

para que essas tecnologias sejam adotadas”, diz<br />

Barioni.<br />

O acesso à internet nas zonas rurais do Brasil ainda é um<br />

desafio para boa parte da população dessas regiões. Nesse<br />

caso, sistemas que operam off-line também se tornam<br />

uma alternativa para o usuário. “Tivemos contato com várias<br />

empesas com iniciativas relacionadas a tecnologias<br />

de informação e percebemos que tem um avanço rápido.<br />

Em determinadas condições, dá para assumir que vai haver<br />

acesso a rede, ou pelo celular, ou dispositivos móveis,<br />

ou escritório, que não está necessariamente no campo.<br />

Dessa forma existem varias possibilidades de solução,<br />

uma delas é que algum ciclo de dados possa ser adquirido<br />

off-line. Ou seja, tem a aplicação que é cliente/servidor<br />

onde, depois da carga de dados no sistema, o usuário poderá<br />

enviar esse conteúdo quando estiver com acesso a<br />

rede”, relata Barioni. “Mas, a gente percebe que no meio<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

47


ural os celulares já têm rede. Então, acho que dentro de<br />

um tempo razoável teremos uma cobertura bem elevada.<br />

Não dá para afirmar que isso é uma limitação tão grande.<br />

A visão que temos no momento é que a comunicação vai<br />

estar cada vez mais disponível também”, projeta.<br />

Chefe de Transferência e Tecnologia da Embrapa Suínos<br />

e Aves, o pesquisador Marcelo Miele, ressalta que é inegável<br />

ainda haver um expressivo contingente sem acesso.<br />

“Hoje muitos aplicativos operam off-line, mas isso traz limitações<br />

no uso do seu potencial. Outra questão importante,<br />

é a tendência de termos equipamentos e máquinas<br />

operando on-line, enviando e recebendo dados e instruções<br />

do fabricante ou revendedor. É a chamada internet<br />

das coisas”, conta. “Desta forma, é fundamental que o<br />

produtor do futuro esteja conectado. Creio que no futuro<br />

esta infraestrutura será tão importante quanto as estradas<br />

e o telefone”, diz.<br />

Assim como qualquer outra tecnologia, o produtor deve<br />

avaliar, antes de tudo, se trará solução para um problema,<br />

preferencialmente de forma fácil e descomplicada, além<br />

de avaliar a relação custo-benefício. O aspecto operacional<br />

é bastante importante porque qualquer aplicativo desse<br />

tipo precisa considerar o custo de monitoramento e o<br />

valor da informação. “Quando se utiliza qualquer um desses<br />

sistemas existe um custo relacionado a prover as informações<br />

do sistema para auxiliar o produtor. Sendo que, o<br />

valor da informação que o sistema possui precisa exceder<br />

esse custo de monitoramento e imputação de dados para<br />

o sistema”, enfatiza Barioni, evidenciando que esse é um<br />

aspecto essencial visto que muitas pessoas começam a<br />

usar esses sistemas, mas não sabem muito bem o que<br />

fazer com a informação. “É importante o produtor estar<br />

atento ao que o sistema é capaz de prover de informação,<br />

qual o valor dessa informação para ele e qual o custo associado<br />

a geração dos dados de entrada que esse sistema<br />

exige. Esse é o primeiro balanço de custo benefício que<br />

muita gente acaba não fazendo”, revela.<br />

Segundo o pesquisador, é preciso também pensar em<br />

como isso entra na rotina operacional. “Muitas vezes a<br />

pessoa despreza o tempo relacionado a produzir esses<br />

dados para o monitoramento do sistema e, chega determinado<br />

momento, percebe que esse custo associado ao<br />

tempo é muito alto e então acaba por deixar de utilizar o<br />

sistema. Desta forma, é importante o produtor estar atento<br />

para avaliar como ele vai colocar isso em sua rotina antes<br />

de fazer um uso mais extensivo”, sugere. “Claro que, num<br />

primeiro momento, o produtor precisa fazer os testes com<br />

o software, fazer uma avaliação prévia antes de colocar<br />

dentro da rotina. Porém, é importante ter em mente não<br />

só os aspectos do que é curiosidade sobre o sistema, mas<br />

ver como essas informações que esses aplicativos fornecem<br />

irão auxiliar na tomada de decisões”, explica.<br />

Valor agregado<br />

O uso de ferramentas tecnológicas agrega valor ao produto<br />

final e, se aplicado da forma correta, pode se converter<br />

num diferencial vantajoso ao produto. “Os mercados,<br />

dentro da cadeia das carnes, são muito exigentes e existe<br />

uma guerra de informação. A demanda por rastreamento,<br />

controle, por informação em geral sobre o processo<br />

produtivo pressiona os produtores a terem uma adoção<br />

maior de sistemas automatizados”, entende Barioni. “Em<br />

outros países há uma questão da informatização e automação<br />

grande, mas precisamos considerar que isso está<br />

relacionado ao custo elevado da mão de obra. Creio que,<br />

embora o nosso custo de tecnologia seja maior e a mão<br />

de obra mais baixa, logicamente, que a adoção de sistemas<br />

acaba sendo mais tardia, mas, por outro lado, temos<br />

sistemas produtivos muitas vezes com escala maior que<br />

entram hoje numa concorrência de mercado da qual se<br />

espera ter acesso a informação sobre o produtor, forma de<br />

produção, etc. Nesse sentido, há um movimento positivo<br />

para que o produtor faça uso desses sistemas”, evidencia,<br />

sugerindo cuidados na aplicação desses sistemas a fim<br />

de aproveitar a demanda externa gerando oportunidade<br />

Arquivo pessoal<br />

Mauro Gamboa é enfático ao afirmar que os<br />

dispositivos substituíram de maneira implacável<br />

o papel e a caneta<br />

48 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


Crédito: Divulgação Embrapa<br />

Marcelo Miele destaca que o produtor deve<br />

avaliar, antes de tudo, se a ferramenta trará<br />

solução para um problema, de forma fácil e<br />

descomplicada<br />

para melhorar a essência do próprio sistema produtivo e<br />

lucratividade.<br />

Para Miele, da Embrapa Suínos e Aves, os aplicativos devem<br />

ser vistos como mais uma opção do amplo leque de<br />

tecnologias disponíveis no campo. “Os países ou regiões<br />

que se encontram na vanguarda no uso de aplicativos são<br />

os mesmos que se encontram na vanguarda da difusão<br />

de novas tecnologias nas mais diversas áreas. Como a<br />

agropecuária brasileira é muito diversificada, podemos<br />

afirmar que algumas regiões ou segmentos de produtores<br />

no Brasil também fazem parte desta vanguarda”, entende.<br />

“Um exemplo emblemático na suinocultura brasileira<br />

é a ampla difusão de softwares de gestão da produção<br />

de suínos, com empresas inovadoras gerando soluções<br />

que estão hoje sendo exportadas para outros países”,<br />

exemplifica. A Embrapa lançou recentemente o aplicativo<br />

Custo Fácil, destinado ao público das integrações em suínos<br />

e aves. Seu objetivo é disponibilizar uma ferramenta<br />

simplificada para o cálculo do custo de produção e outros<br />

indicadores econômicos. “Em breve lançaremos a<br />

segunda versão com novos indicadores de fluxo de caixa,<br />

permitindo a melhor gestão da granja e a disseminação<br />

da cultura da gestão de custos. Isso é fundamental para<br />

o acompanhamento do desempenho econômico, muitas<br />

vezes relegado a um segundo plano frente ao acompanhamento<br />

do desempenho zootécnico. Nos dois casos, a<br />

informação é fundamental e permite que o gestor tenha<br />

ciência do seu desempenho e entenda quais itens de custo<br />

estão contribuindo ou prejudicando a competitividade e<br />

a renda agrícola”, revela.<br />

O Custo Fácil é indicado para integrados com contratos<br />

de parceria e de comodato para os sistemas de produção<br />

de suínos em creche e terminação, produção de leitões<br />

e frango de corte. O aplicativo foi desenvolvido pela área<br />

de socioeconômica e pelo Núcleo de Tecnologia da Informação<br />

da Embrapa. Além deste aplicativo, que pode<br />

contribuir na melhoria da gestão, a Embrapa disponibiliza<br />

outros aplicativos voltados a avicultura como o Granucalc,<br />

software utilizado na análise de granulometria e o ITGU,<br />

aplicativo para cálculo do índice de conforto térmico para<br />

aves (em fase de desenvolvimento). “Também é importante<br />

citar o desenvolvimento de aplicativos e softwares<br />

que não são direcionados para o produtor, mas para instituições<br />

públicas ou privadas que prestam serviços sistêmicos,<br />

que irão beneficiar toda uma região ou cadeia<br />

produtiva”, salienta Miele.<br />

A Embrapa também conta com o aplicativo DiagSui, que<br />

traz orientações para veterinários de granjas e de empresas<br />

sobre o diagnóstico laboratorial das principais<br />

doenças dos suínos, bem como o SGAS, software para a<br />

gestão ambiental da suinocultura. “Este último é voltado<br />

tanto para o produtor quanto para os órgãos oficiais de<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

49


Luís Gustavo Barioni ressalta que agricultura é<br />

um terreno fértil para a adoção de tecnologia,<br />

porque existe muita incerteza relacionada aos<br />

aspectos de produção<br />

meio ambiente para agilizar e qualificar o licenciamento<br />

ambiental. Cito o caso do Sistema de Informações de<br />

Manejo de Fauna (SIMAF), software desenvolvido pela<br />

Embrapa Suínos e Aves e licenciado para o Ibama, que<br />

auxiliará o País na estruturação e implementação de um<br />

programa de vigilância epidemiológica<br />

e manejo populacional de<br />

javalis na área livre de Peste Suína<br />

Clássica”, revela Miele.<br />

Aplicativos que<br />

transformam<br />

a gestão<br />

Recentemente, a Agriness lançou<br />

para o mercado da suinocultura o<br />

OINK, um aplicativo educativo de<br />

perguntas e respostas que tem por<br />

objetivo levar conhecimentos básicos<br />

e práticos sobre suinocultura a<br />

toda a cadeia produtiva. A ferramenta<br />

contempla, nesta primeira versão,<br />

as trilhas de Manejo e Sanidade,<br />

onde o jogador testa suas habilidades<br />

sobre temas específicos, presentes<br />

no dia a dia da granja. Na<br />

trilha de Manejo, por exemplo, é possível aprender mais<br />

sobre reposição, reprodução, maternidade, creche e terminação.<br />

Já em Sanidade, as áreas de conhecimento do<br />

jogo envolvem doenças entéricas, respiratórias, reprodutivas,<br />

locomotoras e neurológicas. Nos próximos meses,<br />

novas trilhas serão desenvolvidas e vão abranger temas<br />

Crédito: Nadir Rodrigues/Embrapa<br />

como nutrição, genética, bem-estar e gestão. Para Everton<br />

Gubert, sócio-fundador da empresa, o aplicativo é uma<br />

inovação na forma de levar conhecimento para toda a cadeia<br />

da suinocultura a fim de instigar, atrair e engajar as<br />

pessoas. “Nosso objetivo é levar para a suinocultura, de<br />

forma inédita, um novo jeito de aprender e de colocar em<br />

prática todas as atividades que envolvem a produção de<br />

suínos”. O OINK está disponível para download gratuito<br />

nas lojas da Apple Store e Play Store.<br />

Para Mauro Gamboa, da Agrosys Tecnologia, os dispositivos<br />

substituíram de maneira implacável, o papel e a caneta<br />

nos locais mais remotos e improváveis. “Porque tem<br />

memória e pensamento, recordam os números anteriores<br />

e comparam instantaneamente com as informações digitadas<br />

e, não só isso, conversam e instruem o homem que<br />

o segura nas mãos sobre o que fazer diante da realidade<br />

registrada e analisada em nano-segundos”, aponta. Para o<br />

acompanhamento e planejamento da produção de suínos<br />

a empresa oferece a ferramenta Agrosys Pig que engloba<br />

toda a cadeia produtiva, desde o rigoroso acompanhamento<br />

de dados de granjas de multiplicadoras<br />

até o custo efetivo na<br />

industrialização do produto acabado<br />

no abatedouro. O aplicativo gerencia<br />

todos os dados zootécnicos e<br />

de custeio dos plantéis de multiplicadoras,<br />

quarto sítio, UPL, creche e<br />

granjas de terminação. Esses dados<br />

podem ser controlados tanto pelo<br />

sistema web como por dispositivos<br />

móveis com acompanhamento técnico<br />

de especialistas na área para<br />

aderência previa e levantamento de<br />

qual o melhor modelo a ser configurado<br />

para o produtor. “A ficha técnica<br />

do galpão migrou para o tablet,<br />

com a conversão alimentar, mortalidade,<br />

ganho de peso, consumo de<br />

ração, tabela de manejo, standard<br />

do lote, standard da linhagem e até<br />

a auditoria da qualidade com provas documentais (fotos<br />

das não conformidades), foi parar dentro destes pequenos<br />

personal computers. Por tudo isso, não resista, estas<br />

ondas já alcançaram você de alguma ou de várias maneiras,<br />

o melhor é aderir e desfrutar delas explorando seus<br />

inúmeros benefícios”, finaliza Gamboa. SI<br />

50 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

51


Nutrição<br />

Enzimas exógenas e<br />

peletização aumentam<br />

a digestibilidade da dieta<br />

em suínos na fase pré-inicial<br />

O objetivo foi verificar o efeito da peletização e da inclusão de uma mistura de enzimas, na<br />

dieta de suínos na fase pré-inicial de produção. Foram utilizados 24 suínos machos, castrados,<br />

com idade média de 35 dias.<br />

Por_Leopoldo Malcorra de Almeida 1 , Thiago Augusto da Cruz 2 , Rosine Alves de Araujo 3 , Emanuele Cristiny Goes 4 , Alex Maiorka 5<br />

Um dos fatores que influenciaram o aumento<br />

da produção de carne suína foi o desenvolvimento<br />

de tecnologias. Nesse sentido,<br />

os avanços na nutrição animal aparecem<br />

como um dos fatores decisivos no desenvolvimento da<br />

cadeia produtiva. A utilização de enzimas exógenas e<br />

processamento em dietas pré-iniciais vem trazendo bons<br />

resultados no que diz respeito a melhor digestibilidade.<br />

Porém, a digestibilidade é dependente de uma série de<br />

fatores entre eles o desenvolvimento do trato gastrointestinal,<br />

a qualidade e tipos de matérias-primas. O desmame<br />

precoce aos 21 dias de idade dos leitões acontece<br />

antes do desenvolvimento fisiológico completo dos animais.<br />

Aos 35 dias de vida, sua capacidade de digestão<br />

não está completa, portanto, nessa fase, os animais ainda<br />

não aproveitam de forma efetiva dietas a base de grãos<br />

e cereais. Além da capacidade física limitada do estômago<br />

e do intestino delgado, os leitões recém-desmamados<br />

têm insuficiente secreção de enzimas digestivas,<br />

comprometendo a digestão e a absorção adequada de<br />

nutrientes (Molly, 2001). As matérias-primas utilizadas na<br />

nutrição dos animais domésticos, como o farelo de soja<br />

52 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


e milho, podem apresentar fatores antiqualitativos, como<br />

o fitato, os polissacarídeos não amiláceos e inibidores<br />

de tripsina, que podem diminuir o aproveitamento dos<br />

nutrientes pelos animais. Diante deste cenário, a fim de<br />

minimizar esses efeitos, a inclusão de enzimas exógenas<br />

e processamento das dietas como a peletização, se justificam.<br />

As enzimas exógenas hidrolisam frações especificas<br />

dos nutrientes, onde as enzimas endógenas não são<br />

capazes de agir, além de aumentar a digestibilidade de<br />

frações da dieta como amido e proteínas, pois são complementares.<br />

Já a peletização modifica as características<br />

físicas dos nutrientes que compõe a dieta, facilitando a<br />

digestão. Dessa maneira, objetivou-se verificar o efeito<br />

da peletização e da inclusão de uma mistura de enzimas,<br />

na dieta de suínos na fase pré-inicial de produção.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Local: o estudo foi realizado nas instalações da Sala de<br />

Metabolismo do Setor de Ciências Agrárias da Universidade<br />

Federal do Paraná (UFPR), localizada no município<br />

de Curitiba (PR). Animais e Instalações: vinte e quatro<br />

leitões mestiços Landrace x Large White, com média de<br />

35 dias de idade, machos, castrados e vacinados, foram<br />

alojados individualmente em gaiolas de metabolismo. As<br />

gaiolas eram equipadas com bebedouro tipo chupeta e<br />

comedouro, não havendo restrições de consumo, sendo<br />

instaladas em sala de alvenaria com ventilação e temperatura<br />

controladas, mantendo-se sempre em 28ºC. Dietas<br />

Experimentais: foram utilizados quatro tratamentos<br />

com seis repetições em arranjo fatorial 2x2 (físico da<br />

dieta), sendo: dieta farelada, dieta farelada com adição<br />

da mistura enzimática, dieta peletizada e dieta peletizada<br />

com adição da mistura enzimática. As dietas atenderam<br />

as necessidades nutricionais para a fase pré-inicial,<br />

conforme recomendações das Tabelas Brasileiras<br />

para Aves e Suínos (2011). O processo de peletização<br />

utilizou pressão de 1 kg/cm 3 de vapor com temperatura<br />

constante de 70ºC. A mistura de enzima continha Xilanase<br />

(20.000 U/gm), Amilase (120.000 U/gm), Celulase<br />

(800.000 U/gm), -glucanase (7.500 U/gm), Mananase<br />

(250 U/gm), Protease (1.400 U/gm) e Fitase (1.000 U/<br />

gm). As enzimas foram adicionadas de maneira on top,<br />

ou seja, não foi considerada a matriz nutricional. Manejo:<br />

os animais passaram por uma adaptação de sete<br />

dias. Os tratamentos foram fornecidos à vontade por<br />

cinco dias, sendo coletado as sobras todas as manhãs<br />

e pesadas para calcular o consumo, além disso, era realizada<br />

a coleta total de fezes e acondicionadas em sacos<br />

plásticos individuais e congelados. Variáveis Analisadas:<br />

ao término dos cinco dias, as amostras foram<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

53


Tabela 01. Médias dos coeficientes de digestibilidade aparente e energia digestível, referentes<br />

as amostras totais de fezes<br />

Peletizada Farelada p-valor<br />

CDA/ED<br />

Com Sem Com Sem Erro<br />

Enzima Enzima Enzima Enzima Médio<br />

P E PxE<br />

MS 86,16a 83,74b 85,15b 83,92b 0,6191 0,3526 0,1886 0,0005<br />

PB 85,58a 79,94c 82,90b 80,50c 0,7421 0,0568 0,0058 0,0001<br />

EE 84,45a 75,66b 66,33c 61,42d 1,1151 0,0001 0,0235 0,0001<br />

FB 63,52a 63,66a 49,54b 62,43a 4,078 0,0334 0,0645 0,7000<br />

ED 4122,3a 4023,4b 3962,9b 3892,6c 20,789 0,0001 0,0342 0,0001<br />

CDA = Coeficiente de Digestibilidade Aparente; P = Peletização / E = Enzima / PxE = Interação Peletização x Enzima / ED = Energia Digestível<br />

descongeladas, homogeneizadas e secas em estufa de<br />

ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. As amostras de<br />

fezes e rações foram moídas a 1 mm e foram realizadas<br />

análises para determinar os teores de matéria seca<br />

(MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e energia<br />

digestível (ED) descritos pela AOAC (1995). Com base<br />

nos dados de consumo de ração, produção de excretas<br />

e das análises foi calculado o coeficiente de digestibilidade<br />

e a energia digestível. Análise<br />

Estatística: os dados foram<br />

submetidos ao teste Shapiro-<br />

-Wilk para testar a normalidade.<br />

Uma vez comprovada<br />

a normalidade<br />

dos dados, foi<br />

feita análise<br />

de<br />

Variância<br />

a 5% de significância,<br />

verificada a<br />

interação, foi realizado<br />

teste T a 5% de<br />

significância, utilizando<br />

o pacote estatístico Statistix ® . O estudo foi aprovado<br />

pelo Comitê de Ética no Uso de Animais do Setor de<br />

Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná<br />

(CEUA-SCA/UFPR), n. 038/2015.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados demostraram que houve interação entre<br />

a peletização e a mistura de enzimas para coeficiente<br />

de digestibilidade (CD) da MS, CDPB, CDEE<br />

e ED (P


fração. Quanto ao CDPB, a peletização e as enzimas<br />

causaram efeito sinérgico. O aumento do CDPB<br />

(P


Informativo ABCS<br />

Informativo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) - Ano XVII - Nº 134 - 05’2016<br />

Parte integrante da revista <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong><br />

Saudabilidade da carne suína<br />

é tema de série de visitas com<br />

foco em nutricionistas<br />

Trabalho desenvolvido por meio do FNDS e Sebrae também resultou em materiais<br />

que educam multiplicadores da saúde sobre a carne suína.<br />

Buscando educar profissionais de saúde e<br />

disseminar a importância da carne suína na<br />

dieta dos pacientes, a Associação Brasileira<br />

dos Criadores de Suínos (ABCS) contratou<br />

a empresa de consultoria em saúde e nutrição Oraculum,<br />

por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da <strong>Suinocultura</strong><br />

(FNDS) e do Sebrae Nacional, para realizar uma<br />

série de visitas a consultórios de nutricionistas formadores<br />

de opinião e desenvolver materiais informativos sobre a<br />

composição da carne suína e seus benefícios em uma alimentação<br />

equilibrada.<br />

As primeiras visitas foram iniciadas no dia 20 de setem-<br />

bro e deverá acontecer em 300 consultórios até novembro.<br />

Conforme avaliação da Oraculum, os profissionais<br />

foram receptivos, gostaram dos materiais apresentados e<br />

pretendem utilizá-los para ter mais embasamento e desmistificar<br />

com o paciente as questões nutritivas da carne<br />

suína. “Percebemos que a maioria dos nutricionistas sabe<br />

que a carne suína é segura e, inclusive, recomendam o<br />

consumo. No entanto, para muitos foi novidade a questão<br />

do ferro, vitaminas do complexo B e da gordura monoinsaturada”,<br />

afirma a nutricionista responsável pelas visitas<br />

Gabriela Cipolla.<br />

Além disso, a equipe de nutricionistas da Oraculum aplica<br />

56 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016


um questionário com perguntas diversas sobre o conhecimento<br />

desses profissionais acerca da carne suína e<br />

sobre os materiais que lhes foram apresentados durante<br />

as visitas. O intuito dessa pesquisa é identificar novas<br />

oportunidades para carne suína, que vão proporcionar<br />

uma melhor compreensão sobre os mitos e preconceitos<br />

da proteína nesse meio e servir de orientação para novas<br />

e futuras ações.<br />

Para a nutricionista Cristiane Kovacs, coordenadora do<br />

ambulatório de nutrição do Instituto Dante Pazzanese de<br />

Cardiologia, a lâmina é um produto muito interessante,<br />

sobretudo, porque trata-se da divulgação de conteúdo<br />

relevante sem vínculo com marcas. “É uma iniciativa<br />

muito boa e nós precisávamos de um material como esse<br />

para trabalhar junto aos nossos pacientes. Eu consumo<br />

carne suína e não tenho nenhuma restrição para indicá-<br />

-la, pois sei que se soubermos escolher bem o corte, é<br />

uma proteína que pode ser indicada até para pacientes<br />

com distúrbios metabólicos e cardiovasculares”.<br />

Lívia Machado, coordenadora de Marketing da ABCS,<br />

destaca o potencial das ações por trazer um atendimento<br />

personalizado para cada profissional. “Além dos<br />

novos materiais terem sido desenvolvidos para ser usado<br />

no dia a dia do consultório, planejamos as visitas<br />

para aproximar ainda mais o profissional de nutrição<br />

do nosso trabalho e conhecer seu ponto de vista sobre<br />

a carne suína. São momentos valiosos que conseguimos<br />

sanar dúvidas, quebrar mitos e incentivá-los a indicar<br />

a carne suína como uma opção saudável para os<br />

pacientes”, finalizou.<br />

MATERIAIS INÉDITOS COM FOCO<br />

EM SAÚDE<br />

Com foco em inovação, a ABCS desenvolveu, via FNDS,<br />

dois produtos para auxiliar no trabalho de profissionais<br />

de saúde na prática clínica que estão sendo distribuídos<br />

durante as visitas nos consultórios. Pensada para ser<br />

uma ferramenta complementar para nutricionistas tirarem<br />

dúvidas de pacientes em relação à carne suína, a<br />

lâmina de consultório traz a composição nutricional da<br />

proteína, além de tipos de cortes mais saudáveis e suas<br />

comparações em relação a outros tipos de carne, como<br />

a bovina e de frango.<br />

Também foi produzido um novo livro de receitas, intitulado<br />

“Receitas leves com carne suína”, especificamente<br />

voltado para uma alimentação saudável e balanceada,<br />

sendo um importante complemento das prescrições<br />

de dietas. Assim, o nutricionista pode usá-lo para passar<br />

receitas práticas e saudáveis aos pacientes. São dez<br />

opções de receitas de fácil preparo, e que podem ser<br />

facilmente utilizadas no dia a dia.<br />

Os materiais estão disponíveis no site www.maiscarnesuina.<br />

com.br na aba Saúde e podem ser reproduzidos pelos contribuintes<br />

do FNDS. SI<br />

nº 05 | 2016 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> ›<br />

57


Cinco Perguntas<br />

para Marcos Antonio Zordan<br />

A Topigs já possuía um dos melhores<br />

Large White do mundo e, depois da fusão<br />

com a Norsvin, que era conhecida por<br />

ter o melhor Landrace do mundo, vai<br />

fornecer para a Aurora genes destes<br />

que são os melhores animais puros do<br />

mercado<br />

O diretor de Agropecuária da Cooperativa Central Aurora Alimentos,<br />

Marcos Antonio Zordan, fala sobre a nova parceria com a empresa<br />

Topigs Norsvin, a segunda maior empresa de melhoramento genético<br />

suíno do mundo. A parceria resultará no melhoramento genético de fêmeas<br />

suínas, a GA 2020, o que resultará em uma fêmea ainda melhor,<br />

acompanhando a evolução e desafios da suinocultura.<br />

SI - O acordo com a Topigs Norsvin prevê o Melhoramento<br />

Genético de Fêmeas Suínas, a GA 2020.<br />

Quais as vantagens competitivas que representa<br />

esse investimento?<br />

Marcos Antonio Zordan - Nosso objetivo é darmos<br />

continuidade ao melhoramento genético da GA,<br />

sempre evoluindo e sendo a GA competitiva com as<br />

outras fêmeas do mercado, além de ter ótimos indicadores<br />

zootécnicos e ser uma fêmea adaptada ao<br />

nosso sistema de produção; com isso, apresentando<br />

o melhor custo-benefício para o sistema.<br />

SI - Quais características dessa genética?<br />

Marcos Antonio Zordan - As características são longevidade<br />

e prolificidade da fêmea, habilidade materna<br />

com ótima produção de leite e peso de desmame,<br />

carne magra e rápido crescimento e ótima conversão<br />

alimentar.<br />

SI - O que esse acordo representa em economia e<br />

investimento para a cooperativa?<br />

Marcos Antonio Zordan - Representa um investimento<br />

acessível para cooperativas e produtores e<br />

bons resultados em produção, com isso sendo o melhor<br />

custo-benefício para os cooperados.<br />

SI - Por que a escolha da Topigs Norsvin?<br />

Marcos Antonio Zordan - A Topigs Norsvin é hoje<br />

uma das maiores empresas no melhoramento genético<br />

de suínos no mundo, e faz parte do sistema cooperativista.<br />

A Topigs já possuía um dos melhores Large<br />

White do mundo e, depois da fusão com a Norsvin,<br />

que era conhecida por ter o melhor Landrace do mundo,<br />

vai fornecer para a Aurora genes destes que são<br />

os melhores animais puros do mercado e juntamente<br />

com o suporte no programa de melhoramento genético<br />

da GA tornou-se a melhor opção para continuidade<br />

neste programa<br />

SI - Qual genética era utilizada, antes desse acordo,<br />

pela Aurora?<br />

Marcos Antonio Zordan - Anteriormente utilizávamos<br />

os mesmos animais puros Landrace e Large<br />

White para a composição da GA, no entanto tínhamos<br />

parceria com outra empresa de melhoramento<br />

genético. SI<br />

58 ‹ <strong>Suinocultura</strong> <strong>Industrial</strong> › nº 05 | 2016

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