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Rosa dos Ventos_REVISTA

Revista produzida pelo Centro de Convivência Rosa dos Ventos - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira

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Narrativas de encontros em um Centro de Convivência: potência e afetos<br />

Começo meu percurso no <strong>Rosa</strong> diferente do habitual. Não chego por escolhas ou processos seletivos, mas de rearranjos<br />

da rede e do conveniado que me contratava. Fato este que demorei mais de seis meses para me desligar das oficinas que fazia<br />

em outro Ceco do distrito Norte.<br />

Esse foi o primeiro acolhimento que recebi da gestora e <strong>dos</strong> trabalhadores do <strong>Rosa</strong>, a possibilidade de elaborar minha<br />

saída, de me despedir das pessoas e re-significar meu novo lugar.<br />

Assim, chego de mansinho bem calminha, o que é pouco comum de minha personalidade. Fico triste e culpada de<br />

contribuir tão pouco com a equipe que tanto me acolhia.<br />

Com o tempo fui percebendo que mesmo com o pouco que eu conseguir dedicar ao espaço, alguns afetos foram se<br />

constituindo e fui percebendo minhas marcas singulares no trabalho deste Ceco.<br />

A primeira delas foi o grupo de adolescentes. Esse foi um pedido da equipe e eu não podia negar, gostava do desafio e<br />

era a única coisa que haviam me pedido. Logo organizei as crianças que cresciam aos olhos das trabalhadoras (ah, sim, uma<br />

equipe 100% feminina e linda), e que não cabiam mais no grupo de crianças. Todas nós queríamos mais, os adolas (apelido<br />

carinhoso para os nossos adolescentes) precisavam de mais.<br />

Os adolas e eu tínhamos muita energia. Organizávamos muitos passeios a pé pelo bairro, explorávamos tudo que nos<br />

era ofertado, desde as campainhas <strong>dos</strong> vizinhos, até o bosque e a piscina pública. Violência, sexo, consumo, diversão,<br />

diferenças de gênero, tudo virava debate, mas no fim, o que interessava mesmo era o próximo passeio. Foram vários: cinemas,<br />

lanchonetes, sorveterias, parques aquáticos, museus e muitas caminhadas pelo bairro fizeram das nossas tardes a potência<br />

<strong>dos</strong> encontros geracionais e da heterogeneidade de opiniões.


Outra marca que deixei no <strong>Rosa</strong> e que o rosa deixou em mim foram, claro, os passeios, que não fiz apenas com os adolas,<br />

afinal eu adoro passear também e no Ceco podemos explorar nossos desejos, misturando com os desejos <strong>dos</strong> outros e<br />

sermos felizes juntos.<br />

A viagem à praia, apesar de ser apenas três dias, demandou quase nove meses de dedicação e preparo. Sim, você esta<br />

pensando: - quase uma gestação! Claro, se queremos encontros férteis, temos que dedicar tempo, carinho e muita atenção<br />

para eles.<br />

Compartilhei a viagem com o grupo do antigo ceco que trabalhei com o <strong>Rosa</strong>. Foi incrível poder me reencontrar e me despedir<br />

dignamente das pessoas. Sim, mas uma despedida, pois minha passagem no Ceco <strong>Rosa</strong> também foi breve (um ano e meio),<br />

mas o contexto era outro, foi por minha escolha pessoal em seguir carreira docente.<br />

Assim de mansinho cheguei, de mansinho fui indo embora, mas com o coração mais tranquilo de ter marcado alguns<br />

gols kkk, essa viagem foi um espetáculo possível de ser realizado por qualquer um, pois deixei a minha receita de passeios e<br />

toda a energia necessária a serviço de que ficava.

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