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A história do Compadre Cacetinho

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A <strong>história</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong><br />

Sergio Carneiro Geisler


Imagino que a <strong>história</strong> que vou contar, foi contada ao meu Pai, pelo meu<br />

Avô - Herbert, não tenho certeza, só sei que já a contei aos meus filhos, que<br />

provavelmente contarão aos meus netos.<br />

Dedico este livro ao Meu Pai - João Carlos Geisler, pois ele sempre foi o<br />

“meu <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>”.<br />

À minha Mãe - Maria da Conceição, que escutou todas as versões desta<br />

<strong>história</strong> e vai com certeza ler esta.<br />

Aos meus irmãos Carlos, Eloisa Amanda e Silvia Helena (in memorian),<br />

que sempre se divertiram ao ouví-la.<br />

À minha esposa Nara Regina, aos meus filhos Sergio Danton e Naiara,<br />

que também escutaram e se divetiram com esta <strong>história</strong> quan<strong>do</strong> eu a contei.<br />

Vou relatar aqui, a maneira de que me lembro, uma <strong>história</strong> que nos foi<br />

contada, a mim e aos meus irmãos quan<strong>do</strong> éramos crianças.<br />

Foram inúmeras vezes e sempre de maneiras diferentes, floreadas,<br />

gesticuladas e engraçadas.<br />

Lembro-me que aos <strong>do</strong>mingos pela manhã, antes <strong>do</strong> pai e da mãe se<br />

levantarem, íamos nos apinhan<strong>do</strong> em sua cama, nós quatro. Meu irmão mais<br />

velho, o Carlinhos, como era chama<strong>do</strong>, eu, a Eloisa Amanda e a Silvinha,<br />

nossa irmã caçula.<br />

Ficávamos to<strong>do</strong>s brincan<strong>do</strong>, conversan<strong>do</strong> até que alguém pedia ao pai<br />

para contar a <strong>história</strong> <strong>do</strong> <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>.


Esta é a <strong>história</strong>.<br />

A História <strong>do</strong> <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>.<br />

Era uma vez um homem conheci<strong>do</strong> como <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>. Ele era<br />

amigo <strong>do</strong>s animais, das plantas, <strong>do</strong>s rios e da floresta onde morava.<br />

Era um homem diverti<strong>do</strong>, que gostava muito de uma boa brincadeira e de<br />

boas festas.<br />

Sempre que as fazia, reunia a bicharada e dá-lhe festa. Muita bagunça,<br />

muita diversão e muita brincadeira.<br />

Sua única tristeza era não ter consegui<strong>do</strong> a amizade da Comadre Onça, o<br />

bicho mais bravo e arruaceiro da floresta.<br />

A Comadre Onça também gostava de uma boa festa, só que sempre<br />

arranjava confusões e brigas, o que era motivo para acabar com a festança.<br />

Ninguém na floresta agüentava mais, era sempre a mesma coisa, tinha<br />

festa, acabava em confusão por causa da Comadre Onça.


Um belo dia o <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>, resolveu dar uma grande festa, a<br />

maior já feita na floresta. Convocou os macacos, os passarinhos e pediu que<br />

espalhassem a notícia.<br />

A bicharada ficou preocupada, e foi conversar com o <strong>Compadre</strong><br />

<strong>Cacetinho</strong> a respeito de como evitar que esta Grande Festa fosse estragada<br />

pela Comadre Onça.<br />

Depois de muita conversa, o <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong> teve uma idéia:<br />

chamou para conversar no pé <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> o <strong>Compadre</strong> Elefante, a Comadre<br />

Vaca e o <strong>Compadre</strong> Galo, e a cada um deu uma tarefa para ser preparada para o<br />

dia da Festança.<br />

Ao <strong>Compadre</strong> Elefante, pediu:<br />

- <strong>Compadre</strong> Elefante! O senhor tem que arranjar umas tábuas bem fortes<br />

e resistentes para prepararmos uma espécie de armadilha para a Comadre<br />

Onça. No dia da festa o senhor mesmo vai acioná-la.


Para a comadre vaca, ele pediu:<br />

- Comadre vaca, a senhora tem que se alimentar bem, comer bastante<br />

capim verde e capim gordura, para produzir um pão-de-ló especial e quente<br />

para o dia da festa.<br />

Ao <strong>Compadre</strong> Galo, o <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong> pediu:<br />

- <strong>Compadre</strong> Galo, como o senhor gosta muito de pimenta, sua tarefa<br />

também é comer bastante. Pimenta malagueta, pimenta vermelha, pimenta<br />

<strong>do</strong> reino, enfim to<strong>do</strong>s os tipos de pimenta que tiver na floresta.<br />

Depois desses pedi<strong>do</strong>s feitos e aceitos, toda a bicharada voltou aos seus<br />

afazeres na floresta, <strong>do</strong>i<strong>do</strong>s para que chegasse logo o dia da Grande Festa.<br />

Havia um murmurinho na floresta, e é lógico que chegou aos ouvi<strong>do</strong>s da<br />

curiosa Comadre Onça, que estava sen<strong>do</strong> preparada uma Grande Festa.<br />

Quan<strong>do</strong> ela confirmou a festança, ficou toda contente e pensou:<br />

- Oba mais uma pra eu acabar!<br />

Porém, ela não soube da surpresa que to<strong>do</strong>s preparavam especialmente<br />

para ela.


Alguns dias depois, chegou o grande dia. O dia da maior festança já<br />

organizada pelo <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>.<br />

O <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>, chamou os seus três principais ajudantes e<br />

começou a preparar a recepção para a Comadre Onça.<br />

O <strong>Compadre</strong> Elefante cumpriu sua tarefa, trouxe as tábuas e ajustou a<br />

armadilha, que era apenas uma tábua pregada sobre outra, forman<strong>do</strong> uma<br />

alavanca.<br />

A Comadre Vaca também cumpriu com honras sua tarefa. Providenciou<br />

um pão-de-ló (um cocozão bem verde e fresquinho) para colocar numa das<br />

pontas da armadilha.<br />

O <strong>Compadre</strong> Galo, chegou to<strong>do</strong> festeiro e alegre, pois ele era o mais<br />

prepara<strong>do</strong> para dar a lição na Comadre Onça. Subiu num galho de árvore que<br />

ficava bem acima da armadilha, posicionou-se e ficou esperan<strong>do</strong>, pronto para<br />

realizar sua tão esperada tarefa.<br />

Estava tu<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>, a bicharada foi chegan<strong>do</strong> aos casais, de macacos,<br />

coelhos, tatus, tamanduás, sabiás, patos, gansos, porcos, lagartos, sapos,<br />

formigas, cobras, besouros, cachorros, gatos, enfim, toda a bicharada.


8


E o <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong> deu a ordem:<br />

- Que comece a Festança!<br />

To<strong>do</strong>s estavam se divertin<strong>do</strong>, pois sabiam que havia um vigia. A Comadre<br />

Coruja avisaria quan<strong>do</strong> a Comadre Onça estivesse chegan<strong>do</strong>.<br />

A festa estava animada, mas, de repente ouve-se um barulho, é o aviso da<br />

Comadre Coruja. To<strong>do</strong>s ficam quietos e escondi<strong>do</strong>s, a luz é apagada e a espera<br />

acaba. A Comadre Onça estava por perto.


Mais atento <strong>do</strong> que nunca o <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong> deu um assobio, que<br />

era o sinal de que a Comadre Onça havia chega<strong>do</strong>.<br />

O <strong>Compadre</strong> Elefante mais <strong>do</strong> que depressa pisou na ponta da tábua.<br />

Pronto! Lá se foi o pão-de-ló bem na cara da Comadre Onça, que<br />

assustada pelo cheiro e pelo calor da massa, ficou desesperada. Passou as duas<br />

mãos para tirar a sujeira e quan<strong>do</strong> ela conseguiu, escutou o cocorejar <strong>do</strong><br />

<strong>Compadre</strong> Galo.


A boba olhou para cima, e lá de cima <strong>do</strong> galho da árvore, duas cagadinhas<br />

de pimenta caíram. Uma em cada olho da Comadre Onça, que ficava cada vez<br />

mais desesperada, pois aquilo ardia e queimava como fogo, ela não sabia o que<br />

fazer, gritava, chorava. Quase louca, tirou os olhos <strong>do</strong> lugar, esfregou-os no<br />

peito, limpou-os, colocou-os no lugar novamente e saiu em disparada,<br />

gritan<strong>do</strong>:<br />

- Não volto mais por estas bandas!<br />

Depois de tu<strong>do</strong> isso e muitas gargalhadas, a bicharada voltou a festejar,<br />

dançar, brincar e a se divertir.<br />

A festa <strong>do</strong> <strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong> foi o maior sucesso.<br />

Até os dias de hoje, a Comadre Onça respeita os amigos <strong>do</strong> <strong>Compadre</strong><br />

<strong>Cacetinho</strong>.<br />

Afinal, a vida nos ensina a to<strong>do</strong> momento que com união, perseverança,<br />

paciência e muita vontade, os que se acham fracos,<br />

muitas vezes realizam muito mais <strong>do</strong> que os considera<strong>do</strong>s fortes.<br />

Essa é uma lição que vale para a vida toda.


Agradecimentos:<br />

À Yolanda Shimizu, colega e amiga de muitos anos, a<br />

quem muito admiro como pessoa e profissional, que teve a<br />

paciência e a delicadeza de ilustrar nossa <strong>história</strong>.<br />

À querida Paulinha, colega e amiga, que teve o carinho<br />

de revisar os textos e escrever sobre minha pessoa.<br />

Autor: Sergio Carneiro Geisler<br />

(Basea<strong>do</strong> nas <strong>história</strong>s de João Carlos Geisler)<br />

Projeto Gráfico: Sergio Carneiro Geisler<br />

Revisão: Paula G. Carvalho<br />

Ilustrações: Yolanda Shimizu


Sobre o autor:<br />

Sérgio Carneiro Geisler nasceu na<br />

cidade de Castro - PR, lugar onde<br />

passou toda a infância e a<strong>do</strong>lescência,<br />

sempre em companhia de seu pai,<br />

aprenden<strong>do</strong> e aproveitan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> que<br />

aquele grande homem lhe ensinou.<br />

Em 1974 se mu<strong>do</strong>u para Curitiba e<br />

cursou Desenho Industrial na<br />

Pontifícia Universidade Católica <strong>do</strong><br />

Paraná. Logo após o término da<br />

faculdade começou um longo caminho<br />

no mun<strong>do</strong> da comunicação.<br />

Trabalhou como desenhista,<br />

arte finalista, fotolitógrafo,<br />

produtor gráfico e diretor de arte.<br />

Atualmente é sócio em uma agência<br />

de comunicação em Curitiba, onde<br />

coordena o departamento de criação<br />

e produção gráfica da empresa.<br />

Depois de tantos anos resolveu<br />

registrar os bons e inesquecíveis<br />

momentos que passou com sua família,<br />

através de seu primeiro<br />

conto infantil: “A História <strong>do</strong><br />

<strong>Compadre</strong> <strong>Cacetinho</strong>”,<br />

fazen<strong>do</strong> assim uma homenagem a<br />

seu pai, João Carlos Geisler.<br />

Paula G. Carvalho<br />

Redatora Publicitária

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