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16 História<br />
Há 100 anos…<br />
I Guerra Mundial<br />
A perspetiva de alunos do 9º ano sobre as trincheiras<br />
A vida nas trincheiras revelou‐se aos soldados como um verdadeiro inferno.<br />
A chuva inundava as trincheiras, transformando tudo em lama. O frio e o<br />
gelo no inverno, bem como a humidade a que os soldados estavam expostos<br />
criaram o habitat propício ao aparecimento de doenças infeciosas e as deficientes<br />
condições de higiene traziam surtos de piolhos.<br />
Os soldados nas trincheiras também tinham que<br />
lutar contra as ratazanas que assaltavam os depósitos<br />
de alimentos, além de que comiam os cadáveres. O<br />
cheiro era insuportável tornando as trincheiras locais<br />
desumanas, onde a morte vivia lado a lado com os<br />
soldados.<br />
Uma das batalhas mais mortíferas foi a Batalha de<br />
Verdun em 1916. Mais de 700 mil homens morreram.<br />
A carnificina foi tal que, em algumas zonas, viam‐se<br />
mais corpos e ossos no terreno do que a própria terra<br />
ou vegetação. Assim descreveu um tenente francês<br />
na sua experiência em Verdun: “A Humanidade é<br />
louca. Tem de ser louca para fazer o que está a fazer.<br />
Que massacre! Que cenas de horror e carnificina! Não<br />
encontro palavras para exprimir as minhas emoções.<br />
O inferno não deve ser tão mau. Os homens são loucos!”<br />
Rodrigo Narciso ‐ 8ºJ<br />
Meus queridos Pais e minha linda Irmã Maria,<br />
Numa primeira fase da 1ª Guerra Mundial, as partes envolvidas pensavam<br />
que o conflito se resolvesse rapidamente. Mas tal não aconteceu, durou quatro<br />
anos, de 1914 a 1918. A 2ª fase da guerra é designada por Guerra das<br />
Trincheiras.<br />
Tanto do lado dos aliados como dos alemães, construíram‐se linhas de<br />
valas com 2 a 3 metros de profundidade e que iam do Mar do Norte à Suíça. A<br />
seguir às trincheiras faziam barreiras, existia a “terra de ninguém” que mais<br />
parecia a superfície lunar cheia de crateras devido às granadas atiradas.<br />
De início as trincheiras eram improvisadas, mas com o passar dos meses as<br />
trincheiras converteram‐se em posições fortificadas apoiadas por peças de<br />
artilharia, morteiros, nichos de metralhadoras e casamatas de betão.<br />
Já cheguei há alguns meses, mas só agora consegui<br />
arranjar coragem para vos escrever…<br />
Todos nós já tínhamos ouvido e sentido um pouco<br />
por todo o lado os efeitos desta Guerra. Mas participar<br />
numa das principais batalhas, a mais longa e mais<br />
mortífera desta Guerra Mundial, durante quase um<br />
ano, é bem diferente…<br />
Cada dia que passa agradecemos o facto de estarmos<br />
vivos. Vivemos como minhocas, no meio de<br />
ratos, ratazanas, pragas, parasitas. Nunca vemos a luz<br />
do dia, estamos sempre enterrados, só visualizamos<br />
os muros das trincheiras. Temos passado por tudo,<br />
desde fome, a termos de tirar os piolhos uns aos<br />
outros.<br />
Não quero que fiquem preocupados comigo, mais<br />
do que o que já estão, mas tenho de vos transmitir a<br />
realidade em que vivo. Prometo, a partir de agora,<br />
escrever‐vos com mais frequência, e, se Deus deixar,<br />
fico a aguardar com ansiedade noticias vossas.<br />
Despeço‐me, dizendo‐vos que tenho tantas saudades<br />
vossas, da minha casinha e, acima de tudo, de<br />
paz.<br />
Rita Cunha ‐ 9ºJ<br />
Estou aqui há cerca de dez meses, por isso já tive<br />
de enfrentar várias batalhas. Numa delas, levei um<br />
tiro na perna e levaram‐me para uma igreja, convertida<br />
em hospital, na qual mal se via o chão, de tanta<br />
Sementes nº 74 | Dez. 2016