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UFRJ - Impressão

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Jefferson Yuri L. Gomes<br />

Hatisaburo Masuda<br />

UMA HISTÓRIA DO<br />

PLANETA TERRA<br />

Apoio Didático<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />

2017<br />

3


Copyright © 2017 by Jefferson Yuri Lopes Gomes e Hatisaburo Masuda<br />

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida<br />

— em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravações<br />

etc. — nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa<br />

autorização da editora.<br />

Edição de texto: Jefferson Yuri Lopes Gomes e Hatisaburo Masuda<br />

Preparação: Jefferson Yuri Lopes Gomes e Hatisaburo Masuda<br />

Capa: Jefferson Yuri Lopes Gomes<br />

Projeto gráfico e diagramação: Fábio Rapello Alencar<br />

Pesquisa iconográfica: Jefferson Yuri Lopes Gomes<br />

Ilustração: Jefferson Yuri Lopes Gomes<br />

Imagens do rodapé: https://www.vectoropenstock.com/vectors/preview/71307/dinosaur-<br />

-prehistoric-animal-silhouettes<br />

GOMES, Jefferson Yuri L.; MASUDA, Hatisaburo; Uma história<br />

do planeta Terra. Rio de Janeiro, Yellow Carbo Editora, 2017.<br />

ISBN 000-00-000-0000-0<br />

00-00000 CDD-000.000<br />

Uma História do Planeta Terra


SUMÁRIO<br />

PREFÁCIO 11<br />

CAPÍTULO 1 - ENDENDENDO O SURGIMENTO DO UNIVERSO 13<br />

CAPÍTULO 2 - O SURGIMENTO DA VIDA NO PLANETA TERRA 19<br />

CAPÍTULO 3 - TRANSIÇÕES DA ÁGUA PARA O AMBIENTE TERRESTRE 29<br />

CAPÍTULO 4 - A CONQUISTA DO AMBIENTE TERRESTRE 31<br />

CAPÍTULO 5 - DESENVOLVIMENTO TERRESTRE 33<br />

CAPÍTULO 6 - O DESENVOLVIMENTO DOS ANIMAIS 37<br />

CAPÍTULO 7 - PANGEIA, O SUPERCONTINENTE 39<br />

CAPÍTULO 8 - A DANÇA DOS CONTINENTES 43<br />

CAPÍTULO 9 - ANIMAIS PRIMITIVOS 47<br />

CAPÍTULO 10 - OS DINOSSAUROS 53<br />

CAPÍTULO 11 - A EXPANSÃO DOS MAMÍFEROS 57<br />

CAPÍTULO 12 - SURGIMENTO, DESENVOLVIMENTO E DISPERSÃO DO HOMEM 61<br />

CAPÍTULO 13 - A AVENTURA HUMANA FORA DA ÁFRICA 67<br />

RFEFRÊNCIAS 73<br />

Uma História do Planeta Terra


DEDICATÓRIA<br />

Dedicamos este livro a todas as pessoas que respeitam a Natureza e em<br />

especial às gerações futuras que receberão de nós o planeta Terra como legado.<br />

Uma História do Planeta Terra


AGRADECIMENTOS<br />

Ao meu querido amigo e orientador Hatisaburo Masuda, com sua disposição,<br />

paciência e toda sua tranquilidade, dando paz para trabalhar e meditar<br />

em todas conversas, orientações e alterações, e por sempre me acolher como<br />

aluno e amigo.<br />

Aos amigos e companheiros pesquisadores e professores de Belém do<br />

Pará, Daniel da Silva Leão, Cristovam Wanderley Picanço Diniz, João Bento<br />

Torres e Fábio Rendeiro, que me auxiliaram em projetos e produções anteriores,<br />

além de me direcionarem para este mestrado profissional.<br />

Ao Programa de Mestrado Profissional em Educação, Gestão e Difusão em<br />

Biociências da <strong>UFRJ</strong>, que com seus dedicados professores e funcionários tornou<br />

possível esta minha jornada.<br />

A todos os amigos e familiares que de alguma forma colaboraram para a consecução<br />

deste trabalho.<br />

A todos, os meus sinceros agradecimentos,<br />

Jefferson Yuri L. Gomes<br />

Uma História do Planeta Terra


PREFÁCIO<br />

Este livro, narra eventos físicos e químicos desde o início do Universo o Big<br />

Bang, passando pelo resfriamento da Terra, que permitiu o desenvolvimento da<br />

vida vegetal e animal na água e depois a conquista dos continentes, pelos seres<br />

vivos, fora da água. Os acontecimentos desde os primeiros sinais de atividade<br />

molecular e biológica são relatadas de forma simples para que o leitor<br />

possa acompanhar o raciocínio que apontam para o surgimento da vida e seu<br />

desenvolvimento posterior complexo ao longo dos milhões de anos que foram<br />

necessários para atingir o estágio atual de desenvolvimento. Os eventos geológicos<br />

que acompanharam toda a história do desenvolvimento dos seres vivos<br />

também são narrados simultaneamente para que o leitor possa ter uma ideia,<br />

mesmo que aproximada, da história do nosso planeta.<br />

A dança dos continentes como consequência do processo de deriva continental<br />

é relatada pontuando o estágio de desenvolvimento dos seres vivos. A inclusão<br />

proposital dos dinossauros (ponto de referência biológico) no período da<br />

Pangeia (ponto de referência geológico) é importante para que leitor tenha outro<br />

referencial de tempo como antes de depois dos dinossauros. Este fato é particularmente<br />

importante por conta de que o grande público já tem o dinossauro<br />

como uma referência de um animal que existiu, mas que já foi extinto. Assim,<br />

o livro mostra que os dinossauros dominaram o planeta, mas foram extintos<br />

muitos anos antes do surgimento da espécie humana no planeta. A história da<br />

dispersão humana no planeta a partir da África, o local de origem dos primeiros<br />

hominídeos e também do Homem moderno o Homo sapiens, é relatada para<br />

que o leitor possa compreender a configuração atual do planeta no que diz respeito<br />

à distribuição de humanos no planeta.<br />

Uma História do Planeta Terra 11


O livro procura facilitar a vida de um professor que tem dificuldade em<br />

consultar diferentes fontes. Aqui o professor tem reunido, em um único lugar,<br />

narrativas sobre a história do Universo e do nosso planeta de forma simplificada<br />

para que ele possa utilizar essas informações em sua sala de aula.<br />

Jefferson Yuri Lopes Gomes<br />

Hatisaburo Masuda<br />

Janeiro de 2017<br />

12<br />

Uma História do Planeta Terra


Uma História do Planeta Terra 13


Capítulo 1<br />

ENTENDENDO O SURGIMENTO DO UNIVERSO<br />

Muitos já ficaram fascinados, em alguma noite escura e sem nuvens, observando<br />

céu com milhares de luzes que vêm de algum lugar do Universo.<br />

Provavelmente gastamos uma boa parte do nosso tempo procurando formas<br />

e procurando fazer associações com formas conhecidas do nosso cotidiano.<br />

Do mesmo jeito que nos sentimos quase insignificantes e talvez com uma<br />

sensação de incerteza diante de um universo tão grande e desconhecido, muitos<br />

de nós já nos perguntamos: de onde veio isso tudo? Toda essa matéria<br />

que compõe o universo sempre existiu? Ou foi criada? Qual é a extensão do<br />

universo? Para responder essas perguntas, algumas teorias já surgiram, como<br />

as de cunho religioso que propõem a teoria criacionista, a de um Deus que deu<br />

origem a todas as coisas. Para a Ciência, as respostas vão surgindo, junto de<br />

nosso conhecimento, em conjunto com os princípios que regem a natureza,<br />

vai aumentando. Na Ciência, o processo de investigação da natureza é longo,<br />

demorado e cumulativo. Tudo isso se tornou possível porque a atividade cérebral<br />

humana se desenvolveu mais que nos demais animais e temos uma enorme<br />

capacidade de raciocínio e uma curiosidade intrínseca sobre tudo aquilo<br />

desconhecido, como o universo.<br />

O estudo do surgimento do Universo, assim como em qualquer outra área<br />

da Ciência, está repleto de incertezas, no entanto, as observações científicas<br />

quando bem realizadas apontam para direções que acabam por fazer sentido.<br />

Em 1905, a Teoria da Relatividade de Albert Einstein é publicada e propõe<br />

que o tempo e o espaço variam de acordo com a velocidade do objeto, ou<br />

seja, o espaço e o tempo são relativos e estão entrelaçados. (MEYER, EL-HANI,<br />

2000)<br />

Uma História do Planeta Terra 15


Em 1916 Einstein inclui a gravidade em suas considerações e mostra que<br />

espaço, tempo, massa e gravidade estão também intimamente ligados. Na<br />

presença da gravidade, o Sol curva tanto o espaço ao seu redor que mantém<br />

a Terra em sua órbita como se ela estivesse “grudada”, à semelhança do que<br />

acontece com a força centrifuga nos brinquedos de um parque de diversões<br />

que mantêm as crianças “presas” em suas cadeiras. (MEYER, EL-HANI, 2000)<br />

Para Einstein, os corpos celestes se movem a uma velocidade distribuída<br />

entre as dimensões de tempo e espaço. Isto equivale a dizer que, para um corpo<br />

parado, a velocidade é máxima na dimensão tempo. Quando um corpo se<br />

movimenta e ganha velocidade na dimensão do espaço, a velocidade do tempo<br />

diminui para ele. Com a introdução da dimensão gravidade para explicar o<br />

Universo, surgiu um problema para explicar a reação dos astros no universo:<br />

por que então o Universo não se colapsa, se a força da gravidade atrairia todos<br />

os corpos? Para corrigir isto, Einstein incluiu em seus cálculos uma constante<br />

cosmológica para contrapor a gravidade, e explicar um universo estático como<br />

ele o imaginava, ou seja, para ele a extensão do universo era constante. (ME-<br />

YER, EL-HANI, 2000)<br />

O astrônomo holandês Willen De Sitter percebeu que a constante cosmológica<br />

apresentada por Einstein poderia ser compatível com uma possível<br />

expansão do Universo se a velocidade a ser considerada na equação fosse<br />

variável, enquanto Einstein a mantinha constante. Esta forma de analisar o<br />

Universo previa também que haveria um desvio da luz visível para o vermelho,<br />

ao observar as galáxias, que estivessem se afastando. Esta observação tinha<br />

apoio experimental nas observações de Slipher (1917), que havia observado<br />

o desvio da luz para o vermelho quando observava nebulosas em distâncias<br />

extragalácticas. Em 1917, Willen De Sitter apresenta formalmente a teoria da<br />

expansão do universo. Em 1925, Lemaitre encontra um problema na proposição<br />

de De Sitter que violava um princípio cosmológico básico: o da homogeneidade<br />

do espaço; de novo, a questão da expansão do universo voltou a ser<br />

uma dúvida.(TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Georges Lemaitre era um astrônomo e padre católico belga que, em 1927,<br />

fa-zendo igualmente uso da Teoria Geral da Relatividade, chegou também<br />

à conclusão de que o universo estava em expansão. Ele também utilizou a<br />

constante cosmológica de Einstein para analisar o Universo e, no seu modelo<br />

teórico e dinâmico, concluiu que o espectro de luz de nebulosas distantes<br />

16<br />

Uma História do Planeta Terra


deveria permitir uma diferenciação entre um mundo estático, em contração ou<br />

em expansão. Para um universo em expansão, seria esperado um desvio do<br />

espectro para o vermelho, à semelhança do proposto por De Sitter, com uma<br />

estreita relação com a distância da nebulosa. Esta relação poderia ser descrita<br />

de uma forma simples:<br />

(vHd) onde, v=velocidade; H=fator de proporcionalidade e d=distância da<br />

nebulo-sa.<br />

Se o desvio do espectro de luz para o vermelho for tratado como efeito Doppler<br />

correspondendo à velocidade (da nebulosa se afastando), D é a distância<br />

da nebulosa e H um fator de proporcionalidade. Analisando o Universo dessa<br />

forma, Lemaitre concluiu que as galáxias estavam em expansão em todas as<br />

direções. Assim, concluiu também que se as galáxias estavam se afastando<br />

umas das outras, todas elas poderiam ter estado reunidas em um único ponto<br />

do espaço em algum tempo na história do Universo, propôs então a ideia do<br />

ovo cósmico, o que mais tarde viria a ser conhecida como teoria do Big Bang.<br />

(TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Mesmo diante de algumas evidências e de propostas de um universo dinâmico,<br />

Einstein relutava em aceitá-las. Em 1929 Hubble mede a velocidade<br />

com que uma galáxia se afastava de outra galáxia e verificou que ela era diretamente<br />

proporcional à distância entre elas, esta medida tornou-se a primeira<br />

evidência experimental sobre a expansão do Universo. O fator de proporcionalidade<br />

H de Lemaitre acabou ficando conhecido como a constante de Hubble.<br />

(TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Em 1933, Georges Lemaitre viajou com Albert Einstein para a Califórnia<br />

para uma série de seminários. Após uma detalhada explicação da teoria do Big<br />

Bang por Lemaitre, ao final da apresentação, Einstein o aplaudiu de pé dizendo:<br />

“Esta é a mais bela explicação sobre a criação que eu já ouvi.” (TEIXEIRA, et<br />

al., 2001)<br />

Em 1948, foram publicadas na revista Physical Review as primeiras evidências<br />

sobre o surgimento dos elementos químicos no Universo, e que deu<br />

suporte à teoria do Big Bang. Esta teoria se tornou conhecida como a teoria de<br />

Alpher, Beathe and Gamov. O estudo sobre a origem dos elementos químicos<br />

e o estado da matéria no Universo primordial levaram-nos a concluir também<br />

que a matéria ultra-comprimida deveria liberar uma radiação Cósmica de Fun-<br />

Uma História do Planeta Terra 17


do em microondas no momento da explosão. (TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Em 1966, Lemaitre, quando estava internado em um hospital da Bélgica, recebeu<br />

a notícia de que sua teoria do Big Bang havia sido confirmada por Arno<br />

Penzias e Robert Woodrow Wilson. Eles haviam conseguido registrar a radiação<br />

cósmica de fundo em microondas que havia sido prevista existir como<br />

sendo o eco da origem do Universo, o Big Bang the Lemaitre.(TEIXEIRA, et al.,<br />

2001)<br />

Em 1978, Arno Penzias e Robert Woodrow Wilson foram laureados com<br />

o Nobel de Física por este trabalho.Como a Radiação Cósmica de Fundo em<br />

microondas prevista e detectada levou 13,8 bilhões de anos (viajando à velocidade<br />

da luz) até chegar a nós, calcula-se que esta seria a idade do nosso<br />

Universo. Observações atuais sobre o processo de expansão do Universo indicam<br />

pouca influência no tamanho das galáxias, por se encontrarem ligadas<br />

pela força gravitacional: o espaço é que simplesmente se expande entre eles.<br />

(TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Figura 1 - Esquema de possível estopim e expansão do universo. (Autoria própria, baseado em: Big Bang,<br />

WIKIPÉDIA, 2015)<br />

O esquema acima dá uma ideia da origem e expansão do universo. O uni-<br />

-verso tem uma estrutura organizada em galáxias, e possui dimensões na<br />

ordem de 100.000 anos-luz, existindo dois tipos de galáxias, a elíptica e a<br />

18<br />

Uma História do Planeta Terra


espiral, e nelas podem existir mais de 100 bilhões de estrelas com uma variedade<br />

muito grande nas dimensões e particularidades. A Via Láctea, em que<br />

vivemos, pertence ao grupo de galáxias em espiral, onde a estrela de quinta<br />

grandeza no centro da galáxia, o Sol, está em um de seus braços periféricos.<br />

A cada aglomerado, existem basicamente algumas dezenas ou milhares<br />

de galáxias, ressaltando que a Via Láctea está em um Grupo Local com outras<br />

galáxias com Andrômeda e as Nuvens de Magalhães. Depois os chamados<br />

superaglomerados possuem algumas dezenas de milhares de galáxias,<br />

com dimensões ultrapassando centenas de milhões de anos-luz.<br />

Como todos os outros corpos dentro deste sistema, os planetas foram<br />

formados no mesmo período de sua estrela. O sistema possui uma harmoniosa<br />

organização em suas trajetórias orbitais, onde os planetas, dentre eles<br />

a Terra, o terceiro planeta do sistema Solar, giram ao redor do sol em trajetória<br />

elíptica, dentre eles a Terra, o terceiro planeta do sistema Solar.<br />

Essa estrutura é explicada por Teixeira (et. al., 2001), que mostra que, no<br />

aumento contínuo do espaço, quatro forças fundamentais da natureza foram<br />

formadas: a força eletromagnética; as forças nucleares fortes e fracas, que<br />

só tem influência no centro do núcleo atômico; e a força de gravidade, como<br />

a mais conhecida. Conforme a tabela, a fase inflacionária teve uma velocidade<br />

de crescimento maior que a velocidade da luz, isso mostra que, neste<br />

momento, outros universos poderiam ter sido formados, com sua própria<br />

expansão há anos luz de nós, tão distante que sua luz não alcançaria nosso<br />

universo. Desde os o crescimento e distanciamento é controlado pela constante<br />

de Hubble, trazendo sua evolução à frente com um raio de ordem de 15<br />

bilhões de anos-luz. (TEIXEIRA et. al., 2001)<br />

Nesta fase chamada de primitiva, a temperatura e a densidade de energias<br />

foram diminuindo, possibilitando as condições para criação de matéria<br />

pela nucleogênese com prótons, nêutrons, elétrons e, em sua sequência, os<br />

átomos mais leves. Com menos de um milhão de anos de vida, a temperatura<br />

estava em torno de 3.000 K, e a energia baixa possibilitava que os átomos<br />

permanecessem estáveis. Observando a tabela, em sua última fase, a<br />

captura de elétrons pelos átomos, o universo tornou-se transparente para a<br />

passagem de luz.(TEIXEIRA et. al., 2001)<br />

Com o tempo, a temperatura foi baixando excessivamente, impossibili-<br />

Uma História do Planeta Terra 19


tando a criação de qualquer outro elemento. Esse resfriamento fez com que<br />

quantidades de matéria se concentrassem dentro de nuvens de gás formando<br />

galáxias e as estrelas, seu colapso gravitacional pela ação da gravidade<br />

aqueceu os núcleos, gerando as primeiras estrelas. Com isso é calculado<br />

que, em base, as primeiras galáxias têm em torno de 13 bilhões de anos,<br />

chegando até a Via Láctea com aproximadamente 8 bilhões de anos e nosso<br />

sistema solar, dentro desta imensidão do universo com cerca de 4,6 bilhões<br />

de anos. (TEIXEIRA et. al., 2001)<br />

20<br />

Uma História do Planeta Terra


Capítulo 2<br />

O SURGIMENTO DA VIDA NO PLANETA TERRA<br />

Conforme Teixeira et. al. (2001), o sol também é uma estrela e mesmo com<br />

sua incrível quantidade de energia, é uma estrela de média grandeza estando<br />

numa posição central gerando He pela combustão de H há uns 4,6 bilhões de<br />

anos onde se acredita que permanecerá neste ciclo por bilhões de anos.<br />

Figura 2 - Sistema Solar. (Autoria própria, baseado em: TEIXEIRA et. al., 2001)<br />

Os demais corpos dentro desse sistema, como planetas e outros, formaram-se<br />

no mesmo período que sua estrela, por isso esse sistema possui<br />

uma harmoniosa organização em suas trajetórias orbitais, em que os planetas<br />

giram em torno do sol em trajetória elíptica, dentre eles a Terra, o terceiro<br />

Uma História do Planeta Terra 21


planeta do sistema Solar que passou por diversos processos de transformação<br />

e aprimoramento para possibilitar as primeiras coisas vivas ali. Junto<br />

com o universo, ela estava extremamente quente e com o passar dos bilhões<br />

de anos, ela foi esfriando até temperaturas aceitáveis para o surgimento de<br />

vida.(TEIXEIRA et. al., 2001)<br />

Durante o período inicial de construção e adaptação do planeta Terra, no<br />

período Hadeano, sua superfície foi castigada com uma grande variedade<br />

de matéria, que poderia ser, em grande parte, sobras do processo de deformação<br />

do sol, dos planetas e dos outros, em uma trajetória que interceptava<br />

a Terra em sua trajetória no momento errado. Nessa época, o planeta era<br />

muito quente, fazendo com que a vida fosse inviável, mas, com o tempo,<br />

as modificações foram acontecendo, criando condições mais amenas. Acredita-se<br />

que muitos dos gases e da água na litosfera e atmosfera foram recebidos<br />

juntos com esses impactos e, também, que a vida poderia ter sido<br />

gerada nos cometas quando o sol os aquecia, vaporizando camadas geladas<br />

externas e criando laboratórios químicos vivos com C, H e N. Mas grande<br />

parte dos pesquisadores crê que esse laboratório foi a própria Terra, em que<br />

parte dela ou de seus oceanos foram transformados em uma grande “sopa<br />

primordial”, cheia de soluções ricas em compostos orgânicos das mais diversas<br />

variações, originando os primeiros seres vivos como discutido anteriormente.(TEIXEIRA<br />

et. al., 2001)<br />

Independente de como tenha começado, no sentido de ser gerada aqui<br />

ou ser trazida à Terra por um cometa, a vida só conseguiu se estabelecer<br />

após um enorme impacto, estimado pelos cosmólogos entre 4 a 3,8 bilhões<br />

de anos atrás. Apesar de os seres vivos primordiais serem desconhecidos<br />

até os dias de hoje, eles deveriam ser formas unicelulares, que, em algum<br />

momento, conseguiram também realizar fotossíntese no mar. Aceita-se hoje<br />

que as precedentes e mais complexas formas de vida como as algas e os<br />

primeiros animais surgiram na água e, posterior-mente, adaptaram-se ao<br />

ambiente terrestre.(TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

São várias as teorias que tentam explicar o aparecimento da vida no nosso<br />

planeta (teoria da geração espontânea; origem extraterrestre; origem por<br />

evolução química e a criacionista) mas, para a Ciência, certamente ela surgiu<br />

no meio aquoso na presença de sais, água e moléculas formadas de<br />

carbono, que foram, com o passar do tempo, acumulando-se, interagindo<br />

22<br />

Uma História do Planeta Terra


e formando moléculas mais complexas. Em algum momento na história da<br />

Terra, esses agrupamentos complexos de moléculas foram capazes de se<br />

dividir dando origem a outros complexos idênticos e assim se perpetuarem<br />

no nosso planeta, dando origem aos seres vivos primordiais. Esses seres<br />

vivos iniciais foram capazes de utilizar moléculas pré-formadas como fonte<br />

de substratos e energia para sobreviverem, assim como fazem os seres<br />

vivos mais complexos, como as bactérias e, posteriormente, todos os seres<br />

vivos como os conhecemos atualmente. Essa visão, que é a mais aceita até<br />

os dias de hoje pela Ciência, teve como base as descobertas experimentais<br />

de cientistas que reproduziram, em laboratório, o ambiente do planeta no<br />

período do resfriamento gradativo.(MEYER; EL-HANI, 2000)<br />

A composição da atmosfera primitiva proposta, embora não houvesse<br />

con-senso, era composta de metano (CH4), gás hidrogênio (H2), amônia<br />

(NH3), e vapor de água (H2O). O ambiente deveria ser redutor pela inexistência<br />

de oxigênio. Nos anos 20, o cientista russo Aleksander I. Oparin e, de forma<br />

independente, o cientista John B. S. Haldane, na Escócia, reproduziram a<br />

atmosfera daquela época, irradiaram-na com raios ultravioletas e viram, com<br />

surpresa, que as moléculas adicionadas haviam se transformado em outras<br />

e encontraram moléculas tão complexas, como os aminoácidos, presentes<br />

em todas as proteínas. A ideia fundamental compartilhada pelos cientistas<br />

é de que a superfície a Terra, devido à existência de uma camada pouco<br />

espessa de atmosfera na época, era atingida diretamente pelas radiações<br />

ultravioletas e, em consequência das fortes descargas elétricas das tempestades<br />

juntamente com a radiação do Sol, promoveram uma série de reações<br />

químicas que facilitaram as substâncias existentes a se reorganizaram em<br />

novas moléculas, dentre elas, substâncias orgânicas como os aminoácidos<br />

obtidos pelos pesquisadores. Há indícios de que essas moléculas orgânicas<br />

e toda a sorte de sais presentes poderiam eventualmente ficar ligadas por<br />

adsorção na superfície de diferentes rochas, aproximando moléculas que,<br />

pela proximidade, poderiam eventualmente reagir em condições favoráveis,<br />

permitindo o aparecimento de moléculas mais complexas. Com o contínuo<br />

aumento da complexidade dessas moléculas, eventualmente surgiram os<br />

seres vivos primordiais.<br />

Os seres vivos primordiais, formados neste ambiente aquoso, e na base<br />

de compostos de carbono, provavelmente se beneficiaram de um ambiente<br />

Uma História do Planeta Terra 23


ácido para obter energia para suas primeiras reações neste meio. Os ácidos<br />

existentes, como o ácido sulfúrico, por exemplo, quando em contato com a<br />

água, dissocia-se, como mostrado abaixo:<br />

H 2<br />

SO 4<br />

2H + + - SO 4<br />

Diferenças na concentração de H+ geram diferenças na acidez do meio que<br />

na ciência é conhecida como diferença de pH. Essa diferença de pH entre duas<br />

regiões separadas pode gerar energia, como acontece com as pilhas que utilizam<br />

energia química para obter energia elétrica. Essa diferença de pH pode<br />

ter ocorrido em microambientes que foram utilizados pelos seres vivos primordiais<br />

para se desenvolverem. Além disso, em algum momento da história,<br />

alguns seres vivos se tornaram também capazes de utilizar a radiação solar<br />

como fonte de energia para as suas necessidades, como o que deve ter acontecido<br />

com as algas. As algas e as plantas que vieram depois continuaram<br />

a utilizar a energia solar, como fonte energética para construir as moléculas<br />

necessárias para sua sobrevivência e seu desenvolvimento.<br />

Um fato curioso a ser observado é que a grande predominância dos seres<br />

vivos hoje, sejam plantas ou animais, possui em suas células uma organela<br />

conhecida como mitocôndria, que confere aos seres vivos a possibilidade de<br />

utilizar o oxigênio em sua respiração celular. A mitocôndria utiliza uma diferença<br />

de pH, gerada no interior de sua estrutura, para drenar essa energia a fim<br />

de sintetizar um composto conhecido como ATP (adenosina trifosfato) a partir<br />

de uma adenosina, 2 fosfatos (ADP) mais um fosfato inorgânico (Pi); essa reação<br />

só ocorre na presença de oxigênio. Em resumo, a energia acumulada na<br />

diferença de pH é drenada e utilizada para realizar a ligação química do fosfato<br />

inorgânico ao ADP para a síntese do ATP:<br />

Diferença de pH + O 2<br />

.<br />

ADP + Pi<br />

ATP<br />

Este composto, o ATP, é utilizado por todos os seres vivos para realizar o<br />

tra-balho de se locomover, construir estruturas novas durante o seu desenvolvimento<br />

embrionário, ou mesmo, simplesmente, para permanecer vivo. Nos<br />

seres vivos, preservar as estruturas pré-fabricadas das formas adultas custa<br />

caro do ponto de vista energético. As estruturas envelhecem e precisam ser<br />

continuamente renova-das. Além disso, o processo reprodutivo que requer a<br />

24<br />

Uma História do Planeta Terra


formação de todos os tecidos de um novo organismo consome uma grande<br />

quantia de ATP. Por conta dessa universalidade de atuação do ATP nos seres<br />

vivos, podemos considerar o ATP como sendo a “moeda energética” dos seres<br />

vivos. A utilização da energia do ATP para realizar algum trabalho, seja ele químico<br />

ou mecânico, é realizada com a quebra de uma ligação química do ATP<br />

com liberação do fosfato inorgânico (Pi) anteriormente adicionado.<br />

ATP<br />

ADP+ Pi<br />

Realização de trabalho mecânico ou químico.<br />

Na falta dessa energia, os seres vivos simplesmente morrem em muito<br />

pouco tempo. Um exemplo típico que demonstra isso é o tempo que os humanos<br />

teriam capacidade de sobreviver na ausência de oxigênio. Em poucos<br />

minutos, os humanos morreriam na supressão de oxigênio, pela simples<br />

razão de que os seres vivos não estocam ATP. Todo o ATP existente nos<br />

tecidos, na ausência de oxigênio, esgota-se em cerca de 20 segundos. O<br />

papel primordial das mitocôndrias é repor continuamente o ATP em todos os<br />

tecidos e, para isso, ele requer o oxigênio para realizar sua tarefa. Isso explica<br />

porque a vida é perdida tão rapidamente em acidentes de afogamentos, que<br />

pela falta de oxigênio em nossos pulmões o oxigênio não é levado pelo sangue<br />

para os tecidos e consequentemente para as mitocôndrias das nossas<br />

células impedindo a formação do ATP. Por conta da falta de uma reposição<br />

rápida de ATP, nessas circunstâncias, muitas vidas são perdidas. A fonte de<br />

energia utilizada pelas mitocôndrias para gerar uma diferença de pH e gerar<br />

o ATP vem das ligações químicas presentes nos alimentos. Isso explica porque<br />

os seres vivos definham na falta de alimentos.<br />

Já as plantas possuem, além das mitocôndrias, organelas especializadas<br />

conhecidas como cloroplastos que utilizam a energia solar para também<br />

produzir ATP e para construir suas moléculas pelo processo conhecido<br />

como fotossíntese, que necessitam de H2O (água) e CO2 (gás carbônico)<br />

para realizar suas funções. Na presença de luz, as plantas têm a capacidade<br />

de utilizar gás carbônico e água para produzir diversos tipos de açúcares,<br />

como, por exemplo, a glicose e estocá-las na forma de polímeros de glicose,<br />

como o amido. A energia solar é, portanto, utilizada para realizar as ligações<br />

químicas entre carbonos e outros elementos químicos, como Hidrogênio e<br />

Oxigênio que as mantêm unidas.<br />

Uma História do Planeta Terra 25


As moléculas de amido, que foram estocadas durante o dia, são utilizadas<br />

no período da noite, quando não há luz disponível, para obter energia para<br />

a própria planta na forma de ATP. A energia proveniente do processo de decomposição<br />

desses compostos é utilizada nas mitocôndrias para gerar uma<br />

diferença de pH e, por conseguinte, permitir a síntese de ATP. Assim, a energia<br />

solar absorvida durante a fotossíntese é transferida para o ATP. Desse<br />

modo, a energia química acumulada nos açucares é reutilizada à noite para<br />

a formação do ATP com a consequente liberação de gás carbônico e água.<br />

Ao utilizar o ATP produzido, na realidade, o que se faz é utilizar a energia solar<br />

para manter as reações químicas que garantem a manutenção da vida. Nas<br />

plantas, o ATP é sintetizado durante a fotossíntese e, também, nas mitocôndrias,<br />

por um processo idêntico ao dos animais.<br />

Os animais por só apresentarem mitocôndrias em suas células são incapazes<br />

de realizar fotossíntese e, por isso, dependem das moléculas produzidas<br />

por fotossíntese das plantas para a sua sobrevivência. Os animais<br />

herbívoros dependem diretamente das plantas e os carnívoros dependem<br />

indiretamente das plantas, pois geralmente estes se alimentam de animais<br />

herbívoros; por essa razão, diz-se que os animais dependem das plantas<br />

para a sua sobrevivência.(MEYER; EL-HANI, C. N., 2000)<br />

Os humanos, por exemplo, conseguem digerir uma batata ou pão (que<br />

contêm amido) porque têm, no sistema digestivo, as enzimas capazes de<br />

degradar o amido, as amilases, presentes na saliva. O amido é degradado<br />

em unidades menores, a glicose, que é facilmente absorvida no intestino e<br />

distribuída para todos os tecidos via corrente sanguínea. Somos também<br />

capazes de digerir um bom churrasco e transformar, em unidades menores,<br />

os aminoácidos necessários para a síntese de nossas proteínas. (MEYER;<br />

EL-HANI, 2000)<br />

O ser humano, além de possuir um cérebro muito desenvolvido, o que lhe<br />

confere a inteligência de resolver problemas, é também onívoro (se alimenta<br />

de plantas e animais) e isso lhe deu uma enorme vantagem sobre os outros<br />

animais para se adaptar e sobreviver às mais diversas variações do meio<br />

ambiente. (ME-YER; EL-HANI, 2000)<br />

Um fato notável em todos os seres vivos é a transferência de suas caracterís-ticas<br />

para os seus descendentes, que é de conhecimento de todos<br />

serem transmiti-das pela molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico), que<br />

26<br />

Uma História do Planeta Terra


contém toda a mensagem genética da geração parental e é transmitida para<br />

seus descendentes. (JINAM, et al., 2012)<br />

As mitocôndrias, por sua vez, apresentam um DNA próprio, muito semelhante<br />

ao das bactérias, e hoje se admite que as mitocôndrias são, na realidade,<br />

bactérias que se associaram a outras células, talvez um protozoário,<br />

formando uma associa-ção estável e mutuamente vantajosa, conhecida<br />

como simbiose. Essa associação foi tão importante na história da evolução<br />

dos seres vivos que ela está presente até hoje na maioria dos seres vivos<br />

existentes. (THANGARAJ, et al., 2005)<br />

As primeiras algas foram as azuis, como as Cianobactérias e Proclorofitas<br />

procariontes, e ao mesmo tempo em que esses organismos se desenvolviam,<br />

surgiram outros grupos de algas unicamente eucariontes. Supõe-se<br />

hoje que as algas com características eucariontes foram formadas a partir<br />

de uma polissimbiose com formação quadrigenômica: um genoma nuclear<br />

da célula fagocitante e três outros conjuntos de genomas bacterianos, aeróbicos,<br />

ciano bactérias e espiroquetas, compondo uma célula que era simples,<br />

agora com núcleo, mitocôndria e cloroplasto. (ROSSETTI,2011)<br />

As colônias iniciais podem ter sido iniciadas a partir da não separação das<br />

células secundárias, após a divisão celular, ficando retidas em um envoltório<br />

na célula principal, mantidas por uma matriz gelatinosa. De fato, foram encontradas<br />

algas peculiares, como o Palmophyllum, na Nova Zelândia (Oceano<br />

Pacífico), e Verdigellas, no Oceano Atlântico, que são multicelulares, mas<br />

suas células não apresentam interação importante. (RIVERA; LAKE, 2004)<br />

A multicelularidade pode ter surgido permitindo que fossem formadas estruturas<br />

com características morfológicas variadas, desde as mais comuns,<br />

formando filamentos multiseriados simples, até as mais complexas. A transformação<br />

em estruturas multicelulares deve ter melhorado seu metabolismo,<br />

conferindo-lhes vantagens adaptativas com consequências na fotossíntese.<br />

O grupo de algas mais simples, conhecidas como talófitas podem ser<br />

unicelulares ou mesmo multicelulares, sem grandes diferenciações, sendo<br />

consideradas avasculares. Com o surgimento posterior de especializações<br />

das células, as algas multicelulares tornaram-se mais eficientes para explorar<br />

recursos naturais à sua volta. (RIVERA; LAKE, 2004)<br />

Para contornar alguns problemas a natureza evoluiu para a produção de<br />

Uma História do Planeta Terra 27


meristemas, tornando possível que esses indivíduos crescessem em muitas<br />

direções diferentes. As células basais permitiram a fixação no solo, ganhando<br />

o território do assoalho de oceanos que formaram os primeiros seres bentônicos.<br />

As várias modificações que foram acontecendo fizeram com que o<br />

talo gerasse ramificações, otimizando a captação de luz solar e aumentando,<br />

assim, a eficiência da fotossíntese. Hoje os talos ramificados estão presentes<br />

em quase todo tipo de algas existentes, até mesmo em fases reprodutivas<br />

como o das briófitas que foram as plantas que primeiro conseguiram<br />

sobreviver no ambiente terrestre. Os chamados filamentos multiseriados são<br />

apontados, hoje, como um fator adaptativo importante que permitiu o surgimento<br />

de estruturas parenquimatosas e pseudoparenquimatosas, aumen-<br />

-tando a complexidade da anatomia vegetal das algas pardas e plantas em<br />

solo firme. Na adaptação da vida aquática para o terrestre, outros requerimentos<br />

se tor-naram necessários como o aumento de peso e a imobilidade.<br />

(RIVERA; LAKE, 2004)<br />

Figura 3 - Alga Parda Sargassum (WIKIPEDIA, 2015).<br />

A seguir uma tabela com os tipos de algas, seus pigmentos e a possível<br />

data de surgimento, para uma análise do desenvolvimento e características<br />

que levaram a uma transição da água para a terra.<br />

28<br />

Uma História do Planeta Terra


GRUPO PIGMENTOS MILHÕES DE ANOS<br />

Cianofíceas (Algas Azuis) Clorofilas A e B 3.600 e 2.700<br />

Feófitas (Algas Pardas) Clorofilas A e C 2.700 e 1.800<br />

Rodófitas (Algas Vermelhas) Clorofilas A e D 1.200. e 723<br />

Clorófitas (Algas Verdes) Clorofilas A e B 723 e 516<br />

Tabela 2 - Tipos de algas, seus pigmentos e as possíveis datas de surgimento. Baseado em (FRANCES-<br />

CHINI et. al., 2010)<br />

Uma História do Planeta Terra 29


Capítulo 3<br />

TRANSIÇÕES DA ÁGUA PARA O AMBIENTE<br />

TERRESTRE<br />

As primeiras algas, que iniciaram o domínio terrestre, dependiam ainda muito<br />

da água e, por isso, possuíam estruturas parenquimatosas e multicelulares<br />

que as possibilitavam crescer em diferentes condições de umidade. Suas estruturas<br />

deveriam ser razoavelmente simples com talos apresentando pouca<br />

diferenciação. As primeiras algas que alcançaram o território terrestre foram<br />

as algas verdes, as clorófitas, por possuírem um genótipo diversificado que<br />

possibilitou a elas sobreviverem em áreas de pântanos onde, provavelmente,<br />

enfrentavam períodos de inundação e períodos de seca. O seu zigoto apresenta<br />

algumas células em camadas mais espessas e conseguem sobreviver muito<br />

tempo fora da água, podendo ser transportadas por diversos mecanismos,<br />

ganhando, assim, mais espaço em ambiente mais seco. (ROSSETTI, 2011).<br />

O grande problema das briófitas, no meio terrestre, era que elas não podiam<br />

desenvolver-se alcançando grandes dimensões. A razão para isso é que seus<br />

vasos eram muito simples, e elas facilmente perdiam água, sendo indispensável<br />

estar em locais com alta umidade para sobreviver. Na terra, por sua vez,<br />

os nutrientes necessários precisam ser absorvidos do solo, diferentemente da<br />

água, na qual os nutrientes estão disponíveis em todos os planos. (ROSSETTI,<br />

2011).<br />

Pesquisas paleontológicas mostraram que os organismos que primeiro<br />

realizaram a fotossíntese e ganharam espaço em solo terrestre foram os indivíduos<br />

da classe Psilophytopsida. Sua estrutura bem arraigada no solo permitia<br />

que eles absorvessem nutrientes e água, puxados do solo pelo rizoma<br />

com os rizoides muito parecidos com os encontrados nas briófitas, sendo sua<br />

Uma História do Planeta Terra 31


condução realizada por difusão. Entre as plantas, os primeiros indivíduos a habitarem<br />

o ambiente terrestre foram as Rhynias. A absorção de água realizada<br />

pelos rizoides, passando de célula para outra por meio do parênquima cortical<br />

chegam ao xilema e sobem pelo caule. (OLIVEIRA, 2003)<br />

A estrutura do rizóide, considerada raízes primitivas, foi fundamental para<br />

o crescimento de raízes para evitar a perda de água excessiva. A natureza selecionou<br />

estruturas impermeabilizadas chamadas de cutículas, revestidas de<br />

cera que protegem as partes mais sensíveis e expostas da planta. Esta adaptação<br />

tornou-se uma característica necessária para as plantas sobreviverem<br />

neste novo ambiente. Embora a cera trouxesse o benefício da diminuição da<br />

evaporação de água, ela acabava atrapalhando a troca de gases necessária<br />

para a sua sobrevivência (OLIVEIRA, 2003). Surgiram, então, estruturas especializadas,<br />

os estômatos (abertura geralmente existente na face inferior das<br />

folhas, permitindo que a troca de gases continuasse sendo realizada pelas<br />

plantas).<br />

Para sobreviver no ambiente terrestre, tornou-se necessário que as plantas<br />

fossem vascularizadas para facilitar o envio de nutrientes e água. As briófitas<br />

são plantas consideradas ainda avasculares, de dimensões pequenas, vivendo<br />

em locais úmidos e sua absorção ainda é feita pelas células alongadas (rizoides).<br />

Os cloroplastos, organelas responsáveis pela fotossíntese, distribuem-se<br />

na região mais superficial das folhas e permitem a captação da luz, tornando-<br />

-se, portanto, vitais para a vida das plantas. As Rhynias tinham o crescimento<br />

limitado por não possuírem estruturas foliares e, assim, o caule é que deveria<br />

conter os cloroplastos para realizar a fotossíntese. Além disso, por conta da<br />

necessidade de utilização dos estômatos na superfície, a área disponível para<br />

a fotossíntese era pequena e, com a perda constante de água, a eficiência da<br />

planta era reduzida, impedindo o seu crescimento. (OLIVEIRA, 2003).<br />

32<br />

Uma História do Planeta Terra


Capítulo 4<br />

A CONQUISTA DO AMBIENTE TERRESTRE<br />

Aceita-se, hoje, embora seja uma simples suposição, que as folhas tenham<br />

se originado de escamas pequenas que possuíam uma espécie de cordão na<br />

região central que formou um tipo de nervura central, ramificando-se e se expandindo<br />

a partir do centro que conduzia os nutrientes, formando vasos condutores.<br />

Esses vasos condutores foram se ramificando, ocupando toda a folha,<br />

assim, a área de realização da fotossíntese se expandia, possibilitando o<br />

crescimento da planta. Já a sustentação dessas plantas que lhe permitisse<br />

alcançar uma forma ereta ocorreu pelo surgimento do colênquima e esclerênquima,<br />

estruturas que possuíam um alto espessamento celular, desenvolvidas<br />

somente a partir das pteridófitas (samambaias). Diversas modificações<br />

anatômicas se tornaram necessárias para essa sustentação, como os vasos<br />

xilemáticos, que possuem paredes mais espessas. Essa estrutura (parede celular),<br />

formada de lignina e outros compostos fenólicos, tornaram-se peças<br />

indispensáveis para o revestimento e proteção dos vasos. Acredita-se que o<br />

surgimento das pteridófitas tenha ocorrido há cerca de 460 milhões de anos,<br />

espalhando-se por diferentes ambientes.<br />

Uma História do Planeta Terra 33


Capítulo 5<br />

DESENVOLVIMENTO TERRESTRE<br />

As pteridófitas conseguiram avançar no ambiente terrestre (mais seco)<br />

por suas características morfológicas que continuaram a evoluir a partir de<br />

membros sem folhas (que possuíam pequenas escamas) para espécimes<br />

com folhas pequenas e simples possuindo nervura única. Mais tarde surgiram<br />

as pteridófitas com folhas de poucas nervuras com bifurcações e folhas<br />

parecidas com algumas samambaias. Além disso, o grupo de pteridófitas<br />

vivas hoje engloba espécies como avencas, samambaias, licopódios, cavalinhas,<br />

pinheiros, selaginelas, equissetos, rabo de lagarto, etc.. Os equissetos<br />

e samambaias são grupos monofiléticos e mais próximos às plantas com<br />

sementes. (OLIVEIRA, 2003)<br />

A condução de nutrientes, aqui, é realizada pela estrutura denominada<br />

estelo ou cilindro central. Essa estrutura está representada nos fósseis, que<br />

mostram que o estelo era delgado, formado por cordão de células condutoras<br />

água, cercado de células que permitiam a condução de fluidos no sentido<br />

oposto, o protostelo. O protostelo é composto por células alongadas e revestidas<br />

de celuloses em formato de anel. O estelo permitiu que as pteridófitas<br />

elaborassem uma sequência de desenvolvimento, onde o diâmetro do caule<br />

ia crescendo, e as folhas surgiam junto com os elementos que faziam a condução<br />

de água e sais minerais. Os tecidos xilemáticos também aumentaram<br />

consideravelmente sua resistência ao longo do processo evolutivo, permitindo<br />

que houvesse maior resistência à pressão aumentada com o desenvolvimento<br />

estrutural da planta.(OLIVEIRA, 2003)<br />

Depois das pteridófitas surgem as Gimnospermas, que são plantas vascula-res,<br />

mas que já apresentam frutos sem polpa e suas sementes não se<br />

encerram no fruto. Seu ancestral foi a Gimnospermae (ou Pinophyta), surgin-<br />

Uma História do Planeta Terra 35


do no período carbonífero e/ou devoniano (há 350 milhões de anos), ganhando<br />

gradualmente um xilema desenvolvido e com grande arborência. Com<br />

alterações na composição do solo, as Gimnospermas tiveram o seu pico de<br />

radiação no período permiano. As Gimnospermas podem ser filogeneticamente<br />

divididas em duas linhagens: a primeira, a Lycopophytinaque, possuindo<br />

licopódios de características semelhantes a algumas gimnospermas;<br />

e a segunda, a Euphylophytina, dominando todas as plantas vascularizadas.<br />

Também podem ser classificadas em três grupos principais: as Cycadopsidas,<br />

surgindo no período mesozoico, era das cicadáceas, foram as pri-meiras<br />

a apresentarem sementes após as pteridospermas; as Ginkgoales, que apresentavam<br />

uma evolução lenta e conservadora; por fim, as Coníferas (classe<br />

Pinopsida) estavam no período carbonífero, se dispersando gradualmente<br />

num período mais árido.<br />

As Gnetopsidas, um grupo de poucos representantes, vivem na Namíbia<br />

e no Brasil, constituem uma divisão de plantas espermatófitas que não possuíam<br />

flores verdadeiras, mas com um sistema vascular semelhante ao das<br />

angiospermas. (ROSSETTI, 2011).<br />

Figura 4 - 1. Psilophytopsida; 2. Lycopsida; 3. Psilotopsida; 4. Pteridospermae e 5. Progimnospermas.<br />

(Modificado de: WIKIPÉDIA, 2015)<br />

Depois, das Gimnospermas surgem as Angiospermas, que são plantas<br />

espermatófitas, e suas sementes ficam protegidas no interior do fruto (Magnoliófitas),<br />

surgiram no período Cretáceo, há 130 milhões de anos, conseguindo<br />

atingir uma enorme diversidade em todas as latitudes e altitudes e,<br />

à semelhança dos insetos e fungos, com uma gigantesca diversidade. Até<br />

hoje, elas apresentam aproximadamente 250 mil espécies, e a presença de<br />

esporopolenina no pólen das angiospermas esclarece porque os grãos não<br />

se fossilizaram com facilidade. (OLIVEIRA, 2003).<br />

36<br />

Uma História do Planeta Terra


CLASSIFICAÇÃO PERÍODO CARACTERÍSTICAS<br />

Briófitas<br />

Pteridófitas<br />

Gimnospermas<br />

Devoniano<br />

Carbonífero<br />

Carbonífero<br />

Terrestres e avasculares. Estruturas<br />

reprodutivas multicelulares, cutícula em<br />

partes aéreas e poros epidérmicos para<br />

troca de CO2, vapor d’água e O2 entre os<br />

tecidos e a atmosfera.<br />

Primeiras plantas a apresentar tecidos<br />

especializados na condução de água e<br />

nutrientes. Vasculares.<br />

Vasculares com frutos sem polpa e suas<br />

sementes não se encerram no fruto<br />

Angiospermas<br />

Cretáceo<br />

Plantas com sementes cobertas pelo<br />

fruto com polpa.<br />

Tabela 3 - Tabela com classificação, período e características principais dedos grupos de plantas terrestres.<br />

(Baseado em: RUSSO, 2005)<br />

Após esse longo e constante trajeto de aumento de enormes diversidades,<br />

as vegetações continuaram expandindo seu território até os dias atuais por<br />

todos os continentes, cada um com suas similaridades e diferenças. Milhares<br />

de árvores tornaram-se frutíferas e coloriram os ambientes, apenas tendo seu<br />

desenvolvimento interrompido pelo crescimento e desenvolvimento humano<br />

não sustentável, que está fazendo com que milhões de anos de mudanças e<br />

adaptações ao longo da história evolutiva percam-se em pouquíssimo tempo,<br />

como a Mata Atlântica que teve o ápice do seu desmatamento no século XX.<br />

Segundo o SOS Mata Atlântica, a Mata Atlântica foi reduzida a poucas reservas,<br />

e, em dados numéricos, da área original no Brasil que era em torno de<br />

1.315.460 km², sobraram 112 mil km² ou 8,5% dessa área. Essa floresta que<br />

levou milhares de anos para ser formada foi desmatada em pouco mais de<br />

500 anos, após a chegada dos portugueses trazendo a cultura euro-peia de<br />

exploração de recursos naturais.<br />

Uma História do Planeta Terra 37


Capítulo 6<br />

O DESENVOLVIMENTO DOS ANIMAIS<br />

Até o momento comentamos apenas sobre o desenvolvimento das plantas por<br />

pura opção didática. Como podemos ver, na Tabela abaixo, os animais surgiram e<br />

se desenvolveram no nosso planeta quase em concomitância com as plantas. Na<br />

realidade, o fato de os animais surgirem depois das plantas e não possuírem capacidade<br />

fotossintética só demonstra que o surgimento dos animais foi viabilizado<br />

pelas plantas, que, ao absorverem energia solar e guardar essa energia por elas<br />

sintetizada nas ligações químicas dos compostos com base no carbono (compostos<br />

orgânicos como os açucares, proteínas e lipídeos), permitiram aos animais<br />

adquirir essa energia através de seus alimentos, que são degradados para produzir<br />

o ATP.<br />

As esponjas, um dos animais mais simples, surgiram há cerca mil milhões de<br />

anos atrás, e se desenvolveram a partir de seres unicelulares que se reuniram, provavelmente,<br />

em colônias por um processo semelhante ao das algas. São animais<br />

aquáticos e não possuem tecidos ou órgãos.<br />

A Tabela mostra que foram necessários cerca de dez bilhões de anos, a partir do<br />

aparecimento das primeiras galáxias, para surgirem os seres vivos iniciais no nosso<br />

planeta. Depois do primeiro bilhão de anos, após o surgimento da vida no planeta, só<br />

havia bactérias e algas mais simples, mostrando que o processo de diversificação<br />

era muito lento. Os primeiros animais só iriam aparecer muito depois dessa época.<br />

O processo de diversificação da vida nos seus primórdios foi muito lento. Do aparecimento<br />

da vida até a formação das algas verdes, o processo evolutivo levou cerca<br />

de 3000 milhões de anos, e, depois disso, nos últimos 700 milhões de anos é que a<br />

grande parte dos seres vivos se desenvolveu, irradiou e se diversificou.<br />

Esta grande diversificação parece estar ligada ao surgimento da capacidade<br />

fotossintética das algas e posterior conquista do ambiente terrestre pelas<br />

briófitas e pteridófitas. A possível existência de um clima relativamente ameno,<br />

abundância de água, luz e gás carbônico é que possivelmente permitiram o<br />

Uma História do Planeta Terra 39


desenvolvimento e diversificação dos seres vivos no nosso planeta.<br />

40<br />

Uma História do Planeta Terra


Capítulo 7<br />

PANGEIA, O SUPERCONTINENTE<br />

No planeta Terra, é possível observar que diversas alterações ocorreram ao<br />

longo do tempo. Se tivéssemos tirado fotografias constantes ao longo desse<br />

tempo, observaríamos um vídeo em “stop motion” de um planeta em constante<br />

movimento, como se estivesse se contorcendo com os continentes se<br />

afastando ou colidindo. A Tectônica Global é a chave para a compreensão das<br />

alterações nos continentes da Terra e como poderá ser no futuro. Segundo<br />

Teixeira (et. al., 2001) a litosfera 4 é fragmentada em mais ou menos uma dúzia<br />

de placas que se movem e quando se chocam causam um mergulho da placa<br />

mais densa sobre a outra e provocando um retorno ao manto 5 .<br />

No planeta Terra, é possível observar diversas alterações, modificações<br />

com o passar dos anos, desde sua formação inicial por isso se fossem registradas<br />

fotografias constantes desde o início, a cada século até hoje, observaríamos<br />

um vídeo em stop motion de um planeta em constante movimento,<br />

como se estivesse se contorcendo com os continentes se afastando ou colidindo.<br />

A Tectônica Global é a chave para a compreensão das alterações nos<br />

continentes da Terra e como poderá ser no futuro. Segundo Teixeira (et. al.,<br />

2001) a litosfera é fragmentada em mais ou menos uma dúzia de placas que<br />

se movem e quando se chocam causam um mergulho da placa mais densa<br />

sobre a outra e provocando um retorno ao manto . A existência dessas placas<br />

instigou novas teorias sobre uma possível deriva continental, explicando<br />

grandes traços geológicos como a estrutura das cordilheiras dos Andes, que<br />

esclarece algumas concentrações de sismos e vulcões atuais ou sobre rochas<br />

que em alguma época estavam no fundo do oceano como a grande cadeia de<br />

montanhas nos Himalaias<br />

4 Ou parte sólida da crosta terrestre. (Dicionário de Português Online)<br />

5 Parte da composição do globo terrestre, localizado entre a litosfera e o núcleo. (Dicionário de Português Online)<br />

Uma História do Planeta Terra 41


Em 1620, Francis Bacon, analisando o mapa do mundo, observou um<br />

encaixe perfeito entre os continentes hoje afastados. Essa observação implicava<br />

que esses continentes um dia estiveram juntos num só supercontinente.<br />

No início do século XX, Alfred Wegener, cientista alemão, procurava<br />

comprovar que realmente os continentes já estiveram todos juntos um dia<br />

como um megacontinente. Os continentes teriam se separado depois, de<br />

acordo com a teoria de Tectônica de Placas. Esse supercontinente foi chamado<br />

de Pangea (Pan: Todo e Gea: Terra), onde essa divisão teria acontecido<br />

há cerca de 240 milhões de anos atrás, na época em que os dinossauros<br />

habitavam o planeta, no triássico. A primeira divisão quebrou e separou o<br />

Pangeia em dois grandes continentes, formando a Laurásia na parte superior<br />

e a Gondwana, localizada logo abaixo. (TEIXEIRA et. al., 2001). Nessa época,<br />

os humanos estavam ainda longe de existir.<br />

Figura 5 - Pangea e sua posterior divisão Laurásia (norte) e Gondwana (sul). (Autoria própria, baseado<br />

em:TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

A insistência de Wegener em investir nessa ideia induziu outros pesquisadores<br />

a avaliarem essa hipótese. Algumas particularidades, como a cadeia de<br />

montanhas da Serra do Cabo (África do Sul) com continuação na Sierra de la<br />

Ventana em comparação com a direção da Argentina, foram avaliadas dentro<br />

desta perspectiva. Também, o planalto na Costa do Marfim, com continuidade<br />

num trecho do Brasil, fazia sentido dentro desta hipótese de trabalho. Além<br />

dessas possibilidades, Wegener aplicou duas outras possibilidades ainda<br />

42<br />

Uma História do Planeta Terra


mais contundentes:<br />

a. Fósseis de Glossopteris 6 encontradas em regiões do continente<br />

Africano e no Brasil em uma perfeita relação ao juntar os<br />

dois continentes.<br />

b. Glaciação em regiões no Sudeste do Brasil, Sul da África, Índia<br />

e Oeste de Austrália e Antártica, que pela sua junção apontam que<br />

juntas estariam cobertas por camadas de gelo exatamente como<br />

as que existem nas calotas polares do globo a 300 milhões de anos.<br />

Figura 6 - Simulação de como seria a distribuição das geleiras com os continentes juntos restritas a uma<br />

calota polar. (Autoria própria, baseado em TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Algum tempo depois do falecimento de Wegener, em meio à Segunda<br />

Guerra Mundial, nas pesquisas militares para localização de submarinos, foram<br />

utilizados sonares que deram informações além do esperado, permitindo<br />

que mapas fossem traçados com detalhes de relevo do fundo oceânico,<br />

surgindo cadeias de montanhas, fendas e fossas muito profundas, trazendo<br />

à mostra um ambiente geologicamente bastante ativo. Com o avanço do<br />

tempo e da tecnologia, equipamentos melhores foram utilizados e proporcionaram<br />

a coleta de amostras de rochas, permitindo evidenciar as cadeias<br />

de montanhas submarinas, chamadas de dorsal, ou Cadeia Meso-Oceâni-<br />

6 Maior e mais conhecido gênero da extinta ordem de samambaia, as Glossopteris eram árvores ou arbustos com<br />

sementes, de 4 a 6 metros de altura. (WIKIPÉDIA, 2016)<br />

Uma História do Planeta Terra 43


ca, que constituíam um sistema com 84.000 km de extensão, constatandose<br />

que, no eixo dessas montanhas, existiam vales de 1 a 3 km, indicando a<br />

presença de tensão, além de identificar a presença de atividade sísmica e<br />

vulcânica. É importante ressaltar que esta dorsal meso-oceânica dividia a<br />

crosta submarina em duas partes, representando uma ruptura ou uma cicatriz<br />

produzida durante a separação dos continentes. (TEIXEIRA et. al., 2001).<br />

Sabe-se hoje que esta cicatriz submarina tem o mesmo contorno da costa<br />

leste da América do Sul e costa oeste da África.<br />

Conforme explicado por Teixeira (et. al. 2001), no fim dos anos 50 a tecnologia<br />

continuou aprimorando-se e a geocronologia foi aprimorada, permitindo<br />

que informações muito relevantes fossem coletadas, permitindo descobrir<br />

a idade das rochas no fundo do oceano, onde se comprovou que a crosta<br />

oceânica não era composta pelas rochas mais arcaicas, mas eram jovens<br />

com menos de 200 milhões de anos. Estudos de paleomagnetismo também<br />

mostraram que as posições primitivas dos polos magnéticos da Terra haviam<br />

mudado ao longo do tempo.<br />

44<br />

Uma História do Planeta Terra


Capítulo 8<br />

A DANÇA DOS CONTINENTES<br />

A partir daqui pode-se descrever o que ocorre na chamada dança dos<br />

continentes, que é um processo geológico da mesma importância e magnitude<br />

da separação do anterior supercontinente, a Pangeia. Esse fenômeno<br />

não aconteceu somente nos últimos 200 milhões de anos no desenvolvimento<br />

da Terra, pelo contrário, essas mudanças ocorreram diversas vezes<br />

em toda existência do planeta e o caso da Pangeia foi somente a última<br />

aglutinação dos continentes. Abaixo, a figura demonstra como a reconstituição<br />

da aglutinação de blocos continentais foi elaborada para os 2 bilhões de<br />

anos da história geológica da Terra. (TEIXEIRA et. al., 2001)<br />

Há 200 milhões de anos, o Pangeia vem se dividindo e os continentes<br />

se afastando. A América do Sul iniciou sua separação da África há 180<br />

milhões de anos, juntamente com Austrália e Antártica, a Índia iniciou seu<br />

deslocamento para o hemisfério norte onde colidiu e se uniu a Ásia, gerando<br />

a cordilheira dos Himalaias, é a mais alta cadeia montanhosa do mundo,<br />

localizada entre a planície indogangética, ao sul, e o planalto tibetano, ao<br />

norte. A cordilheira abrange cinco países: Índia, China, Butão, Nepal e Paquistão.(TEIXEIRA<br />

et. al., 2001)<br />

Uma História do Planeta Terra 45


Figura 7 - Reconstituição da posição dos continentes de 2,0 bilhões de anos até 100 milhões de anos<br />

atrás mostrando as diversas aglutinações e fragmentações das massas continentais. (Autoria própria,<br />

baseado em:TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Figura 8 - O Monte Everest, maior montanha do mundo. (WIKIPÉDIA, 2015)<br />

46<br />

Uma História do Planeta Terra


Como pode ser deduzido, as plantas e os animais sobreviveram a todas<br />

essas enormes forças que envolviam a dança dos continentes. Os dinossauros,<br />

por exemplo, presenciaram e vivenciaram esta divisão dos continentes,<br />

mas foram extintos por outro evento geológico, a queda de um<br />

meteoro há 65 milhões de anos na região de Yucatan no México.<br />

Figura 9 – Mapa mostrando uma maior ocorrência de vulcões na região de contato entre as placas<br />

tectônicas. (Autoria própria, baseado em: Eco4u, 2011)<br />

Uma História do Planeta Terra 47


Capítulo 9<br />

ANIMAIS PRIMITIVOS<br />

Os animais estão ligados diretamente a uma enorme diversidade em diversos<br />

eixos, adquirida com o passar de milhões de anos, surgindo de um ancestral<br />

comum, talvez algum ser semelhante a esponja, um protozoário semelhante<br />

aos coanoflagelados atuais. O objetivo aqui não é detalhar exatamente<br />

a origem e o surgimento exato de um ancestral comum aos animais, mas traçar<br />

um parâmetro para mostrar uma sequência lógica do aparecimento de<br />

diversas espécies umas após as outras.<br />

Todos os animais são eucariontes, o que sugere dizer que o seu material<br />

genético se encontra protegido no interior de uma organela, o núcleo. Analisando<br />

o corpo de uma espoja, observa-se que ela tem sua constituição básica<br />

formada por uma camada exterior: a pinacoderme; um interior: a coanoderme<br />

e o mesênquima; uma camada gelatinosa interna, possuindo vários tipos<br />

celulares. Seu corpo é poroso, permitindo que ocorra a entrada de água com<br />

partículas alimentares. Em especial, a coanoderme é formada por um tipo de<br />

células flageladas, os coanócitos, que possuem uma função essencial no processo<br />

de alimentação da esponja, criando correntes de água direcionadas para<br />

dentro do corpo da esponja. Esse flagelo é protegido por um colar cuja função<br />

é de capturar partículas e microorganismos. A evolução de uma esponja fixa<br />

e imóvel para um animal móvel pode ter ocorrido pela larva da esponja, pois,<br />

se alguma dessas larvas adquirissem maturidade sexual, existiria um animal<br />

com características adequadas a ser um ancestral dos restantes dos animais,<br />

podendo chegar a uma linha de desenvolvimento que culmine nos animais<br />

mais complexos. (ANDRADE, 2011)<br />

De acordo com Russo (2005, p.8 e 9), não se pode afirmar como aconteceram<br />

as mudanças que ocorreram para o surgimento dos seres eucariontes<br />

Uma História do Planeta Terra 49


multicelulares, mas pode-se observar dados interessantes, como os primeiros<br />

eucariontes unicelulares datando de 1,6 a 1,8 bilhão de anos atrás e formas<br />

unicelulares mais complexas surgindo 1 bilhão de anos atrás.<br />

Nesse período, as formas de vida simples, como esponjas e cnidários, passaram<br />

a organismos de alta complexidade, destacando-se os filos existentes<br />

hoje como Arthropoda e Chordata. Diversas características importantes surgiram<br />

no Cambriano, como a simetria bilateral, a metameria e o celoma, uma<br />

cavidade interna em organismos onde órgãos se desenvolvem, ajudando os<br />

organismos, também, a se locomoverem, movimentando o corpo.<br />

O surgimento dos organismos multicelulares, com produção sexuada, inicia-se<br />

com a fusão do espermatozoide com o óvulo, formando o zigoto, este<br />

por sua vez se divide em duas células através da mitose, depois se divide em<br />

quatro e assim por diante até a formação completa do embrião. Os organismos<br />

multicelulares não nascem formados completamente, este é um processo<br />

que ocorrerá durante toda sua vida com duas consequências: a diferenciação<br />

celular e a reprodução do organismo. Esse desenvolvimento constante<br />

mostra que tipos de conquistas foram feitas por diversos ancestrais, e a mudança<br />

constante do ambiente aquático para o terrestre mostrou que algumas<br />

espécies foram bem sucedidas, enquanto outras tinham necessidade de estar<br />

num ambiente aquático ou úmido, como os anfíbios. Uma conquista notável<br />

do ambiente terrestre foi a dos artrópodes, adaptando-se a áreas áridas, as<br />

plantas com flores que conseguiam fazer sua reprodução com a ajuda do vento<br />

e de insetos e os vertebrados amniotas que conseguiam manter a umidade<br />

de seu embrião pelo desenvolvimento do ovo. (RUSSO, 2005)<br />

Seivas fossilizadas, do período permiano, mostram já a existência de diversos<br />

insetos, e outros invertebrados fazendo parte do gigantesco filo Artrópoda,<br />

que possui representante tanto na terra quanto no mar. Além disso,<br />

esses seres apresentam grande capacidade reprodutora e são os únicos com<br />

habilidade para voar, como no caso dos insetos. O domínio do ambiente terrestre<br />

e aéreo possibilitou a classe de insetos a se dispersar e se adaptar aos<br />

mais diversos nichos ecológicos. A expansão e diversificação dos insetos foram<br />

imensas e eles ocuparam quase todos os nichos ecológicos disponíveis.<br />

Uma das ideias é que isso possa ter ocorrido, em parte, pela coevolução dos<br />

insetos com as angiospermas que também ajudaram na enorme diversificação<br />

dessas plantas. Estima-se hoje a existência de cerca de cinco milhões de<br />

50<br />

Uma História do Planeta Terra


espécies de insetos em uma estimativa conservadora.<br />

O desenvolvimento dos seres vivos continuou e, eventualmente, chegou-se<br />

ao filo Chordata. Esse filo abrange as espécies que possuem uma notocorda<br />

protegida pela coluna vertebral com uma sequência de origens de vertebrados<br />

diversificados, indo de peixes a anfíbios, répteis, aves, mamíferos (RUSSO,<br />

2005). Na tran-sição entre animais sem notocorda para com os que apresentam<br />

notocorda, acredita-se que tenham tido um ancestral parecido com os<br />

urocordados (ascídia) ou cefa-locordado (anfioxo). A seguir, uma representação<br />

simplificada do processo de evo-lução dos vertebrados:<br />

Figura 10 - Esquema evolutivo dos vertebrados, desde os peixes primitivos. (Autoria própria, baseado<br />

em: EVOLUÇÃO dos vertebrados, 2011)<br />

O grande marco, dentre os vertebrados, foi o aparecimento das mandíbulas,<br />

inicialmente nos peixes, garantindo uma alimentação diferente daquela<br />

que ocorria anteriormente, e a alimentação se tornava ativa e mais abrangente.<br />

Os animais com mandíbula podem ser separados em três grupos: os<br />

placodermas, não possuindo mais representantes vivos, sendo recobertos<br />

por uma capa óssea espessa, protegendo a metade anterior do corpo; os<br />

condrictes, tendo como representantes os tubarões, as raias e as quimeras,<br />

que possuem, ao invés de ossos, cartilagens; e os osteíctes, divididos em<br />

actinopterigios com a maior parte de vertebrados existentes hoje, com sinapomorfia<br />

e nadadeiras com raios dérmicos e sarcopterigos, com os peixes<br />

Uma História do Planeta Terra 51


pulmonados, os celacantos e os tetrápodes e dentes esmaltados. (RUSSO,<br />

2005)<br />

A partir do período devoniano, surgem os tetrápodes que são organismos<br />

com quatro membros, com patas, pernas ou braços. Eles começaram a tentar<br />

sair de um ambiente para o outro, neste caso, da terra para água, e, para<br />

isso, diversas adaptações foram ocorrendo ao longo dos anos. Utilizando o<br />

método comparativo, observa-se que as patas tiveram origem em nadadeiras<br />

de seu ancestral comum e estruturas de patas e nadadeiras muito parecidas<br />

são consideradas homólogas. Um grande problema a ser resolvido<br />

nessa transição foi a sustentação do corpo em solo firme. Na água, o corpo<br />

dos animais está submetido ao empuxo de Archimedes, o que também<br />

ocorre em terra firme, embora muito menos acentuado, dada a diferença de<br />

densidade entre a água e o ar. Portanto, em terra, foi necessário, desenvolver<br />

estruturas de sustentação como a coluna vertebral. Os tetrápodes primitivos<br />

conservaram as brânquias durante algum tempo e as trocas gasosas<br />

começaram a ser feitas a partir do surgimento dos pulmões que, por serem<br />

órgãos internos, não entram em contato direto com o ar, reduzindo a perda<br />

de líquido. Todo o sistema sanguíneo possuía uma artéria pulmonar ligada<br />

às brânquias, fazendo a drenagem do sangue já oxigenado para o coração<br />

com duas cavidades e um sistema de válvulas separando o sangue branquial<br />

do pulmonar. Narinas foram desenvolvidas para facilitar o processo de<br />

transferência do oxigênio para o resto do sistema. (RUSSO, 2005)<br />

Os anfíbios tiveram provavelmente como ancestrais o grupo de peixes<br />

chamados ripsida, muito comuns no permiano, possuindo como semelhança<br />

principal narinas ligadas à boca. Os anfíbios encontraram muitas dificuldades<br />

na transição de ambiente, apesar de serem os primeiros a conquistar<br />

a transição para o ambiente terrestre, pois eles são muito dependentes de<br />

água para reproduzirem, por isso compartilham os dois ambientes. Por sua<br />

vez, a sua pele faz a troca gasosa pela respiração cutânea e a troca de água<br />

com o ambiente. A sinapomorfia principal é a língua muscular protátil utilizada<br />

na alimentação de anuros e urodelos adultos. Hoje as diversas espécies<br />

de anfíbios podem ser separadas em três ordens: Anura, com os sapos, rãs e<br />

pererecas, Gymnophiona, com as cobras-cegas e Urodela, com as salamandras.<br />

(RUSSO, 2005)<br />

O grupo dos répteis foi o primeiro a conseguir uma adaptação plena na<br />

52<br />

Uma História do Planeta Terra


terra seca. Com o surgimento, no carbonífero, dos vertebrados, eles se diversificaram<br />

e se expandiram na era mesozoica, quando se tornaram dominantes.<br />

A diversificação e expansão deste grupo teve na presença do âmnio<br />

o fator crucial que permitiu os répteis a se tornarem independentes de água<br />

para reprodução. Os répteis são divididos em: Therapsida, com as fossas<br />

temporais laterais, pois dá a musculatura necessária para a mastigação; e<br />

Cotylosauria, anapsita, sem aberturas laterais. Atualmente divide-se essa<br />

gigantesca diversidade em quatro ordens, podendo sobreviver em ambientes<br />

extremamente secos: Quelônios, com as tartarugas, cágados e jabutis;<br />

Squamatas, com lagartos e serpentes; Crocodilia, com crocodilos, jacarés,<br />

gaviais e Rhyncocephalia, com a tuatara. Adaptações como respiração aérea<br />

eficaz com pulmões com maior capacidade de expansão, a pele seca sem<br />

glândulas mucosas, com uma camada córnea de células mortas e grandes<br />

quantidades de quera-tina tornam a pele impermeável e evitam a perda de<br />

líquidos. Essa estratégia da natureza foi de vital importância para a sobrevivência<br />

desses animais no ambiente terrestre (RUSSO, 2005). Tanto os vegetais<br />

como os animais continuaram nesse processo de desenvolvimento<br />

interdependente e contínuo, tanto na água, como na terra e no ar.<br />

Uma História do Planeta Terra 53


Capítulo 10<br />

OS DINOSSAUROS<br />

Um grande marco na história da vida na Terra foram os dinossauros<br />

que tiveram dominância, reinando por cerca de 180 milhões de anos na era<br />

mesozoica, mas que, há cerca de 65 milhões de anos, foram extintos pela<br />

queda de um asteroide. Uma linhagem derivada da linhagem dos dinossauros<br />

sobreviveu: o das aves. Thomas Henry Huxley foi o primeiro biólogo<br />

a relacionar os dinossauros às aves ao definir o Archaeopteryx como um<br />

fóssil de transição entre aves e répteis. As descobertas subsequentes em<br />

Liaoning, na China, de dinossauros com penas reforçaram essas ideias. Do<br />

ponto de vista filogenético, as aves seriam dinossauros. Segundo Andrade<br />

(2011), os pterossauros, que eram repteis voadores, foram os primeiros<br />

vertebrados a conseguirem voar.<br />

Entre os pterossauros e os dinossauros existem várias pequenas espécies<br />

pouco conhecidas, mas que fornecem indícios sobre o surgimento dos<br />

primeiros dinossauros no período triássico. Há 240 milhões de anos, surgiram<br />

os primeiros ancestrais dos dinossauros, o Lagerpeton chanarensis,<br />

Dromomeron, Marasuchus liloensis, Pseudolagosuchus major, Lewisuchus<br />

admixtus e, podendo-se incluir talvez, o Lagosuchus talampayensis. Quando<br />

essa linhagem inicial desapareceu, os descendentes mais próximos<br />

começaram sua expansão territorial, dominando o planeta. Fósseis muito<br />

antigos foram encontrados na América do Sul, na formação do Ichigualasto,<br />

na Argentina, como o Eoraptor lunensis. No Brasil, foram encontra-dos<br />

outros dinossauros também muito antigos, um deles, o Estauricossauro,<br />

na formação Santa Maria, no rio Grande do Sul. É notável destacar que o<br />

Estauricossauro, o dinossauro mais antigo encontrado no Brasil, é também<br />

encontrado em outros continentes, reforçando a teoria da deriva continen-<br />

Uma História do Planeta Terra 55


tal. O fóssil encontrado tem um esqueleto com características peculiares<br />

e complexas, com mandíbulas, coluna vertebral, pelve e membros posteriores<br />

em bom estado de preservação. A sua estrutura indica que ele era<br />

um predador carnívoro e terrestre com 2,25m de comprimento, estando<br />

junto da família Herrerasauridae, assim como outro fóssil encontrado na<br />

Argentina, o Herrerasaurus. Com base no tempo e na evolução do grupo,<br />

Saurischia, o Estauricosuro, teve grande importância na evolução inicial de<br />

Dinosauria.<br />

Figura 11 - Imagem de como teria sido o Estauricossauro. (Autoria própria, baseado em: WIKIPÉDIA, 2015)<br />

Durante o triássico superior, os dinossauros eram pequenos predadores e<br />

herbívoros que estiveram no Carniano de 230 a 215 milhões de anos. No Noriano<br />

de 215 a 205 milhões de anos, os dinossauros já tinham expandido e constituíam<br />

cerca de 60% dos vertebrados terrestres. No Jurássico, há 200 milhões<br />

de anos, os dinossauros expandiram o seu domínio. As causas dessa expansão,<br />

embora sejam desconhecidas, estiveram, provavelmente, associadas a um aumento<br />

do efeito estufa, que acabou beneficiando a expansão dos dinossauros<br />

por eliminar animais que antes dominavam diferentes nichos ecológicos.<br />

Os dinossauros originaram as aves, e as mais antigas possuíam características<br />

que hoje encontramos nos répteis, como dentes, penas e asas. Antes da<br />

grande extinção, as aves semelhantes às garças surgiram, e já apresentavam<br />

56<br />

Uma História do Planeta Terra


penas, as características exclusivas das aves, que as revestem e as isolam, permitindo<br />

manter sua temperatura, evitar a perda excessiva de água e calor, além<br />

de possibilitar o voo. Características como menor peso, geração externa de seus<br />

descendentes com a postura de ovos, ossos pneumáticos, eliminação de excremento<br />

constantemente tornaram-se características que foram importantes<br />

para dominar o meio aéreo, e sobreviver à catástrofe que foi a queda do asteroide.<br />

Seus membros anteriores são diferentes dos demais répteis, são asas, e os<br />

posteriores são pernas adaptadas para empoleirar, andar e até nadar. A falta de<br />

dentes fez com que o processo digestivo fosse diferente, sendo realizado pelo<br />

sistema digestivo que inclui a moela que é basicamente um segundo estômago<br />

com funções mecânicas.<br />

O reinado dos dinossauros foi interrompido pela queda de um gigantesco<br />

asteroide calculado em 10km de diâmetro, que colidiu com a Terra, na península<br />

de Yucatan, no povoado de Chicxulub, no México há 65 milhões de anos, abrindo<br />

uma cratera de 170km de diâmetro. Esse impacto causou ondas de choque e<br />

calor de até 500º C, terremotos com escalas de 9 e 10 na escala Richter, vaporização<br />

de rochas, tsunamis gigantescos com até 300m de altura, chuvas ácidas,<br />

incêndios em escala continental, quedas de grandes fragmentos ejetados da<br />

cratera e o efeito do inverno que se seguiria após o lançamento de enormes<br />

quantidades de poeira e fuligem na estratosfera, fazendo com que a luz solar<br />

não conseguisse penetrar até a superfície terrestre por muitos meses. Em consequência,<br />

a temperatura caiu rapidamente a valores muito baixos, levando a<br />

dizimação da vegetação terrestre e fitoplâncton, a base de cadeia alimentar. A<br />

consequência imediata foi a morte de cerca de três quartos do total das espécies<br />

de plantas e animais daquela época. (TEIXEIRA et. al., 2001)<br />

Esse evento catastrófico, ocorrido entre o Cretáceo e o Terciário, acabou com<br />

o domínio dos répteis e provocou a extinção dos dinossauros, permitindo que<br />

os mamíferos se desenvolvessem, ficando conhecido como evento K/T, que eliminou<br />

grupos de organismos de grande sucesso e dominância por milhões de<br />

anos. (TEI-XEIRA et. al., 2001)<br />

Uma História do Planeta Terra 57


Figura 12 – a. O bólido assassino de 10km de diâmetro a 65ma. b. Local do impacto após mil anos. c. O<br />

impacto. d. A localização atual da suposta cratera em Chicxulub, México. (TEIXEIRA et. al. 2001)<br />

58<br />

Uma História do Planeta Terra


Capítulo 11<br />

A EXPANSÃO DOS MAMÍFEROS<br />

Antes mesmo dos eventos catastróficos ocasionados pelo bólido assassino,<br />

há 65 milhões de anos, os ancestrais dos atuais mamíferos já conviviam<br />

com os dinossauros. Com a extinção dos dinossauros, os mamíferos sobreviventes<br />

à catástrofe puderam se expandir e povoaram o ambiente terrestre e a<br />

água. (TEIXEIRA, et al., 2001)<br />

Modificações foram sendo introduzidas ao acaso e permitiram que os<br />

mamíferos sobreviventes ocupassem diversos nichos ecológicos, como, por<br />

exemplo, a baleia azul, o maior mamífero conhecido, alcançando 31,5m e 119<br />

toneladas de peso, que vive na água. Os mamíferos apresentam uma enorme<br />

diversidade, para citar somente alguns: cangurus, chimpanzés, tigres, baleias,<br />

morcegos, girafas, elefantes e os humanos. Os mamíferos possuem características<br />

exclusivas como glândulas mamárias, placenta, pelos, sistema<br />

nervoso central bem desenvolvido e muitas outras. Esses novos mamíferos<br />

tiveram origem nos sinapsídeos, um conjunto que faz parte dos Amnioatas<br />

(animais que apresentam uma membrana amniótica envolvendo o embrião),<br />

que englobam os répteis, as aves e os mamíferos. Essa rápida diversificação<br />

dos animais no ambiente terrestre foi, na sua grande maioria, em função do<br />

aparecimento do amnion que tornou possível o surgimento dos embriões independente<br />

da água. É notável que, na expansão dos mamíferos, observa-se<br />

um aumento da compactação da osteologia craniana, dando maior firmeza<br />

ao crânio, e o desenvolvimento do aparelho mastigatório, associado a uma<br />

diferenciação funcional da estrutura dentária; além do importante aumento da<br />

massa encefálica, que deu diversas vantagens aos mamíferos em relação a<br />

outros seres, como aumento da inteligência, aguçamento dos sentidos como:<br />

visão, olfato, audição.(RUSSO, 2005)<br />

Uma História do Planeta Terra 59


Os mamíferos podem ser divididos em três grandes grupos, o primeiro, os<br />

monotremados, possuindo características primitivas, como ausência de mamilos<br />

nas fêmeas, que fazem a alimentação dos filhotes do leite que escorre<br />

de seus pelos. São mamíferos que põem ovos produzidos por ovários bem desenvolvidos<br />

e sua vagina é dupla, e os óvulos passam pela fecundação antes<br />

da entrada no útero e só depois são cobertos por uma casca. Aqui se destaca<br />

o ornitorrinco que põe dois ovos que são incubados num ninho e a équidna<br />

que põe um que é transportado numa bolsa como a dos marsupiais. (RUSSO,<br />

2005)<br />

Os marsupiais modernos não põem ovos, mas possuem bolsas no abdômen<br />

(o marsúpio) onde embriões recém nascidos se fixam nos mamilos para<br />

terminar o seu desenvolvimento. Os marsupiais diferem dos animais placentários,<br />

pois estes possuem uma placenta (um sistema vascular de união do<br />

feto ao útero da mãe, que permite a passagem de nutrientes, oxigênio e também<br />

ajuda na eliminação do CO2 e de resíduos nitrogenados). A aquisição<br />

deste órgão permitiu o desenvolvimento do feto no ambiente intrauterino até<br />

estágios mais avançados, quando comparado aos marsupiais. (RUSSO, 2005)<br />

Os hábitos alimentares dos mamíferos são muito diversos e podem ser<br />

herbívoros, carnívoros, insetívoros ou onívoros (se alimentam de animais e vegetais).<br />

Em geral, depois de mastigados e salivados, os alimentos são engolidos<br />

e transportados até o estômago onde são digeridos. No intestino delgado,<br />

os alimentos digeridos são absorvidos e levados para o sangue para serem<br />

distribuídos para todo o corpo onde são utilizados como combustível ou material<br />

de construção de novas moléculas. Os resíduos da digestão são levados<br />

para o intestino grosso, que absorve água e elimina o restante para fora do<br />

organismo na forma de fezes. (RUSSO, 2005)<br />

A respiração é sempre pulmonar, mesmo em baleias e golfinhos que possuem<br />

uma adaptação em que válvulas fecham as narinas quando mergulham.<br />

Os mamíferos têm seu sistema formado por pulmões e pelas vias respiratórias<br />

que são as fossas nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios. Movimentos<br />

de respiração são feitos pela inspiração e expiração, controlados por um<br />

diafragma. (RUSSO, 2005)<br />

O sistema circulatório tem um coração com quatro câmaras, duas aurículas<br />

e dois ventrículos e os septos que dividem internamente o espaço do coração<br />

sepa-rando o sangue venoso do arterial. O sangue entra no coração na<br />

60<br />

Uma História do Planeta Terra


forma não oxigenada e é enviado aos pulmões para ser oxigenado. O sangue<br />

volta oxigenado ao coração para ser distribuído pelo coração aos outros tecidos.<br />

Nas focas, que são mamíferos marinhos, a frequência cardíaca é reduzida<br />

e grande parte do sangue é desviada para a pele da musculatura do corpo e<br />

da região da cauda, o que faz com que a capacidade de transporte de oxigênio<br />

pelo sangue seja aumentada, fazendo com que tenham sempre um rico suprimento<br />

de oxigênio para o encéfalo e para o coração. (RUSSO, 2005)<br />

O sistema urinário é formado por dois rins funcionando como filtradores<br />

removendo os resíduos do sangue, armazenados na bexiga como urina e pela<br />

via urinária que faz o produto desta filtragem se deslocar até ser eliminada.<br />

Muitos mamíferos marcam territórios com a sua urina, podendo ser diferenciada<br />

pelo odor para que outros indivíduos fiquem longe do seu território.<br />

(RUSSO, 2005)<br />

Os sexos são sempre separados, não existindo mamíferos hermafroditas,<br />

com exceção dos mutantes. Os machos possuem um órgão de cópula, o pênis<br />

e os testículos. Na maioria das espécies, a fecundação é interna. O embrião<br />

se desenvolve dentro da fêmea e se relaciona com a mãe através da placenta,<br />

por onde pode respirar, nutrir e lançar excreções. O tempo de gestação tem<br />

enorme variação entre as espécies. (RUSSO, 2005)<br />

O cérebro é dividido em dois hemisférios ligados que comandam todas as<br />

atividades que o corpo pode realizar e, se for lesionado, comprometerá diversas<br />

atividades do corpo, dependendo da área afetada.<br />

A pele é uma das mais importantes adaptações, permitindo que os mamíferos<br />

sobrevivam a diferentes condições climáticas, funcionando como proteção<br />

em condições de baixas temperaturas, o pelo serve como um excelente<br />

isolante contra o frio, ajudando a manter a temperatura interna constante. A<br />

pele mole e fina é constituída pela epiderme queratinizada, pela derme e hipoderme<br />

com tecido adiposo. Essa pele possui, além de pelos, várias glândulas,<br />

como as mamárias, que fornecem o leite da alimentação dos filhotes; glândulas<br />

sudoríparas, que auxiliam também na termorregulação ou homeotermia;<br />

glândulas sebáceas, que secretam substâncias que lubrificam os pelos; e, em<br />

algumas espécies, glândulas odoríferas. (RUSSO, 2005)<br />

Uma História do Planeta Terra 61


Capítulo 12<br />

SURGIMENTO, DESENVOLVIMENTO E<br />

DISPERSÃO DO HOMEM<br />

O homem se diferencia das demais espécies, destaca-se na história da vida<br />

no planeta por sua grande capacidade de se adaptar às variações do meio ambiente,<br />

e sobrevive até se tornar a espécie dominante. Algumas características<br />

adquiridas foram cruciais para que essa linhagem tivesse um bom desempenho<br />

diante das outras espécies de animais: terrestrialidade, bipedalismo, encefalização<br />

e formação de cultura e sociedade. (RUSSO, 2005).<br />

Lucy, uma mulher de baixa altura, atarracada e com o abdômen grande,<br />

possuindo características entre o chimpanzé e o humano ao ser descoberta,<br />

foi denominada Australopithecus Afarensis e datada com 3,2 Ma. A sua estrutura<br />

corporal permitia-lhe executar um andar bipedal diferente do chimpanzé,<br />

talvez com um rebolar menor, e, assim como os chimpanzés, era vegetariana.<br />

O fato de ela não conseguir travar o joelho na marcha, a fazia gastar uma<br />

maior quantidade de ener-gia. Entende-se que Lucy tivesse hábitos também<br />

arbóreos pelo fato de apresentar pés curvos e braços longos, além de ter pulso<br />

e calcanhar com grande mobilidade. (RUSSO, 2005)<br />

a. Terrestrialidade: Mudança da vida nas árvores para a vida no chão, um<br />

grande passo que transformou a vida dos ancestrais humanos, pois abrangeu<br />

um território bem maior do que apenas vivendo em árvores, permitiu a busca e<br />

expansão, talvez em parte proveniente da busca por alimentos em período de<br />

seca, mas a locomoção quadrúpede limitava as distâncias percorridas pelos<br />

ancestrais em desenvolvimento. (RUSSO, 2005)<br />

b. Bipedalismos: Marcha realizada por dois membros anteriores, ao invés<br />

dos quatro membros possibilitou um andar menos cansativo, possibilitava an-<br />

Uma História do Planeta Terra 63


dar maiores distâncias, menor gasto de energia na caminhada, mãos livres<br />

para carregar comida e conseguir evitar predadores, avistando-os mais longe,<br />

por estar mais alto. Apesar de um chimpanzé conseguir locomover-se apenas<br />

com as patas anteriores, isto custou-lhe muito mais energia, por não ser um<br />

ser bípede, apenas possuir a possibilidade de locomover-se de tal maneira.<br />

Lucy foi a descoberta, de alguns arqueólogos, de um hominídeo, denominado<br />

Australopithecus afarensis com 3,2 ma, de uma mulher, com 1,05m de altura,<br />

atarracada e com o abdômen grande, possuindo características entre o<br />

chimpanzé e o humano, dentre elas um andar bipedal diferente do chimpanzé,<br />

talvez com um rebolar menor, também era vegetariana assim como outros<br />

chimpanzés, ela não conseguia travar o joelho na marcha, o que lhe despendia<br />

mais energia. Entende-se que Lucy tinha hábitos tanto arbóreos, pois seus pés<br />

curvos e braços logos apontam para este lado, quanto bípedes, seu pulso e<br />

calcanhar demonstravam grande mobilidade. (RUSSO, 2005)<br />

c. Encefalização: Com o processo de encefalização dos humanos houve<br />

aumento de inteligência. Por exemplo, a capacidade craniana de Lucy comparada<br />

ao tamanho do corpo, é maior do Com o processo de encefalização dos<br />

humanos, houve aumento de inteligência. Por exemplo, a capacidade craniana<br />

de Lucy, comparada ao tamanho do corpo, é maior do que a de chimpanzés e<br />

gorilas. A comparação do crânio de Lucy tendo capacidade de 400cm³ e um<br />

humano com média de 1250cm³ sugere que houve uma forte pressão seletiva<br />

em direção ao aumento do cérebro e da inteligência ao longo do processo evolutivo.<br />

Esse raciocínio, embora possa ser verdade para a evolução do cérebro<br />

humano, não cabe a outros animais que apresentam cérebros maiores e nem<br />

por isso são mais inteligentes que o homem. Mesmo que se considere a dimensão<br />

do cérebro ao tamanho do animal, alguns animais não se enquadram<br />

dentro desse raciocínio. Alguns roedores apresentam uma correlação cérebro/<br />

tamanho parecido ao de humanos e nem por isso são tão inteligentes como<br />

os humanos. Nos grandes macacos, o cérebro aumenta exponencialmente de<br />

tamanho até o nascimento e depois disso sofre uma desaceleração. Nos humanos,<br />

a natureza selecionou que a primeira fase de crescimento exponencial<br />

maior do cérebro ocorresse no primeiro ano de vida, portanto pós-parto, o que<br />

facilitava o nascimento da criança. (RUSSO, 2005)<br />

Os primatas se dividem em dois grandes grupos: Os primatas do Novo Mundo,<br />

que formam a infraordem Platyrrhini, com todos os macacos que habitam<br />

64<br />

Uma História do Planeta Terra


as Américas, por exemplo, micos, macacos-prego, bugio, macaco-aranha, etc.<br />

E os primatas do Velho Mundo, da infraordem Catarrhini, com os macacos que<br />

habitam África e Ásia. Os hominoides estão nesse grupo, que são os macacos<br />

sem rabo, como chimpanzé, bonobo, orangotango, gorila, gibão e o ser humano.<br />

Dados moleculares e morfológicos indicam que os primeiros hominoides a<br />

divergirem foram os gibões e os orangotangos que hoje habitam a Ásia; também<br />

os humanos e chimpanzés estão mais próximos filogeneticamente do<br />

que qualquer um em relação ao gorila. A seguir, as figuras abaixo mostram um<br />

esquema de ancestralidade e desenvolvimento humano. (RUSSO, 2005)<br />

Figura 13 - Filogenia dos humanoides e seus parentes extintos. (RUSSO, 2005, p86)<br />

Figura 14 - Tomos da história evolutiva humana. (Autoria própria, baseado em: RUSSO, 2005, p87)<br />

Uma História do Planeta Terra 65


d. Formação de cultura e sociedade: Este conceito surgiu depois que a<br />

encefalização foi aumentado, a organização dos grupos era cada vez maior.<br />

No ancestrais humanos, o primeiro indício claro de uso da inteligência foi<br />

a criação e o uso de ferramentas, que aumentavam consideravelmente a<br />

capacidade de sobrevivência das espécies, além de facilitar a busca por<br />

alimento. Um exemplo claro foi o manuseio de lanças que auxiliavam na<br />

caça de seres bem maiores que eles mesmos. As primeiras ferramentas<br />

foram encontradas bem após o surgimento de Lucy, 1,5 ma posteriores<br />

ao período que ela viveu. Essa ferramenta foi utilizada primeiramente pelo<br />

Homo Habilis, e chega-se, finalmente, ao gênero humano há aproximadamente<br />

1,7ma. Desde então, muitas ferramentas foram criadas e utilizadas,<br />

feitas com pedra, como únicas prováveis de permanecer no registro fóssil,<br />

e outras como madeira, caules, raízes, ossos, chifres e folhas. O que torna<br />

os humanos exclusivos não é o uso propriamente dito das ferramentas,<br />

mas sim o fato de que os humanos são os únicos com dependência delas,<br />

junto com os primitivos ancestrais. (RUSSO, 2005)<br />

O Homo Erectus é provavelmente o mais famoso de todos os ancestrais<br />

da linhagem humana, colocado como parte do gênero Homo, cujo fóssil<br />

mais importante e completo é um jovem chamado Turkana Boy, bem diferente<br />

de Lucy; eram altos, magros e carnívoros, praticando uma caça sistemática,<br />

como excelentes corredores. Eles habitaram o continente africano<br />

entre 2 milhões de anos e 300 mil anos, sendo o primeiro hominídeo a fazer<br />

coisas importantes, na linhagem humana, como deslocar-se e realizar a<br />

dispersão com longas caminhadas fora da África, como China e Europa,<br />

por motivos desconhecidos. Suposições sobre sua saída são feitas, como,<br />

talvez, tenha se dado por um clima desfavorável a sua sobrevivência ou<br />

mesmo por ter um espírito mais aventureiro que seus ancestrais. Essas<br />

espécies também já utilizavam fogo (descobertas de fogueiras fósseis encontradas),<br />

que foi de vital importância para sua sobrevivência, além do<br />

uso de embarcações primitivas. (RUSSO, 2005)<br />

O Homo sapiens é a espécie existente, hoje, que possui fósseis pelo<br />

mundo inteiro explicadas por duas hipóteses básicas. A primeira é o candelabro,<br />

que diz que o Homo erectus / Homo heidelbergensis se dispersou<br />

pelo mundo e, cada linhagem dessa dispersão,evoluiu para o Homo sapiens.<br />

Mas as principais hipóteses são: primeiro, a teoria multiregional diz<br />

66<br />

Uma História do Planeta Terra


que ocorreu uma migração de Homo erectus para fora da África, e, com o<br />

passar do tempo e do aumento da distância da migração, pouco a pouco<br />

se diferenciaram em Homo sapiens. Segundo, a teoria da saída da África,<br />

em que supõe que o Homo sapiens surgiu ainda na África a partir do Homo<br />

erectus e embarcou numa viagem para outros territórios, colonizando o<br />

mundo. Morfologicamente, os habitantes humanos são bem diferentes,<br />

bem como as feições de um africano são bem diferentes de um aborígine<br />

australiano e de um dinamarquês, levando a crer que houve uma separação<br />

das três linhagens sem grandes eventos de migração, o que leva os pesquisadores<br />

a aceitarem a terceira teoria como a da origem do Homo sapiens.<br />

(RUSSO, 2005)<br />

No Homo erectus, há 1,5 milhão de anos, a laringe está na mesma posição<br />

de uma criança de 8 anos, o que indica que eles possuíam uma boa<br />

capacidade para a vocalização. Tratando-se de linguagem escrita, o alfabeto<br />

que associa a letra ao som, como o atual, dá maior agilidade no<br />

aprendizado da leitura do que aquele que associa letra a ideia.Os Homo<br />

neanderthalensis viveram na Europa, logo após o grupo de Homo heidelbergensis<br />

se dividirem fora da África, provavelmente há 800 mil anos, chegando<br />

à Europa há, pelo menos, 300 mil anos e tinham um cérebro pouco<br />

maior que os humanos atuais, mas com um padrão de linguagem muito<br />

menos desenvolvido. Pelo padrão de sua caixa crania-na, talvez tenha saído<br />

da África por não aguentar a competição com o Homo Sapi-ens pelo<br />

desenvolvimento da linguagem, além de que os neandertais eram pobres<br />

em questões culturais, não conhecendo artes, ritos, cerâmicas e outros. O<br />

bipedalismo, o desenvolvimento do cérebro e da linguagem fizeram com<br />

que fosse possível transformar a cultura que mudou a cara dos ancestrais<br />

do homem. O uso de ferramentas foi o primeiro evento que possibilitou a<br />

sobrevivência e expansão humana, a agricultura e pecuária foi a segunda,<br />

permitindo que os ancestrais fossem capazes de armazenar e gerar comida,<br />

reduzindo a frequência das idas à floresta para caçar e coletar plantas,<br />

impulsionando o crescimento de vilas e cidades e, finalmente, as drogas<br />

medicinais, como terceiro evento, que combateram doenças, permitindo<br />

a expansão cada vez maior da raça humana até os dias atuais. (RUSSO,<br />

Uma História do Planeta Terra 67


2005). A seguir, a tabela ajuda a organizar melhor a ideia das transições até<br />

o aparecimento do atual Homo sapiens.<br />

.<br />

Tempo<br />

Espécie<br />

4,4 ma Ardipithecus<br />

3,2 ma Australopithecus afarensis (Lucy)<br />

3,0 à 2,5 ma Australopithecus africanus<br />

2,5 a 1,6 ma Homo habilis<br />

2 a 300 ma Homo erectus<br />

600 a 200 mil anos Homo heidelbergensis<br />

300 a 30 mil anos Homo neanderthalensis<br />

200 mil anos Homo sapiens<br />

Tabela 5 - Escala de tempo da evolução humana com seus ancestrais (STEPHEN, 2013)<br />

As sucessivas migrações de humanos em diferentes épocas e regiões podem<br />

ter permitido o encontro dessas populações fora da África. A vantagem<br />

adaptativa do Homo sapiens sobre seus ancestrais permitiu o domínio com a<br />

consequente eliminação dessas populações ancestrais. Trocas de DNA podem<br />

ter ocorrido entre essas populações em inúmeras regiões e épocas, com<br />

o passar desta história de expansão dos humanos, o que talvez explique os<br />

diferentes tipos humanos hoje encontrados. Não só as diferenças fenotípicas<br />

são ainda hoje percebidas, mas também diferenças culturais em diferentes<br />

regiões do planeta. Em pleno século 21, é surpreendente encontrarmos ainda<br />

algumas poucas populações de humanos, que por ficarem isoladas, ainda<br />

mantêm somente uma cultura de subsistência, como ocorre com pequenos<br />

grupos encontrados no interior da selva Amazônica.<br />

68<br />

Uma História do Planeta Terra


Capítulo 13<br />

A AVENTURA HUMANA FORA DA ÁFRICA<br />

Os humanos surgiram na África em um período que os continentes já se<br />

encontravam separados, no entanto, eles se dispersaram por todos os continentes<br />

numa época em que o conhecimento acumulado por eles era ainda<br />

incipiente. A tecnologia adquirida pelo Homo sapiens, naquela época, não<br />

permitia ainda a construção de grandes embarcações, mas era suficiente<br />

para a sua subsistência. Quando os europeus chegaram aos diferentes continentes<br />

em torno do ano de 1500 DC e 1600 DC, em suas embarcações,<br />

encontraram populações indígenas com hábitos muito simples, como os<br />

aborígenes na Austrália e indígenas nas Américas. Nas Américas, já havia<br />

algumas populações bastante sofisticados, como no caso da civilização Asteca<br />

e Maya, no México e dos Incas, no Peru. Esses nossos ancestrais é<br />

que verdadeiramente haviam conquistado as Américas e não os europeus.<br />

(MCEVOY, 2011)<br />

Como então, eles foram capazes de cruzar oceanos? O nível dos oceanos,<br />

nos períodos glaciais, abaixou o suficiente para que os humanos pudessem<br />

realizar essa travessia em embarcações primitivas ou mesmo a pé? Nos períodos<br />

glaciais, o gelo acumulado foi suficiente para formar pontes entre os<br />

continentes que permitiram nossos ancestrais a cruzá-los? Mesmo que isso<br />

fosse possível, que tecnologia foi utilizada para mantê-los aquecidos, se, no<br />

gelo, provavelmente, não havia lenha para ser queimada e os manter aquecidos?<br />

Como se constata, há muitas perguntas a serem respondidas e os<br />

cientistas têm procurado utilizar toda a sorte de informações que possam<br />

dar pistas para elucidar esses problemas, como, por exemplo, estudos morfológicos<br />

de fósseis, datação das rochas onde os fósseis são encontra-dos<br />

e, mais modernamente, com o estudo de DNA. Dentro da ideia da saída dos<br />

Uma História do Planeta Terra 69


Homo sapiens em migrações sucessivas para fora da África, as investigações<br />

mais recentes indicam que os ancestrais dos aborígenes foram os primeiros<br />

Homo sapiens a saírem da África e rumarem para leste, chegando<br />

na Ásia, passando pela costa da Índia. Da Ásia, rumaram para o sudeste<br />

asiático, chegando à Oceania. Enquanto os aborígenes se espalhavam, os<br />

ancestrais dos asiáticos e europeus continuavam na África e só mais tarde<br />

eles começariam o processo de migração. Ao longo desse novo processo<br />

migratório, essa nova população provavelmente encontrou as populações<br />

anteriores que haviam deixado a África como os Homo erectus, Homo heidelbergensis,<br />

Homo neanderthalensis e os ancestrais dos atuais aborígenes<br />

que já eram Homo sapiens. (MCEVOY, et al., 2011)<br />

Nesta segunda onda de migração, os ancestrais dos europeus saíram da<br />

África, passaram pelo Oriente Médio e, eventualmente, chegaram à Europa<br />

e conviveram com o Homo neanderthalensis e Homo heidelbergensis. Os<br />

ancestrais dos asiáticos que deixaram a África nesta nova onda migratória<br />

percorreram alguns caminhos semelhantes aos ancestrais dos europeus,<br />

porém não rumaram diretamente para a Europa, mas sim para Índia, nordeste<br />

da Ásia, sudeste asiático, Polinésia e chegaram à Nova Zelândia. Mais<br />

tarde, um grupo desses ancestrais asiáticos rumou para a Europa formando<br />

um grupo de euroasiáticos. (HENN, et al., 2012)<br />

O quanto houve de troca genética entre essas populações é difícil precisar<br />

no momento, mas, com as técnicas mais modernas de estudos do DNA,<br />

pouco a pouco estamos avançando nesse conhecimento. Alguns resultados<br />

sugerem que os primeiros imigrantes da Ásia ficaram cerca de 15.000 anos<br />

em Beringia (uma região entre a Sibéria e Alasca) antes de se mudarem para<br />

o sul. Depois de uma longa paralisação naquele local, alguns avançaram em<br />

direção à América do Norte. Uma equipe internacional de pesquisadores em<br />

genética, patrocinados pela Sociedade National Geographic, está analisando<br />

o DNA de povos indígenas em torno do mundo. Eles estão usando esses dados<br />

genéticos para definir a ancestralidade genética dos povos indígenas do<br />

mundo e da história migratória da humanidade.(HENN, et al., 2012)<br />

Outros pesquisadores reúnem dados de DNA de povos indígenas de vários<br />

continentes e os combinam com as informações existentes da arqueologia,<br />

da linguística e da história. Através da combinação dos dados genéticos<br />

com esses ou-tros tipos de informação, os pesquisadores envolvidos<br />

70<br />

Uma História do Planeta Terra


procuram juntar como os humanos modernos povoaram o planeta (HARRIS<br />

et. al., 2013). O genoma de 53 populações diferentes revelou que eles se separaram<br />

em apenas três grupos genéticos: os africanos, os euroasiáticos<br />

e os leste-asiáticos (que inclui os indígenas das Américas, povos da Ásia<br />

Oriental, Japão, Sudeste da Ásia, e Oceania). Os primeiros grupos humanos<br />

a chegarem à América vieram da Ásia. A teoria mais popular é a chamada<br />

“teoria da ponte terrestre da Beríngia”, onde os primeiros humanos migraram<br />

do nordeste da Ásia para o Alasca durante a última idade de gelo pela ponte<br />

terrestre e depois migraram para o sul através de um corredor livre de gelo,<br />

no interior do continente da América do Norte, onde hoje é o mar de Beríngia,<br />

através de uma lacuna entre o Laurenrian e camadas de gelo glacial nas<br />

cordilheiras. Evidências arqueológicas de culturas Folsom e Clovis, no Novo<br />

México, datam de 10 a 11 mil anos atrás, e outros fósseis, em uma caverna,<br />

datam de 12 a 12.5 mil anos; tendo como base essas datas, acredita-se que<br />

a migração original se iniciou na Ásia provavelmente por volta de 14 mil anos<br />

atrás. A segunda, menos popular e para alguns pesquisadores a mais provável,<br />

é a “teoria da migração costeira”, que fala sobre os primeiros americanos<br />

serem migrantes vindo do noroeste da Ásia, através da costa do pacífico, em<br />

algum tipo de embarcação primitiva, que vieram parando em refúgios livres<br />

de gelo ao longo do caminho.<br />

Com a continuação dessa aventura, eventualmente encontram acesso ao<br />

interior do continente da América do Norte. Evidências mostram que possivelmente<br />

o corredor de gelo não se abriu através das camadas de gelo glacial<br />

até cerca de 11 mil anos atrás, impedindo a passagem desses humanos.<br />

Muitos locais pré-Clóvis, encontrados na América do Norte, na ilha de Santa<br />

Rosa, na Califórnia, e também na América do Sul, em Monte Verde, no Chile,<br />

são mais velhos que isso, o que faz a teoria da migração costeira mais plausível.<br />

Outra evidência indica que havia locais livres de gelo ao longo da costa<br />

norte da América do Norte que eram acessíveis de barco há uns 16 mil anos<br />

atrás. O arqueólogo canadense Daryl Fedje e o antropólogo E. James Dixon<br />

mostram que no período de Clóvis havia explorações de recursos ao longo<br />

da costa do Canadá e do Alasca. (HARRIS et. al., 2013).<br />

Uma História do Planeta Terra 71


Figura 15 - Esquema apresentando possíveis rotas de dispersão na nas Américas. (Autoria própria, baseado<br />

em: WONG, 2011)<br />

De acordo com o esquema apresentado na figura acima, na rota costeira, exploradores<br />

vindos do leste da Ásia podem ter navegado pequenos barcos para<br />

o sul da Beríngia e pela costa oeste das Américas, começando tão cedo quanto<br />

16.000 anos atrás. A costa da colônia britânica era livre de gelo até então, e os<br />

migrantes poderiam ter acesso a uma boa quantidade de mamíferos marinhos<br />

e peixes. A parte mais antiga conhecida do lugar, Monte Verde, no Chile, data de<br />

14.600 anos atrás. O descongelamento posterior das camadas de gelo pode ter<br />

feito o nível do mar se elevar, inundado os locais mais antigos ao longo da Linha<br />

Costeira Anciã, apagando as evidências (WONG, 2011)<br />

Os construtores de barcos do sudeste da Ásia podem ter sido um dos primeiros<br />

grupos a chegar às costas da América do Norte. Há uma teoria sugerindo<br />

que pessoas em barcos seguiram das costas das Ilhas Kurilas para o Alasca e,<br />

posteriormente, para o sul na Costa do Norte e América do Sul, próximo ao Chile.<br />

Uma nação chamada Haida pode ter se originado a partir destes marinheiros<br />

primitivos asiáticos entre 25 e 12 mil anos atrás. Essa migração com embarcações<br />

explicaria a habitação de zonas costeiras na América do Sul, Pikimachay,<br />

no Peru, uns 20 mil anos atrás e, no Chile, uns 13 mil anos atrás. Também<br />

segundo Jon Erlandson, antropólogo na Universidade de Oregon, no Japão há<br />

indícios do uso de embarcações há 20 mil anos atrás. (HARRIS et. al., 2013)<br />

72<br />

Uma História do Planeta Terra


Figura 16 - Mapa com dados acerca dos mais antigos fósseis humanos já encontrados no mundo. (Autoria<br />

própria, baseado em: HARRIS et. al., 2013)<br />

Nesse caso, o mapa acima é a principal fonte de referência para as ilustrações<br />

contidas no vídeo, para mostrar as possíveis rotas e quais espécies de<br />

seres humanos se aventuraram na descoberta de novos territórios, abrindo<br />

a abrangência de sua cultura, civilização, expansão e características físicas,<br />

sociais e outras.<br />

Uma História do Planeta Terra 73


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