Acordos e Trapaças

Referências
e Deferência
Há referências muito fáceis de se perceber
nas aventuras do Fantasma Escarlate.
Não há só elementos dos Comics americanos
clássicos, mas também dos Tokusatsu
japonêses, tipo os equipamentos especiais,
que são transportados para o usuário no
momento em que são necessários.
Mas há outras referências, bem mais
sutis, que permeiam a estrutura das HQs
do personagem. Os desenhos animados
da Hanna-Barbera, produzidos no final
da Década de 1960, são uma forte fonte
de inspiração. Os roteiros simples e extremamente
efetivos das aventuras de heróis
como o Homem-Passaro, Mightor, Herculóides,
Frankenstein Jr. e, é claro, Space
Ghost, são uma verdadeira aula na composição
de aventuras curtas.
A estrutura das animações, que
previa uma duração máxima de nove
minutos por episódio, é um correlato
perfeito para as histórias de quatro
páginas do Fantasma Escarlate.
Essas séries utilizavam uma fórmula
constante para criar os roteiros
de cada episódio. Assim, variando os
antagonistas e alguns poucos elementos,
tinha-se inúmeras histórias para
ser contadas.
Essa forma de produção de roteiros
é muito criticada pelos escritores
“sérios”, pois, sem dúvida parece ser
uma forma preguiçosa de se fazer as
coisas e o resultado final acaba ficando
sempre parecido e previsível.
Você sabe que o planeta dos Herculóides
será atacado por algum invasor
alienígena, e que depois de algum conflito,
o vilão será derrotado por Zandor
e sua família, com a ajuda dos bichos de
estimação mais irados da galáxia. É de
se esperar que o Homem-Passaro fique
sem energia e, no último momento, banhe-se
nos raios solares, recuperando
seus poderes para, então, derrotar o inimigo
da vez.
Só por que você sabe o que vai
acontecer, todavia, não quer dizer que
não seja divertido. Além disso, a escrita
formuláica é uma ferramenta de produção
deliciosamente maleável. Se o autor
conhecer bem sua fórmula e souber
o ponto certo de subverter o conceito,
pode gerar resultados surpreendentes.
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