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FINALISTAS DE DESIGN DE MODA<br />
NA PLATAFORMA BLOOM<br />
O VERÃO SEGUNDO<br />
OS NOVOS TALENTOS<br />
DO MODATEX<br />
O desfile de seis finalistas do Modatex Porto<br />
encerrou o espaço Bloom do Portugal<br />
Fashion. Numa manhã dedicada às escolas<br />
de moda do Porto, a nova geração de designers<br />
do Modatex deixou uma marca de criatividade<br />
e ousadia.<br />
O desfile dos finalistas de Design de Moda<br />
do Modatex Porto encerrou as apresentações<br />
no âmbito da plataforma Bloom, que<br />
desta vez levou os novos talentos da moda<br />
nacional para um espaço em pleno centro da<br />
cidade. Nos dias 13 e 14 de outubro o Palácio<br />
dos CTT recebeu a apresentação das coleções<br />
de jovens designers em desfiles abertos<br />
ao público.<br />
O último destes desfiles levou à passerelle<br />
as propostas de Sofia Martins, Filipa Cruz,<br />
Vânia Moreira, Filipe Augusto, Ana João Azevedo<br />
e Beatriz Arrojado.<br />
Sofia Martins inspirou-se no quadro “Pessoa<br />
Militar”, de Boris Orlov, uma obra que<br />
retrata os heróis militares soviéticos. Este<br />
quadro “desafiou” a criadora para uma viagem<br />
até aos têxteis russos, às suas imagens<br />
gráficas, blocos de cor e estruturas rígidas.<br />
Esta coleção apresenta jogos de cor e macro<br />
grafismos, refletindo assim múltiplas referências<br />
visuais, a par do uso da pele e do<br />
ecletismo das combinações. Os volumes rígidos<br />
e oversized criam um universo em que<br />
austeridade é a palavra de ordem.<br />
Para criar “Asylum” Filipa Cruz inspirou-<br />
-se no ambiente e vestuário de um hospital<br />
psiquiátrico, refletindo sobre os distúrbios<br />
psicológicos do ser humano. “O afastamento<br />
das convenções e da realidade, a necessidade<br />
de acumular e não saber parar, influenciam<br />
a exploração de materiais e texturas<br />
desenvolvidas, originando uma linguagem<br />
de sobreposições aleatórias e criação de novos<br />
materiais”, explica a designer na memória<br />
descritiva. Volumes exagerados e acabamentos<br />
crus surgem em propostas em que a<br />
paleta de beges e branco transporta para um<br />
ambiente debilitado e obsessivo.<br />
Vânia Moreira apresentou “Memorabilia”,<br />
uma coleção que teve como ponto de partida<br />
o que nos ocupa o lugar mais profundo e<br />
intocável da mente. Nas suas propostas para<br />
a estação quente está patente o contraste<br />
entre o conforto e a envolvência de cupros<br />
em tons acinzentados, onde despontam<br />
estampados cor de chumbo como fragmentos<br />
ou resquícios de memórias, sobre uma<br />
aparente rigidez de formas construídas com<br />
pregas e jogos de perspetivas.<br />
“chtmAd”, de Filipe Augusto, inspira-se<br />
num ambiente de hospital e nas manchas de<br />
pessoas indistintas que percorrem os seus<br />
corredores. Um laranja perturba a paleta fria<br />
e impessoal de azuis e verdes, tornando-se<br />
um foco de atenção. As formas reinterpretam<br />
os uniformes indistintos e os materiais<br />
de aspeto clínico e assético reforçam esta<br />
memória.<br />
“Klohz-Lahyn” foi o tema da coleção de<br />
Ana João Azevedo (Jour de Fête), inspirada<br />
no estendal, um objeto do quotidiano que é<br />
apresentado sob dois pontos de vista: produto<br />
e peça de arte. A coleção utiliza esta dualidade<br />
e inspira-se na alfaiataria, com cortes<br />
clássicos e oversized, que se desconstroem<br />
e se misturam com drapeados e detalhes de<br />
underwear. A contemporaneidade é conseguida<br />
pela utilização de uma paleta neutra<br />
de nude, cinzas, preto e azul, em materiais<br />
como a mesh e uso de ferragens.<br />
Beatriz Arrojado apresentou “A rapariga<br />
que queria ser um pássaro”, que teve como<br />
ponto de partida uma rapariga que lia contos<br />
infantis e que, ao crescer, percebeu que<br />
a realidade era muito diferente deste mundo<br />
de fantasia. A anatomia e fisiologia dos<br />
pássaros inspiram as formas e os drapeados<br />
que envolvem a “rapariga-pássaro”. As proporções<br />
são intencionalmente desproporcionais,<br />
remetendo para o imaginário infantil<br />
e para o universo dos contos que lia. A paleta<br />
inspirada em pardais e os materiais envelhecidos,<br />
com apontamentos de brilho, criam<br />
um imaginário fantasioso e utópico.<br />
Fotografia Diana Silva · Designer Filipa Cruz<br />
40<br />
VESTIR 77