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casamento, o papel da mulher era apenas cuidar dos filhos e do marido e, em matéria <strong>de</strong><br />
relação sexual, procriar, com isso tem-se a “instituição do casamento cristão,<br />
monogâmico e indissolúvel” (LE GOFF, 2008, p. 63).<br />
Ocorre que, com o <strong>de</strong>senrolar da história, as concepções sociais acerca do <strong>Amor</strong>, bem<br />
como dos sentimentos que entrelaçam os homens, tornaram-se “flexíveis” (BAUMAN,<br />
2004).<br />
Tais acontecimentos justificam-se nas consequências trazidas pelo período <strong>de</strong><br />
racionalização da história, bem como em <strong>de</strong>corrência do avanço da tecnologia (criação<br />
das “re<strong>de</strong>s” <strong>de</strong> relacionamentos), oportunida<strong>de</strong> em que as relações afetivas e sociais dos<br />
homens tornaram-se virtuais (BAUMAN, 2004).<br />
Assim salienta Bauman (2004, p. 8) o autor no prefácio da sua obra,<br />
“Elas são “relações virtuais”. Ao contrário dos relacionamentos antiquados<br />
(para não falar daqueles com “compromisso” muito menos dos<br />
compromissos <strong>de</strong> longo prazo), elas parecem feitas sob medida para o líquido<br />
cenário da vida mo<strong>de</strong>rna, em que se espera e se <strong>de</strong>seja que as “possibilida<strong>de</strong>s<br />
românticas” (e não apenas românticas) surjam e <strong>de</strong>sapareçam numa<br />
velocida<strong>de</strong> crescente e em volume cada vez maior, aniquilando-se<br />
mutuamente e tentando impor aos gritos a promessa <strong>de</strong> “ser a mais<br />
satisfatória e a mais completa”. Diferentemente dos “relacionamentos reais” é<br />
fácil entrar e sair dos “relacionamentos virtuais”.<br />
A amiza<strong>de</strong>, o amor, os relacionemos que outrora eram duradouros e paulatinamente<br />
construídos, passam a ser flexibilizados e apagados apenas com um “click”.<br />
Numa perspectiva da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, ou da pós mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, o amor passa a ser fluído.<br />
Aqui a história do amor toma outros contornos. O pensador da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>,<br />
Bauman (2004), investiga o porquê que as relações humanas estão cada vez mais<br />
flexíveis, gerando, como <strong>de</strong>corrência fluida, uma insegurança social.<br />
O <strong>Amor</strong>, nos indos da socieda<strong>de</strong> atual, tornou-se objeto <strong>de</strong> consumo, posto, como em<br />
um mercado <strong>de</strong> sentimento, à prova e consumo <strong>de</strong>svairado <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>.<br />
Em sendo assim, é que se po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o fato da insegurança social, vez que todo<br />
esse <strong>de</strong>senvolvimento fluído e célere do <strong>Amor</strong> e dos sentimentos <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>le (a<br />
exemplo do cuidado), causam uma espécie <strong>de</strong> “<strong>de</strong>sconforto moral” em uma socieda<strong>de</strong><br />
que ainda está fundada em ensinamentos morais dicotômicos.