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Chamas na Escuridao - Sadie Matthews

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direito. Acabamos ficando melhores, apesar disso, e eu não conseguia me<br />

imagi<strong>na</strong>r fazendo aquilo com mais ninguém. Como poderia ser tão carinhoso e<br />

gostoso se não fosse com o Adam? Adorava quando ele me beijava e me<br />

segurava em seus braços e me dizia que me amava mais que tudo. Eu nem<br />

mesmo olhava para outros homens.<br />

Pare de fazer isso consigo mesma, Beth! Pare de se lembrar. Não o deixe mais<br />

te machucar.<br />

Não quero essas lembranças, mas elas perfuram minha mente de qualquer<br />

jeito. Eu vejo, da mesma forma que vi <strong>na</strong>quela noite horrível. Estava cuidando<br />

do filhinho dos vizinhos e esperava ficar por lá até bem depois da meia-noite.<br />

Acontece que os vizinhos voltaram mais cedo porque a esposa estava com uma<br />

enxaqueca forte demais. Eu estava livre, eram só dez da noite e fui paga pela<br />

noite inteira.<br />

Vou fazer uma surpresa para o Adam, decidi, feliz da vida. Ele morava <strong>na</strong><br />

casa do seu irmão Jimmy, pagando um aluguel barato para ficar no quarto livre.<br />

Jimmy estava viajando, então Adam planejou levar alguns amigos para beber<br />

cerveja e ver um filme. Ele pareceu chateado quando eu disse que não poderia<br />

participar, então ficaria feliz quando eu aparecesse de surpresa, eu pensei…<br />

A memória é tão clara que é como se estivesse vivendo aquilo de novo,<br />

andando pela casa escura, surpresa por não ter ninguém lá, me perguntando<br />

aonde os rapazes tinham ido… A televisão estava desligada, ninguém deitado no<br />

sofá, abrindo latinhas de cerveja ou fazendo piadinhas com o filme. Minha<br />

surpresa já era, percebi… Talvez Adam tivesse ficado doente e estivesse de<br />

cama. Ando pelo corredor em direção à porta de seu quarto. Conheço o lugar tão<br />

bem, que era como andar em minha própria casa.<br />

Estou girando a maçaneta, dizendo “Adam?” em voz baixa, caso ele já esteja<br />

dormindo. Vou entrar de qualquer maneira, e caso ele já esteja dormindo, vou<br />

olhar para aquele rosto que amo tanto e pensar no que ele poderia estar<br />

sonhando, talvez dar um beijo em sua bochecha, deitar ao seu lado…<br />

Abro a porta. O abajur está aceso, aquele que ele gosta de envolver com um<br />

cachecol vermelho quando fazemos amor, para ficarmos à sombra − <strong>na</strong><br />

verdade, o quarto está com um brilho fraco de cor escarlate, então talvez ele não<br />

esteja dormindo ainda. Pisco os olhos <strong>na</strong> semiescuridão. O edredom está se<br />

movendo. O que está acontecendo aqui?<br />

“Adam?”, digo novamente, dessa vez mais alto. O movimento para, e então a<br />

forma sob o edredom muda. Ele se desdobra e vejo…<br />

Contraio-me de dor com a memória, fechando meus olhos com força como<br />

se isso fosse bloquear as imagens em minha cabeça. É como um velho filme que<br />

não para de passar, mas dessa vez desligo com firmeza o interruptor mental, tiro<br />

o De Havilland do meu colo e o ponho no sofá ao lado. Relembrar ainda me<br />

derruba e me deixa acabada. A razão por que vim para cá é seguir em frente, e

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