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Nova Esperança.O Guarda Chuva Branco (2)

Em um Reino distante as pessoas são descriminadas de acordo com a cor de guarda chuva que usam.Paralelamente uma grande estiagem se faz presente em toda a extensão desse reino. O quê fazer? Descubra o que acontece quando a natureza é maltratada pelo homem.

Em um Reino distante as pessoas são descriminadas de acordo com a cor de guarda chuva que usam.Paralelamente uma grande estiagem se faz presente em toda a extensão desse reino. O quê fazer? Descubra o que acontece quando a natureza é maltratada pelo homem.

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‘<strong>Nova</strong><br />

<strong>Esperança</strong>’<br />

Onde a Tirania<br />

Impera(va)<br />

Roque Batista<br />

2017


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Dedicatória<br />

A minha mãe e irmãos<br />

Esposa e filhos<br />

Amigos (todos que conheci<br />

na nossa longa caminhada)<br />

Que a leitura seja motivo de<br />

prazer e reflexão sobre o<br />

nosso planeta e,<br />

Que estamos fazendo para<br />

torna-lo melhor?<br />

[ 2 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

A chuva cessa<br />

E novamente brilha o sol<br />

Cai uma noite vazia<br />

E uma luz se acende<br />

Escondendo a escuridão<br />

Dorme em paz<br />

Em teu leito<br />

Na tua morada, é Rei.<br />

[ 3 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

CAPITULO I – (O <strong>Guarda</strong> <strong>Chuva</strong><br />

<strong>Branco</strong>)<br />

Em um lugar muito distante existia<br />

um reino, no qual as pessoas eram<br />

conhecidas e descriminadas pela cor<br />

do guarda-chuva que usavam. Por<br />

decreto do rei cada habitante usaria a<br />

cor de acordo com sua posição social.<br />

A cor branca era proibida em todo o<br />

reino.<br />

O rei Mirus I era o soberano, havia<br />

herdado a coroa por ter desposado a<br />

princesa Alva e como a mesma era<br />

[ 4 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

filha única, com a morte de seus pais,<br />

ela tornou-se a Rainha e Mirus<br />

consequentemente o Rei. A rainha<br />

Alva não se importava com os<br />

problemas existentes no reino, deixou<br />

tudo a cargo do rei. Ela queria apenas<br />

desfrutar das riquezas e dos prazeres<br />

que sua condição social lhe conferia.<br />

Assim, Mirus I desfrutava de todo o<br />

poder.<br />

Naquele tempo, a chuva era<br />

abundante por todo o reino, e foi com<br />

grande satisfação que descobriram o<br />

guarda-chuva, o qual o chamavam de<br />

[ 5 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

protetor de água. Ele ficara conhecido<br />

no reino através de um viajante de<br />

outras terras que contou sobre a<br />

existência do tal invento. Logo que<br />

ficou sabendo da noticia, o rei<br />

convocou os seus sábios e juntamente<br />

com o visitante, começou a construir<br />

os protetores de água. Depois de sua<br />

aprovação, todos no reino puderam<br />

utilizar o novo invento ( mas já<br />

conhecido em outros reinos<br />

distantes), Entretanto, o rei emitiu um<br />

decreto regulamentando o uso do<br />

guarda-chuva, ou seja, cada um<br />

[ 6 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

deveria usar uma cor de acordo com<br />

sua posição social no reino que e<br />

tivesse dinheiro suficiente para<br />

desfrutar do tal invento.<br />

Assim era o decreto do rei:<br />

“Eu, Mirus I, declaro que todos nesse<br />

reino poderão usar o nosso novo<br />

invento, desde que sejam seguidas as<br />

minhas determinações;”<br />

I – A cor branca é vetada ao uso<br />

II – A cor amarela é de uso exclusivo<br />

de vosso rei Mirus I<br />

[ 7 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

III– A cor azul é de uso exclusivo de<br />

vossa majestade a rainha Alva.<br />

IV – Todos os conselheiros deverão<br />

usar a cor verde<br />

V – A cor preta é reservada aos<br />

soldados e oficiais do reino<br />

VI – Todos os demais, que não<br />

tenham um cargo no palácio, deverão<br />

usar a cor cinza, salvo o Bobo da<br />

Corte, que não usará cor alguma.<br />

[ 8 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Publique-se em todas as<br />

dependências do reino.<br />

Mas porque foram escolhidas essas<br />

cores pelo rei?<br />

A explicação foi dada pelo próprio<br />

soberano em uma reunião com seus<br />

conselheiros, na qual utilizou os<br />

seguintes argumentos<br />

- Eu, como rei, usarei a cor amarela<br />

que representa toda a riqueza<br />

existente na terra e todo o poder que<br />

emana do céu. A rainha usará o azul<br />

que representa a beleza do céu, do<br />

[ 9 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

mar e todo o infinito, e acima do céu<br />

anil, está somente o astro rei. Vocês<br />

conselheiros, usarão o verde que<br />

representa o verde da terra, as<br />

florestas e as plantações. Os<br />

camponeses cuidam de toda minha<br />

plantação, e vocês são os<br />

representantes deles em meu reino.<br />

Os soldados usarão a cor negra para<br />

mostrar o medo e o terror , porque o<br />

povo tem que temer seus governantes.<br />

E secretamente o rei pensava; “Não<br />

existe escuridão quando se acende<br />

uma luz”<br />

[ 10 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Quanto ao Bobo da Corte, ele mesmo<br />

se explicava;<br />

-Eu, como Bobo, não tenho direito de<br />

usar um guarda chuva, pois nos dias<br />

chuvosos o rei irá achar engraçado eu<br />

estar sempre molhado correndo na<br />

chuva. Quanto ao povo , isso eu<br />

também posso explicar: A cor cinza<br />

representa uma cor opaca, uma cor<br />

triste, e dizem que os piores dias são<br />

cinzentos. Assim, o rei terá sempre<br />

um povo triste e oprimido, sem tempo<br />

de pensar em uma vida melhor.<br />

[ 11 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Com todos esses argumentos, estava<br />

explicado o motivo da escolha dessas<br />

cores para todos do reino.<br />

O tempo foi passando, passando...<br />

Todos já estavam habituados ao uso<br />

daquelas cores. Ninguém nem<br />

lembrava a existência de outras.<br />

Entretanto, ocorreu algo que fez todos<br />

reativarem suas memórias. Surgiu um<br />

estranho na estrada que estava se<br />

dirigindo ao reino e utilizava um<br />

guarda chuva de cor branca. Foi um<br />

burburinho geral. Todos se reuniram<br />

na praça para ver o acontecimento,<br />

[ 12 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

principalmente as crianças que<br />

nunca tinham visto um guarda chuva<br />

daquela cor. Logo a notícia correu<br />

por todos os lados e<br />

consequentemente chegou aos<br />

ouvidos do rei.<br />

O rei determinou ao chefe da guarda<br />

que reunisse alguns soldados e fosse<br />

buscar o estranho que estava<br />

contrariando uma ordem sua, e o<br />

trouxesse a sua presença. “Quem será<br />

esse forasteiro?”. Pensou o rei.<br />

[ 13 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

O forasteiro em questão era Mirtrus,<br />

apesar de ter um nome parecido com<br />

o do rei, nada tinham em comum Era<br />

um viajante solitário. No decorrer da<br />

sua vida já havia conhecido vários<br />

lugares diferentes e cada local que<br />

chegava, sempre havia um problema<br />

para resolver.(ali não seria<br />

diferente).Ele chegou com um<br />

propósito, e tudo seria mudado com o<br />

correr do tempo, Mirtrus sabia disso.<br />

Em outras terras, encontrou também<br />

a opressão, exploração do povo.<br />

Agora ele veria como era a situação<br />

[ 14 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

naquele reino e como seria o rei?<br />

amado pelos seus súditos? ou um<br />

tirano que deveria ser deposto? Suas<br />

perguntas ficaram no ar.<br />

Quando Mirtrus chegou a praça, os<br />

soldados do rei já estavam próximos,<br />

cercando-o.<br />

- Quem é você forasteiro? Que está<br />

fazendo aqui? Perguntou-lhe o oficial<br />

da guarda real.<br />

-Eu sou um viajante cansado e<br />

espero receber uma boa recepção por<br />

parte de vosso soberano. É de praxe<br />

em toda região um viajante ser bem<br />

[ 15 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

recebido por todos, pois ele sempre<br />

pode estar trazendo boas notícias.<br />

- É verdade. Retrucou o oficial. – Mas<br />

desde que esse viajante não infrinja<br />

nenhuma lei<br />

- Creio Senhor, que não estou<br />

infringindo nenhuma lei nesse reino,<br />

pois acabei de chegar<br />

- Aqui é proibido o uso de um<br />

guarda chuva com cores que não<br />

sejam designadas pelo nosso rei, e<br />

você está usando uma cor proibida.<br />

-Como poderia eu saber? Eu não sou<br />

daqui<br />

[ 16 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

-Acho que o forasteiro deveria ter<br />

lido todos os decretos existentes que<br />

ficam expostos na entrada da cidade,<br />

mas caberá ao rei decidir o que fazer<br />

a respeito . O senhor terá que nos<br />

acompanhar até o castelo<br />

Assim, o forasteiro foi levado a<br />

presença do rei.<br />

Enquanto os soldados se retiraram, o<br />

povo ficou discutindo na praça qual<br />

seria a sorte do forasteiro. Alguns<br />

diziam que ele poderia ser<br />

guilhotinado, outros retrucavam<br />

.”Como poderia ser condenado se ele<br />

[ 17 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

não era dali, e dificilmente saberia<br />

sobre esse decreto do rei”<br />

Foi a noticia do dia, o comentário era<br />

geral, ninguém sabia o que iria<br />

ocorrer. Mas enquanto isso, o<br />

forasteiro era interrogado pelo rei.<br />

-Qual é o seu nome? Perguntou-lhe<br />

o rei.- E o que está fazendo em meu<br />

reino?<br />

- Meu nome é Mirtrus majestade.<br />

- Qual o motivo de sua aparição por<br />

aqui?<br />

- Sou apenas um viajante em busca<br />

da paz<br />

[ 18 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Que paz, aqui nós sempre vivemos<br />

em paz, por acaso está fugindo de<br />

uma guerra?<br />

-Não majestade, eu viajo pelos<br />

quatro cantos do mundo. Eu luto<br />

contra a tirania em qualquer lugar<br />

que encontro e parece que aqui<br />

também terei que iniciar uma luta<br />

- Como ousas falar assim? Acaso me<br />

chama de tirano? Saiba que sou o rei<br />

e todos me obedecem. Aqui todos são<br />

felizes. Pergunte a qualquer cidadão.<br />

- Será mesmo majestade.<br />

[ 19 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Como poderiam as pessoas ser<br />

felizes se não podem nem escolher a<br />

cor que gostariam de usar?<br />

=Até hoje ninguém reclamou de nada<br />

- E o que aconteceria se<br />

reclamassem.<br />

- Seriam presos, ninguém discute<br />

uma ordem do rei.<br />

- E depois o senhor diz que não é um<br />

tirano?<br />

- Cale-se.- <strong>Guarda</strong>s. Levem-no daqui.<br />

-Prendam-no. -Depois eu decidirei o<br />

que fazer com ele.<br />

[ 20 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Sem conseguir mais dialogar com o<br />

rei, Mirtrus foi preso e levado ao<br />

calabouço do castelo.”Acho que vai<br />

ser difícil mudar o pensamento do rei,<br />

ele parece ser louco”.Pensava Mirtrus.<br />

O tempo foi passando...passando. A<br />

vida no reino continuava como antes.<br />

O rei com outros afazeres, nem<br />

sequer lembrava que tinha um<br />

prisioneiro em seu castelo. Mas tudo<br />

começou a mudar. O reino iria passar<br />

por sérias dificuldades. Depois da<br />

chegada do forasteiro, nunca mais<br />

[ 21 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

choveu naquele lugar. Foi assim que<br />

as coisas começaram a piorar<br />

.<br />

[ 22 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

CAPITULO II – (O Mago)<br />

Com o reino passando por sérias<br />

dificuldades, o rei convocou uma<br />

reunião com todos seus conselheiros .<br />

Ele queria saber como andavam as<br />

coisas por toda a extensão de suas<br />

terras, mas as notícias não eram nada<br />

animadoras para o rei, ou melhor,<br />

para todo o reino.<br />

- Majestade! Dizia um dos<br />

conselheiros. - As nossas florestas<br />

estão extinguindo-se , houve uma<br />

grande derrubada de árvores e agora<br />

[ 23 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

com essa seca que assola nosso reino,<br />

estão ocorrendo várias queimadas, e<br />

solo fica impróprio para novas<br />

plantações.<br />

- Majestade! Dizia outro. - O<br />

garimpo existente trouxe várias<br />

consequências para o leito do rio,<br />

deixou a água poluída, os peixes estão<br />

morrendo, logo não haverá pesca<br />

para a população. Cada dia está mais<br />

difícil de encontrar ouro para<br />

enriquecer vossa majestade.<br />

Até o astrônomo não tinha boas<br />

notícias para informar:<br />

[ 24 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Senhor, quero informa-lo que o céu<br />

já não está mais azul como antes.<br />

Com as queimadas existentes o céu<br />

está totalmente cinzento e não<br />

consigo nem mais ver as estrelas, isso<br />

para mim é um mau presságio.<br />

O rei ficou pensativo por alguns<br />

minutos e depois falou:<br />

O cinza é a cor do povo, e<br />

continuando assim, pensarão que é<br />

um aviso dos deuses e poderão se<br />

rebelar contra o rei. Isso não pode<br />

acontecer. Temos que fazer alguma<br />

coisa urgente.<br />

[ 25 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Foram convocados todos os sábios<br />

existentes no reino e o rei deixou a<br />

eles a difícil missão de encontrar uma<br />

solução para todos os problemas. O<br />

povo também estava ficando<br />

impaciente com a situação atual , já<br />

não podiam pescar nem plantar .<br />

Logo haveria escassez de alimentos. O<br />

povo poderia suportar a tudo, menos<br />

verem seus filhos passarem fome .Se<br />

isso ocorresse, haveria uma revolta<br />

geral<br />

Passando algum tempo, os sábios<br />

retornaram a presença do rei, mas<br />

[ 26 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

não traziam nenhuma solução,<br />

segundo eles, nada poderia ser feito<br />

contra as forças da natureza.<br />

Entretanto, deveriam procurar a<br />

causa para tudo que estava<br />

ocorrendo.<br />

- ajestade, a única pessoa que pode<br />

ter conhecimento desse mal que se<br />

abate sobre vosso reino, é o Mago que<br />

vive nas montanhas do Sul. Nós não<br />

temos poder algum sobre a natureza.<br />

- E onde está esse Mago, traga-o na<br />

minha presença imediatamente.<br />

[ 27 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Infelizmente, não podemos fazer<br />

isso, o Mago só aparece quando quer.<br />

- Creio que vossa majestade deverá<br />

enviar alguém até as terras do Sul<br />

para tentar encontra-lo.<br />

Já preocupado com a situação, o rei<br />

resolveu ir pessoalmente as terras do<br />

sul para encontrar o Mago, assim<br />

poderia ver com seus próprios olhos<br />

tudo que estava ocorrendo em toda<br />

extensão do reino. Escolheu seus<br />

melhores soldados e partiram em<br />

busca do Mago.<br />

[ 28 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

A paisagem era árida, tudo parecia<br />

um grande deserto. O rei Mirus I<br />

ficou chocado com as cenas que viu<br />

pelo caminho. Havia animais<br />

morrendo de sede, os camponeses<br />

abandonando suas casas em busca de<br />

outros lugares distantes.”Logo não<br />

terei o que governar”. Pensava o rei .<br />

O rio estava quase seco, poderia<br />

atravessa-lo a pé, sem a necessidade<br />

de utilizar a ponte construída há<br />

muito tempo, e foi assim vendo toda a<br />

destruição que a seca causava ao solo,<br />

que o rei e sua escolta alcançaram as<br />

[ 29 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

terras do sul. “ O que faço se esse<br />

Mago não aparecer? Como poderei<br />

encontra-lo?” Assim o rei ia pensando<br />

e cada vez mais se aprofundando em<br />

direção as montanhas.<br />

E onde estava o Mago durante todo<br />

esse tempo?<br />

Foram poucas as pessoas que tiveram<br />

contato com ele . Mirtrus foi um<br />

desses privilegiados.Antes de chegar<br />

ao castelo, ele teve um encontro com<br />

o Mago.<br />

O Mago vivia isolado nas montanhas<br />

do sul. Sua casa ficava em um vale<br />

[ 30 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

escondido, havendo apenas uma<br />

passagem que nunca ninguém<br />

conseguiu descobrir. Só chegava em<br />

sua residência somente aqueles que<br />

ele permitisse. Ele sabia da viagem do<br />

rei e de todos os problemas existentes,<br />

e como o rei viera a seu encontro iria<br />

mostra-lhe o caminho.<br />

Mirus estava mais desolado do que<br />

cansado da viagem, logo iria<br />

anoitecer novamente e nada de<br />

encontrar o Mago. Já não sabiam<br />

onde estavam, o jeito era acampar por<br />

ali mesmo e na manhã seguinte<br />

[ 31 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

partirem em busca do Mago. Quando<br />

o rei deu ordem para pararem, surgiu<br />

um pássaro e ficou voando ao redor<br />

do rei, como se quisesse mostrar-lhe<br />

algo. O rei teve a intuição de seguir<br />

aquele pássaro , e assim foram<br />

adiante sem saber que iriam<br />

encontrar o Mago naquela mesma<br />

tarde .”Estranho”. Pensou o rei. “Não é<br />

possível que exista um caminho por<br />

entre essas rochas, mas é real”. Dessa<br />

forma o rei conseguiu chegar até a<br />

cabana do Mago. Ao avistar a<br />

construção feita de um material ainda<br />

[ 32 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

desconhecido, o rei deu ordem aos<br />

seus soldados que entrassem naquela<br />

moradia para ver o que tinha dentro.<br />

Tal ordem não pode ser cumprida<br />

pois na porta da cabana surgiu uma<br />

estranha figura. Era um ancião de<br />

cabelos compridos, até os ombros,<br />

totalmente brancos, bem como suas<br />

sobrancelhas e sua longa barba<br />

- Aproxime-se majestade , eu já<br />

estava aguardando a sua visita.<br />

- Como sabe que eu viria?<br />

Perguntou-lhe o rei.<br />

O Mago sorrindo respondeu:<br />

[ 33 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Majestade, eu sei tudo que está<br />

ocorrendo , mas entremos em minha<br />

humilde morada, nós temos muito<br />

que conversar<br />

- Eu não tenho tempo a perder.<br />

- Quero saber se pode me ajudar ou<br />

fazer algo que mude nossa situação?<br />

O Mago nada disse, apenas sorriu<br />

novamente e adentrou em sua<br />

cabana. O rei não teve outra<br />

alternativa senão segui-lo.<br />

- Sente-se majestade . Preste atenção<br />

em tudo que eu disser, depois poderá<br />

retornar ao seu castelo.<br />

[ 34 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Como ousas falar dessa maneira<br />

com vossa Majestade? Interpelou o<br />

oficial que estava na porta.<br />

- O seu rei não nada mais que um<br />

simples ser humano. Aqui em minha<br />

morada o rei sou eu Nada tenho a<br />

temer dos homens, e vossa Majestade<br />

sabe disso. Disse o Mago dirigindo-se<br />

ao rei.<br />

Mirus I nada respondeu, deu ordens<br />

ao oficial que aguardasse do lado de<br />

fora juntamente com os outros<br />

soldados. Ele iria ficar a sós com o<br />

Mago.<br />

[ 35 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Quando os soldados se retiraram, o<br />

rei olhou para o Mago e perguntou:<br />

- O que eu tenho que fazer para que<br />

tudo volte ao normal em meu reino?<br />

- Majestade a natureza é sábia, não<br />

existe nenhuma outra força no<br />

mundo que possa controla-la. Temos<br />

que respeitar a natureza e não<br />

maltrata-la, pois ela sabe como se<br />

vingar de todos os maus tratos que o<br />

homem lhe inflige.<br />

- Os sábios do meu reino disseram<br />

que você é o único que pode nos<br />

ajudar.<br />

[ 36 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Seus sábios são uns tolos, pois nada<br />

sabem de concreto, apenas fingem e<br />

entendem o óbvio, nada mais que isso,<br />

só o óbvio...<br />

- Mas deve haver uma solução, ou<br />

toda a população do reino poderá<br />

morrer.<br />

- Desde quando o rei preocupa-se<br />

com seus súditos? O senhor sempre<br />

pensou na riqueza e no poder. O seu<br />

medo é perder a coroa, ou não ter o<br />

que governar. Não é assim<br />

Majestade?<br />

[ 37 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

“Como se atreve? Saiba que posso<br />

mandar prende-lo por desacato a<br />

autoridade de um rei” Pensou Mirus I,<br />

mas não teve coragem de dizer, ficou<br />

em silêncio. O Mago sabia da<br />

verdade.<br />

- Preste atenção Majestade, existe um<br />

homem que poderá ajuda-lo, creio<br />

talvez que ele tenha até tentado. O<br />

senhor já pode retornar ao seu<br />

castelo.<br />

- Mas quem é esse homem?<br />

Perguntou-lhe o rei.<br />

[ 38 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Nada mais posso dizer, no momento<br />

certo o senhor irá se lembrar.<br />

Como num passe de mágica, o Mago<br />

desapareceu na frente do rei,<br />

deixando-o assustado.<br />

- <strong>Guarda</strong>s! Eles entraram, reviraram<br />

toda a cabana e não encontraram<br />

nenhum vestígio do Mago.<br />

Sem ter mais o que fazer ali, o rei<br />

resolveu retornar para seu castelo.<br />

Ficou pensando nas palavras ditas<br />

pelo Mago e qual não foi sua surpresa<br />

ao ver a imagem do ancião no cume<br />

da montanha indicando-lhe o<br />

[ 39 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

caminho de volta. O rei e sua escolta<br />

viajaram por toda noite, só parando<br />

quando chegaram ao castelo.<br />

[ 40 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

CAPITULO III – (O Bobo da Corte)<br />

Mirtrus ainda encontrava-se preso no<br />

calabouço do castelo, mas sabia de<br />

tudo que estava ocorrendo nas terras<br />

do rei , pois os soldados traziam<br />

sempre notícias de fora.<br />

- As coisas não estão boas. Dizia um<br />

guarda. - Nós estamos passando por<br />

sérias dificuldades e ninguém sabe o<br />

que fazer.<br />

- Isso já estava previsto meu amigo.<br />

Respondeu-lhe Mirtrus. - Faz algum<br />

[ 41 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

tempo que estou aqui, e o rei ainda<br />

não decidiu o meu destino.<br />

- Talvez fosse o momento de pedir<br />

uma audiência com o rei. Acho que<br />

com todos os problemas existentes, o<br />

rei nem sequer se lembra que tem um<br />

prisioneiro em seu castelo.<br />

- Está enganado meu amigo, logo o<br />

rei lembrará de mim. Eu só tenho que<br />

aguardar o momento certo.<br />

- Como pode ter essa certeza?<br />

- Aguarde e verá. Respondeu Mirtrus<br />

sorrindo.<br />

[ 42 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Enquanto isso, em outra dependência<br />

do castelo, o rei vivia preocupado<br />

com a situação, não conseguia nem<br />

dormir direito. Ia envelhecendo<br />

rapidamente. O tempo estava<br />

passando e nada de chover<br />

novamente em suas terras e nenhuma<br />

solução para todos os problemas.<br />

Nem o Bobo da Corte conseguia<br />

alegrar Mirus I. Na realidade nem ele<br />

tinha disposição para fazer alguém<br />

sorrir.<br />

O Bobo da Corte, que de bobo não<br />

tinha nada, mesmo sendo sempre alvo<br />

[ 43 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

de chacotas, ele fazia a alegria de<br />

todos e não se importava com isso.<br />

Era um homem inteligente, e resolveu<br />

ter uma conversa séria com o rei.<br />

- Majestade, perdoe-me pela ousadia,<br />

mas tenho um assunto muito sério a<br />

tratar com vossa Excelência.<br />

- O quê? Espantou-se o rei. -Você<br />

falar sério?- Só pode ser uma piada, e<br />

eu não estou a fim de brincadeiras.<br />

- É sério Majestade.<br />

- Então diga logo o que quer que eu<br />

não posso perder meu tempo com<br />

você<br />

[ 44 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Não é verdade que o Mago disse<br />

que existia uma pessoa que poderia<br />

ajudar?<br />

- Sim, é verdade. Não me diga que é<br />

você? - Se for, acho que o reino não<br />

tem mais escapatória mesmo.<br />

- O senhor zomba de mim majestade,<br />

um simples servo, mas para deixar<br />

todos alegres, tenho que estar<br />

pensando sempre em uma nova<br />

brincadeira. Mas ultimamente<br />

ninguém mais dá importância ao que<br />

faço, inclusive vossa majestade, então<br />

[ 45 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

estou pensando em outros assuntos. E<br />

acho que sei quem é essa pessoa.<br />

- Sabe? - Então porque não disse<br />

nada até agora?<br />

- Desculpe-me, mas há pouco<br />

lembrei de um detalhe importante, foi<br />

um incidente que ocorreu e vosso<br />

reino algum tempo atrás.<br />

- Que incidente foi esse?<br />

- Lembra-se daquele forasteiro que<br />

chegou ao vosso reino?<br />

- Que forasteiro é esse que não me<br />

lembro?<br />

[ 46 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Aquele que chegou usando um<br />

guarda chuva com a cor proibida por<br />

vossa Majestade e que o senhor<br />

mandou prende-lo no calabouço.<br />

- É verdade, eu já nem lembrava<br />

mais, afinal com todos esses<br />

problemas ocorrendo, esqueci<br />

completamente do forasteiro.<br />

- Pois veja que coincidência<br />

Majestade. Foi desde aquela época<br />

que tudo começou a mudar nos<br />

domínios de seu reino.<br />

- Será que o forasteiro tem alguma<br />

coisa a ver com tudo isso?<br />

[ 47 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Não foram as palavras dele dizer<br />

que tinha vindo para salvar o reino e<br />

trazer a paz para todos.<br />

- Exatamente, porque não pensei<br />

nisso antes, creio que vou ter que<br />

rever melhor meus conceitos em<br />

relação a tudo e a todos.<br />

O rei ficou pasmado com a<br />

inteligência demonstrada pelo Bobo.<br />

Ele esperava uma solução de<br />

qualquer outra pessoa, menos de seu<br />

servo. Não houve nenhum sábio que<br />

conseguiu achar uma resposta, mas<br />

justamente o mais humilde, o mais<br />

[ 48 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

zombado de todos conseguiu sanar as<br />

dúvidas do rei (E do reino todo)<br />

[ 49 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

CAPITULO IV – (O Rei e o Forasteiro)<br />

Sem perder tempo, o rei mandou<br />

chamar seu oficial da guarda e<br />

ordenou que o mesmo fosse o buscar<br />

prisioneiro que há muito estava<br />

esquecido no calabouço do castelo.<br />

Enquanto foram busca-lo, o rei ficou<br />

pensando em todos os<br />

acontecimentos: “Será que esse<br />

forasteiro é a solução de todos nossos<br />

problemas? Acho que não, mas em<br />

todo caso, alguém tem que ser<br />

responsabilizado por todas as<br />

[ 50 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

desgraças que estão ocorrendo. E foi<br />

justamente na época que ele chegou<br />

que começaram nossos problemas,<br />

caso não tenha uma solução,<br />

mandarei guilhotina-lo e pronto.<br />

Falarei que é um enviado do mal, e<br />

tudo foi causado por sua presença, o<br />

povo vai me dar razão.”<br />

Logo em seguida, chegou a escolta,<br />

interrompendo os pensamentos do<br />

rei.<br />

- <strong>Guarda</strong>s podem ir, ficarei a sós com<br />

o prisioneiro. Quando todos saíram. O<br />

[ 51 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

rei olhou demoradamente para o<br />

prisioneiro e perguntou-lhe:<br />

- Qual é mesmo o seu nome?<br />

- Meu nome é Mirtrus Majestade!<br />

- O que você quis dizer quando<br />

conversamos a primeira vez e falou<br />

que estava trazendo a paz para todos?<br />

- Exatamente isso Majestade. A paz<br />

para todos.<br />

- Mas como? Creio que os problemas<br />

da natureza você não pode resolver<br />

com a paz<br />

- Na verdade Alteza, eu não tenho<br />

poder nenhum sobre a natureza, mas<br />

[ 52 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

ela sim tem enorme poder sobre nós.<br />

- Todos os problemas existentes em<br />

seu reino foram causados por Vossa<br />

Excelência mesmo, portanto só o<br />

senhor poderá resolve-los.<br />

- De que forma? Acaso posso fazer<br />

chover? Eu não sou Deus<br />

- Majestade, eu fui injustamente<br />

preso. Preso só por estar usando um<br />

guarda chuva de cor branca, e não<br />

tive nenhuma chance de defesa . Foi<br />

Vossa Excelência que criou essas leis e<br />

serão essas mesmas leis que poderão<br />

destruí-los<br />

[ 53 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Hoje é um dia de surpresas para<br />

mim, primeiro o bobo da corte, agora<br />

você, um estrangeiro querendo me<br />

ensinar a governar meu próprio<br />

reino!<br />

- Não Majestade, eu não tenho essa<br />

pretensão, nem conhecimento, mas o<br />

senhor deveria ter o bom senso de<br />

ouvir me por alguns momentos. As<br />

decisões ficarão a cargo de vossa<br />

Alteza.<br />

- Depois de tantas surpresas, não<br />

custa nada ouvi-lo e se dessa<br />

conversa eu não tirar nenhum<br />

[ 54 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

proveito, você voltará para as<br />

masmorras.<br />

- A decisão é sua, entretanto, se vossa<br />

Alteza quiser realmente salvar todas<br />

as terras de seu reino, terá que tomar<br />

diversas atitudes contrárias a sua<br />

forma de pensar e agir.<br />

- Muito bem! Pode expor seus<br />

argumentos.<br />

- Sim Majestade. Primeiro vossa<br />

Excelência deverá banir essa lei que<br />

descrimina as pessoas, dando<br />

liberdade a cada um usar a cor que<br />

quiser em seus guardas chuvas.<br />

[ 55 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Segundo, liberar uso das outras<br />

cores, inclusive a de vossa Majestade.<br />

- Não vejo como isso poderá salvar<br />

meu reino?<br />

- Eu explico Majestade. Troque o<br />

amarelo que representa sua força, seu<br />

poder e a cobiça, pela cor branca, que<br />

representa a paz, bondade e a<br />

capacidade de compreensão. O<br />

amarelo representa a riqueza da terra<br />

(e é da própria terra toda riqueza) ,<br />

representa também o poder do sol, e<br />

ele é benéfico à terra. O azul<br />

representa a cor do céu, do mar, mas<br />

[ 56 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

bastam algumas nuvens brancas para<br />

esconder todo esse azul. E são essas<br />

mesmas nuvens que jorram sobre a<br />

terra, para regarem as plantas , as<br />

florestas, e encherem os leitos do rio,<br />

É o branco da lua que ilumina o<br />

caminho do viajante noturno,<br />

indicando-lhe por onde seguir.<br />

- Portanto, Majestade, não deveriam<br />

ser usadas as cores como forma para<br />

distinguir a posição social de alguém.<br />

- Veja o Bobo da Corte, ele não tem<br />

direito de usar nenhuma cor, mas foi<br />

o mais feliz de todos nesse reino, pois<br />

[ 57 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

convive bem com o povo e com vossa<br />

Majestade, com a Rainha e todos<br />

conselheiros. Ele alegra Vossa Alteza<br />

com histórias do povo e alegra o povo<br />

com as histórias do reino.<br />

Depois de ouvir todas aquelas<br />

palavras, o rei ficou pensativo por<br />

alguns momentos em seguida<br />

questionou o forasteiro:<br />

- Talvez você tenha razão, e quanto a<br />

seca que assola meu reino? O que<br />

poderá ser feito?<br />

- Majestade , com essa mineração<br />

desenfreada nos leitos dos rios e a<br />

[ 58 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

poluição resultante desses garimpos, a<br />

tendência é acabar aos poucos com a<br />

vida dos rios, e é exatamente isso que<br />

esta ocorrendo em suas terras . Sem<br />

rio. Não haverá água , sem água como<br />

poderão ocorrer chuvas? Acho que<br />

Vossa Alteza deverá tomar sérias<br />

medidas para que tudo volte ao<br />

normal em vosso reino.<br />

O rei resolveu convocar uma reunião<br />

de emergência com todos os<br />

conselheiros do reino e toda a<br />

população poderia participar. Por<br />

decreto, resolveu que todos teriam<br />

[ 59 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

direito a opinar sobre as reformas que<br />

iriam ocorrer em todo o reino.No dia<br />

seguinte, o povo foi tomado de<br />

surpresa ao lerem o decreto editado<br />

pelo rei, e no mesmo também<br />

informava que estava banido o<br />

decreto anterior que descriminava o<br />

uso das cores nos guardas chuvas.<br />

[ 60 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

CAPITULO V – (A Rainha)<br />

Mas no meio de toda essa confusão<br />

que estava ocorrendo no reino, como<br />

a seca, as queimadas na floresta, a<br />

falta de alimentação para o povo. Que<br />

fez a rainha nesse tempo todo de crise<br />

no reino? Nada, absolutamente nada.<br />

A única preocupação da rainha era<br />

promover festas, encontrar-se com a<br />

elite do reino, encomendar roupas<br />

caríssimas, sem nem ter idéia do que<br />

estava de fato ocorrendo. Nesse<br />

momento, vamos encontra-la<br />

[ 61 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

tomando chá com suas amigas,<br />

mulheres dos conselheiros e generais<br />

do exército real.<br />

- Por que será que nossos maridos<br />

estão tão ocupados ultimamente.<br />

- Vocês repararam que quase não<br />

tem tempo para nós. Dizia a rainha<br />

em alto tom.<br />

- É verdade. Dizia outra. Acho que<br />

devem estar tendo problemas com os<br />

camponeses, mas nada que devemos<br />

nos preocupar.<br />

- O rei, meu marido, viajou alguns<br />

dias atrás e quando voltou, estava<br />

[ 62 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

meio cabisbaixo, quase não<br />

conversou comigo nesse tempo todo.<br />

Será que está pensando em conquistar<br />

novas terras? Ou talvez queira me<br />

fazer uma surpresa.<br />

- Nada disso rainha. Meu marido<br />

também foi nessa viagem, e pelo que<br />

fiquei sabendo, foram ao funeral<br />

daquele mago que vivia nas terras do<br />

sul.<br />

- Sério! Eu estava pensando em fazer<br />

uma consulta com ele para saber do<br />

meu futuro.<br />

[ 63 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Bom vamos falar de coisas mais<br />

interessantes e deixar nossos maridos<br />

de lado.<br />

Assim, durante um bom tempo<br />

ficaram falando futilidades, sem<br />

importar com a realidade existente.<br />

Logo surgiu a notícia sobre o novo<br />

decreto do rei. A rainha ficou<br />

pasmada.”Como pode o rei liberar o<br />

uso das cores para todos. Imagine<br />

uma camponesa usando um guarda<br />

chuva igual ao meu. Não posso<br />

admitir isso”. Pensava a rainha.”Tenho<br />

que ter uma conversa séria com o rei,<br />

[ 64 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

afinal como rainha tenho também<br />

poderes dentro do reino”.<br />

Até aquele presente momento, a<br />

rainha nunca tinha se preocupado<br />

com os problemas do reino, e nem a<br />

forma como o rei conduzia tudo por<br />

ali. Para ela o importante era levar<br />

uma vida de Rainha (literalmente),<br />

mas tinha o direito de poder interferir<br />

nos problemas do reino. Afinal era a<br />

filha de um rei, e o seu marido era rei<br />

graças a ela.”Eu não desposei um rei,<br />

foi ele que desposou uma rainha”.<br />

[ 65 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Quando a noite chegou, a rainha<br />

reuniu-se com o rei no aposento real,<br />

e começou a questionar o por quê<br />

desse novo edital que iria tirar dela a<br />

exclusividade na escolha de uma<br />

cor.Depois de ouvi-la, o rei colocoua<br />

par de todos os problemas que<br />

estavam ocorrendo no reino. E<br />

estranhou o interesse da rainha pelos<br />

assuntos inerentes ao reino e<br />

pensava:”Realmente, estou tendo<br />

muitas surpresas ultimamente,<br />

primeiro com o Bobo, depois o<br />

forasteiro e agora a rainha. Será que<br />

[ 66 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

ainda terei mais alguma nova<br />

surpresa?”<br />

A rainha ouviu todas as explicações<br />

do rei. Mas continuou indignada com<br />

o edital. Ela não iria abrir mão de sua<br />

cor preferida, não iria libera-la para<br />

uso de ninguém<br />

O rei pensou, pensou e teve uma<br />

idéia:<br />

- Minha rainha, iremos retificar o<br />

edital e incluirei que a cor azul é<br />

exclusivamente de uso de Vossa<br />

Alteza a Rainha Alva.<br />

[ 67 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

- Isso é ótimo. Entretanto meu rei<br />

deveria ter também exclusividade<br />

sobre a cor amarela , imagine um<br />

plebeu usando um guarda chuva<br />

igual ao seu.<br />

- Não tinha pensando nisso! Mas se<br />

for para salvar nosso reino, eu abrirei<br />

mão dessa exclusividade.<br />

Durante algum tempo ficaram<br />

conversando sobre o assunto. Logo o<br />

rei ficou com sono, e depois de um<br />

longo período de insônia, naquele dia<br />

conseguiu dormir.<br />

Logo iria surgir um novo dia...<br />

[ 68 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

No dia seguinte, o rei convidou a<br />

rainha par dar um passeio nas<br />

dependências do reino, levou-a para<br />

ver as terras e a situação existente.<br />

Vendo tudo que estava ocorrendo, a<br />

rainha caiu em si e resolveu também<br />

apoiar o rei em suas decisões. Assim,<br />

houve grandes mudanças naquele<br />

longínquo reino.<br />

[ 69 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

ULTIMO CAPITULO<br />

Depois da conversa que teve com rei.<br />

Mirtrus foi posto em liberdade pelo<br />

soberano.Vendo que todos os<br />

problemas estavam se resolvendo<br />

gradativamente, resolveu partir. Ali já<br />

não eram mais necessários seus<br />

préstimos.Quando estava na saída da<br />

cidade, uma forte chuva começou a<br />

cair. Ele olhou para o céu e<br />

procurando em seus pertences, abriu<br />

seu guarda chuva.<br />

[ 70 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

Todos na cidade estavam observando<br />

a partida do forasteiro, inclusive o rei<br />

e a rainha.Quando a chuva desabou,<br />

vibraram muito, e ficaram pasmados<br />

quando ao longe avistaram o<br />

forasteiro abrir seu guarda-chuva e<br />

ao invés de ser branco, nele estavam<br />

estampadas as cores do arco íris.<br />

FIM<br />

[ 71 ]


[<strong>Nova</strong> <strong>Esperança</strong>], por [Roque Batista]<br />

[ 72 ]

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