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<strong>Revista</strong> SCIENTIA at ANIMA Maio / 2017<br />
14<br />
A Atualidade do Pensamento de Allan Kardec<br />
por Eduardo Lima<br />
A<br />
Doutrina Espírita fundada por Allan<br />
Kardec, e apresentada publicamente<br />
a partir de 1857, deve ser considerada não<br />
somente atual, mas, para, além disto, deve<br />
ser observada como um trabalho que apresenta<br />
aspectos que estão muito à frente de nosso<br />
tempo. Este duplo entendimento se desvela<br />
na medida em que situamos seu imenso – e<br />
sem par – valor ético e<br />
epistêmico.<br />
Em termos de teoria do<br />
conhecimento, investigando<br />
os fenômenos, Kardec<br />
simplesmente lançou mão<br />
de todos os recursos<br />
teórico-metodológicos de<br />
sua época e ainda criou<br />
outros instrumentos que<br />
deram conta das novas<br />
demandas que surgiram.<br />
Isso significa que ele,<br />
primeiramente, usando a<br />
ciência de sua época,<br />
escrupulosamente observou, experimentou<br />
e, após considerar todas as teorias científicas<br />
disponíveis, concluiu que os fenômenos ali<br />
observados, mereciam protocolos inéditos.<br />
Em outros termos, Kardec percebeu de modo<br />
genial que os limites paradigmáticos de seu<br />
tempo já haviam sido alcançados. Tendo em<br />
mente um crucial teórico da ciência como<br />
Thomas Kuhn, por exemplo, podemos afirmar<br />
sem nenhum receio que Kardec, cento e cinco<br />
anos antes da publicação da esclarecedora<br />
obra A Estrutura das Revoluções Científicas<br />
não só já possuía um pleno domínio do<br />
assunto como já havia praticado aquilo que,<br />
conceitualmente, Kuhn viria a chamar de<br />
ciência normal e ciência revolucionária.<br />
No campo ético, percebendo as grandiosas<br />
consequências dos ensinamentos dos espíritos,<br />
Kardec reabriu as portas para a tão<br />
incompreendida moral de<br />
Jesus possibilitando um<br />
retorno às fontes mais<br />
primitivas e puras dos<br />
ensinamentos do Mestre. A<br />
ideia de condenação eterna,<br />
tão disseminada à época<br />
quanto hoje, deu lugar às<br />
belíssimas noções de<br />
reencarnação e caridade<br />
capazes de apresentar um<br />
Deus mais justo e amoroso<br />
para com seus filhos. A obra<br />
de Kardec, renovando<br />
magistralmente a possibilidade<br />
da comunicação entre os dois planos de vida,<br />
descerrou em definitivo os mistérios da morte<br />
indicando as alegrias sublimes do reencontro<br />
e nos apresentando uma vida espiritual mais<br />
racionalmente bela e edificante. Isso significa<br />
que ganhamos uma tábua de valores morais<br />
universais, como seus imperativos éticos,<br />
diante de um mundo que, desde então, tem<br />
se mostrado relativista e materialista. De fato,<br />
vinte e três anos antes de Nietzsche começar<br />
a trabalhar com profundidade o tema do