REVISTA MECATRÔNICA EXEMPLO
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energia<br />
F2. Indução de cargas positivas no solo F3. Túneis Ionizados<br />
F4. Nuvem em curto-circuito com a terra.<br />
F1. Perfil de carga eletrostática em uma<br />
nuvem.<br />
F5. Anatomia do raio.<br />
Como ocorrem os raios<br />
O raio é uma descarga elétrica que ocorre<br />
entre a nuvem e o solo, ou entre nuvens.<br />
A nuvem carrega-se em duas metades, a<br />
inferior com carga negativa e a superior<br />
com positiva (veja a figura 1). Através da<br />
indução, a área projetada pela nuvem sobre<br />
o solo (sombra) torna-se positiva (conforme<br />
mostra a figura 2).<br />
Isso quer dizer que, embora a Terra seja<br />
uma grande “esfera” negativa, por indução<br />
a região abaixo da nuvem é positiva. Como<br />
a nuvem é arrastada pelo vento, a região de<br />
cargas positivas no solo acompanha a nuvem<br />
como se fosse sua sombra.<br />
A diferença de potencial (tensão) formada<br />
entre a nuvem e o solo pode variar de 100<br />
V a 1.000.000.000 V (1000 megavolts !).<br />
Uma vez que a rigidez dielétrica entre a<br />
nuvem e a terra seja vencida, o ar ioniza-se<br />
(baixa a resistência elétrica), criando assim<br />
um túnel ionizado de baixa resistência, que<br />
é o caminho por onde a descarga elétrica<br />
transita, observe a figura 3.<br />
Anatomia do Raio<br />
Um fato curioso sobre o raio é o modo<br />
como ele ocorre. Quando a rigidez dielétrica<br />
do ar é vencida, forma-se o que chamamos<br />
de “raio piloto”.<br />
O raio piloto é uma descarga que vai<br />
da nuvem para a terra, a uma velocidade<br />
aproximada de 1500 km/s. Então, como o<br />
ar está ionizado, a nuvem entra em curtocircuito<br />
com o solo. Uma vez em curtocircuito,<br />
a nuvem assume uma polaridade<br />
inversa, visto que a terra tem maior massa<br />
(figura 4). Com a polaridade invertida,<br />
uma segunda descarga acontece, porém,<br />
agora da terra (solo) para a nuvem.<br />
Resumindo, o raio ocorre em duas etapas:<br />
primeira descarga (nuvem para a terra) e<br />
segunda descarga (terra para nuvem).<br />
A descarga de retorno é mais rápida que<br />
a primeira e propaga-se com uma velocidade<br />
aproximada de 30 000 km/seg, e pode atingir<br />
mais de 1.000.000 ampères.<br />
Como veremos mais adiante, o fenômeno<br />
é tão rápido que não podemos perceber<br />
visualmente quando termina uma descarga e<br />
começa a outra, o que nos causa a impressão<br />
de existir apenas uma delas.<br />
Vale a pena lembrar que quando falamos<br />
no sentido de propagação do raio, analisamos<br />
o sentido real da corrente elétrica, que é do<br />
polo negativo para o positivo.<br />
Quando falamos que a corrente circula<br />
do polo positivo para o negativo, estamos<br />
nos referindo ao sentido convencional, que<br />
não se aplica aos raios.<br />
A figura 5 ilustra a forma de onda de um<br />
raio. O intervalo destacado como “frente de<br />
onda” é o responsável pela ação fulminante<br />
do raio, pois além de ocorrer muito rapidamente,<br />
o fenômeno atinge seu valor máximo.<br />
Até a extinção completa do raio (término da<br />
cauda) teremos aproximadamente 200 µs,<br />
que corresponde à duração do raio. Apenas<br />
como comparativo, uma piscada do olho<br />
humano dura em média 100 ms, portanto,<br />
quando damos uma única piscada, há tempo<br />
suficiente para a ocorrência de 500 raios: 1<br />
piscada = 100m/s / 200 µs = 500 raios.<br />
2011 :: Mecatrônica Atual<br />
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