Vaginismo: O silêncio de muitas mulheres por Fernanda Valente fotos: Fernanda Valente Medo. Dor. Relação sexual não consumada e frustrada. São os sintomas mais comuns das mulheres com vaginismo, uma contração vaginal que causa desconforto, dor e dificuldade em obter uma penetração sexual. 14 <strong>CQC</strong>
Elas não conseguem usar absorvente interno, a ginecologista tem dificuldade em examiná-las e até a introdução de um cotonete no canal da vagina pode causar desconforto insuportável. Elas são as vagínicas, mulheres que tem medo de sexo, dor e pânico ao transar. Para se livrarem do incomodo, buscam tratamento através de terapia psicológica e fisioterapia pélvica. A cura existe, porém, o assunto é pouco conhecido até dos profissionais da área médica. Muito se fala em sexo, prazer, orgasmo, mas numa roda de amigas, poucas são capazes de confessar que não conseguem consumar a relação sexual. Vagínicas, em geral, passam meses e anos só nas preliminares e muitas vezes o sentimento de vergonha as impede de buscar um tratamento especializado. Rumo à cura! O assunto é tão delicado que muitas mulheres tem encontrado na Internet espaço para compartilhar seus medos, sintomas e frustrações. O blog é um território livre para elas. Vanismo, rumo a cura! de Melissa Albuquerque, 33 anos, professora, moradora de Brasília. Melissa está casada há dois anos e oito meses, casou virgem e o problema começou exatamente na lua de mel. Ela foi o meu primeiro contato desse mundo escondido: “Desconfiei de que havia algo estranho comigo ainda na lua de mel, por mais que tentássemos, a penetração não acontecia. Eu não percebia que os músculos da vagina estavam travados, então começamos a pensar que o problema era o hímen, que ele pudesse ser complacente. Após infinitas tentativas frustradas recorremos à Internet, foi aí que encontrei vários blogs que descreviam a minha história”, desabafa. Sim, são alguns blogs pela Internet como o da Melissa, e os relatos sempre são parecidos. Algumas preferem não se revelar, usando pseudônimos. As blogueiras vagínicas tentam ajudar uma a outra. Este pelo menos, foi o primeiro passo de Melissa: “Passei a seguir as dicas das blogueiras, também vagínicas, na esperança de me curar. Comprei dilatadores vaginais e comecei a fazer exercícios com eles (técnicas de relaxamento e tentativas de introduzi-los). Infelizmente não consegui evoluir sozinha, e foi aí que tomei coragem de procurar ajuda da fisioterapia e da terapia”, explica. O tratamento de Melissa já dura um pouco mais de um ano, já recebeu alta da fisioterapia, mas a terapia continua: “Ainda não me sinto curada, pois ainda sinto um certo desconforto no momento da penetração. Mas já conseguimos penetração em todas as nossas relações sexuais.”, conclui. Já o caso da blogueira Luth Fray, 25 anos, paulistana e professora de educação básica II, decidiu procurar ajuda logo após o fracasso da primeira tentativa de penetração: “Era uma dor insuportável, uma queimação muito forte em toda a região genital. E até hoje, minha dor não se restringe apenas a essa área, normalmente sinto dor no abdómen, nas coxas, panturrilha e em toda a planta do pé. Tudo muito insuportável”. O marido de Luth também a acompanha durante as sessões de tratamento que já dura há os dilatadores usados na fisioterapia quase um ano: “Já consigo introduzir alguns dilatadores, e isso, já é muita coisa para alguém que era incapaz de utilizar um absorvente interno em função da dor da penetração. A cura está chegando, mas por enquanto ainda não a encontrei” Ela também dividiu sua dor com a família e alguns amigos mais próximos, mas explica que eles mal conseguem ajuda-la. Sua família sempre foi <strong>CQC</strong> 15