6-Resenha Selma - Everaldo

RESENHA
ANALOGIA ENTRE OS FILMES
“TEMPOS MODERNOS, SELMA E
O 1º CAPÍTULO DO LIVRO“
PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES
NA ESCOLA.”
CAVALCANTE. Everaldo
No filme Selma, vemos a luta pela
participação política de forma efetiva na
sociedade americana, onde teoricamente na
década de 60 os negros eram livres e,
portanto podiam desempenhar seu papel de
cidadão. Para o governo americano não havia
discriminação de forma contundente e não
era necessária uma preocupação de ordem
pública. Pois bem, foi necessário um homem
branco morrer, para que assim a causa fosse
vista, emergisse e dessa forma os negros
alcançassem o direito ao voto.
Já o filme Tempos Modernos retrata um
outro tipo de escravidão; não menos vil e
desumana: o homem sendo visto como uma
máquina de produção. Chaplin fazia o papel
de um operário simples, que se sujeita a
condições deploráveis de opressão e
exploração impostas pelos industriais, donos
dos meios de produção, portanto dominantes
do trabalho. A supervalorização dos lucros, a
constante opressão psicológica e mental dos
operários que viram suas funções serem
fragmentadas para otimizar a produção,
produziam indivíduos doentes, desamparados
socialmente, famintos e infelizes. O homem
não era visto como um ser global que
precisava estar bem para produzir mais e
melhor; apenas a força braçal bastava. Isso
fica evidente quando surge a hipótese da
máquina que “alimenta” o operário a fim de
que não se “perca tempo” com a alimentação.
Com o livro “Práticas interdisciplinares na
escola” enxerga-se a importância do olhar
global. A interdisciplinaridade passa por um
entendimento que “nenhuma forma de
conhecimento é em si mesma racional”,
segundo a autora. Ou seja, para um
aprendizado completo, e é esse aprendizado
que buscamos nos cursos de graduação
também (não só mestrado e doutorado, onde
a pesquisa é evidente), é necessário que
exista uma completude de conhecimentos em
diversas áreas, não apenas permanecer na sua
“zona de conforto”, mas o sair e buscar o
entendimento de forma inteira. O que seria o
termo “forma inteira”?
Quando em “Tempos Modernos” o homem é
fragmentado para melhorar sua produção de
trabalho, e em “Selma” os negros são
percebidos como sub-raças e sem direito ao
voto nota-se que apenas “uma parte” dos
indivíduos é levada em consideração e aí
surgem os conflitos sejam eles internos
(psicológicos, emocionais, familiares) ou
externos já atingindo outras esferas da
sociedade e dessa forma, afetando todos os
setores sociais.
Há que se entender que o conhecimento
global l é inerente ao homem, é natural.
Segundo Laraia em “Cultura: um conceito
antropológico” qualquer homem, nascido em
qualquer lugar, tem possibilidades de
assimilar outra cultura que não seja a sua,
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Calouros Informa / 19

pois esse conceito não é limitado de forma
biológica ou geográfica, é intrínseco ao ser
humano. Portanto a interdisciplinaridade,
(segundo o dicionário Aurélio, processo de
ligação entre as disciplinas) é algo tão
natural, produtivo e efetivamente válido na
academia para se alcançar os objetivos
necessários ao conhecimento quanto o
conhecimento isolado em si. Na verdade o
conhecimento isolado em si ( exemplo: sou
de humanas, não gosto de exatas), limita o
entendimento na prática.
Teoricamente, a especialização seria o
conhecimento de forma analítica e portando
pormenorizada e melhorada; contudo na
sociedade atual sabe-se que o conhecimento
global tem sido cada vez mais valorizado,
pois a demanda mundial é uma totalização do
conhecimento e é um contrassenso
permanecer naquele entendimento limitado,
perene, estagnado. Há que se evoluir e essa
evolução totalizaria o conhecimento e o
transformaria para algo em permanente
mudança, numa busca contínua por mais
conhecimento.
REFERÊNCIAS
Filme dirigido por DUVERNAY, Ava
“Selma: Uma luta pela igualdade”,
Filme dirigido por CHARLIE CHAPLIN
“Tempos Modernos”,
1º Capítulo do livro “Práticas
interdisciplinares na escola” de Ivani
Catarina Arantes Fazenda, e
Cultura: uni conceito antropológico /
Roque.14.ed. de Barros Laraia. - ed.- Rio de
Janeiro: Jorge. " Zahar Ed., 2001.
(Antropologia social).
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