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04 Política<br />
Foz do Iguaçu, segunda-feira, 24 de julho de 2017<br />
R<br />
Rogério Bonato<br />
Enviaram uma nota para a coluna do Corvo, e eu a sequestrei.<br />
Na verdade me apoderei do que seria uma resposta redigida<br />
pelo passarinho enfezado. O autor, o aposentado Manoel<br />
Andrada de Souza, mostrou-se simpático à iniciativa da<br />
vereadora Nanci Rafagnin Andreola de combater o exercício<br />
político-partidário nas salas de aula das escolas municipais. Em<br />
seu texto, ele lembrou os deveres constitucionais e citou as<br />
aulas de OSPB ministradas antigamente, sobretudo no período<br />
militar.<br />
OSPB<br />
A disciplina fez parte do currículo escolar de primeiro e, em<br />
alguns casos, segundo grau entre 1963 e 1993, ano em que a<br />
matéria foi abolida. E o que se aprendia? O conteúdo era útil,<br />
como a discussão e leitura da Constituição, bem como norteava<br />
o bom comportamento do cidadão, seus deveres e também<br />
cultuava os símbolos pátrios, como é o caso do Hino Nacional e<br />
hasteamento da bandeira. Em minha visão, algo era desnecessário,<br />
como ficar em posição de sentido e coisa e tal. Mas no<br />
geral, ler a Constituição era algo muito interessante.<br />
A Constituição<br />
Como jornalista, a Constituição é um livro de cabeceira<br />
indispensável. Mas me encontrei com ela, para valer, adquirindo<br />
um exemplar para as aulas de Direito Constitucional na<br />
faculdade. Penso que a publicação possa mesmo constar na<br />
lista dos materiais escolares hoje em dia e pode sim ser doada<br />
pelo governo, pois é uma maneira de se propagar a ordem por<br />
meio da lei e deixar claro o que é possível e um direito do<br />
cidadão, antes mesmo de se tornar um dever.<br />
O banimento<br />
Mas além de OSPB, havia o Sujismundo, o personagem de um<br />
desenho animado que ensinava os bons costumes, como lavar<br />
as mãos e escovar os dentes. "Povo limpo é povo desenvolvido",<br />
era a frase que assinava as peças publicitárias, um chavão<br />
um tanto mais leve que o "Ame-o ou deixe-o". E quem não se<br />
lembra das aulas de geografia ministradas pelo Amaral Neto, o<br />
repórter? Ou ainda das ações avançadas do Projeto Rondon,<br />
uma iniciativa resistente, diga-se; ela existe, tornou-se instituto e<br />
presta relevantes serviços. Bom, deploro qualquer forma de<br />
governo ditatorial e autocrático, mas — ao concluir que as<br />
pessoas que baniram os chamados "ícones dos governos<br />
militares" hoje estão em boa parte na cadeia, pelo cometimento<br />
de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tudo mais —<br />
minha conclusão é de que pelo menos as aulas de OSPB<br />
deveriam fazer parte das atividades formativas.<br />
Na parede<br />
Mesmo num período de sucessão entre militares, não era a foto<br />
deles que havia em cima do quadro-negro. Como estudei em<br />
escola de ordem religiosa, as irmãs mantinham Jesus Cristo em<br />
evidência, e sem a faixa presidencial. Quero com isto escrever<br />
que pessoas bem formadas suplantaram o período de exceção<br />
com o poder de julgamento sobre os atos políticos, e não<br />
necessariamente à base de doutrina. Doutrinado era aquele<br />
que sofria a insuflação radical e que, por uma desgraça do<br />
destino, fazia lambança e não sabia respeitar a liberdade, tão<br />
difícil de ser conquistada. Vivemos 21 anos neste conflito de<br />
ideias, as impostas e as alternativas.<br />
Sala de aula<br />
Não sofrer "lavagem cerebral" de político mentiroso, governista<br />
que seja, nem ser exposto ao ilusionismo partidário são uma<br />
maneira de prover pensamento sólido e discernir entre o certo<br />
e o errado. Não suporto alguém dizer que "é fulano desde<br />
criancinha" quando se refere a um político, como se ao longo<br />
de sua geração não houvesse chance para a existência de<br />
novas lideranças. A política chinfrim fora da sala de aula<br />
contribuirá para a formação de futuros políticos íntegros, e isso<br />
nos redimirá.<br />
Importantíssimo<br />
Estudar a "política", enquanto instrumento transformador, é<br />
fundamental, e isso se faz por meio da história. Saber da<br />
Constituição, do Código de Postura de uma cidade, da<br />
diferença entre Legislativo e Executivo, e de que maneira<br />
comportar-se frente ao que pode resultar errado é uma<br />
maneira de construir o futuro. Espero ter respondido ao seu<br />
Andrada.<br />
DEFENDE AMPLO DEBATE<br />
Presidente da Câmara diz<br />
que Unila deveria contribuir<br />
mais com a cidade<br />
Rogério Quadros afirma ser contra a extinção, mas defende o<br />
debate sobre integração da universidade com a sociedade<br />
Da redação<br />
Reportagem<br />
O presidente da Câmara<br />
de Foz do Iguaçu,<br />
Rogério Quadros (PTB),<br />
é contra a extinção da<br />
Universidade da Integração<br />
Latino-Americana.<br />
Entretanto defende<br />
uma ampla discussão<br />
sobre a integração dela<br />
com a sociedade. "O debate<br />
sobre o papel da<br />
Unila junto à comunidade<br />
iguaçuense precisa<br />
ser feito. Como instituição<br />
de ensino superior,<br />
ela poderia contribuir<br />
mais com a cidade",<br />
apontou.<br />
Quadros citou como<br />
exemplo a UDC. "É<br />
uma instituição privada<br />
e doou esta semana vários<br />
projetos para o desenvolvimento<br />
do município.<br />
Percebo que a<br />
direção da Unila está<br />
distanciada da sociedade<br />
civil organizada. A<br />
instituição pode fazer<br />
muito mais por Foz do<br />
Iguaçu. Por isso devemos<br />
ser contra a proposta<br />
de extinção, mas<br />
é preciso rever alguns<br />
aspectos", completou o<br />
presidente da Câmara.<br />
O Legislativo está<br />
mobilizado em defesa da<br />
universidade. Os vereadores<br />
lançaram um abaixo-assinado<br />
a ser enviado<br />
ao Congresso pedindo<br />
a retirada da proposta<br />
do deputado Sérgio<br />
Souza (PMDB) que pretende<br />
transformar a Unila<br />
em Universidade Federal<br />
do Oeste. No retorno<br />
dos trabalhos legislativo,<br />
em agosto, será<br />
agendada audiência pública<br />
cuja deliberação<br />
será transformada em<br />
Carta da Comunidade<br />
de Foz do Iguaçu.<br />
Rogério Quadros disse que a Unila, como instituição de ensino<br />
superior, poderia contribuir mais com a cidade<br />
Reforçar e consolidar a Unila<br />
Na opinião da vereadora Rosane<br />
Bonho (PP), a Unila não só deve<br />
continuar com a missão de integração<br />
latino-americana, como deve<br />
ser apoiada, reforçada e consolidada.<br />
Antes mesmo da polêmica proposta<br />
do deputado, a vereadora<br />
apresentou requerimento na Câmara,<br />
aprovado por todos os vereadores,<br />
em que solicita urgência na retomada<br />
das obras do campus da<br />
universidade.<br />
"Esse documento foi encaminhado<br />
para o ministro da Educação.<br />
Recebi resposta da reitoria da Unila<br />
agradecendo o meu requerimento.<br />
Estamos agendando uma visita<br />
com todos os vereadores à obra. Só<br />
estávamos aguardando a chegada<br />
do novo reitor. Entendemos que se<br />
algo não for feito de imediato, a Itaipu<br />
vai requerer o terreno de volta.<br />
A luta é também pela retomada da<br />
obra, pois além dos alunos perderem,<br />
o município perde muito também",<br />
declarou Rosane Bonho.<br />
Ajustes no projeto<br />
A vereadora Nanci Rafain Andreola<br />
(PDT) disse que a proposta<br />
pode ter sido mal colocada. "Acredito<br />
que a proposta do deputado<br />
Sérgio Souza foi interpretada de<br />
forma negativa, talvez por uma precipitação,<br />
quando a ideia parecia<br />
boa e discutível. A intenção seria<br />
ampliar número de vagas e dar<br />
mais oportunidades para jovens<br />
estudantes brasileiros. Entendo<br />
que o deputado foi infeliz na colocação<br />
dele. A proposta poderia<br />
trazer uma parceria grande<br />
com o governo federal porque na<br />
aplicação do projeto da Unila<br />
existem falhas que precisam ser<br />
corrigidas", apontou Nanci.<br />
Para o vereador Tenente-Coronel<br />
Jahnke (Podemos), "a Unila<br />
trouxe para Foz do Iguaçu uma<br />
nova perspectiva no ensino superior,<br />
além de ampliar as fronteiras<br />
culturais. A transformação para<br />
somente Universidade Federal do<br />
Oeste, em minha opinião, será um<br />
retrocesso. É um assunto que deve<br />
ser amplamente discutido por todos<br />
os setores da sociedade, incluindo<br />
o Legislativo municipal.<br />
Não podemos e nem devemos ficar<br />
de fora deste processo".<br />
Já o vereador Anderson Andrade<br />
(PSB) afirmou que "da maneira<br />
como está sendo proposta<br />
a alteração da Unila e sem uma<br />
discussão ampla com a sociedade,<br />
em especial com o meio acadêmico,<br />
somos contrários a esta<br />
proposição".