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GAZETA DIARIO 339

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04 Política<br />

Foz do Iguaçu, segunda-feira, 24 de julho de 2017<br />

R<br />

Rogério Bonato<br />

Enviaram uma nota para a coluna do Corvo, e eu a sequestrei.<br />

Na verdade me apoderei do que seria uma resposta redigida<br />

pelo passarinho enfezado. O autor, o aposentado Manoel<br />

Andrada de Souza, mostrou-se simpático à iniciativa da<br />

vereadora Nanci Rafagnin Andreola de combater o exercício<br />

político-partidário nas salas de aula das escolas municipais. Em<br />

seu texto, ele lembrou os deveres constitucionais e citou as<br />

aulas de OSPB ministradas antigamente, sobretudo no período<br />

militar.<br />

OSPB<br />

A disciplina fez parte do currículo escolar de primeiro e, em<br />

alguns casos, segundo grau entre 1963 e 1993, ano em que a<br />

matéria foi abolida. E o que se aprendia? O conteúdo era útil,<br />

como a discussão e leitura da Constituição, bem como norteava<br />

o bom comportamento do cidadão, seus deveres e também<br />

cultuava os símbolos pátrios, como é o caso do Hino Nacional e<br />

hasteamento da bandeira. Em minha visão, algo era desnecessário,<br />

como ficar em posição de sentido e coisa e tal. Mas no<br />

geral, ler a Constituição era algo muito interessante.<br />

A Constituição<br />

Como jornalista, a Constituição é um livro de cabeceira<br />

indispensável. Mas me encontrei com ela, para valer, adquirindo<br />

um exemplar para as aulas de Direito Constitucional na<br />

faculdade. Penso que a publicação possa mesmo constar na<br />

lista dos materiais escolares hoje em dia e pode sim ser doada<br />

pelo governo, pois é uma maneira de se propagar a ordem por<br />

meio da lei e deixar claro o que é possível e um direito do<br />

cidadão, antes mesmo de se tornar um dever.<br />

O banimento<br />

Mas além de OSPB, havia o Sujismundo, o personagem de um<br />

desenho animado que ensinava os bons costumes, como lavar<br />

as mãos e escovar os dentes. "Povo limpo é povo desenvolvido",<br />

era a frase que assinava as peças publicitárias, um chavão<br />

um tanto mais leve que o "Ame-o ou deixe-o". E quem não se<br />

lembra das aulas de geografia ministradas pelo Amaral Neto, o<br />

repórter? Ou ainda das ações avançadas do Projeto Rondon,<br />

uma iniciativa resistente, diga-se; ela existe, tornou-se instituto e<br />

presta relevantes serviços. Bom, deploro qualquer forma de<br />

governo ditatorial e autocrático, mas — ao concluir que as<br />

pessoas que baniram os chamados "ícones dos governos<br />

militares" hoje estão em boa parte na cadeia, pelo cometimento<br />

de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tudo mais —<br />

minha conclusão é de que pelo menos as aulas de OSPB<br />

deveriam fazer parte das atividades formativas.<br />

Na parede<br />

Mesmo num período de sucessão entre militares, não era a foto<br />

deles que havia em cima do quadro-negro. Como estudei em<br />

escola de ordem religiosa, as irmãs mantinham Jesus Cristo em<br />

evidência, e sem a faixa presidencial. Quero com isto escrever<br />

que pessoas bem formadas suplantaram o período de exceção<br />

com o poder de julgamento sobre os atos políticos, e não<br />

necessariamente à base de doutrina. Doutrinado era aquele<br />

que sofria a insuflação radical e que, por uma desgraça do<br />

destino, fazia lambança e não sabia respeitar a liberdade, tão<br />

difícil de ser conquistada. Vivemos 21 anos neste conflito de<br />

ideias, as impostas e as alternativas.<br />

Sala de aula<br />

Não sofrer "lavagem cerebral" de político mentiroso, governista<br />

que seja, nem ser exposto ao ilusionismo partidário são uma<br />

maneira de prover pensamento sólido e discernir entre o certo<br />

e o errado. Não suporto alguém dizer que "é fulano desde<br />

criancinha" quando se refere a um político, como se ao longo<br />

de sua geração não houvesse chance para a existência de<br />

novas lideranças. A política chinfrim fora da sala de aula<br />

contribuirá para a formação de futuros políticos íntegros, e isso<br />

nos redimirá.<br />

Importantíssimo<br />

Estudar a "política", enquanto instrumento transformador, é<br />

fundamental, e isso se faz por meio da história. Saber da<br />

Constituição, do Código de Postura de uma cidade, da<br />

diferença entre Legislativo e Executivo, e de que maneira<br />

comportar-se frente ao que pode resultar errado é uma<br />

maneira de construir o futuro. Espero ter respondido ao seu<br />

Andrada.<br />

DEFENDE AMPLO DEBATE<br />

Presidente da Câmara diz<br />

que Unila deveria contribuir<br />

mais com a cidade<br />

Rogério Quadros afirma ser contra a extinção, mas defende o<br />

debate sobre integração da universidade com a sociedade<br />

Da redação<br />

Reportagem<br />

O presidente da Câmara<br />

de Foz do Iguaçu,<br />

Rogério Quadros (PTB),<br />

é contra a extinção da<br />

Universidade da Integração<br />

Latino-Americana.<br />

Entretanto defende<br />

uma ampla discussão<br />

sobre a integração dela<br />

com a sociedade. "O debate<br />

sobre o papel da<br />

Unila junto à comunidade<br />

iguaçuense precisa<br />

ser feito. Como instituição<br />

de ensino superior,<br />

ela poderia contribuir<br />

mais com a cidade",<br />

apontou.<br />

Quadros citou como<br />

exemplo a UDC. "É<br />

uma instituição privada<br />

e doou esta semana vários<br />

projetos para o desenvolvimento<br />

do município.<br />

Percebo que a<br />

direção da Unila está<br />

distanciada da sociedade<br />

civil organizada. A<br />

instituição pode fazer<br />

muito mais por Foz do<br />

Iguaçu. Por isso devemos<br />

ser contra a proposta<br />

de extinção, mas<br />

é preciso rever alguns<br />

aspectos", completou o<br />

presidente da Câmara.<br />

O Legislativo está<br />

mobilizado em defesa da<br />

universidade. Os vereadores<br />

lançaram um abaixo-assinado<br />

a ser enviado<br />

ao Congresso pedindo<br />

a retirada da proposta<br />

do deputado Sérgio<br />

Souza (PMDB) que pretende<br />

transformar a Unila<br />

em Universidade Federal<br />

do Oeste. No retorno<br />

dos trabalhos legislativo,<br />

em agosto, será<br />

agendada audiência pública<br />

cuja deliberação<br />

será transformada em<br />

Carta da Comunidade<br />

de Foz do Iguaçu.<br />

Rogério Quadros disse que a Unila, como instituição de ensino<br />

superior, poderia contribuir mais com a cidade<br />

Reforçar e consolidar a Unila<br />

Na opinião da vereadora Rosane<br />

Bonho (PP), a Unila não só deve<br />

continuar com a missão de integração<br />

latino-americana, como deve<br />

ser apoiada, reforçada e consolidada.<br />

Antes mesmo da polêmica proposta<br />

do deputado, a vereadora<br />

apresentou requerimento na Câmara,<br />

aprovado por todos os vereadores,<br />

em que solicita urgência na retomada<br />

das obras do campus da<br />

universidade.<br />

"Esse documento foi encaminhado<br />

para o ministro da Educação.<br />

Recebi resposta da reitoria da Unila<br />

agradecendo o meu requerimento.<br />

Estamos agendando uma visita<br />

com todos os vereadores à obra. Só<br />

estávamos aguardando a chegada<br />

do novo reitor. Entendemos que se<br />

algo não for feito de imediato, a Itaipu<br />

vai requerer o terreno de volta.<br />

A luta é também pela retomada da<br />

obra, pois além dos alunos perderem,<br />

o município perde muito também",<br />

declarou Rosane Bonho.<br />

Ajustes no projeto<br />

A vereadora Nanci Rafain Andreola<br />

(PDT) disse que a proposta<br />

pode ter sido mal colocada. "Acredito<br />

que a proposta do deputado<br />

Sérgio Souza foi interpretada de<br />

forma negativa, talvez por uma precipitação,<br />

quando a ideia parecia<br />

boa e discutível. A intenção seria<br />

ampliar número de vagas e dar<br />

mais oportunidades para jovens<br />

estudantes brasileiros. Entendo<br />

que o deputado foi infeliz na colocação<br />

dele. A proposta poderia<br />

trazer uma parceria grande<br />

com o governo federal porque na<br />

aplicação do projeto da Unila<br />

existem falhas que precisam ser<br />

corrigidas", apontou Nanci.<br />

Para o vereador Tenente-Coronel<br />

Jahnke (Podemos), "a Unila<br />

trouxe para Foz do Iguaçu uma<br />

nova perspectiva no ensino superior,<br />

além de ampliar as fronteiras<br />

culturais. A transformação para<br />

somente Universidade Federal do<br />

Oeste, em minha opinião, será um<br />

retrocesso. É um assunto que deve<br />

ser amplamente discutido por todos<br />

os setores da sociedade, incluindo<br />

o Legislativo municipal.<br />

Não podemos e nem devemos ficar<br />

de fora deste processo".<br />

Já o vereador Anderson Andrade<br />

(PSB) afirmou que "da maneira<br />

como está sendo proposta<br />

a alteração da Unila e sem uma<br />

discussão ampla com a sociedade,<br />

em especial com o meio acadêmico,<br />

somos contrários a esta<br />

proposição".

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