Indústria Cultural
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FACULDADE OSWALDO CRUZ<br />
EDUARDO OLIVEIRASANTOS, RA: 8117012<br />
KELLY RODRIGUES PIRES, RA: 8117018<br />
YASMIN AMORIM, 8117021<br />
LÉIA RIBEIRO ALVES, RA: 8117027<br />
LUCAS LIMA BARRETO, RA: 6117200<br />
AGNES LUIZA ALVES GAMA, RA: 8117202<br />
ENDLESS AGENCY<br />
SÃO PAULO<br />
2017<br />
2
SUMÁRIO<br />
1- O que é sociologia? .......................................................................................................................... 4<br />
2- Max Weber ..................................................................................................................................... 6<br />
2.1- Ação Social ............................................................................................................................... 6<br />
2.2- Os tipos ideais ........................................................................................................................... 7<br />
2.3- Ética protestante e o espírito do capitalismo ................................................................................. 8<br />
3- Karl Marx ...................................................................................................................................... 10<br />
3.1- Ideologia ................................................................................................................................ 11<br />
4- Émile Durkheim ............................................................................................................................. 12<br />
5- O que é cultura? ............................................................................................................................ 15<br />
6- A escola de Frankfurt ...................................................................................................................... 16<br />
6.1- Teoria crítica ........................................................................................................................... 18<br />
6.2- Dialética Iluminista .................................................................................................................. 21<br />
6.3- Industrialização e Mercantilização ............................................................................................. 22<br />
6.4- Industria <strong>Cultural</strong> .................................................................................................................... 23<br />
6.5 – Adorno ................................................................................................................................. 24<br />
6.6- Horkheimer ............................................................................................................................ 25<br />
6.7- Walter Benjamin ..................................................................................................................... 26<br />
6.8- Herbert Marcuse ..................................................................................................................... 29<br />
6.9- Jürgen Habermas .................................................................................................................... 32<br />
7- Violência simbólica ......................................................................................................................... 34<br />
8- Referências ................................................................................................................................... 39<br />
3
O QUE É SOCIOLOGIA?<br />
A Sociologia é a ciência que se dedica ao estudo da vida social humana, analisando as dinâmicas da sociedade como<br />
um todo e dos grupos singulares que a compõem. Utilizando de suas ferramentas específicas, é o campo do<br />
conhecimento que investiga as relações sociais entre diferentes grupos humanos, seus conflitos e conexões. Os<br />
sociólogos têm como missão compreender o funcionamento do comportamento coletivo. Porque a sociedade é como<br />
a conhecemos? Porque é tão diferente de como era poucos séculos atrás? Essas são algumas questões centrais que<br />
animam o debate sociológico.<br />
A Sociologia nos ensina a observar o mundo a nossa volta sob um novo ângulo. Comportamentos e instituições que<br />
aparecem como naturais – como algo que sempre foi igual – aos olhos do sociólogo são fenômenos dotados de<br />
influências históricas e sociais. Ser sociólogo é aprender que algumas coisas, que percebemos como experiências<br />
individuais, na verdade são ações influenciadas pelo meio social em que crescemos e vivemos. As formas como<br />
refletimos essas profundas influências é objeto de estudo da Sociologia.<br />
4
Dentre os principais paradigmas sociológicos estão: o funcionalismo (segundo o qual as instituições sociais são meios<br />
desenvolvidos coletivamente para satisfazer necessidades da sociedade), o marxismo (a teoria do conflito), o<br />
interacionismo simbólico (em que se destaca o caráter simbólico da ação social), o estruturalismo e a teoria de<br />
sistemas.<br />
5
MAX WEBER<br />
Max Weber nasceu na Alemanha, em 1864. Suas principais obras estão concentradas<br />
entre a primeira e a segunda década do século XX e estabelecem um novo estágio<br />
para as Ciências Sociais. Weber também se empenhou em tematizar a Sociologia,<br />
mas sua análise difere muito da de Durkheim, sobretudo no que se refere à<br />
importância do indivíduo e de sua ação social. Diferentemente de Durkheim, Weber<br />
não considerava a sociedade como algo exterior e superior aos indivíduos. Para ele,<br />
a sociedade deveria ser analisada com base no conjunto das ações individuais.<br />
AÇÃO SOCIAL<br />
Mas o que é uma ação social? Para Weber trata-se de qualquer ação do indivíduo que é orientada pela ação de outros<br />
indivíduos. Partindo das ações individuais, Weber pretende compreender questões sociais mais gerais. Portanto, para<br />
examinar questões que afetam e definem a sociedade como um todo, é preciso partir da análise de ações individuais<br />
subjetivas. O conhecimento sociológico, diz Weber, só pode ser objetivo se tiver como objeto de estudo a ação<br />
individual.<br />
6
OS TIPOS IDEAIS<br />
Como a realidade é múltipla e impossível de ser descrita em sua totalidade, Weber constrói tipos ideais para se<br />
aproximar o máximo possível da realidade analisada. Esses tipos ideais são construídos com base em regularidades<br />
sociais por ele observadas. Note que a construção de um tipo ideal, apesar de amparada na realidade, é apenas uma<br />
elaboração teórica do pesquisador. Algo como escolher certas características regulares de determinada sociedade e<br />
construir um tipo ideal de pai de família.<br />
Weber construiu quatro tipos ideais de ação social:<br />
1. A ação social com relação a fins: Avaliação entre meio e fins<br />
2. A ação social com relação a valores: Fundamenta-se em convicções.<br />
3. A ação tradicional: Costumes arraigados ou hábitos.<br />
4. A ação afetiva: Fundamenta-se nos sentimentos.<br />
7
ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO<br />
Quando Weber publica a primeira versão desta obra em 1904, ele dá destaque<br />
gráfico à palavra Espírito, colocando-a entre aspas. Assim, ele deixa claro que sua<br />
abordagem, que tangenciava a religiosidade, pretendia na verdade buscar uma<br />
análise sociológica sobre o capitalismo. Analisando o capitalismo não como um<br />
sistema econômico, mas sim como uma conduta de vida! Uma cultura, vivenciada<br />
no dia a dia das pessoas. Partindo desta premissa, fica muito mais fácil o<br />
entendimento desta magnífica obra das Ciências Sociais!<br />
Max Weber sempre destacou que os indivíduos dão sentido as suas ações. Ele diz<br />
que eventualmente as ações dos indivíduos são emocionais, mas frequentemente<br />
elas são ações metódicas, calculadas, premeditadas – Racionalizadas. A<br />
modernidade para Weber consiste em uma sociedade que através dos seus<br />
indivíduos, age de forma racionalizada, penetrando em todos os campos desta<br />
sociedade, promovendo uma sensação espiritual de que os fins, inevitavelmente<br />
justificam os meios. Ainda que esta frase jamais tenha sido dita por Weber, ela é<br />
absolutamente possível de ser formulada a partir das suas premissas.<br />
Weber percebe que tanto os empresários quanto os pequenos empreendedores são participantes de uma<br />
religiosidade Protestante. A grande Reforma Protestante, partia do princípio que o Cristianismo tinha pouco controle<br />
sobre a vida dos fies. A Reforma tenta estabelecer esse controle de forma dura, a começar pelo peso atribuído ao<br />
8
pecado. Para o Cristianismo o pecado é ruim, mas o pecador é sempre bem-vindo. De certa forma, esta prática dá<br />
uma elasticidade na relação do pecador com o pecado, pois no fundo ele sabe que Deus o acolherá de braços abertos,<br />
conforme a Parábola do Filho Pródigo. Uma das primeiras iniciativas dos Calvinistas foi barbarizar o pecado e também<br />
o pecador! Para a nova doutrina, não bastava ser protestante e ir à igreja aos domingos. Os fies tinham que dar<br />
sinais diários de sua retidão perante a Deus e para isto tinham que ser muito rigorosos com seus costumes.<br />
O que segundo Weber consiste em levar uma vida essencialmente racionalizada. Cumprindo os deveres de indivíduo<br />
religioso também na sua vida cotidiana moral! A partir desta premissa, a Reforma introduz um novo paradigma,<br />
onde o trabalho ganha um peso diante das responsabilidades dos fies. Para o protestantismo o trabalho serve para<br />
realizar a vontade divina que seria a única forma de salvação. A Teoria da Predestinação Calvinista dizia que Deus<br />
já havia definido aqueles que seriam salvos e só restava aos fies levar uma vida correta, agindo como se fosse um<br />
dos escolhidos, pois um passo fora desta linha lhes renderiam a condenação!<br />
Para Weber, este novo paradigma oriundo da retidão religiosa, faz com que os indivíduos se dediquem muito mais<br />
ao trabalho e além disso, reduzam cada vez mais o desperdício e os gastos com extravagâncias. Tudo isto em prol<br />
de uma salvação. Diferentemente do capitalismo moderno, onde a doutrina é o lucro pelo lucro e cada vez mais para<br />
o lucro, nos primórdios do capitalismo, foi à atitude racional imposta pelos indivíduos através do protestantismo que<br />
fez com que aqueles indivíduos agissem de forma racional e controlada no seu dia a dia, criando uma nova cultura<br />
capitalista que com o passar dos séculos acabou se tornando o capitalismo financeiro moderno.<br />
9
KARL MARX<br />
Marx nasceu em 5 de maio de 1818 na Alemanha e morreu em<br />
14 de março de 1883 na Inglaterra. Tornou-se conhecido como<br />
fundador da doutrina comunista moderna e por ser um grande<br />
intelectual e revolucionário. Teve grande influência de seu<br />
professor e filósofo Friedrich Hegel e, mais tarde, voltou-se ao<br />
mundo da filosofia.<br />
As influências do pensamento de Marx estão em grande parte<br />
da política mundial, sendo um dos pensamentos até hoje mais<br />
conhecidos pelo mundo.<br />
Ao lado de seu amigo Friedrich Engels, formulou a teoria<br />
marxista, crítica ao sistema capitalista que busca ser aplicada na<br />
prática e que mais tarde ficou conhecida como “socialismo científico”, além de criar termos muito estudados<br />
como é o caso da “mais-valia” e da afirmação de que a alienação do trabalho é a que gera as demais.<br />
Sabemos que a obra de Marx influenciou não só o pensamento político e econômico, como a sociedade e<br />
diversos autores, não só desses ramos. Veremos agora as teorias que alguns deles trabalham em suas obras,<br />
tendo sempre por objetivo a comparação e a aplicação do pensamento de Marx em suas obras.<br />
10
IDEOLOGIA<br />
Por uma definição geral, Ideologia é o conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um<br />
indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas e que conduz os<br />
homens à ação.<br />
Ideologia é um Fenômeno complexo que privilegia a aparência das coisas. Ela encobre ou dificulta o<br />
conhecimento da realidade social, não nos deixando vê-la como é.<br />
Segundo André Pessoa, “As ideologias não buscam a verdade, e sim o poder. Extraem da realidade somente<br />
aquilo que lhes é útil, para compor sua argumentação baseada em meias-verdades ou verdades distorcidas,<br />
com vistas a alcançar, a médio ou longo prazo, seus interesses”<br />
Karl Marx, costumava dizer que a Ideologia era um “instrumento de dominação que age através do<br />
convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a<br />
realidade”.<br />
Em sua teoria, Marx “concebe a mesma como uma consciência falsa, proveniente da divisão do trabalho manual<br />
e intelectual. Nessa divisão, surgem os ideólogos ou intelectuais que passam através de ideias impostas a<br />
dominar através das relações de produção e das classes que esses criam na sociedade”<br />
11
ÉMILE DURKHEIM<br />
Para Émile Durkheim, em sua Teoria da Coesão Social, a Sociedade é um<br />
todo integrado.<br />
A vida social, estrutura e gera significados para a existência humana.<br />
A liga que nos une ao social é a Consciência Coletiva. E a solidariedade é a<br />
comunhão dessa Consciência Coletiva aonde partilhamos o mesmo conjunto<br />
de regras de convivência.<br />
O respeito e a obediência a nossa consciência coletiva é que garante um<br />
estado de ordem e "harmonia" da sociedade. Sendo assim, a sociedade<br />
impõe normas para satisfação das necessidades pelo indivíduo-Instituições<br />
de controle social. Quando isso não acontece, vemos uma sociedade sem<br />
regras claras, sem valores, sem limites, que leva o ser humano ao desespero<br />
e a insegurança nas relações sociais - sociedade em estado de Anomia.<br />
Em 1895, Durkheim Publica o estudo denominado “As regras do Método<br />
Sociológico”, Seu principal trabalho envolve a teoria de “consciência coletiva” onde ele busca defender que o homem<br />
é na verdade um animal selvagem, e que só pode tornar-se humano a partir do momento em que tornou-se social<br />
e sociável, aprendendo hábitos e costumes para poder viver coletivamente. Suas reflexões sobre esse processo de<br />
socialização resultam ainda naquilo que hoje é conhecido como teoria do “fato social”. O Fato social é tudo que é<br />
12
coletivo, exterior ao indivíduo e coercitivo. Durkheim demonstra que os fatos sociais tem existência própria e<br />
independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Ele atribui três características aos fatos sociais:<br />
• A primeira é a coerção social, isto é, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformarse<br />
às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Essa força se<br />
manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de<br />
formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.<br />
O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará sujeito quando<br />
tenta se rebelar contra elas. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sanções prescritas<br />
pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se estabelece a infração e a penalidade subsequente.<br />
Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo<br />
ou da sociedade à qual o indivíduo pertence.<br />
A educação desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa na conformação dos indivíduos à<br />
sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas<br />
em<br />
hábitos.<br />
• A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente<br />
de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, os<br />
costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas e são a elas impostos por mecanismos de<br />
13
coerção social, como a educação. Portanto, os fatos sociais são, ao mesmo tempo, coercitivos e dotados de<br />
existência exterior às consciências individuais.<br />
• A terceira característica é a generalidade. É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos<br />
ou, pelo menos, na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva<br />
ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.<br />
Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim. Se um aluno chegasse<br />
à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam<br />
dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma<br />
roupa<br />
adequada.<br />
Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando<br />
ele entrou no grupo, já existia tal norma, e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a<br />
pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O<br />
modo de vestir é um fato social. São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e<br />
uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo.<br />
14
O QUE É CULTURA?<br />
A palavra cultura abrange várias formas artísticas, mas define tudo aquilo que é produzido a<br />
partir da inteligência humana. Ela está presente desde os povos primitivos em seus costumes,<br />
sistemas, leis, religião, em suas artes, ciências, crenças, mitos, valores morais e em tudo<br />
aquilo que compromete o sentir, o pensar e o agir das pessoas.<br />
Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores.<br />
A principal característica da cultura é o mecanismo adaptativo, que consiste na capacidade<br />
que os indivíduos têm de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais até que<br />
possivelmente uma evolução biológica. É também um mecanismo cumulativo porque as<br />
modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, onde vai se transformando, perdendo e<br />
incorporando outros aspetos procurando assim melhorar a vivência das novas gerações. Um conceito que está<br />
sempre em desenvolvimento, pois com o passar do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar inerentes<br />
ao desenvolvimento do ser humano.<br />
15
A ESCOLA DE FRANKFURT<br />
A história da Escola de Frankfurt, que teve origem a<br />
partir de 1924 (ressalte-se que, "em 1923, uma<br />
autorização ministerial dava início à construção do<br />
edifício que abrigaria um instituto de ciências sociais<br />
vinculado à Universidade de Frankfurt, o Instituto de<br />
Pesquisas Sociais”, como afirma MOGENDORFF, 2012,<br />
p. 152), com a criação do Instituto de Pesquisa Social,<br />
abarca um período tão amplo que se confunde, de<br />
certa forma, com a própria história do século XX. “A<br />
Escola de Frankfurt surgiu com o claro propósito de<br />
tentar instaurar uma teoria social capaz de interpretar as grandes mudanças que estavam ocorrendo no início do<br />
século” (TANAKA, 2001, p. 81). Alguns dos principais acontecimentos do século foram pensados e vivenciados,<br />
tematizados e debatidos no âmbito da Escola e seus integrantes “se articularam para tentar compreender um mundo<br />
que mal superara uma guerra de proporções mundiais e já estava sofrendo as consequências de outra, se deparava<br />
com a multiplicação dos meios de comunicação e o fim da autonomia entre cultura e economia” (RÜDIGER, 1999<br />
apud MOGENDORFF, 2012, p. 153) além de vários outros estudos relacionados à sociedade de massas, a sociedade<br />
industrial e problemas decorrentes do processo de desenvolvimento do Capitalismo. Os vários problemas vivenciados<br />
ao longo do século XX, incluindo aí avanço dos governos totalitários na Europa – nazismo (1933-1945) e stalinismo<br />
16
(1924-1953) por exemplo – levou os frankfurtianos a se voltarem para uma reflexão sobre a sociedade moderna.<br />
“Ao invés de progredir para degraus cada vez mais elevados de liberdade e igualdade, o mundo estava mergulhado<br />
no obscurantismo, na violência, enfim, na barbárie tão presente na obra de Adorno” (TANAKA, 2001, p. 71). A ideia<br />
de um progresso civilizatório sucumbia diante dos acontecimentos que marcaram o século XX e várias atrocidades<br />
eram cometidas em nome desta mesma civilização. Aliado a isso, a forte influência do Capitalismo não apenas nas<br />
relações de trabalho e sociais, mas como o capital transforma a própria cultura em mercadoria passível de ser objeto<br />
de troca, que levou Adorno e Horkheimer a cunhar o termo “indústria cultural”. Enfim, a diversidade de temas e<br />
debates nos quais estiveram envolvidos os teóricos da Escola são inumeráveis, mas a expressão “Escola de<br />
Frankfurt” surgiu apenas na década de 50.<br />
17
TEORIA CRÍTICA<br />
A teoria crítica é comumente associada aos filósofos da chamada Escola de<br />
Frankfurt, quase todos vinculados, inicialmente, ao Instituto de Pesquisa Social de<br />
Frankfurt.<br />
Um dos principais objetivos do Instituto era o de explicar, historicamente, como se<br />
dava a organização e a consciência dos trabalhadores industriais. Entretanto, os<br />
pressupostos teóricos da Escola de Frankfurt se estenderam a diversas outras áreas<br />
de estudo – Comunicação<br />
social, Direito, Psicologia, Psicanálise, Filosofia, Antropologia, entre outras.<br />
A teoria parte do princípio de uma crítica ao<br />
caráter cientificista das ciências humanas, ou seja, de uma crítica da crença<br />
irrestrita na base de dados empíricos e na administração como explicação dos<br />
fenômenos sociais (por exemplo, como crítica ao funcionalismo). A preocupação,<br />
pautada pela organização dos trabalhadores, está centrada, principalmente, em<br />
entender a cultura como elemento de transformação da sociedade. Neste sentido, a teoria crítica utiliza-se de<br />
pressupostos do Marxismo para explicar o funcionamento da sociedade e a formação de classes, e<br />
da Psicanálise para explicar a formação do indivíduo, enquanto elemento que compõe o corpo social. Esta postura<br />
se fortalece, principalmente, com o Nazismo e o Fascismo na Europa. Um dos principais questionamentos se dava<br />
18
no sentido de entender como os indivíduos se tornavam insensíveis à dor do autoritarismo, negando a sua própria<br />
condição de indivíduo ativo no corpo social.<br />
Como o Instituto era patrocinado com recursos judeus, além de sua explícita linha marxista de análise, os<br />
pesquisadores como Max Horkheimer (diretor) e Theodor Adorno, entre outros, se veêm obrigados a deixar<br />
a Alemanha Nazista, fugidos da perseguição de Hitler. Já nos Estados Unidos, estes<br />
pesquisadores acompanham o surgimento do que os funcionalistas chamam de "cultura<br />
de massa" com o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação,<br />
principalmente o rádio. Os pensadores da Escola de Frankfurt contestam o conceito de<br />
Cultura de Massa, no sentido de que ele seria uma maneira "camuflada" de indicar que<br />
ela parte das bases sociais e que, portanto, seria produzida pela própria massa.<br />
Ainda nos anos 1940, os pesquisadores de Frankfurt propõem o conceito de indústria<br />
cultural em substituição ao conceito de cultura de massa. Pensadores como Adorno e<br />
Lazarsfeld chegaram a desenvolver pesquisas em conjunto, buscando aproximar os<br />
conceitos do funcionalismo com o da teoria crítica. Entretanto, a proposição de indústria<br />
cultural e de cultura de massa estavam distantes demais.<br />
Ela propõe a teoria como lugar da autocrítica do esclarecimento e de visualização das ações de dominação social,<br />
visando não permitir a reprodução constante desta dominação (na verdade, esta formação crítica a que se propõem<br />
os pensadores de Frankfurt pode ser entendida como um alerta à necessidade do esclarecimento da sociedade quanto<br />
às ordens instituídas). Neste sentido, a teoria crítica visa oferecer um comportamento crítico nos confrontos com a<br />
19
ciência e a cultura, apresentando uma proposta política de reorganização da sociedade, de modo a superar o que<br />
eles chamavam de "crise da razão" (nova crítica ao Funcionalismo). Eles entendiam que a razão era o elemento de<br />
conformidade e de manutenção do status quo, propondo, então, uma reflexão sobre esta racionalidade.<br />
Desta forma, há uma severa crítica à fragmentação da ciência em setores na tentativa de explicar a sociedade<br />
(ordens funcionais - a sociedade entendida como sistemas e subsistemas). Assim, propõem a dialética como método<br />
para entender a sociedade, buscando uma investigação analítica dos fenômenos estudados, relacionando estes<br />
fenômenos com as forças sociais que os provocam. Para eles, as disciplinas setoriais desviam a compreensão da<br />
sociedade como um todo e, assim, todos ficam submetidos à razão instrumental (o próprio status quo) e acabam<br />
por desempenhar uma função de manutenção das normas sociais. A dialética se dá no sentido de entender os<br />
fenômenos estruturais da sociedade (como a formação do capitalismo e a industrialização, por exemplo), fazendo<br />
uma crítica à economia política, buscando na divisão de classes os elementos para explicar a concepção do contexto<br />
social (como o desemprego, o terrorismo, o militarismo, etc.). Em resumo, há uma tentativa de interpretar as<br />
relações sociais a fim de contextualizar os fenômenos que acontecem na sociedade. Partindo deste pressuposto, as<br />
ciências sociais que "reduzem" seus estudos à coleta e classificação de dados (como acontece com a pesquisa norteamericana)<br />
estariam vedando a si próprias a verdade, porque estariam ignorando as intervenções que<br />
constantemente ocorrem no contexto social.<br />
20
DIALÉTICA ILUMINISTA<br />
A dialética iluminista é um livro de filosofia de Max Horkheimer e Theodor W. Adorno. A tese central é abordar que<br />
o Projeto Iluminista original, foi um mito que levou a sociedade a um problema, no qual a ciência está a serviço da<br />
opressão. Ao invés de libertar a humanidade, nos trouxe o poder da destruição.<br />
Theodor Adorno e Max Horkheimer, como de resto todos os intelectuais frankfurtianos, não renegam o projeto da<br />
modernidade – cuja ideia é formatada pela racionalidade ou reflexividade e a crença no progresso científico -, mas<br />
argumentam que tanto a racionalidade como a ciência se transformaram em instrumentos de dominação política,<br />
social e econômica.<br />
A crítica da razão instrumental se faz ao analisar quando o ser humano procura adaptar-se ao meio para satisfazer<br />
as suas necessidades, recorrendo à razão instrumental. Trata-se da estruturação do pensamento que privilegia a<br />
utilidade da ação e que considera os objetos como meios para alcançar um determinado fim, a critica dirigida pelos<br />
autores vai contra esses obstáculos e os impedimentos da emancipação do homem.<br />
No mundo moderno, o avanço da tecnologia (ciência) é um processo permanente. O progresso cientifico representa<br />
o domínio do homem sobre a natureza, mas se desvirtuou a dominação do homem sobre o próprio eu.<br />
21
INDUSTRIALIZAÇÃO E MERCANTILIZAÇÃO<br />
A industrialização é um processo de modernização que se caracteriza pelo desenvolvimento industrial pelo qual<br />
passam os meios de produção de uma sociedade. É acompanhada pela ampliação tecnológica e desenvolvimento da<br />
economia. Esse fenômeno acontece com a mecanização de atividades e substituição de algumas funções exercidas<br />
pela sociedade, propondo uma grande produção em série.<br />
O segmento se expandiu de forma pontual e expressiva a partir da Primeira Revolução Industrial, na Inglaterra.<br />
Ficou marcado por grandes transformações no processo de produção, onde foi importado maquinas a vapor, capazes<br />
de produzir grandes demandas.<br />
A industrialização marcou novas formas de organização social pela lógica do lucro, fazendo com que as relações<br />
sociais passem a fazer parte da economia, e não o contrário.<br />
A expansão das industrias foi o primeiro fator que desencadeou o processo de urbanização e crescimento nas cidades,<br />
o fenômeno causou um grande poder de atração para a população rural, fato que desencadeia os fluxos migratórios<br />
para as cidades. Outros aspectos da industrialização é o desenvolvimento de infraestrutura, transporte, comunicação,<br />
diversos ramos de serviços, degradação ambiental, entre outros.<br />
22
INDÚSTRIA CULTURAL<br />
Industria <strong>Cultural</strong> é o nome utilizado para o modo de produzir<br />
cultura, a partir de um panorama industrial, ou seja, com<br />
finalidade de lucro. O termo foi criado pelos alemães Theodor<br />
Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) afim de<br />
designar a arte na sociedade capitalista. Para se obter lucro com<br />
a novela, por exemplo, é preciso fazer algo que agrade o maior<br />
número de pessoas. Dessa forma, criam-se alguns padrões,<br />
como o vilão e o mocinho, as histórias de amor, os finais felizes.<br />
No fundo, toda a produção artística fica padronizada. Um problema que a padronização causa, é a liberdade de<br />
criação. No caso da música, a gravação precisa manter os processos do produtor musical, do dono da gravadora e<br />
também do empresário. Acontecendo a mesma lógica da produção industrial, onde cada pessoa é dono de uma fase<br />
do processo sem entender por inteiro, pois o objetivo final é venda em massa do produto. A grande problematização<br />
desse processo, é que a indústria da cultura, acaba definindo qual arte iremos consumir, tornando um ciclo vicioso<br />
de produção, com baixa qualidade de projeto e grande público consumidor. Resultando em um senso crítico artístico<br />
inferiorizado e doutrinado.<br />
23
THEODOR LUDWIG WIESENGRUND-ADORNO<br />
Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno, foi um filosofo, sociólogo, musicólogo e compositor<br />
alemão, nascido em Frankfurt em 1903.<br />
Adorno foi um dos fundadores da famosa "Escola de Frankfurt", junto a nomes como<br />
Hebert Marcuse, Jürgen Habermas, Max Horkheimer e Wilhelm Reich.<br />
Adorno acreditava que a cultura possuia uma missão mais nobre, tal como os intelectuais,<br />
únicos capazes de modifica a sociedade.<br />
Durante o processo de nazificação da Alemanha, Adorno foi obrigado a se refugiar na<br />
America, por conta da sua ascendencia judaica e sua vocação socialista. Horkheimer o<br />
convidou para trabalhar na Universidade de Princeton, após sua passagem pela Suiça. A<br />
princípio sua impressão sobre os Estados Unidos não foi as melhores, incomodou-se profundamente o ar de<br />
uniformização presente em tudo, a despeito dos conceitos norte-americanos de individualidade e do cultivo das<br />
diferenças.<br />
Esse momento levou o filosofo a uma reflexão mais profunda sobre a massificação da cultura,fazendo assim, um<br />
estudo profundo sobre a midia dos EUA, descobrindo uma ideologia padronizada de uma massa apática e submissa<br />
ao sistema.Em 1969, Theodor se envolve em uma polêmica com seu amigo da Escola de Frankfurt, Marcuse, por<br />
não apoiar os estudantes que, em 31 de janeiro daquele ano, interrompem sua aula, tentando continuar, dentro do<br />
Instituto, os protestos que tomavam as ruas das capitais da Europa.<br />
24
MAX HORKHEIMER<br />
Max Horkheimer foi um filosofo e sociologo alemão nascido em 1895 na<br />
Alemanhã.<br />
Max realizou uma profunda análise social, onde surge sua obra: Razão<br />
Instumental versus Teoria Crítica.<br />
A Razão Instrumental é o que pertence à uma face da teoria tradicional, enquanto<br />
a Teoria Critica é uma esfera pelos caminhos do pensamento crítico negativo.<br />
Horkheimer é conhecido por julgar a teoria tradicional, refletindo que a mesma,<br />
é uma criadora dos mitos em que se assenta o cientificismo.<br />
Em 1926, Max funda o "Instituto de Pesquisas Sociais" (Escola de Frankfurt) em parceria com Theodor Adorno.<br />
Assume o cargo de professor em 1930 e, em 1931 é nomeado Diretor do referido Instituto.<br />
Escola de Frankfurt lançou os fundamentos da chamada "teoria crítica", expressão que designa um conjunto de ideias<br />
sobre a cultura contemporânea, baseadas no marxismo, mas abertas às influências que o pensamento deve exercer<br />
sobre premissas teóricas.<br />
O pensamento de Horkheimer é um dos mais importantes da filosofia contemporânea. Ao enfrentar a "razão<br />
instrumental" com sua "teoria crítica", ele denuncia essa razão como criadora de perigosos mitos, situando-se em<br />
um marxismo não-ortodoxo, ligado também a certo humanismo individualista<br />
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WALTER BENJAMIN<br />
Walter Benedix Schönflies Benjamin (Berlim, 15 de julho de 1892 — Portbou,<br />
27 de setembro de 1940) foi um influente nome no mundo da filosofia e da<br />
sociologia. Judeu alemão, ele é conhecido por seus ensaios, trabalhos como<br />
tradutor e crítico literário.<br />
Fortemente influenciado por autores marxistas. É associado à Escola de<br />
Frankfurt e à Teoria crítica. Traduziu grandes obras para o alemão, mas seus<br />
trabalhos mais reconhecidos são A Obra de Arte na Era da Sua<br />
Reprodutibilidade Técnica (1936) e Teses Sobre o Conceito de História (1940).<br />
Walter Benjamin nasceu em uma família judaica alemã e desde cedo<br />
demonstra interesse pelas ideias marxistas. Seus primeiros trabalhos no<br />
campo da sociologia já demonstram uma preocupação com a crítica à política<br />
e suas obras também apresentam uma forte reflexão quanto a estética. Sua<br />
grande preocupação ao sistema cultural e suas bases econômicas são vistas em seu aclamado trabalho A Obra de<br />
Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica (1936).<br />
A arte está ligada a manifestações estéticas que provêm das percepções, emoções e ideias dos artistas. É<br />
extremamente difícil, talvez até impraticável, estabelecer uma definição de arte. Diferentes teóricos fizeram esta<br />
tentativa ao longo da história, mas se depararam com a dependência da arte a uma enorme profusão de<br />
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circunstâncias que a permeiam, sejam elas históricas, sociais, políticas, geográficas, linguísticas, econômicas, etc.<br />
Chega-se à conclusão, portanto, que a definição de arte varia de acordo com a época e a cultura.<br />
Para o autor, “a produção artística começa com imagens a serviço da magia. O que importa, nessas imagens, é que<br />
elas existem, e não que sejam vistas.” Ou seja, em relação ao “valor de culto”, a importância de uma obra de arte<br />
se dava a partir de sua função ritual, antes mágico e depois religioso e, portanto, ligada à unicidade das obras de<br />
arte. A partir do advento da reprodutibilidade técnica das formas simbólicas, estas obras acabam por se emancipar<br />
de sua função ritualística e, portanto, de sua existência única, sua "aura", e passam a ser exibidas e disponíveis,<br />
chegando a atingir enorme escala de exposição.<br />
Benjamin aponta o advento da fotografia como o início do recuo do valor de culto<br />
das obras de arte. No entanto, é válido ressaltar que, ao mesmo tempo, é na<br />
fotografia que este valor ainda pode encontrar alguma remanescência, já que as<br />
fotografias de rostos humanos podem chegar a afetar aqueles que teriam alguma<br />
ligação com quem está retratado em tais fotografias, trazendo-lhes uma saudade<br />
que poderia se relacionar ao valor de culto.<br />
O "valor de culto", então, dá lugar ao "valor de exposição": se antes a produção<br />
artística estava a serviço do ritual, a partir das técnicas de reprodução serial, sua<br />
exponibilidade faz surgir uma necessidade crescente por uma maior disponibilidade das obras de arte. Esta mudança<br />
de valores chega, portanto, a acarretar uma verdadeira "refuncionalização" da arte.<br />
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O CONCEITO DE AURA NA OBRA DE WALTER BENJAMIN<br />
O conceito de aura na obra de Walter Benjamin insere-se no âmbito da obra de arte. Este conceito está ligado à<br />
reprodutibilidade técnica da obra de arte. Desde sempre existiu a possibilidade dos homens copiarem o que os outros<br />
tinham feito. Num primeiro momento, essas cópias eram feitas por discípulos dos artistas e, num segundo momento,<br />
eram copiadas para fins lucrativos. No entanto, a arte deixa de ser reproduzida manualmente quando, a entrada da<br />
fotografia possibilita uma mudança na mentalidade das pessoas. Benjamin escreveu que “com a fotografia, a mão<br />
liberta-se pela primeira vez, no processo de reprodução de imagens, de importantes tarefas artísticas que a partir<br />
de então passaram a caber exclusivamente aos olhos que vêem através da objectiva. Como o olho apreende mais<br />
depressa do que a mão desenha, o processo de reprodução de imagens foi tão extraordinariamente acelerado que<br />
passou a poder acompanhar a fala.” O cinema, por exemplo, surgiu como um complemento dessa percepção visual<br />
mais rápida e do olhar.<br />
Para Walter Benjamin, “tudo o que aqui se disse se pode resumir no conceito de aura, e pode dizer-se então que o<br />
que estiola na época de possibilidade de reprodução técnica da obra de arte é a sua aura. O caso mais sintomático:<br />
o seu significado aponta para além do próprio domínio da arte. Pode dizer-se, de um modo geral, que a técnica da<br />
reprodução liberta o objecto reproduzido do domínio da tradição. Na medida em que multiplica a reprodução,<br />
substitui a sua existência única pela sua existência em massa. E, na medida em que permite à sua reprodução vir<br />
em qualquer situação ao encontro do receptor, actualiza o objecto reproduzido.” Com efeito, a aura é uma figura<br />
singular, composta de elementos especiais e temporais, é a aparição única de uma coisa distante, por mais perto<br />
que ela esteja.<br />
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HERBERT MARCUSE<br />
Herbert Marcuse nasceu em Berlim numa família de judeus assimilados, foi<br />
membro do Partido Social-Democrata Alemão entre 1917 e 1918, tendo<br />
participado de um Conselho de Soldados durante a revolução berlinense de<br />
1919, na sequência da qual deixou o partido.<br />
A FORMAÇÃO DO HOMEM UNIDIMENSIONAL<br />
Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia,<br />
os movimentos repressivos das liberdades individuais, e com uma desvalorização da razão em favor da técnica. Em<br />
seu livro "O homem unidimensional", Marcuse afirma que a sociedade industrial chegou a um ponto onde a burguesia<br />
e o proletariado, classes responsáveis pelo movimento da história, deixam de ser agentes transformadores da<br />
sociedade para se tornarem agentes defensores do status quo. Os avanços da técnica solucionaram tantas pequenas<br />
necessidades, tornaram a vida destes grupos tão confortáveis, que o ímpeto revolucionário desses grupos cessou.<br />
Ao mesmo tempo, a técnica possibilita um controle social cada vez mais aperfeiçoado, e se torna não um instrumento<br />
neutro, como se acreditava anteriormente, e sim engrenagem central de um novo sistema de dominação. E se o<br />
proletariado não é mais "sujeito revolucionário", grupo em oposição à sociedade hegemônica, que grupo social o<br />
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será? De acordo com Marcuse, isso cabe àqueles cuja ascensão não é permitida pela sociedade moderna, aos grupos<br />
minoritários às margens da sociedade que o bem-estar geral não conseguiu (ou não se interessou em) incorporar.<br />
Marcuse retoma de Hegel duas noções capitais, a ideia de "Razão" e a ideia de "Negatividade". A Razão é a faculdade<br />
humana que se manifesta no uso completo feito pelo homem de suas possibilidades. Não se pode compreender a<br />
"possibilidade" longe do conceito de "necessidade". O que necessitamos? A necessidade nos dirige a certos objetos<br />
cuja falta sentimos. A possibilidade mede o raio de nosso alcance face a tais objetos. Se quero um apartamento mas<br />
não tenho dinheiro para comprá-lo, o objeto de minha necessidade é o apartamento, e a medida de minha<br />
possibilidade é o dinheiro que me falta. É muito fácil compreender como a falta de dinheiro representa um bloqueio<br />
falso, fictício, á satisfação de meu desejo. Na realidade posso ter o apartamento, mas certas convenções sociais,<br />
que respeito de modo mais ou menos acrítico, me impedem de possuí-lo. Ao mesmo tempo, se me interrogo a<br />
respeito da minha necessidade face ao apartamento, essa também se dissolve. O apartamento é um símbolo de<br />
status social, ou resultado de certas convenções visando ao gosto que seriam, em outras condições, muito<br />
discutíveis, e que nem sempre me possibilitam morar satisfatoriamente. A minha necessidade se revela, portanto,<br />
como uma falsa necessidade, assim como o bloqueio pela falta de dinheiro das minhas possibilidades era um bloqueio<br />
falso. Onde se encontram, então, minhas necessidades e minhas possibilidades? Como compreenderemos o que e<br />
Razão? Marcuse muito se preocupa com este problema ao longo de toda a sua obra, sempre polêmica.<br />
No livro Ideologia da Sociedade Industrial, Marcuse repete a crítica ao racionalismo da sociedade moderna, e tenta<br />
ao mesmo tempo esboçar o caminho que poderá nos afastar dele. O caminho será, por um aspecto, a contestação<br />
da sociedade pelos marginais que a sociedade desprezou ou não conseguiu beneficiar. Será por outro aspecto o<br />
desenvolvimento extremo da tecnologia, que deverá ter, segundo Marx e Marcuse, efeitos revolucionários. Quais são<br />
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estes efeitos? O problema da sociedade moderna é a invasão da mentalidade mercantilista e quantificadora a todos<br />
os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa economicamente pelo valor de troca, ligado de modo<br />
íntimo aos processos de alienação do homem. E, segundo Marx, com o desenvolvimento extremo da tecnologia "a<br />
forma de produção assente no valor de troca sucumbirá". A sociedade moderna, sentindo, que sua base a tecnologia<br />
- contém seu rompimento, age repressivamente para evitar este avanço extremo. Marcuse tinha esperança de que<br />
não.<br />
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JÜRGEN HABERMAS<br />
Jürgen Habermas (1929) nasceu em Düsseldorf, Alemanha, no dia 18 de junho de 1929.<br />
Durante sua juventude já se interessava por questões sociais. Estudou Filosofia, Literatura<br />
Alemã e Economia nas universidades de Göttingen, Zurique e Bonn. Em 1954, sua<br />
preocupação com as questões políticas aparecem em sua tese de doutorado, intitulada<br />
“Estudante e Política”, quando realizou uma pesquisa empírica sobre a participação<br />
estudantil na política alemã.<br />
Passou a escrever como free-lance para jornais alemães e seus textos chamaram a atenção<br />
do filósofo Theodor W. Adorno, um dos fundadores da Escola de Frankfurt de Teoria Crítica,<br />
juntamente com Max Horkheimer. Em 1956 Habermas é convidado por Adorno para<br />
trabalhar como seu assistente no Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, e o influencia<br />
com sua análise crítica da sociedade.<br />
Devido à aversão de Max Horkheimer, então diretor do Instituto, ao jovem de orientação marxista e politicamente<br />
engajado, Jürgen muda-se para Marburg, onde obteve sua livre-docência com a tese intitulada “Mudanças Estruturais<br />
do Espaço Público”. Em 1964 retorna a Frankfurt, e assume a direção do Instituto de Pesquisas.<br />
Ainda na década de 60 defende os violentos protestos estudantis ocorridos na Alemanha. É a favor da participação<br />
política por meio da desobediência civil, mas se distancia de grupos radicais e do líder estudantil e o acusa de fascista<br />
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de esquerda em seu texto “A Pseudo Revolução e Seus Filhos”. Com essa atitude, é hostilizado por boa parte da<br />
esquerda alemã.<br />
Passou a ensinar Filosofia em Heidelberg e Sociologia em Frankfurt. Em 1968, transferiu-se para os Estados Unidos,<br />
onde lecionou na New School for Social Research de Nova Iorque. Entre os anos de 1971 e 1980 dirigiu o Instituto<br />
Max Planck de Starnberg, na Baviera. Em 1981 publicou “Teoria da Ação Comunicativa”, onde trata dos fundamentos<br />
da teoria social, da análise da democracia, do Estado de direito e da política contemporânea, especialmente da<br />
Alemanha. É uma tentativa de restabelecer a relação entre o Socialismo e a Democracia.<br />
Essa publicação considerada sua obra mais importante tem uma grande relevância dentro do contexto de qualquer<br />
regime que se pretende democrático, quando sugere um modelo de ação comunicativa, a Democracia Deliberativa,<br />
na qual a sociedade é que deve criar suas próprias regras através de um consenso de forma não coercitiva.<br />
Em 1983 Habermas transferiu-se para a Universidade Johann Wolfgang Von Goethe, em Frankfurt, onde conquistou<br />
a cátedra de Filosofia, permanecendo ali até sua aposentadoria, em 1994. Recebeu diversos prêmios e distinções,<br />
entre eles, o Prêmio <strong>Cultural</strong> de Hessen, em 1999, e o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão, em 2001. Em<br />
2006 publicou “O Ocidente Dividido”.<br />
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Depois de viajarmos no tempo e descobrirmos coisas impressionantes sobre a indústria cultural e de como nós somos<br />
afetados por ela, de sabermos sobre alguns pensadores da época e perceber o quanto que a tecnologia e a sociedade<br />
interferem em nossas vidas, vamos falar um pouco sobre VIOLÊNCIA.<br />
Todos nós sabemos o que remete essa palavra, não é mesmo? Mas você sabia que não existe somente um único<br />
tipo de violência? Atualmente possuímos vários tipos de violência como: física, psicológica, sexual, infantil, simbólica,<br />
entre outras. Hoje vamos ver um pouquinho sobre Violência Simbólica, que é algo pouco falado, mas que acontece<br />
todos os dias muito próximo de nós.<br />
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA<br />
Para entendermos Violência simbólica, precisamos conhecer um pouco sobre a vida do autor<br />
dessa teoria, o Francês, que nasceu em 1930, Pierre Félix Bourdieu, estudado em Letras e<br />
em Filosofia, iniciou a carreira de professor, em Moulins, e em função do serviço militar<br />
precisou sair do trabalho, nesse período de interrupção de função, passou a exercer o cargo<br />
de Professor na Universidade Argel, Bourdieu, tornou-se referência no estudo da<br />
antropologia e na sociologia, em 1960, sobre educação, cultura, literatura arte, mídia,<br />
linguística e política. Suas reflexões dialogavam com as de Karl Max e Max Weber, adotando<br />
a nomenclatura de construtivismo estruturalista ou de estruturalista construtivista. Pierre<br />
Bourdieu, é o autor dos subconceitos de capital Social, capital <strong>Cultural</strong>, Capital econômico<br />
e capital Simbólico.<br />
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O conceito de violência simbólica foi criado para descrever o processo pelo qual a classe dominante impõe seu modo<br />
de pensar ao resto da sociedade. Quando falamos em classe dominante, não devemos restringir a ideia ao processo<br />
econômico, mas também ao domínio cultural.<br />
Para o francês, a escola tem papel significativo na legitimação da violência simbólica, os conteúdos apresentados na<br />
escola têm parte bem especifica da população, ignorando as experiências interpessoais dos alunos fora da sala de<br />
aula, a diversidade que compõe o espaço escolar é eliminada pela máxima das ’’oportunidades iguais para pessoas<br />
diferentes’’<br />
O PODER DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA<br />
De acordo com Bourdieu “O poder simbólico é, com efeito, esse poder<br />
invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que<br />
não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem”<br />
(BOURDIEU, 1989, p. 7), Bourdieu assinala que é através do que ele<br />
chama de sistemas simbólicos, a língua, a arte a religião que o poder<br />
simbólico se edifica e se revela. A língua como um objeto desse estudo<br />
é então para o teórico, enquanto sistema simbólico, uma estrutura deste<br />
estudo é então para o teórico, enquanto o sistema simbólico, uma<br />
estrutura estruturante, pois que se configura como instrumento para o teórico, enquanto sistema simbólico, uma<br />
estrutura estruturante, pois que se configura como instrumento de conhecimento e construção do mundo dos<br />
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objetos, delineando seu caráter socialmente determinado e arbitrário; e também uma estrutura estruturada, dizendo<br />
respeito assim, ao caráter imanente de sistema estruturado como nos pensamentos de Saussure.<br />
A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NAS ESCOLAS<br />
É quando um aluno é afetado emocionalmente pelo outro com palavras, quando<br />
existe uma briga verbal, o Bullying, xingamentos, apelidos ofensivos (que<br />
geralmente acontece devidos as características, cor de pele, tipo de cabelo,<br />
origem, qualidade sexual,) e ridicularizarão do outro. As violências simbólicas em<br />
escolas geralmente levam os ofendidos a traumas psicológicos, os estudantes<br />
chegam a tirar a própria vida e/ou agressão aos colegas.<br />
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NAS REDES SOCIAIS<br />
Aborda-se a violência simbólica e sua propagação através do discurso em sites de rede<br />
social, em especial a incitação à violência coletiva na forma de linchamento. O<br />
crescimento do uso do Facebook e outras redes sociais mediadas pelo computador e<br />
dispositivos móveis conectados à internet trouxeram novos contextos para os processos<br />
de comunicação e para a formação de discursos. Esses novos contextos permitem<br />
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também que novas e antigas práticas sociais aflorem e se popularizem nas redes sociais online. A violência simbólica<br />
é aquela que acontece através de linguagem, das imposições discursivas que criam “verdades” e são instrumento<br />
de dominação e formação de uma cultura de massa, que aliena e desorienta. O objetivo é demonstrar que a incitação<br />
à violência e o discurso do ódio desenvolvidos em redes sociais, provocam danos reais no contexto social e muito<br />
embora haja previsão legal que incrimine seus propagadores, o Poder Público e a sociedade contam com poucos<br />
mecanismos para a identificação e prevenção de tal violência. Há uma perda real no campo ético e na construção de<br />
uma cidadania orientada à manutenção da dignidade da pessoa humana.<br />
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NAS MÍDIAS<br />
Por meio de reflexões conjuntas com a antropologia e a sociologia, discutir como nascem<br />
algumas raízes da violência simbólica no contexto escolar. Faz um breve estudo acerca das<br />
narrativas fílmicas e da mídia, enquanto indústria cultural para preservação da cultura<br />
hegemônica-dominante, através de revisão da literatura. Estuda teorias a respeito dos mitos,<br />
as formas imagéticas da violência e como a mídia pode influenciar também o cotidiano escolar,<br />
através do habitus, trazido em cada um de seus atores, e sua relação direta com<br />
o campo, (BOURDIEU, 1982) que nesse caso específico é o escolar. Perpassa por definições<br />
do que vem a ser codificação e decodificação dos espectadores (HALL, 2008), destacando que há três maneiras pelas<br />
quais as pessoas decodificam as mensagens midiáticas e qual a relação que há entre elas e as manifestações da<br />
violência simbólica escolar. Conceitua o mito da não-violência (CHAUÍ, 1980) e sua implicação para uma suposta<br />
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neutralidade da instituição escolar quanto à violência na/da escola. Por fim, como considerações finais, aponta um<br />
dos caminhos para o tratamento da violência simbólica escolar por meio do estudo da literacia midiática.<br />
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Referências bibliográficas:<br />
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X1995000100007<br />
https://pt.wikipedia.org/wiki/Raz%C3%A3o_instrumental<br />
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12146<br />
https://www.ebiografia.com/jurgen_habermas/<br />
https://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Marcuse<br />
https://digartmedia.wordpress.com/2012/04/28/o-conceito-de-aura-na-obra-de-walter-benjamin/<br />
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Obra_de_Arte_na_Era_de_Sua_Reprodutibilidade_T%C3%A9cnica<br />
http://www.consciencia.org/tecnologia-e-dominacao-ideologica-na-escola-de-frankfurt<br />
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica<br />
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-contempor%C3%A2nea/escola-de-frankfurt/<br />
https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/para-entender-o-que-e-marxismo-cultural<br />
https://www.infoescola.com/biografias/pierre-bourdieu/<br />
https://www;revistaseçetronicas;fmu;br/index<br />
https://pt.scribd.com/document/266649001/Violencia-Simbolica-Nas-Redes-Sociais<br />
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