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MUITO ALÉM DE


Não é novidade que vivemos cada vez mais<br />

conectados e imersos na era digital. Likes,<br />

compartilhamentos e comentários surgem a<br />

cada página web visitada. O usuário tem a<br />

possibilidade de expressar suas opiniões sobre<br />

praticamente tudo que está nesse ambiente<br />

online, mas é preciso entender o que essa<br />

interação nos mostra além de uma simples<br />

mensagem na rede.<br />

O programa Amor&Sexo é um exemplo de<br />

como a repercussão de determinados assuntos<br />

nas redes sociais mudaram o formato de cada<br />

temporada. Disponível também na plataforma<br />

VoD, Globo Play, o usuário assiste ao programa<br />

e se expressa sobre o mesmo. Ele não é<br />

apenas receptor da mensagem (conteúdo<br />

do programa), mas sim, faz parte dela e<br />

transmite a sua própria mensagem dentro da<br />

plataforma, e nós precisamos entender o que<br />

cada interação, programa x espectador, quer<br />

transmitir.<br />

São mais que opiniões, é a interação online.<br />

É o conteúdo televisivo em telas digitais.<br />

É o que consumimos e vivemos diariamente.<br />

Se você chegou até aqui, é melhor continuar.<br />

Boa leitura.<br />

Aline Evans de Paula Santos<br />

Bruna Rodrigues Peixoto


1<br />

23<br />

5<br />

6<br />

PRIMEIRO ENCONTRO 10<br />

VAMOS NOS CONHECER MELHOR 5<br />

PRELIMINARES 12<br />

4<br />

ENTRE<br />

4 PAREDES TUDO PODE ACONTECER 18<br />

FOI BOM PARA VOCÊ? 20<br />

TUDO QUE É BOM DURA POUCO 23


Vamos nos<br />

1conhecer<br />

melhor?<br />

Com seu primeiro episódio indo ao ar no dia 28 de agosto de 2009,<br />

o programa Amor&Sexo veio com a proposta de falar abertamente<br />

sobre amor, relacionamentos e, claro, muitos assuntos relacionados<br />

ao sexo. Comandado pela modelo e apresentadora Fernanda Lima,<br />

seu cenário traz uma bancada de convidados, banda e uma plateia<br />

de aproximadamente 400 pessoas.<br />

As primeiras temporadas abordavam tais temas através de<br />

brincadeiras e com discurso leve e humorístico. Ao longo dos<br />

anos, o programa se remodelou, mantendo sempre uma boa<br />

audiência e repercussão. Já suas duas últimas temporadas<br />

foram reflexo da resposta dos telespectadores na Internet,<br />

através de interações e opiniões online sobre vários temas<br />

que vêm ganhando espaço na sociedade.<br />

5


Globo<br />

Play<br />

Lançado em 2015, o Globo<br />

Play surgiu com a missão de<br />

tornar o conteúdo da emissora<br />

acessível através de computadores,<br />

smartphones, tablets e<br />

qualquer outro dispositivo que<br />

conecte-se à Internet. Neste<br />

seu primeiro ano, os usuários<br />

assistiram um total de 6,3<br />

bilhões de minutos de vídeos e<br />

em 2016 a plataforma alcançou<br />

67 milhões de pessoas.


Video on<br />

Demand<br />

Video on Demand (vídeo sob<br />

demanda), é o conteúdo via<br />

streaming que é consumido<br />

de acordo com a sua necessidade.<br />

O espectador assiste<br />

o que quiser, quando quiser,<br />

sem ficar sujeito à programação<br />

da TV, seja ela aberta<br />

ou fechada. O VoD é um dos<br />

grandes precursores dessa<br />

era digital em que vivemos, e<br />

como comunicadores, devemos<br />

nos atentar à essa nova<br />

realidade da comunicação e<br />

do entretenimento.<br />

7


A última temporada do<br />

programa, exibida de 26 de<br />

janeiro a 13 de abril de 2017,<br />

aconteceu devido ao apelo<br />

popular.<br />

Segundo a apresentadora<br />

Fernanda Lima “o programa<br />

teve como missão aprofundar<br />

assuntos e tocar em algumas<br />

feridas”.<br />

10 0<br />

TEMPORADA<br />

Empoderamento, machismo,<br />

diversidade e etc... assuntos<br />

polêmicos que deram o tom<br />

de alguns episódios, todos<br />

com acalorados debates<br />

nas redes sociais.<br />

Essa temporada foi resultado<br />

da repercussão que esses e<br />

outros temas ganharam nos<br />

últimos anos, com a intenção<br />

de dar voz à movimentos<br />

sociais, além de informação<br />

e conscientização ao público.


9


2 PRIMEIRO<br />

ENCONTRO<br />

Um programa que se remodelou<br />

através da resposta do<br />

público e nas interações virtuais,<br />

o que pode ser mensurado<br />

através da plataforma<br />

de Video On Demand. Isso só<br />

reafirma o quão importante<br />

têm sido essa tecnologia.<br />

Mas como fazer isso? A resposta<br />

está através das mensagens<br />

dos espectadores em<br />

cada episódio exibido dentro<br />

do Globo Play. O que ele quer<br />

transmitir sobre o programa?<br />

Qual a visão dele?


Para isso separamos cada episódio,<br />

levantando o número de views, likes e<br />

comentários sobre cada tema.<br />

TÍTULO COMENTÁRIOS likes VISUALIZAÇÕES<br />

feminismo 50 675 235.755<br />

erotismo 29 400 164.426<br />

homem 23 388 104.478<br />

saúde 9 151 72.501<br />

juventude e<br />

melhor idade<br />

3 169 68.733<br />

identidade de gênero 22 367 168.776<br />

autoestima e beleza 9 183 88.036<br />

amor e sexo 7 181 77.469<br />

educação 7 94<br />

47.651<br />

ética e política 8 114 54.255<br />

melhores momentos<br />

da temporada<br />

13 140 56.097<br />

11


3preliminares<br />

Analisamos o conteúdo<br />

(episódios do programa)<br />

em paralelo com a análise<br />

do discurso (comentários).<br />

Categorização pela teoria<br />

fundamentada nos dados<br />

(grounded theory).<br />

Identificamos que cada<br />

mensagem/comentário era<br />

direcionado à diferentes<br />

assuntos, diferentes propósitos.<br />

Então categorizamos<br />

esses propósitos em: sobre<br />

o programa, emissora,<br />

apresentadora, interagentes<br />

e assunto do episódio.<br />

Classificamos então as<br />

interações com base nas<br />

Funções da Linguagem<br />

de Roman Jakobson e na<br />

Condição de Finalidade<br />

de Patrick Charaudeau.<br />

Para o linguista Roman<br />

Jakobson, cada mensagem<br />

tem uma função diferente na<br />

forma em que é transmitida.<br />

Ele classifica essas funções<br />

em: referencial, emotiva,<br />

conativa, fática, metalinguística<br />

e poética. E cada espectador<br />

emite sua mensagem através<br />

dessas funções.<br />

“Fernanda, me<br />

encanto com a forma<br />

que você tem tratado<br />

temas tão modernos,<br />

irreverentes e<br />

limítrofes com<br />

inteligência, arte e<br />

beleza Parabéns!”<br />

Exemplo de função emotiva<br />

de Antônio Loureiro –<br />

Episódio Autoestima<br />

96 73 8<br />

REFERENCIAL EMOTIVA CONATIVA<br />

0 2 1<br />

POÉTICA<br />

FÁTICA<br />

METALINGUÍSTICA


Cada mensagem tem uma<br />

finalidade, um objetivo. Patrick<br />

Charaudeau as classifica em:<br />

fazer saber, fazer crer, fazer<br />

sentir e fazer fazer.<br />

46<br />

FAZER SABER<br />

13<br />

FAZER CRER<br />

15<br />

FAZER FAZER<br />

103<br />

FAZER SENTIR<br />

13


Roman<br />

Jakobson


Mais de 70% das<br />

mensagens são<br />

direcionadas ao<br />

programa.<br />

Seja elogio, crítica, sugestão<br />

ou pergunta. O espectador<br />

se expressa sobre o programa<br />

como um todo. As<br />

mensagens sobre o tema do<br />

episódio, onde as interações<br />

transmitem mensagens diretamente<br />

sobre a pauta do<br />

programa, é a segunda categoria<br />

que mais aparece em<br />

nossa pesquisa.<br />

No que se refere às funções<br />

da linguagem, a função referencial<br />

é a mais presente. Sua<br />

característica é transmitir<br />

informações objetivas sobre<br />

a mensagem. A segunda<br />

função mais aparente nesse<br />

estudo é a emotiva. É a qual<br />

o emissor se mostra presente<br />

na mensagem, expondo<br />

opiniões, emoções (sejam elas<br />

positivas ou negativas), entre<br />

outras características que<br />

são perceptíveis na mensagem,<br />

de forma que o receptor<br />

consiga sentir aquilo que<br />

o emissor quer transmitir.<br />

15


Patrick<br />

Charaudeau<br />

Para Charaudeau, a finalidade da mensagem é aquilo que se espera<br />

com um ato comunicacional, a expectativa de como aquela<br />

informação será recebida, e qual sua real finalidade. Com os<br />

resultados da nossa categorização, a finalidade que os espectadores<br />

mais transmitem é a de “fazer sentir”. Essa finalidade tem a<br />

intenção de provocar no receptor um estado emocional, podendo<br />

ser agradável ou não.


O comentário de Adriano<br />

Hofmann é um exemplo dessa<br />

audiência.<br />

“meeee mto bom<br />

acho q o melhor<br />

programa da tv<br />

inteligente e limpo”<br />

Comentário de Adriano<br />

Hofman sobre o programa<br />

na função referencial com a<br />

finalidade de fazer sentir – 2º<br />

episódio, tema: Erotismo<br />

Com base na análise dos<br />

episódios da 10ª temporada<br />

do programa Amor&Sexo<br />

no Globo Play, verificamos<br />

que a interação dos<br />

espectadores, através desta<br />

plataforma, é o fazer sentir<br />

na função referencial sobre o<br />

programa.<br />

17


4entre 4 paredes<br />

tudo<br />

pode<br />

acontecer


Trazendo esses resultados<br />

para a nossa realidade como<br />

comunicadores, através da<br />

publicidade a função referencial<br />

é a função mais presente<br />

em textos publicitários, já que<br />

normalmente um anúncio faz<br />

referência à produtos, ideias<br />

ou serviços, transmitindo informações<br />

da realidade e de<br />

forma objetiva.<br />

Dando prosseguimento aos<br />

resultados, entendemos que a<br />

função emotiva está presente<br />

nos anúncios e propagandas,<br />

trazendo ao receptor uma<br />

reflexão ou algo que, em seu<br />

íntimo, o faz se identificar<br />

com um produto, serviço ou<br />

marca: aquele comercial do<br />

dia das mães, um anúncio de<br />

Natal ou até mesmo o teaser<br />

do seu time do coração.<br />

A função emotiva cada vez<br />

mais está presente em nosso<br />

âmbito publicitário, sempre<br />

despertando algum sentimento<br />

ou recordação.<br />

Na condição de finalidade,<br />

o fazer sentir está atrelado<br />

à função emotiva.<br />

19


5<br />

FOI<br />

BOM<br />

PARA<br />

VOCÊ?<br />

Ao escolhermos o programa Amor&Sexo como objeto de estudo,<br />

nossa proposta foi de entender como ele se remodelou em suas últimas<br />

temporadas. Suas transformações acontecerem em resposta ao<br />

público e as manifestações que vêm ganhando espaço na sociedade.<br />

Mesmo sendo um programa televisivo, seu conteúdo está disponível<br />

na internet e é onde os espectadores não são apenas receptores de<br />

mensagem, mas sim interagentes e colaboradores dela.


Com a proposta de analisar o<br />

que o público fala sobre o programa<br />

em meio a essa comunicação<br />

online que vivemos, a<br />

plataforma de VoD, Globo Play,<br />

nos trouxe dados mensuráveis<br />

de interação que ocorre entre<br />

programa e espectador.<br />

Nosso primeiro passo foi a<br />

separação de cada um dos 11<br />

episódios da última temporada,<br />

transmitida nos primeiros<br />

meses de 2017, disponíveis no<br />

site da plataforma (globoplay.<br />

globo.com/amor-sexo). Baseado<br />

na metodologia da teoria<br />

fundamentada nos dados<br />

(grounded theory), onde seu<br />

desenvolvimento acontece<br />

através da contínua interdependência<br />

entre a coleta de<br />

dados e a análise dos mesmos,<br />

separamos os números de<br />

visualizações de cada episódio,<br />

a quantidade de comentários e<br />

likes (os primeiros dados empíricos).<br />

Já nessa primeira etapa<br />

nos deparamos com a força<br />

e presença da tecnologia VoD,<br />

nos mostrando a soma de mais<br />

de um milhão de visualizações<br />

do programa.<br />

Observamos os comentários<br />

(mensagens) de cada espectador<br />

e então identificamos<br />

que elas traziam propósitos<br />

diferentes, dando surgimento à<br />

nossa primeira categorização:<br />

a de propósito da mensagem.<br />

1. Sobre o programa, 2. Sobre<br />

a emissora, 3. Sobre a apresentadora,<br />

4. Sobre os interagentes<br />

e 5. Sobre o tema do episódio.<br />

Partindo do propósito da mensagem,<br />

seu conteúdo também<br />

era expressado em diferentes<br />

CON-<br />

tons, diferentes maneiras e<br />

então as Funções da Linguagem<br />

de Roman Jakobson as<br />

classificaram em: referencial,<br />

CLU<br />

emotiva, conativa, fática e metalinguistica.<br />

A função poética<br />

dos estudos de Jakobson não<br />

aparece em nossa análise.<br />

Além de um propósito e<br />

função, a mensagem também<br />

tem a sua finalidade. Em seu<br />

livro Discurso das Mídias, Patrick<br />

Charaudeau apresenta os<br />

principais objetivos de cada<br />

mensagem: fazer saber, fazer<br />

crer, fazer sentir e fazer fazer.<br />

Assim podemos afirmar como<br />

o espectador manifesta sua<br />

opinião sobre um programa<br />

que transcende o âmbito<br />

televisivo.<br />

Nossa pesquisa foi além de<br />

apenas observação e coleta de<br />

dados. Trazer um estudo sobre<br />

uma das maiores plataformas<br />

digitais que consumimos e<br />

analisar como o espectador se<br />

faz presente e reestrutura um<br />

programa, debatendo assuntos<br />

de extrema importância e<br />

conscientização para a sociedade<br />

nos mostra, como futuras<br />

publicitárias, as novas maneiras<br />

de comunicação, feedback e<br />

comportamento do espectador/consumidor<br />

em uma tecnologia<br />

que só tende a crescer<br />

ainda mais em nossa profissão,<br />

que é o VoD.<br />

Este trabalho nos permitiu<br />

entender a comunicação muito<br />

além do contexto publicitário.<br />

Nos desafiou a conhecer novos<br />

métodos de pesquisa, autores<br />

e uma tecnologia que consumimos<br />

diariamente, agregando<br />

nosso conteúdo acadêmico<br />

e trazendo realmente nossa<br />

percepção como profissionais<br />

de comunicação social.<br />

Posteriormente, nosso objetivo<br />

é aprofundar o tema e fazer<br />

desse estudo um artigo a ser<br />

submetido em futuros<br />

congressos da nossa área.<br />

19 21


6TUDO QUE É<br />

BOM<br />

DURA<br />

POUCO<br />

ANGELO, Rogerio C. A função conativa da linguagem e os textos publicitários.<br />

CHARADEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São Paulo: Editora Contexto, 2013.<br />

GLASER, Barney G., STRAUS, Anselm L. The Discovery of Grounded Theory: Strategies for Qualitative Research. ‎Chicago: Aldine Pub. Co., 1967.<br />

GLOBO, Rede. Globo Play: a programação da Globo ao vivo ao alcance de um ‘play’; saiba, 2015<br />

GLOBO, Grupo. História Grupo Globo.<br />

GLOBO, Memória. Amor&Sexo.<br />

JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Editora Cultrix, 1995.<br />

LEVIN, Teresa. VOD chega a US$352 milhões no Brasil, 2016.<br />

LIMA, Silvia Ferreira. Funções da linguagem aplicadas ao discurso, 2010.<br />

LUCA, Cristina de. Brasil é o 8º mercado de Vídeo sob Demanda, com receitas de US$ 352,3 milhões este ano, 2016.<br />

SANDMANN, Antônio J. A linguagem da propaganda. São Paulo: Contexto, 2000.<br />

SÃO PAULO, G1. Globo Play completa 1º ano com 9,5 milhões de downloads do aplicativo, 2016.<br />

SEXO & Amor. Saiba tudo sobre Amor e Sexo apresentado por Fernanda Lima.<br />

SEXO & Amor. Assista aos melhores vídeos de entretenimento, esportes ao vivo, jornalismo e muito mais quando e onde quiser.<br />

STRAUSS, Anselm L., CORBIN, Juliet M. Grounded Theory in Practice. NY: Sage, 1997.<br />

VESTERGAARD, Torben; SCHRØDER, Kim. A Linguagem da Propaganda. São Paulo: Martins Fontes, 1988.<br />

GLOBO, Gshow página do programa Amor&Sexo. http://gshow.globo.com/programas/amor-e-sexo/<br />

GLOBO PLAY, Página Amor&Sexo episódio 2 de fevereiro. https://globoplay.globo.com/amor-sexo/p/4715/<br />

23

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