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[SPLIT] Caminhos para a produção de séries - OUT 2017 v4

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C A M I N H O S P A R A A P R O D U Ç Ã O D E S É R I E S - O U T U B R O / 2 0 1 7<br />

P O R J O N A S B R A N D Ã O


Q U E M S O U E U<br />

Olá! Sou o Jonas Brandão.<br />

Sou um dos proprietários do Split Studio, uma produtora <strong>de</strong><br />

animação e games em São Paulo. Além disso, sou animador,<br />

roteirista, produtor e diretor, e estou muito envolvido na<br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>séries</strong> <strong>de</strong> animação.<br />

Sou formado em Imagem e Som, pela UFSCar, e trabalho<br />

com animação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006. Passei pela National Film Board<br />

of Canada em 2007, fui professor da Universida<strong>de</strong> Anhembi<br />

Morumbi por 5 anos e, pela Split, dirigi mais <strong>de</strong> 400 jogos<br />

educativos, muitos comerciais, clipes, curtas e <strong>séries</strong> <strong>de</strong> TV,<br />

como a atual temporada <strong>de</strong> “Turma da Mônica”, que está<br />

passando no Cartoon Network (a qual tive o prazer <strong>de</strong><br />

escrever e dirigir todos os episódios), e a série “Que corpo é<br />

esse?”, do canal Futura.<br />

Atualmente estou dirigindo a minha primeira série como<br />

criador, “Wee Boom”, <strong>para</strong> o Boomerang Latin America.


C O N H E Ç A O S P L I T S T U D I O<br />

O Split Studio foi fundado em 2009 por 4<br />

profissionais da área <strong>de</strong> game e animação<br />

(profissionais e fans!), em busca <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver e<br />

produzir conteúdos em animação atraentes e<br />

divertidos, em qualquer mídia que possa comportar<br />

nossas histórias.<br />

Ao logo dos anos, a Split se tornou uma das maiores<br />

e principais empresas <strong>de</strong> animação 2D no Brasil,<br />

produzindo conteúdo original e provendo serviços<br />

<strong>para</strong> o mercado, seja em trabalhos <strong>para</strong> TV, longas,<br />

web, ou plataformas interativas como aplicativos e<br />

jogos.<br />

Yeaaah!!! :)<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Entre 2015 e <strong>2017</strong>, o estúdio produziu mais<br />

<strong>de</strong> 1.000 minutos <strong>de</strong> animação 2D <strong>para</strong> TV,<br />

cinema e games;<br />

Espaço físico <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 600m², muito bem<br />

localizado na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo;<br />

Cerca <strong>de</strong> 55 colaboradores muito talentosos<br />

participam das ativida<strong>de</strong>s no estúdios, seja na<br />

área <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, animação, arte,<br />

storyboard, tecnologia e games.


C L I Q U E N A I M A G E M E C O N H E Ç A<br />

O T R A B A L H O D O S P L I T S T U D I O


E S T A A P R E S E N T A Ç Ã O<br />

Fazer <strong>séries</strong> <strong>de</strong> TV em animação é algo cada vez mais<br />

comum no Brasil. É uma área que tem crescido<br />

muito. No entanto, nem sempre foi assim.<br />

Vivemos um ótimo momento, graças aos esforços<br />

combinados do governo, da iniciativa privada e<br />

sobretudo <strong>de</strong> nós, animadores e profissionais da área,<br />

que sempre batalhamos muito nesses 100 anos <strong>de</strong><br />

animação no Brasil.<br />

Fazer animação não é algo fácil. Nossa profissão<br />

parece mágica, mas dar vida a personagens e criar<br />

histórias exige muito esforço, entrega e paixão, que<br />

frequentemente nos põe a trabalhar por 10, 12 horas,<br />

às vezes atravessando a madrugada. Como um todo,<br />

é uma tarefa muito árdua e difícil. Difícil não apenas<br />

pelo processo, que é bastante artesanal e lento, mas<br />

também pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação e acesso a<br />

informação.<br />

Felizmente, existem muitos cursos e livros <strong>de</strong>dicados a<br />

ensinar animação, facilitando a iniciação <strong>de</strong> novos<br />

profissionais e o aprimoramento técnico. Porém,<br />

apren<strong>de</strong>r sobre o mercado é um processo empírico. As<br />

leis, tecnologia e o mercado mudam muito rápido, e<br />

materiais <strong>de</strong> referência que expliquem e ensinem como<br />

funciona o mercado <strong>de</strong> série <strong>de</strong> TV no Brasil são raros.<br />

É por isso que compartilho com você um resumo <strong>de</strong> todo<br />

o conhecimento que adquiri sobre o mercado <strong>de</strong> <strong>séries</strong><br />

<strong>de</strong> TV nos últimos 7 anos. Espero que este guia lhe seja<br />

útil e que você. Informação é um bem universal, e <strong>para</strong><br />

termos um mercado forte e saudável, é necessário nos<br />

juntarmos e nos ajudarmos. Espero que você também<br />

possa dividir com outras pessoas suas experiências e<br />

conhecimento adquiridos no futuro. :)<br />

Por fim, sinta-se livre <strong>para</strong> compartilhar este material<br />

por aí. Esta apresentação foi feita <strong>para</strong> isso mesmo. \o/


A G R A D E C I M E N T O S<br />

Gostaria <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao BAF, Brasília Animation<br />

Festival, que me convidou <strong>para</strong> apresentar um painel<br />

sobre os assuntos tratados aqui e que me motivou a<br />

registrar essa apresentação. Fernando Gutierrez,<br />

Fernando Nisio e companhia, vocês são verda<strong>de</strong>iros<br />

heróis!<br />

O Cesar Coelho e o Anima Mundi gentilmente me<br />

autorizaram a compartilhar alguns dados levantados,<br />

e a eles agra<strong>de</strong>ço não só por isso, mas também por<br />

tudo que já fizeram pela animação brasileira.<br />

Agra<strong>de</strong>ço também a Cristiane Fariah, cuja dissertação<br />

<strong>de</strong> mestrado ajudou a traçar um panorama da<br />

<strong>de</strong>mografia do Brasil.<br />

Agra<strong>de</strong>ço aos amigos Victor Canela, Toco Alves, Henrique<br />

Lira e Roger Keesse, pelas intermináveis parcerias,<br />

companheiros <strong>de</strong> tantos projetos, madrugadas à fio e<br />

risadas.<br />

A todos os colaboradores da Split. Vocês fazem a mágica<br />

acontecer!<br />

A minha namorada e família, e, por fim, a todos os<br />

animadores e profissionais da área no Brasil. É<br />

importante estarmos juntos, fazendo o que fazemos<br />

sempre mais e melhor.<br />

Um abraço!<br />

Aos meus sócios Cid Makino e Guille Hiertz por<br />

estarem nessa jornada a tanto tempo comigo, fiéis<br />

companheiros.


E N T E N D E N D O O M E R C A D O B R A S I L E I R O


E N T E N D E N D O O M E R C A D O<br />

● Ancine A Agência Nacional do Cinema (Ancine) é um órgão oficial do governo fe<strong>de</strong>ral do Brasil,<br />

constituída como agência reguladora, com se<strong>de</strong> na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, cujo objetivo é<br />

fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica e vi<strong>de</strong>ofonográfica nacional.<br />

Praticamente todas as políticas e recursos que utilizamos <strong>de</strong> alguma maneira passam pela<br />

Ancine. Ela é uma entida<strong>de</strong> comum na nossa vida.<br />

● Lei 12.485<br />

Lei <strong>de</strong> 2011 que regulamenta a entrada das empresas <strong>de</strong> telecomunicação (Vivo, Tim, etc)<br />

no setor <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> TV a cabo. Entre as muitas coisas <strong>de</strong>finidas pela lei está o<br />

regime <strong>de</strong> cotas <strong>para</strong> produções audiovisuais brasileiras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, muito importante<br />

<strong>para</strong> nós. Antes <strong>de</strong>la, era muito difícil conseguirmos espaço <strong>para</strong> negociar e ven<strong>de</strong>r<br />

conteúdo <strong>para</strong> as TVs a cabo. Elas historicamente sempre compraram produções prontas<br />

<strong>de</strong> fora e nunca investiram no mercado local <strong>de</strong> conteúdo.<br />

Hoje, os canais que aten<strong>de</strong>m ao “espaço qualificado” têm que exibir 3:30h semanais <strong>de</strong><br />

conteúdo brasileiro in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte no horário nobre, o que abriu nosso mercado e<br />

possibilitou que surgissem muitas produções nacionais, geração <strong>de</strong> emprego e<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio. Importante dizer que praticamente todos os países que têm<br />

um mercado audiovisual interno <strong>de</strong>senvolvido também têm cotas, como França e<br />

Canadá, dois gran<strong>de</strong>s expoentes no mundo da animação.


E N T E N D E N D O O M E R C A D O<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Espaço<br />

qualificado<br />

Produtora<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

Produção<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

São os canais que <strong>de</strong>vem aten<strong>de</strong>r à cota. São canais que veiculam ficção, animação,<br />

documentário, reality show, programas vi<strong>de</strong>o musicais e <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s em mais <strong>de</strong> 50%<br />

da gra<strong>de</strong> da programação.<br />

Para po<strong>de</strong>r usufruir da cota, a produtora precisa ser registrada na Ancine como produtora<br />

brasileira in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Para tanto, é necessário que a produtora tenha se<strong>de</strong><br />

administrativa no Brasil; 70% do capital <strong>de</strong>ve pertencer a brasileiros ou naturalizados há<br />

mais <strong>de</strong> 10 anos; não ter qualquer vínculo societário e <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> TVs e distribuidoras;<br />

não ter vínculo <strong>de</strong> exclusivida<strong>de</strong> com nenhum canal. Além disso, existem alguns CNAES<br />

que qualificam a produtora como in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Empresas que têm CNAES relacionados<br />

exclusivamente a serviços <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, por exemplo, não aten<strong>de</strong>m aos requisitos<br />

básicos.<br />

A cota só aten<strong>de</strong> às produções chamadas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. São aquelas cujos direitos<br />

econômicos pertençam em no mínimo 51% ao produtor in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Ou seja, o canal<br />

ou qualquer outra empresa (ex. coprodutores internacionais) po<strong>de</strong> ter uma porcentagem<br />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do conteúdo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a produtora brasileira seja majoritária.


E N T E N D E N D O O M E R C A D O<br />

●<br />

●<br />

A <strong>produção</strong> no<br />

Brasil<br />

Demografia<br />

da <strong>produção</strong><br />

O governo Brasileiro reconhece que a <strong>produção</strong> audiovisual in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é um assunto<br />

estratégico e da maior importância. Países como a França e Canadá, que possuem uma<br />

<strong>produção</strong> forte em animação, também se beneficiam <strong>de</strong> cotas e leis <strong>de</strong> incentivo do<br />

governo. Hoje felizmente nós temos à disposição uma série <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> incentivo<br />

<strong>para</strong> alavancarmos a <strong>produção</strong> nacional.<br />

A <strong>produção</strong> no Brasil está altamente concentrada no eixo Rio-São Paulo. Esta é uma dura<br />

realida<strong>de</strong>, que tem a ver com a economia <strong>de</strong>ssas duas cida<strong>de</strong>s e com a proximida<strong>de</strong> com<br />

os canais, que estão baseados em sua gran<strong>de</strong> parte nas duas cida<strong>de</strong>s. É necessário<br />

capilarizar a <strong>produção</strong>, e espalhá-la pelo Brasil. Nesse momento, existe uma intenção do<br />

governo fe<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong> muitos estados em facilitar e promover a <strong>produção</strong> fora do eixo<br />

Rio-São Paulo, na forma <strong>de</strong> leis e editais <strong>de</strong> apoio à <strong>produção</strong>.<br />

Confira alguns dados <strong>de</strong>mográficos sobre a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> animação no Brasil, gentilmente<br />

fornecidos pelo Anima Mundi:<br />

https://drive.google.com/open?id=0BxoSuHz-Qvq7RTZKemk3dmpEZUU


T É C N I C A S D E A N I M A Ç Ã O<br />

●<br />

2D Cutout<br />

Toon Boom<br />

A maior parte da <strong>produção</strong> <strong>de</strong> série <strong>de</strong> TV no Brasil hoje é feita em 2D, empregando<br />

principalmente o software Toon Boom Harmony. Há muitos motivos <strong>para</strong> isso:<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Embora o software não seja muito barato, ele não exige um equipamento muito<br />

sofisticado.<br />

Há maior facilida<strong>de</strong> em encontrar mão <strong>de</strong> obra capacitada<br />

Permite boa velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong><br />

Bom nível <strong>de</strong> acabamento<br />

Apesar das limitações, permite chegar a boas soluções narrativas<br />

●<br />

3D e outras<br />

técnicas<br />

Existem poucas <strong>séries</strong> sendo feitas em 3D e em Stop Motion. Isso se dá pela dificulda<strong>de</strong> em<br />

encontrar mão-<strong>de</strong>-obra qualificada compatível com orçamentos praticados em série (a maior<br />

parte dos bons profissionais <strong>de</strong>ssas técnicas está no mercado publicitário, cuja prática <strong>de</strong><br />

valores é muito acima da prática do mercado <strong>de</strong> <strong>séries</strong>).<br />

Além disso, exigem equipamentos mais caros, sejam computadores com alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

processamento, ren<strong>de</strong>r farms, até espaço <strong>de</strong> marcenaria e usinagem, no caso <strong>de</strong> Stop Motion.<br />

No caso específico <strong>de</strong> 3D, além <strong>de</strong> tudo, <strong>para</strong> que a série tenha um bom acabamento, é<br />

necessário investir bastante em profissionais <strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r, shading e mo<strong>de</strong>lagem, além <strong>de</strong><br />

composição. Estas são etapas bastante trabalhosas e custosas.


P R O D U T O R A S D E C O N T EÚ D O<br />

A N I M A D O E X P O E N T E S N O B R A S I L<br />

●<br />

●<br />

SP<br />

RJ<br />

Split Studio,TV Pinguim, Birdo, Super Toons, Tortuga Studios, Mixer, 44 Toons, Boutique,<br />

Mariana Caltabiano, Filmes <strong>de</strong> Papel, Maurício <strong>de</strong> Sousa Produções, MonoStudio, Coala, Oca,<br />

Start Anima<br />

Copa Studio/Glaz, 2DLab, Animact!, Campo 4, Gava Produções, Combo Estúdio, Marão Filmes<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Campinas<br />

Porto Alegre<br />

Curitiba<br />

Blumenau<br />

Belém<br />

Recife<br />

Bromélia, Núcleo <strong>de</strong> Animação <strong>de</strong> Campinas<br />

Otto Desenhos Animados, Hype, Alopra<br />

Cabong Studios, Zoom Elefante, Spirit<br />

Belli Studio<br />

Iluminuras<br />

Mr. Plot, Viu Cine<br />

●<br />

Florianópolis Plot kids, Cafundó Criativo, Anima King


C A N A I S D E T V A C A B O N O B R A S I L Q U E<br />

S E I N T E R E S S A M E M C O M P R A R A N I M A Ç Ã O<br />

0 A 6 ANOS<br />

8 A 12 ANOS A D U L T O<br />

●<br />

Discovery Kids<br />

●<br />

Cartoon Network<br />

●<br />

Comedy Central<br />

●<br />

Gloobinho<br />

●<br />

Gloob<br />

●<br />

Canal Brasil<br />

● Boomerang (4 a 7)<br />

●<br />

Nickelo<strong>de</strong>on<br />

●<br />

History Channel<br />

●<br />

Nick Jr.<br />

●<br />

Disney Channel<br />

●<br />

Disney Jr.<br />

●<br />

Disney XD<br />

●<br />

TV Ratimbum<br />

●<br />

Zoomoo<br />

●<br />

Natgeo Kids


G A R G A L O S N O B R A S I L<br />

● Mão-<strong>de</strong>-obra Apesar <strong>de</strong> existirem muitas escolas e cursos superiores surgindo na área, ainda é difícil <strong>de</strong> se<br />

encontrar mão <strong>de</strong> obra especializada. Há uma certa <strong>de</strong>fasagem entre o que é ensinado nas<br />

escolas com o que é necessário saber <strong>para</strong> que o profissional possa entrar num processo <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> série já produzindo. Hoje os estúdios lidam com a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> treinar e formar<br />

a própria mão <strong>de</strong> obra.<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Burocracia<br />

Desnível <strong>de</strong><br />

preço<br />

Poucos canais<br />

Embora tenhamos hoje muitos mecanismos <strong>para</strong> a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>séries</strong>, o processo da maior<br />

parte é muito lento e burocrático, o que acaba dificultando a <strong>produção</strong> das <strong>séries</strong> e a<br />

organização das produtoras <strong>para</strong> conseguirem ter trabalho constante.<br />

Existem hoje muitas empresas no Brasil fazendo animação. Mas há um <strong>de</strong>snível muito<br />

gran<strong>de</strong> entre os preços e a qualida<strong>de</strong>. Isso faz com que muitas produtoras <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong><br />

alto nível tenham mais dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> competir e oferecer a seus colaboradores salários<br />

melhores. Essa situação faz com que seja mais difícil convencer os mecanismos <strong>de</strong><br />

financiamento do custo real que existe <strong>para</strong> se produzir uma série <strong>de</strong> animação com<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>para</strong> disputar mercados internacionais.<br />

No caso específico <strong>de</strong> animação, há poucos canais no Brasil com quem po<strong>de</strong>mos trabalhar.<br />

Isso torna o mercado muito mais competitivo que ficção (live action), por exemplo.


G A R G A L O S N O B R A S I L<br />

●<br />

●<br />

Baixo teto<br />

orçamentário<br />

Fluxo <strong>de</strong> caixa<br />

A maior parte dos fundos que temos acesso se baseiam em alguns parâmetros <strong>para</strong><br />

calcular o montante do investimento a ser feito nas produções. O Fundo Setorial do<br />

Audiovisual (FSA), por exemplo, que é o maior investidor das <strong>séries</strong> <strong>de</strong> TV hoje em dia,<br />

tem o teto <strong>de</strong> R$ 10.000,00 por minuto <strong>para</strong> animação. Na prática, é um valor baixo,<br />

e do meu ponto <strong>de</strong> vista seria necessário que o teto tivesse no mínimo 70% a mais.<br />

A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>sse teto tem a ver com a distorção <strong>de</strong> preços praticados no mercado,<br />

uma vez que tem produtoras que trabalham com esse valor naturalmente, às custas <strong>de</strong><br />

sacrificar a qualida<strong>de</strong> e pagar pouco <strong>para</strong> os profissionais envolvidos. Hoje há uma certa<br />

organização das produtoras em tentar dialogar com o FSA e outros fundos <strong>para</strong><br />

mostrar que esses tetos estão abaixo do necessário <strong>para</strong> que possamos ter produtos<br />

competitivos e fornecer aos trabalhadores do setor condições melhores <strong>de</strong> trabalho.<br />

O fluxo <strong>de</strong> caixa também é um problemão, e também está relacionado ao tópico dos<br />

mecanismos burocráticos e dos <strong>de</strong>sníveis <strong>de</strong> preço. Além das muitas incertezas em<br />

relação a projetos futuros, os orçamentos são muito apertados e, a maior parte das<br />

produtoras não conseguem ter caixa <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r movimentar, investir ou mesmo<br />

guardar <strong>para</strong> emergências, o que faz com que elas fiquem fragilizadas frente a<br />

oscilações do mercado.


G A R G A L O S N O B R A S I L<br />

●<br />

●<br />

Incertezas do<br />

mercado /<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

planejamento<br />

a longo prazo<br />

Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

se financiar 26<br />

meias horas<br />

(half an hours)<br />

A questão da lentidão e da burocracia faz com que as produtoras dificilmente consigam ter a<br />

certeza <strong>de</strong> quando terão o aval e os recursos <strong>para</strong> começarem produções futuras. O impacto<br />

financeiro e social é enorme <strong>para</strong> a produtora, uma vez que ela não consegue se planejar e<br />

garantir a permanência <strong>de</strong> sua equipe entre produções.<br />

Além disso, como o nosso mercado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>de</strong> incentivos públicos, as incertezas <strong>de</strong><br />

mudança <strong>de</strong> gestão no governo, e a instabilida<strong>de</strong> política e econômica também prejudicam<br />

o planejamento futuro das empresas.<br />

A questão da minutagem das <strong>séries</strong> é um tópico abordado um pouco mais adiante. Mas<br />

importante dizer que no Brasil é difícil <strong>de</strong> se captar recursos <strong>para</strong> fazer 26 meias horas (52 x<br />

11’ ou 26 x 22’), que é o mo<strong>de</strong>lo internacional. A maior parte das <strong>séries</strong> consegue levantar<br />

recursos <strong>para</strong> fazer meta<strong>de</strong> disso. Isso faz com que as <strong>séries</strong> não atinjam o ciclo completo <strong>de</strong><br />

exibição na gra<strong>de</strong> das tvs, o que prejudica a formação <strong>de</strong> fan base e, consequentemente,<br />

audiência. Isso também dificulta o acesso ao mercado internacional e ao mercado <strong>de</strong><br />

licenciamento <strong>de</strong> produtos, uma vez que tanto as distribuidoras quanto os agentes <strong>de</strong><br />

licenciamento <strong>de</strong> produtos na maior parte das vezes só se interessam em começar a<br />

conversar quando a série tem 26 meias horas.


O F U N C I O N A M E N T O D O M E R C A D O


P A P É I S N O M E R C A D O<br />

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●<br />

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●<br />

●<br />

Criador<br />

Empresa<br />

produtora<br />

Operadora<br />

(Canal <strong>de</strong> TV)<br />

Distribuídora<br />

Agente <strong>de</strong><br />

licenciamento<br />

São as pessoas físicas responsáveis pela criação <strong>de</strong> um projeto audiovisual.<br />

Empresa que administra o projeto, criado por um criador externo ou por alguém<br />

internamente. É quem capta todos (ou parte) dos recursos financeiros necessários <strong>para</strong><br />

a <strong>produção</strong>. Po<strong>de</strong> ela mesma vir a produzir o conteúdo, ou contratar outra empresa<br />

<strong>para</strong> fazê-lo. Vive da venda do conteúdo criado (Proprieda<strong>de</strong> intelectual) <strong>para</strong> a maior<br />

parte dos territórios possíveis pelo mundo, e também <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobramento da<br />

proprieda<strong>de</strong> intelectual na forma <strong>de</strong> licenciamento <strong>de</strong> produtos.<br />

É quem compra o conteúdo e o coloca no ar. Geralmente vive <strong>de</strong> inserções <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> na gra<strong>de</strong> e <strong>de</strong> assinaturas (no caso da TV a cabo ou serviço <strong>de</strong> VOD)<br />

Empresa que vive <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r conteúdo das empresas produtoras nos mais diversos<br />

territórios. Geralmente eles ficam com 30% da venda + taxas <strong>de</strong> gastos (ex: banners,<br />

compra <strong>de</strong> mídia em revistas, etc).<br />

São empresas que fazem o licenciamento da proprieda<strong>de</strong> intelectual <strong>para</strong> produtos<br />

(brinquedos, ca<strong>de</strong>rnos, livros, etc). Este é um mercado específico e à parte do nosso<br />

mercado, e é um mercado que poucas proprieda<strong>de</strong>s intelectuais brasileiras<br />

conseguiram atingir.


P E C U L A R I E D A D E S D O M E R C A D O<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Proprieda<strong>de</strong><br />

intelectual<br />

Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compra<br />

Half an hour<br />

Divisão <strong>de</strong><br />

minutagem<br />

<strong>para</strong> a série<br />

Proprieda<strong>de</strong> intelectual é o nome dado aos projetos. Cada projeto criado é uma<br />

proprieda<strong>de</strong> intelectual. Seus personagens e universos configuram uma proprieda<strong>de</strong><br />

única, que po<strong>de</strong> ser explorada a partir da venda <strong>de</strong> episódios prontos <strong>para</strong> canais <strong>de</strong> TV<br />

ou <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> outras mídias (games, peças <strong>de</strong> teatro, brinquedos,<br />

ca<strong>de</strong>rnos, etc).<br />

As TVs planejam sua programação <strong>de</strong> meia em meia hora. Portanto, as TVs pensam em<br />

“meias horas” quando compram conteúdo. O termo usado <strong>para</strong> isso é half an hour e<br />

essa é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compra. Quantos mais half an hours um programa tiver, melhor é<br />

pro canal.<br />

O half an hour comercial consiste em 22 minutos <strong>de</strong> conteúdo. Os <strong>de</strong>mais 8 minutos<br />

são <strong>de</strong>dicados aos intervalos comerciais. Nas TVs públicas e comerciais, pelo fato das<br />

Tvs terem menos comerciais na gra<strong>de</strong>, o half an hour po<strong>de</strong> chegar a ter 26 minutos (4<br />

<strong>de</strong> comerciais).<br />

Nesse caso, é sempre legal formatar a minutagem <strong>de</strong> episódios da sua série <strong>de</strong> TV<br />

como múltiplo <strong>de</strong> 22. No caso, episódios po<strong>de</strong>m ter 22 minutos (Ex. Simpsons, Avatar)<br />

ou 11 minutos (2 x 11=22; Ex. Bob Esponja, Hora <strong>de</strong> Aventura). Episódios <strong>de</strong> 7 minutos<br />

também são comuns no mercado (3 x 7 = 21; Ex. Turma da Mônica, Pocoyo).


C O M O P E N S A R A M I N U T A G E M D A S É R I E<br />

●<br />

Como<br />

<strong>de</strong>fino?<br />

Quando você está começando a pensar uma série, dificilmente você consegue afirmar<br />

categoricamente que os episódios tem 11 minutos. Ou 7. Sem experimentar e testar a i<strong>de</strong>ia<br />

no formato <strong>de</strong> roteiro e animatic, é difícil <strong>de</strong> ter uma certeza. Geralmente criamos a bíblia e<br />

escrevemos lá que os episódios tem uma <strong>de</strong>terminada minutagem a partir <strong>de</strong> uma<br />

vonta<strong>de</strong>, um pouco <strong>de</strong> intuição e entendimento do tipo <strong>de</strong> histórias que <strong>de</strong>vemos contar.<br />

Se a trama é muito complexa, talvez você precise <strong>de</strong> um tempo maior <strong>para</strong> contar a sua<br />

história do que se o episódio for só uma série <strong>de</strong> gags, por exemplo.<br />

●<br />

22 minutos<br />

Episódios <strong>de</strong> 22 minutos geralmente te permitem criar uma trama mais complexa, com<br />

mais <strong>de</strong> um núcleo simultâneo <strong>de</strong> história. Ex. Simpsons: é comum ver episódios que tem<br />

uma trama do Bart acontecendo em <strong>para</strong>lelo com uma do Homer, por exemplo.<br />

●<br />

●<br />

11 minutos<br />

7 minutos<br />

ou menos<br />

11 minutos é o formato mais comum em animação. Não costuma permitir histórias<br />

<strong>para</strong>lelas, mas permite que a história tenha uma boa curva dramática, com pontos <strong>de</strong> virada<br />

bem distribuídos.<br />

7 minutos é um formato cada vez mais comum. A trama precisar ser simples e mais direta,<br />

sem muitos pontos <strong>de</strong> virada. Também são possíveis formatos mais curtos que 7 minutos,<br />

às vezes pra internet ou como interprogramas. Geralmente são histórias que cobrem o<br />

<strong>de</strong>senrolar <strong>de</strong> alguma situaçãozinha, com começo, meio e fim.


I N V E S T I R N A P R O D U Ç Ã O v s<br />

L I C E N C I A M E N T O<br />

●<br />

●<br />

Produção <strong>de</strong><br />

conteúdo<br />

original<br />

Licenciamento<br />

O custo <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> animação é muito alto. No Brasil, 13 half an hours<br />

costumam variar <strong>de</strong> 4 a 6 milhões <strong>de</strong> reais. Esse é um investimento que leva pelo<br />

menos 2 anos <strong>para</strong> começar a se pagar, que é mais ou menos o tempo <strong>de</strong> se produzir a<br />

série e começar a levar ao ar. O custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> qualquer produto, em<br />

qualquer mercado, costuma ser alto. Com <strong>séries</strong> <strong>de</strong> animação não é diferente.<br />

A maior parte dos canais exibe conteúdo comprado pronto fora do Brasil. Esse<br />

produto, em algum momento, também exigiu que fosse investido muito dinheiro, e<br />

passou pelas mesmas agruras que uma <strong>produção</strong> nacional passa. A diferença é que,<br />

quando as tvs aqui do Brasil compram esse conteúdo, ele já está pronto. Todo o custo<br />

<strong>de</strong> <strong>produção</strong> já foi pago. Então, o que a TV paga por esse produto não é o valor pela sua<br />

<strong>produção</strong> e sim uma taxa <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r exibir esse conteúdo na sua gra<strong>de</strong>, geralmente<br />

com exclusivida<strong>de</strong> e por um período <strong>de</strong>finido (e /ou número <strong>de</strong> exibições), por um<br />

valor infinitamente mais baixo do que custou <strong>para</strong> que esse conteúdo existisse. É o<br />

chamado licenciamento. E é assim que as produções audiovisuais começam a se pagar.<br />

Ven<strong>de</strong>ndo episódios prontos pelo mundo.<br />

O termo usado pelas TVs quando elas licenciam um produto audiovisual já pago é<br />

aquisição.


P R É C O M P R A E J A N E L A<br />

●<br />

●<br />

Pré compra<br />

Janela<br />

A pré compra é quando um canal fica interessado num conteúdo audiovisual antes<br />

<strong>de</strong>le começar a ser feito, ou enquanto ele está sendo feito, e o canal resolve comprar a<br />

série antecipadamente <strong>para</strong> que ela tenha a exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lançá-la em seu território.<br />

A pré compra costuma custar mais do que o valor do licenciamento, e é um excelente<br />

negócio <strong>para</strong> as produtoras, que po<strong>de</strong>m encorpar a <strong>produção</strong> da série ou mesmo já<br />

contar com esse dinheiro como abatimento <strong>de</strong> seus custos já como um primeiro<br />

retorno financeiro do movimento. As pré-vendas são feitas a partir <strong>de</strong> territórios. Uma<br />

produtora po<strong>de</strong> fazer uma pré-venda na América Latina, outra na França, Itália e<br />

Turquia, por exemplo.<br />

Janela é o termo usado no mercado audiovisual <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> exibição <strong>de</strong> um<br />

conteúdo. Geralmente a 1ª janela é a primeira forma <strong>de</strong> exibição <strong>de</strong> uma série. 2ª janela<br />

é a segunda forma <strong>de</strong> exibição, que acontece <strong>de</strong>pois da 1ª janela. E assim<br />

sucessivamente. Ex. uma <strong>produção</strong> po<strong>de</strong> estrear como 1ª janela na TV à cabo, no<br />

Cartoon Network, 2ª janela na TV aberta seis meses <strong>de</strong>pois, na TV Cultura e na 3ª<br />

janela, digamos, 8 meses <strong>de</strong>pois, na internet, no Netflix. Geralmente a or<strong>de</strong>m das<br />

janelas altera o valor do licenciamento. Quem exibe antes paga mais caro.


F O R M A T O D E T E M P O R A D A<br />

●<br />

●<br />

Lançamento<br />

<strong>de</strong> temporada<br />

A temporada<br />

no exterior<br />

No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> televisão, costumam-se lançar episódios novos semanalmente, em<br />

uma data e horário fixo. As TVs se empenham em divulgar o lançamento <strong>de</strong><br />

episódios novos através <strong>de</strong> campanhas com promos nos intervalos comerciais,<br />

anúncios em impressos, eventos, etc. Durante todo o período <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong><br />

episódios inéditos, a tendência é que uma série vá ganhando a<strong>de</strong>ptos e firmando<br />

uma fan base crescente, aumentando progressivamente a audiência.<br />

Para que uma série tenha a chance <strong>de</strong> se consolidar <strong>de</strong> forma satisfatória, o cálculo<br />

que as TVs fazem é que é necessário que a temporada tenha 26 half an hours (52<br />

episódios <strong>de</strong> 11 minutos, ou 26 <strong>de</strong> 22 minutos). Isso significa que, por exemplo, a TV<br />

lança 2 episódios <strong>de</strong> 11 min por semana (1 half an hour), durando 26 semanas <strong>de</strong><br />

lançamentos contínuos (+- 6 meses). Esse é um bom tempo pra série começar a se<br />

popularizar, e esses são os formatos <strong>de</strong> temporada mais comuns nos EUA e<br />

Europa.


F O R M A T O D E T E M P O R A D A<br />

●<br />

A temporada<br />

no Brasil<br />

No Brasil, uma temporada <strong>de</strong> animação costuma ter 13 half an hours (26 x 11’ ou 13 x<br />

22’). Ou seja, meta<strong>de</strong> do que é nos EUA e Europa. Isso está abaixo do i<strong>de</strong>al e<br />

dificulta que nossas <strong>séries</strong> façam a trajetória tradicional <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> fan base.<br />

Isso se dá porque é muito difícil conseguir financiar 26 half an hours no Brasil <strong>de</strong><br />

uma vez só. O que as produtoras costumam fazer é financiar 13 half an hours,<br />

lançar no mercado como 1ª temporada, e financiar as 13 seguintes, lançando como<br />

2ª temporada.<br />

Financiar 26 half an hours, no entanto, é uma barreira que aos poucos vem sendo<br />

quebrada. Hoje já existem algumas <strong>séries</strong> sendo financiadas e produzidas já no<br />

formato 26 half an hours, especialmente as <strong>séries</strong> do canal Gloob, que costuma<br />

investir o chamado “dinheiro bom” em suas produções originais, fugindo do<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> financiamento público.


A S T V S A B E R T A S<br />

●<br />

●<br />

TVs<br />

abertas<br />

Extinção <strong>de</strong><br />

programação<br />

infantil na TV<br />

aberta<br />

TVs abertas, como Globo, SBT e Record, têm enorme audiência no Brasil. No entanto,<br />

a lei 12.485, que institui cotas <strong>para</strong> <strong>produção</strong> nacional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, entre outras<br />

coisas, se aplica só às TVs a cabo. Ou seja, as TVs abertas não precisam comprar<br />

conteúdo nacional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

A inexistência <strong>de</strong> gra<strong>de</strong> infantil na gran<strong>de</strong> maioria dos canais abertos se dá por conta <strong>de</strong><br />

uma lei <strong>de</strong> 2014 que proíbe ações publicitárias direcionadas <strong>para</strong> o público infantil.<br />

Como os comerciais voltados <strong>para</strong> crianças sustentavam a gra<strong>de</strong> infantil na TV aberta,<br />

a lei acabou fazendo com que a maior parte dos canais per<strong>de</strong>sse o interesse em<br />

transmitir conteúdo <strong>para</strong> crianças.<br />

De todas as TVs abertas no Brasil, somente SBT e as TVs públicas ainda exibem<br />

conteúdo infantil, sendo que o SBT, à princípio, não investe em conteúdo original.<br />

O fim da programação infantil nas TVs aberta suscita discussões importantes:<br />

http://rebrinc.com.br/<strong>de</strong>staques/quem-se-preocupa-com-a-programacao-infantil-natv-aberta/


A S T V S A B E R T A S<br />

●<br />

TVs públicas e<br />

o FSA<br />

As TVs públicas tradicionalmente investem em conteúdo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, e sempre<br />

foram boas parceiras no nosso mercado.<br />

Atualmente, as TVs públicas trabalham bastante em parceria com o Fundo Setorial.<br />

Recentemente, o Fundo Setorial anunciou a diminuição do valor da primeira licença <strong>de</strong><br />

15% <strong>para</strong> 8,4% <strong>para</strong> as TVs públicas. Ou seja, <strong>para</strong> a TV pública po<strong>de</strong>r ter na sua gra<strong>de</strong><br />

um produto financiado pelo FSA como primeira janela, ela não precisa mais pagar 15%<br />

do orçamento total do produto e sim 8,4%.<br />

Como uma forma <strong>de</strong> estimular produções fora do eixo Rio-SP, caso a produtora<br />

proponente seja <strong>de</strong> qualquer outro estado que não seja Rio-SP, esse valor cai pela<br />

meta<strong>de</strong> (4,2%). Isso será um indutor <strong>para</strong> que a <strong>produção</strong> se espalhe pelo Brasil, e<br />

provavelmente iniciará um movimento entre as produtoras do eixo Rio-SP em tentar<br />

coproduzir com empresas <strong>de</strong> outros estados, o que é ótimo <strong>para</strong> todos. Os estados<br />

mais afastados da cena audiovisual terão mais chance <strong>de</strong> serem incluídos, e po<strong>de</strong>rão<br />

contar com o expertise comercial e <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> empresas mais consolidadas no<br />

mercado.


V O D<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Vi<strong>de</strong>o On<br />

Demand<br />

VOD<br />

SVOD<br />

Ven<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>para</strong> a Netflix<br />

O VOD (Vi<strong>de</strong>o on <strong>de</strong>mand) é um tipo <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> conteúdo audiovisual<br />

diferente do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> TV. No VOD, o usuário escolhe o que quer assistir e quando<br />

quer assistir. É o caso do Youtube, por exemplo. Os VODs se divi<strong>de</strong>m em duas<br />

categorias. VOD e SVOD.<br />

VOD costuma ser um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> distribuição gratuita, sustentado por inserções<br />

publicitárias. É o caso do Youtube, por exemplo.<br />

SVOD (Subscription Vi<strong>de</strong>o on Demand) é o mesmo mo<strong>de</strong>lo do VOD, com a diferença<br />

<strong>de</strong> que ele exige assinatura paga. É o mo<strong>de</strong>lo do Netflix e do HBO Go, por exemplo.<br />

A lei 12.485, das cotas, não se aplica à serviços <strong>de</strong> VOD. Serviços como Netflix e HBO<br />

Go não têm a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprar conteúdo nacional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. No caso da<br />

Netflix, até o presente momento eles não têm investido em produções originais <strong>de</strong><br />

animação no Brasil. No entanto, caso você tenha a série pronta, eles costumam ter<br />

interesse em adquirir os direitos <strong>para</strong> exibição da série (licenciamento).


Y O U T U B E<br />

●<br />

Produzindo<br />

<strong>para</strong> o<br />

Youtube<br />

Com a popularização <strong>de</strong> serviços como Youtube e Netflix, começaram a surgir produções<br />

formatadas especificamente <strong>para</strong> a internet. É o caso <strong>de</strong> canais como Nostalgia, Porta<br />

dos Fundos, e mais recentemente, o canal animado Any Malu, do Combo Estúdio (RJ).<br />

Trabalhar com o Youtube é um mo<strong>de</strong>lo ainda em experimentação, que tem <strong>de</strong>spertado<br />

regras próprias. A princípio, <strong>para</strong> se começar a tornar um negócio lucrativo, é necessário<br />

que se tenha muita oferta <strong>de</strong> conteúdo no seu canal e o tempo todo novos conteúdos<br />

sendo lançados. O próprio Youtube recomenda que sejam lançados pelo menos dois<br />

ví<strong>de</strong>os por semana, em horários fixos, e que se inicie o canal já com um bom leque <strong>de</strong><br />

ví<strong>de</strong>os disponíveis.<br />

Quando falamos <strong>de</strong> animação, é muito difícil atingir esse padrão <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> e<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lançamento, uma vez que o processo <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> animação costuma<br />

ser lento. É possível trabalhar nesse mercado com animação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam<br />

formatados projetos com uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong> compatível com a <strong>de</strong>manda.


B R A N D E D C O N T E N T E T R A N S M Í D I A<br />

●<br />

●<br />

Bran<strong>de</strong>d<br />

Content<br />

Transmídia<br />

Com a popularização da banda larga, re<strong>de</strong>s sociais e youtube, o mercado publicitário tem<br />

olhado <strong>para</strong> o segmento com novos olhares. Há um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> conteúdo chamado<br />

<strong>de</strong> Bran<strong>de</strong>d Content, que é um tipo <strong>de</strong> conteúdo patrocinado e veiculado a imagem do<br />

patrocinador <strong>de</strong> alguma forma.<br />

A exemplo disso, está a série dos Mascotes da Olímpiada, produzidas pela Birdo <strong>para</strong> o<br />

Cartoon Network, ou mesmo as <strong>séries</strong> “Mundo Ripilica”, com a mascote da marca <strong>de</strong><br />

roupas infantis Lilica Ripilica, produzida pela MonoStudio e a Singular <strong>para</strong> o Discovery<br />

Kids e YoutubeKids, ou “Dino Aventuras”, com o personagem mascote da Danone,<br />

produzido pela Cinefilm e Hype <strong>para</strong> o Disney Channel.<br />

Um assunto muito em voga nos últimos 8 anos é o transmídia, que se baseia no<br />

conceito <strong>de</strong> que o público não está mais acostumado a consumir conteúdos <strong>de</strong> uma<br />

única forma, mas sim através <strong>de</strong> múltiplas plataformas. Um ótimo exemplo <strong>de</strong> produto<br />

transmídia é a marca Star Wars, que se originou no cinema mas hoje conta com livros,<br />

jogos, quadrinhos, e outras mídias, apresentando histórias novas que complementam e<br />

expan<strong>de</strong>m o universo dos cinemas. A televisão e o cinema têm perdido espaço com a<br />

internet, e pensar em conteúdos que cruzem com vários formatos é uma tendência<br />

natural do mercado.


V I A B I L I Z A N D O S U A S É R I E


F I N A N C I A N D O S E U P R O J E T O<br />

D E S É R I E D E T V<br />

Uma série animada <strong>de</strong> 13 meias horas (26 x 11’, 13 x 22’) costuma custar entre 4 e 6 milhões <strong>de</strong> reais. No Brasil,<br />

existem diversos mecanismos <strong>de</strong> financiamento <strong>para</strong> <strong>séries</strong>. A listar:<br />

●<br />

Fundo Setorial do<br />

Audiovisual (FSA)<br />

Fundo <strong>de</strong> investimento público (fe<strong>de</strong>ral). Principal mecanismo <strong>de</strong><br />

financiamento <strong>de</strong> <strong>séries</strong> no Brasil. Com recursos provenientes do Con<strong>de</strong>cine<br />

e do Fistel, o fundo trabalha com diversos mo<strong>de</strong>los. Geralmente, <strong>para</strong><br />

acessar o fundo você precisa ter um canal comprometido em pagar 15% do<br />

orçamento (8,4% se for TV pública). Caso o fundo aprove o projeto, eles<br />

investem dinheiro e se tornam sócios do projeto por 7 anos, dividindo<br />

rentabilida<strong>de</strong> da série com a empresa produtora. Em 2015, o fundo tinha<br />

cerca <strong>de</strong> 1 bilhão <strong>de</strong> reais <strong>para</strong> investir.<br />

● Artigo 1ºA<br />

● Artigo 3º<br />

Patrocínio. Recurso <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> renda da PJ (4%). Usado mais <strong>para</strong> longa<br />

metragem.<br />

Co<strong>produção</strong>. Para produtoras e distribuidoras. Abatimento <strong>de</strong> 70% (setenta<br />

por cento) do imposto <strong>de</strong> renda <strong>de</strong>vido sobre remessa <strong>para</strong> o exterior.


F I N A N C I A N D O S E U P R O J E T O<br />

D E S É R I E D E T V<br />

● Artigo 3ºA<br />

● Artigo 39<br />

Co<strong>produção</strong>. Para canais <strong>de</strong> TV a cabo. Mesmo mo<strong>de</strong>lo do artigo 3º.<br />

Co<strong>produção</strong>. Para canais. São isentos <strong>de</strong> pagar o con<strong>de</strong>cine <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que eles<br />

retenham 3% do valor remessa <strong>de</strong> lucro <strong>para</strong> o exterior <strong>para</strong> investir em<br />

projetos.<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Procult<br />

Editais locais<br />

Editais <strong>de</strong> co<strong>produção</strong><br />

Capital privado<br />

Fundo <strong>de</strong> empréstimo do BNDES. Geralmente casado com investimento<br />

via 1ºA.<br />

Editais <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s municipais e estaduais. Ex: SPCine e Rio Filme.<br />

Existem alguns editais específicos <strong>para</strong> co<strong>produção</strong> internacional.<br />

Investimento direto <strong>de</strong> capital privado. É o chamado “Dinheiro bom”.


F O R M A S D E R E T O R N A R I N V E S T I M E N T O S<br />

C O M A S É R I E<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Vendas <strong>para</strong> diversos<br />

territórios<br />

Venda <strong>para</strong> VOD<br />

Venda <strong>de</strong> DVD e Bluray<br />

Licenciamento da<br />

marca <strong>para</strong> produtos<br />

e mídias (teatro,<br />

disco, games, etc)<br />

Licenciar os episódios da tua série na maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> países possível (e fazer<br />

pré-vendas) é um excelente negócio. Por isso é interessante conceber a série<br />

evitando temas muito regionais e específicos do Brasil. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> venda é o<br />

Half an hour (blocos <strong>de</strong> 22 minutos <strong>de</strong> episódios). Os valores negociados variam<br />

<strong>de</strong> país <strong>para</strong> país. A revista TBI fornece tabelas com valor referencial <strong>de</strong> território a<br />

território. Costuma-se contratar uma distribuidora <strong>para</strong> fazer essas vendas.<br />

Ven<strong>de</strong>r <strong>para</strong> serviços <strong>de</strong> VOD e SVOD (Ex. Netflix, Playkids).<br />

Vendas em mídia física estão em franca <strong>de</strong>cadência. Mas ainda é possível obter<br />

algum resultado financeiro.<br />

Esta é a melhor forma <strong>de</strong> se obter rendimento financeiro. Uma proprieda<strong>de</strong><br />

intelectual forte, como Turma da Mônica, Pepa Pig, Galinha Pintadinha, Homem<br />

Aranha, vive principalmente <strong>de</strong> licenciamento da marca <strong>para</strong> produtos (comida,<br />

vestuário, brinquedos, livros, ca<strong>de</strong>rnos, etc). É um mercado muito concorrido e<br />

difícil <strong>de</strong> se alcançar, e existem agências específicas que cuidam <strong>de</strong> licenciar a sua<br />

marca <strong>para</strong> produtos. Geralmente elas só se interessam em começar se sua série<br />

tiver no mínimo 26 half an hours (52 x 11).


M O D E L O S D E R E A L I Z A Ç Ã O<br />

V O C Ê É U M A P E S S O A F Í S I C A ?<br />

● Parceria O criador geralmente é uma pessoa física, que irá conceber a i<strong>de</strong>ia do projeto. Ele<br />

po<strong>de</strong> fazer um trabalho solo <strong>de</strong> apresentar o projeto aos canais e ganhar o interesse<br />

dos mesmos. Mas um canal, ou qualquer mecanismo <strong>de</strong> financiamento, só irá fazer<br />

negócios com empresas produtoras (pessoas jurídicas), e que tenham claramente<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerir recursos, produzir e entregar a série.<br />

A melhor coisa que uma pessoa física po<strong>de</strong> fazer é se associar a uma empresa<br />

produtora que atenda a esses requisitos.<br />

Geralmente, as empresas produtoras não costumam comprar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um criador. O<br />

mo<strong>de</strong>lo mais comum é o <strong>de</strong> as empresas produtoras negociarem uma porcentagem<br />

da RLP da série (Receita Líquida do Produtor - lucro) com o criador (costuma ser <strong>de</strong> 7 -<br />

10%). Ou seja, quando a série estiver pronta e começar a dar lucro, o criador receberá<br />

a sua parte acordada.<br />

É comum o criador também negociar sua participação <strong>de</strong> alguma forma na <strong>produção</strong><br />

como membro da equipe.


M O D E L O S D E R E A L I Z A Ç Ã O<br />

V O C Ê É U M A P E S S O A F Í S I C A ?<br />

●<br />

Empreen<strong>de</strong>r<br />

Caso você não queira se associar a alguma empresa e <strong>de</strong>seje você mesmo viabilizar o<br />

projeto, do começo ao fim, a única saída é empreen<strong>de</strong>r. Isso significa, basicamente, abrir<br />

uma empresa - uma pessoa jurídica, já que essa é a única forma <strong>de</strong> acessar os mecanismos<br />

<strong>de</strong> financiamento e <strong>de</strong> realizar contratos com canais e outros players do mercado.<br />

Neste caso, é importante dizer que empreen<strong>de</strong>r sempre envolve uma boa dose <strong>de</strong> riscos. É<br />

comum empresas levarem 2, 3 anos <strong>para</strong> começarem <strong>de</strong> fato a ren<strong>de</strong>r algum dinheiro.<br />

Especialmente no Brasil, um país muito burocrático, instável politicamente e com altas<br />

cargas tributárias. Mesmo assim, eu super encorajo as pessoas a empreen<strong>de</strong>r. Busque ajuda<br />

e conhecimento na área, <strong>para</strong> estar melhor am<strong>para</strong>do <strong>para</strong> tomar suas <strong>de</strong>cisões. Há<br />

excelentes cursos no SEBRAE, que servem exatamente <strong>para</strong> isso. Um bom contador e<br />

advogado também serão necessários.<br />

O melhor mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> empresa <strong>para</strong> se começar, e conseguir atingir os requisitos básicos da<br />

Ancine <strong>para</strong> se firmar como Produtora Brasileira In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte na Ancine, é abrir uma ME<br />

no regime <strong>de</strong> tributação Simples, que permite que é um regime um pouco menos<br />

sacrificante <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> impostos. A MEI, muito popular entre profissionais<br />

autônomos na nossa área, não aten<strong>de</strong> aos requisitos básicos da Ancine.


M O D E L O S D E R E A L I Z A Ç Ã O<br />

V O C Ê É U M A P E S S O A J U R Í D I C A ?<br />

● Produção Empresa produtora levanta 100% dos recursos, assumindo todos os riscos em troca <strong>de</strong> ter<br />

todo o retorno financeiro do produto. Ela faz a série ou contrata um estúdio <strong>para</strong> fazer.<br />

●<br />

Co<strong>produção</strong><br />

Empresa produtora se junta a uma ou mais empresas, em que cada uma levanta uma<br />

parte dos recursos <strong>de</strong> modo que, combinados os esforços, cheguem a 100% do<br />

orçamento.<br />

A co<strong>produção</strong> po<strong>de</strong> ser entre empresas <strong>de</strong> um mesmo país (co<strong>produção</strong> nacional) ou<br />

entre empresas <strong>de</strong> países diferentes (co<strong>produção</strong> internacional). Geralmente, se uma<br />

empresa consegue levantar 40% do orçamento, por exemplo, ela será dona <strong>de</strong> 40% da<br />

proprieda<strong>de</strong> intelectual. Ou seja, ela divi<strong>de</strong> 40% do lucro, e 40% do risco.<br />

Coproduções po<strong>de</strong>m ser entre empresas produtoras, mas distribuidoras e canais também<br />

po<strong>de</strong>m fazer parte da co<strong>produção</strong>. Entre produtoras, geralmente divi<strong>de</strong>-se o trabalho da<br />

<strong>produção</strong> da série. Cada produtora banca a sua parte da <strong>produção</strong> com o dinheiro que ela<br />

conseguiu levantar. Não costuma haver transferência <strong>de</strong> valores entre produtoras<br />

internacionais. Ex: Co<strong>produção</strong> entre um estúdio no Brasil e outro no Canadá. O Canadá<br />

vai levantar dinheiro no Canadá, e gastar lá no Canadá mesmo, em serviços que ele<br />

próprio irá fazer na <strong>produção</strong>. O mesmo se dará com a empresa do Brasil.


M A T E R I A I S D E V E N D A<br />

B Í B L I A<br />

A Bíblia é um documento, impresso ou digital, que reúne informações básicas <strong>para</strong> que qualquer pessoa<br />

entenda sobre o que é a série. É importante que a bíblia indique, <strong>de</strong> forma absolutamente resumida, qual é o<br />

público alvo da série, quantos episódios tem a temporada, uma sinopse do que é a série, <strong>de</strong>scrição dos<br />

personagens principais, do universo (se for relevante) e sinopses <strong>de</strong> alguns episódios (pelo menos uns 5, com<br />

começo, meio e fim). Não há uma regra do que po<strong>de</strong> ou não ter a bíblia. Você precisa saber quais são os<br />

pontos mais interessantes <strong>de</strong> como ven<strong>de</strong>r a sua i<strong>de</strong>ia. Veja essa bíblia da série Bravest Warriors, por exemplo:<br />

https://pt.scribd.com/document/118981476/Bravest-Warriors-Pitch-Bible<br />

Recomendo que haja um investimento <strong>de</strong> fazer com que a bíblia seja visualmente bastante atraente, ilustrada<br />

com imagens relevantes <strong>para</strong> o entendimento do que são os personagens e o universo da série. Evitem<br />

colocar imagens <strong>de</strong> mãozinhas, posições <strong>de</strong> cabeça ou coisas que sejam muito técnicas <strong>de</strong> animação, e<br />

prefiram imagens que enfatizem melhor as características dos personagens. Se o teu personagem é medroso,<br />

por exemplo, coloque imagens que aju<strong>de</strong>m a transmitir essa i<strong>de</strong>ia. Também recomendo textos bem curtos e<br />

poucos. Executivos <strong>de</strong> canais recebem muito material, e é possível que uma bíblia muito extensa e com muito<br />

texto o <strong>de</strong>sencoraje a querer conhecer melhor o projeto.<br />

Recomendo que você sempre tenha uma versão da bíblia em inglês. Os canais sempre pe<strong>de</strong>m.


M A T E R I A I S D E V E N D A<br />

P I L O T O<br />

●<br />

Devo fazer<br />

um piloto?<br />

Um bom material em ví<strong>de</strong>o sempre ajuda a ven<strong>de</strong>r um projeto. Geralmente as pessoas<br />

pensam em fazer um piloto - o primeiro episódio.<br />

Veja bem, <strong>para</strong> se fazer um bom piloto é necessário gastar muita energia, muito tempo e<br />

recursos. Geralmente até temos a energia, mas não temos nem tempo, nem recursos. Hehe.<br />

Então há uma chance muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o seu piloto não fique bom. E como diz a máxima,<br />

a primeira impressão é a que fica. Po<strong>de</strong> ser que o teu piloto, se não estiver bem feito, queime<br />

o projeto com canais e possíveis outros parceiros.<br />

Além disso, geralmente, canais gostam <strong>de</strong> formatar melhor a i<strong>de</strong>ia junto com a empresa<br />

produtora <strong>para</strong> que a série se a<strong>de</strong>que melhor a sua linha editorial. Po<strong>de</strong> ser que o canal assista<br />

e não tenha o interesse no projeto, por ele já parecer muito fechado e com elementos um<br />

pouco diferentes do que o canal gostaria <strong>de</strong> exibir. Ou então, caso você consiga ven<strong>de</strong>r o seu<br />

projeto, po<strong>de</strong> ser que você tenha que jogar o piloto fora quando você for <strong>de</strong>senvolver a i<strong>de</strong>ia<br />

com o canal se o projeto tiver mudanças. Não apenas, nos eventos não é raro você ter no<br />

máximo 10 minutos (às vezes 5!) <strong>para</strong> apresentar teu projeto. Se você fizer um piloto <strong>de</strong> 11<br />

minutos, você não vai conseguir apresentar neste período <strong>de</strong> tempo.<br />

Deu pra enten<strong>de</strong>r que não recomendo fazer pilotos pra venda, né? Hehe!


M A T E R I A I S D E V E N D A<br />

V Í D E O P R O M O C I O N A L E R O T E I R O<br />

●<br />

●<br />

O que eu faço<br />

então?<br />

Roteiro<br />

Recomendo que, se você tiver recursos <strong>para</strong> produzir algum material em ví<strong>de</strong>o, que<br />

seja um promo - um ví<strong>de</strong>o curto, <strong>de</strong> até uns 4 minutos - que po<strong>de</strong> ser um teaser, ou<br />

uma situação que ilustre a dinâmica <strong>de</strong> um episódio, ou ainda uma pequena história,<br />

com começo, meio e fim, que aju<strong>de</strong> a apresentar personagens e a dinâmica e tom da<br />

série. É a melhor forma <strong>de</strong> testar, bem mais barata que um piloto, e mais fácil <strong>de</strong> fazer<br />

um material <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>. Veja, por exemplo, este promo que os criadores fizeram<br />

<strong>para</strong> ven<strong>de</strong>r a série Gumball:<br />

https://www.youtube.com/watch?v=ypLLO3wU0jE<br />

Notem que, por mais que o <strong>de</strong>sign dos personagens tenha mudado, está tudo ali: A<br />

estética mixed media, a personalida<strong>de</strong> dos personagens, o estilo <strong>de</strong> humor, etc.<br />

Além disso, não necessariamente você precisa animar o promo. Às vezes só um bom<br />

animatic basta.<br />

Para um primeiro contato, uma bíblia e um promo bastam. Mas caso o canal se<br />

interesse e vocês comecem a negociar, em algum momento ele vai pedir um roteiro da<br />

série. Tenha isso mais ou menos em mãos. De preferência, também tenha uma versão<br />

em inglês.


L I N H A D O T E M P O D E U M A<br />

S É R I E D E A N I M A Ç Ã O<br />

I D E I A<br />

L I C E N C I A N D O M A R C A P A R A<br />

D I V E R S O S P R O D U T O S<br />

I D E N T I F I C A N D O O P Ú B L I C O<br />

L I C E N C I A N D O E P I S Ó D I O S<br />

P A R A D I V E R S O S T E R R I T Ó R I O S<br />

P R O D U Z I N D O A S É R I E<br />

I D E N T I F I C A N D O C A N A I S E<br />

O P O R T U N I D A D E S<br />

F I N A N C I A N D O A<br />

P R O D U Ç Ã O D A S É R I E<br />

B Í B L I A / M A T E R I A L D E V E N D A<br />

V E N D A P A R A U M O U<br />

M A I S C A N A I S


A P R E S E N T A N D O S E U P R O J E T O<br />

A melhor forma <strong>de</strong> apresentar um projeto, seja <strong>para</strong> um canal <strong>de</strong> TV, seja <strong>para</strong> algum possível estúdio, são<br />

nos eventos <strong>de</strong> mercado. Abaixo, alguns dos principais eventos <strong>para</strong> se apresentar projetos <strong>de</strong> animação.<br />

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Rio Content Market<br />

Anima Forum (Anima Mundi)<br />

Telas Forum<br />

Kidscreen<br />

Mifa<br />

Mip Jr. e Mipcom<br />

CTN Expo<br />

Chilemonos<br />

(Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ - ABR)<br />

(Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ - JUN/JUL)<br />

(São Paulo - SP - NOV)<br />

(Miami - EUA - FEV)<br />

(Annecy - FRANÇA - JUN)<br />

(Cannes - FRANÇA - <strong>OUT</strong>)<br />

(Burbank - EUA - NOV)<br />

(Santiago - CHILE - MAI)


P R E C A U Ç Õ E S C O M O S E U P R O J E T O<br />

Infelizmente, há muitas pessoas má intencionadas no mercado. Portanto, antes <strong>de</strong> você sair mandando seu<br />

projeto por aí, é importante que você tome algumas precauções:<br />

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●<br />

Registro na<br />

Biblioteca Nacional<br />

Contrato <strong>de</strong><br />

confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong><br />

(NDA)<br />

É impossível se registrar uma i<strong>de</strong>ia. Mas roteiros, o <strong>de</strong>sign e <strong>de</strong>scrição dos<br />

seus personagens e até o argumento da tua série (um texto que explica o que<br />

é a tua série, o universo, sinopses, etc) é possível. O registro do seu material é<br />

importante <strong>para</strong>, caso seja necessário no futuro, você tenha como provar que<br />

você foi o criador daquele conceito. O registro no Brasil é feito pela Biblioteca<br />

Nacional. Consulte o site <strong>para</strong> maiores informações:<br />

https://www.bn.gov.br/servicos/direitos-autorais/servicos<br />

Para se enviar uma bíblia ou qualquer material <strong>de</strong> uma série <strong>para</strong> alguém, é<br />

comum que tanto o interessado em enviar quando o em receber assinem um<br />

termo <strong>de</strong> confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> (é comum usarmos o termo em inglês, NDA -<br />

Non disclosure Agreement). É uma formalida<strong>de</strong> necessária <strong>para</strong> proteger o<br />

projeto <strong>de</strong> ser espalhado por aí sem o <strong>de</strong>vido consentimento dos<br />

proprietários. Consulte um advogado especializado em proprieda<strong>de</strong><br />

intelectual ou em economia criativa <strong>para</strong> que ele lhe forneça um mo<strong>de</strong>lo.


P A R A S E I N F O R M A R M A I S<br />

Existem muitos periódicos especializados no mercado. É bom acompanhar e ficar <strong>de</strong> olho às novida<strong>de</strong>s e<br />

oportunida<strong>de</strong>s. Alguns existem na forma impressa, mas você consegue ler notícias <strong>de</strong> todos eles online.<br />

Conheça alguns.<br />

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Tela Viva News (Brasil)<br />

Revista <strong>de</strong> Cinema (Brasil)<br />

Kidscreen (EUA)<br />

Animation Magazine (EUA)<br />

Cartoon Brew (EUA)


R E D E D E A P O I O<br />

Para além das revistas, existem outras entida<strong>de</strong>s no campo da animação no Brasil que po<strong>de</strong>m ajudar <strong>de</strong><br />

alguma forma. Entre elas:<br />

●<br />

●<br />

Bravi<br />

ABCA<br />

A Bravi (Brasil Audiovisual In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte) é uma associação <strong>de</strong> produtoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

que já conta com mais <strong>de</strong> 600 empresas filiadas, <strong>de</strong> todo o Brasil. A Bravi promove diversos<br />

eventos <strong>para</strong> capacitação <strong>de</strong> profissionais, além <strong>de</strong> promover encontros entre empresas<br />

produtoras, organizar <strong>de</strong>legações e estan<strong>de</strong>s do Brasil nos eventos internacionais.<br />

Geralmente, através <strong>de</strong> um convênio com a APEX, as afiliadas da Bravi conseguem<br />

<strong>de</strong>scontos nas cre<strong>de</strong>nciais dos eventos internacionais <strong>de</strong> mercado.<br />

A ABCA (Associação Brasileira <strong>de</strong> Cinema <strong>de</strong> Animação) é a principal entida<strong>de</strong> <strong>para</strong> Pessoas<br />

Físicas interessadas em discutir e promover melhorias no setor. É composta por animadores<br />

brasileiros <strong>de</strong> todas as regiões.


P E R S P E C T I V A S P A R A O F U T U R O<br />

● Declínio da TV /<br />

Ascensão dos<br />

serviços <strong>de</strong> VOD<br />

Apesar <strong>de</strong> a Ancine ter o compromisso <strong>de</strong> investir no mercado <strong>de</strong> TV a cabo até<br />

2020 (e eu acredito que eles <strong>de</strong>vem prolongar esse investimento), há um<br />

movimento natural global <strong>de</strong> queda da audiência das TVs abertas e fechadas<br />

frente à ascensão da internet. Em poucos anos, acredito que vai fazer pouco<br />

sentido esperarmos chegar um <strong>de</strong>terminado horário <strong>para</strong> assistirmos a um<br />

<strong>de</strong>terminado filme ou programa, uma vez que já estamos muito acostumados<br />

com serviços <strong>de</strong> VOD como o Netflix.<br />

●<br />

Games e<br />

realida<strong>de</strong> virtual<br />

As próprias TVs já estão se pre<strong>para</strong>ndo <strong>para</strong> esse momento. Muitos dos gran<strong>de</strong>s<br />

grupos que controlam os canais estão anunciando serviços <strong>de</strong> VOD próprios.<br />

Especialmente nos canais infantis, há uma tendência <strong>de</strong> os canais também<br />

procurarem <strong>séries</strong> que tenham algum <strong>de</strong>sdobramento na internet. Acredito que a<br />

próxima luta será a <strong>de</strong> a <strong>produção</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte brasileira buscar maior presença<br />

no setor <strong>de</strong> VOD e internet.<br />

Outro caminho que tem se aberto e <strong>de</strong>monstrado ser um excelente caminho são<br />

games e realida<strong>de</strong> virtual. A indústria <strong>de</strong> games constitui um capítulo à parte, mas<br />

criar histórias interativas é a nova fronteira a ser explorada, sobretudo no campo<br />

da realida<strong>de</strong> virtual.


A P R O D U Ç Ã O D E S É R I E S D E A N I M A Ç Ã O<br />

F O C A D O N A P R O D U Ç Ã O D E A N I M A Ç Ã O 2 D C U T O U T<br />

T O O N B O O M H A R M O N Y


D E S E N V O L V I M E N T O<br />

E P R É - P R O D U Ç Ã O<br />

●<br />

●<br />

Desenvolvimento<br />

Pré-<strong>produção</strong><br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> você ter produzido uma bíblia muito bacana, é importante que<br />

seja planejado um tempinho <strong>para</strong> que um grupo pequeno <strong>de</strong> roteiristas e artistas se<br />

<strong>de</strong>diquem a aprofundar melhor o conceito da série e testar elementos pensados <strong>para</strong><br />

ver se eles <strong>de</strong> fato se encaixam no formato da série. É aqui que serão experimentados<br />

estética <strong>de</strong> animação, <strong>de</strong> arte, construção <strong>de</strong> roteiros, etc. Não é necessariamente um<br />

momento <strong>para</strong> se tomar <strong>de</strong>cisões, mas <strong>para</strong> se experimentar e filtrar opções. É um<br />

período muito importante, e é necessário que haja no orçamento da <strong>produção</strong> uma<br />

verba se<strong>para</strong>da <strong>para</strong> isso. Existem inclusive editais específicos <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A pré-<strong>produção</strong> frequentemente é subdimensionada, mas é um dos períodos mais<br />

importantes do projeto e um elemento importante que influenciará a qualida<strong>de</strong> do<br />

resultado final. É um momento on<strong>de</strong> se formalizam uma porção <strong>de</strong> coisas, como<br />

<strong>de</strong>sign <strong>de</strong> personagens, estilo <strong>de</strong> arte, mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> rigging, etc. A <strong>produção</strong> <strong>de</strong> uma série<br />

<strong>de</strong> animação exige a confecção <strong>de</strong> uma quantia gigantesca <strong>de</strong> animação, portanto é<br />

necessário que se adotem estratégias <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>para</strong> dar conta <strong>de</strong> toda a <strong>de</strong>manda.<br />

É por isso que na pré costuma-se fazer, com uma equipe muito reduzida e bastante<br />

qualificada, uma série <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> animação que serão reaproveitados durante<br />

toda a série, como banco <strong>de</strong> poses, banco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos (mãos, olhos, sobrancelhas,<br />

pés, bocas), e ciclos <strong>de</strong> animação (caminhando, correndo, etc).


L I N H A D E P R O D U Ç Ã O<br />

A <strong>produção</strong> <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> animação é dividida em<br />

muitas etapas, e existem profissionais específicos <strong>para</strong><br />

cada etapa.<br />

Geralmente, o cronograma <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> TV<br />

pressupõe a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> muitos episódios<br />

simultaneamente, cada um em estágios diferentes, <strong>de</strong><br />

modo que hajam entregas <strong>de</strong> episódios prontos <strong>de</strong><br />

uma forma regular a partir <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

momento. Esse mo<strong>de</strong>lo aten<strong>de</strong> a uma lógica <strong>de</strong><br />

cronograma conhecido por “cascata”.<br />

É necessário que haja muito cuidado tanto na <strong>de</strong>finição<br />

do cronograma quanto no cumprimento, pois qualquer<br />

atraso po<strong>de</strong> virar uma bola <strong>de</strong> neve e significar um<br />

prejuízo enorme no final.<br />

Eu fiz um exemplo <strong>de</strong> cronograma <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

animação 2D em cutout. É só clicar <strong>para</strong> acessá-lo.<br />

Não necessariamente este é um cronograma a<br />

ser seguido por qualquer <strong>produção</strong>, mas ele<br />

po<strong>de</strong> servir como uma referência <strong>para</strong> se<br />

começar um pensamento sobre como produzir<br />

a sua série. Todo cronograma precisa aten<strong>de</strong>r à<br />

<strong>de</strong>mandas específicas do projeto, orçamento e<br />

do canal.<br />

Uma coisa que talvez pareça confuso são as<br />

etapas em amarelo, que são momentos <strong>de</strong><br />

aprovação com os canais (broadcaster é como<br />

também são chamados os canais). Este é um<br />

cronograma bastante conservador, cheio <strong>de</strong><br />

pracauções (e por isso, extenso). Nem sempre<br />

tudo é tão segmentado assim, nem os canais<br />

aprovam etapa a etapa e acompanham a<br />

<strong>produção</strong> tão <strong>de</strong> perto assim.


L Ó G I C A S I M P L I F I C A D A D E P R O D U Ç Ã O<br />

D E U M E P I S Ó D I O D E A N I M A Ç Ã O 2 D C U T O U T


O Q U E É C A D A E T A P A ?<br />

●<br />

Roteiro<br />

É a história do episódio escrita, num formato bastante específico. É o<br />

primeiro passo <strong>para</strong> o surgimento <strong>de</strong> um episódio<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Design <strong>de</strong> personagens<br />

Gravação <strong>de</strong> vozes<br />

Storyboard / Animatic<br />

É a criação do visual das personagens do episódio. É importante que o artista<br />

crie nesse momento ângulos diversos da personagem (frente, ¾, lado, costas<br />

e ¾ costas), além <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> boca, sobrancelhas, olhos, mãos e pés, tudo<br />

em cores, que serão elementos importantes <strong>para</strong> os animadores.<br />

Gravam-se as vozes antes <strong>de</strong> animar. A voz é a matéria prima do animador.<br />

Esse processo costuma ser erroneamente chamado <strong>de</strong> dublagem. O termo<br />

correto é voz original.<br />

Storyboard é uma espécie <strong>de</strong> história em quadrinhos criada por um artista a<br />

partir do roteiro. É no storyboard que serão <strong>de</strong>finidos os enquadramentos <strong>de</strong><br />

cada cena, movimentos <strong>de</strong> câmera, e intenções dos personagens. O<br />

storyboard costuma ser uma peça que <strong>de</strong>talha muito bem as ações que<br />

<strong>de</strong>verão ser animadas. Geralmente é em preto e branco, com um <strong>de</strong>senho<br />

bem solto e rápido. O animatic, por sua vez, é o storyboard na forma <strong>de</strong><br />

ví<strong>de</strong>o, editado, com as vozes finais. É o guia <strong>de</strong>finitivo <strong>para</strong> toda a <strong>produção</strong>.


O Q U E É C A D A E T A P A ?<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Design <strong>de</strong><br />

cenários<br />

Rigging<br />

Setup<br />

A partir das <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> enquadramento e das sugestões <strong>de</strong> cenário do animatic, a<br />

equipe <strong>de</strong> arte cria todos os cenários pro episódio<br />

Rigging é um processo técnico do software Toon Boom Harmony que usamos no Split<br />

Studio (e a maior parte do mercado). O profissional <strong>de</strong> rigging recebe os <strong>de</strong>signs <strong>de</strong><br />

personagens e o divi<strong>de</strong> em várias camadas, transformando cada parte do corpo em um<br />

objeto selecionável. Essas camadas são então organizadas <strong>de</strong> uma forma hierárquica e<br />

lógica. Ex. <strong>para</strong> se mexer o ombro, é necessário que o braço e a mão acompanhem. O<br />

profissional <strong>de</strong> rigging configura esse tipo <strong>de</strong> relação.<br />

Setup é um processo bastante técnico que nem todos os estúdios adotam. É uma<br />

etapa na qual um profissional basicamente vai montar os arquivos <strong>para</strong> que os<br />

animadores possam animar. Cada cena será um arquivo diferente. Se um episódio tem<br />

120 cenas, o profissional <strong>de</strong> setup <strong>de</strong>verá configurar 120 projetos <strong>de</strong> Toon Boom<br />

Harmony. Cada projeto terá embutido os riggings dos personagens da cena na<br />

proporção correta com o cenário, o cenário, props (elementos que os personagens<br />

interagem), movimento <strong>de</strong> câmera configurado, áudio da cena, animatic da cena. Ele<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar o arquivo com a duração exata da cena e também configurar os<br />

parâmetros <strong>para</strong> a exportação futura da cena no formato <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o (ren<strong>de</strong>r).


O Q U E É C A D A E T A P A ?<br />

●<br />

Animação<br />

Essa é a etapa mais trabalhosa e custosa. O cálculo médio que se faz no Brasil é 2<br />

minutos / animador / mês. Isso dá 6s por dia <strong>para</strong> cada profissional. Geralmente o<br />

animador anima a cena completa, todos os personagens que houverem na cena.<br />

●<br />

Composição / finalização A composição é uma etapa <strong>para</strong> se juntar animação com cenário e efetuar<br />

movimentos <strong>de</strong> câmera. Se o processo <strong>de</strong> série adotou a etapa <strong>de</strong> setup, esse<br />

processo é <strong>de</strong>snecessário. No entanto, nesse momento, também é possível fazer<br />

o trabalho <strong>de</strong> finalização, que é melhorar visualmente alguma cena ou conjunto <strong>de</strong><br />

cenas. Ex: alterar as cores <strong>de</strong> uma sequência <strong>de</strong> cenas <strong>para</strong> elas parecerem um<br />

entar<strong>de</strong>cer.<br />

●<br />

●<br />

Edição<br />

Edição <strong>de</strong> som<br />

É o trabalho <strong>de</strong> juntar cada uma das cenas num mesmo ví<strong>de</strong>o. Geralmente<br />

segue-se à risca o animatic, e o trabalho <strong>de</strong> edição é mínimo. É a etapa em que se<br />

adiciona a abertura e cartelas <strong>de</strong> título e crédito.<br />

Com um corte do ví<strong>de</strong>o com o tempo <strong>de</strong>finido, é possível que a equipe <strong>de</strong> som<br />

crie os efeitos sonoros (passos, ruídos <strong>de</strong> ambiente, etc).


O Q U E É C A D A E T A P A ?<br />

●<br />

Composição <strong>de</strong> trilha A partir do animatic, geralmente o compositor musical já consegue começar a<br />

sonora<br />

trabalhar na trilha sonora do episódio. Mas é só com o tempo do episódio fechado<br />

que é possível fechar a trilha sonora também.<br />

●<br />

●<br />

Mixagem<br />

Master<br />

A mixagem é a etapa <strong>de</strong> se juntar vozes + efeitos sonoros + trilha sonora. O<br />

mixador, nesse processo, <strong>de</strong>fine o volume <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sses elementos. Ele<br />

também adiciona efeitos aos sons, quando necessário (Ex. personagens<br />

conversando <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um banheiro. O mixador vai <strong>de</strong>ixar os sons mais abafados).<br />

No sistema stereo e 5.1, ele também <strong>de</strong>fine o que cada caixa <strong>de</strong> som <strong>de</strong>ve tocar.<br />

A master é a etapa <strong>de</strong> consolidar imagem final + som final, e exportar o material<br />

no formato certo <strong>para</strong> o canal. Cada canal tem especificações técnicas específicas.<br />

Alguns aceitam receber arquivos digitalmente, outros te solicitam que você envie<br />

o material gravado em mídia física, como a XDCam, que é a mais utilizada hoje em<br />

dia. É nessa etapa que tudo isso é feito.


F I G U R A S I M P O R T A N T E S<br />

A equipe <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> animação é altamente setorizada. Abaixo, uma <strong>de</strong>scrição das funções. Importante<br />

dizer que cada projeto tem suas peculiarida<strong>de</strong>s, e as funções abaixo po<strong>de</strong>m variar, inclusive em função do<br />

orçamento. Orçamentos mais apertados costumam fazer com que pessoas acumulem mais <strong>de</strong> uma função.<br />

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Produtor<br />

Executivo<br />

Diretor da<br />

série<br />

Criador<br />

É a figura mais importante da <strong>produção</strong> junto do criador e do diretor da série. É comum que<br />

as pessoas relacionem o produtor executivo à figura que capta e traz os recursos<br />

financeiros <strong>para</strong> se fazer a série, mas ele faz mais do que isso. O produtor executivo cuida<br />

do posicionamento da série e das estratégias do produto, do relacionamento com o canal<br />

com <strong>de</strong>mais parceiros importantes, como distribuidores e agentes <strong>de</strong> licenciamento, e<br />

valida a contratação da equipe e o gasto do orçamento. Frequentemente é o <strong>de</strong>tentor da<br />

palavra final.<br />

O diretor da série é uma figura criativa que irá cuidar das <strong>de</strong>cisões estéticas e narrativas do<br />

projeto e cuidar <strong>para</strong> que a visão original do produtor executivo, do criador e sua estejam<br />

presentes na série do começo ao fim.<br />

O criador é quem cria o projeto. Às vezes ele ocupa alguma função na equipe, mas não<br />

necessariamente ele se envolve na <strong>produção</strong>. Às vezes ele po<strong>de</strong> ser só um consultor, ou<br />

até mesmo po<strong>de</strong> ter vendido a i<strong>de</strong>ia <strong>para</strong> alguém produzir.


F I G U R A S I M P O R T A N T E S<br />

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Chefe <strong>de</strong><br />

roteiro<br />

Showrunner<br />

Roteirista<br />

Diretor do<br />

episódio<br />

Diretor <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong><br />

Produtor <strong>de</strong><br />

linha<br />

O chefe <strong>de</strong> roteiro é quem irá comandar toda a equipe <strong>de</strong> roteirista e cuidar <strong>para</strong> que os<br />

roteiros obe<strong>de</strong>çam às premissas do produtor executivo e do diretor da série.<br />

O Showrunner é uma figura bastante comum no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>produção</strong> televisiva americano,<br />

mas nem tanto no Brasil. O showrunner basicamente conjuga as funções <strong>de</strong> produtor<br />

executivo, criador, chefe <strong>de</strong> roteiro e diretor da série, e ele é o responsável por praticamente<br />

todas as <strong>de</strong>cisões importantes. Para os canais americanos, é uma figura muito importante,<br />

que gera a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do projeto.<br />

Os roteiristas são os profissionais que escrevem o roteiro dos episódios<br />

Os diretores <strong>de</strong> episódio dirigem episódios específicos, aten<strong>de</strong>ndo às premissas do<br />

produtor executivo e diretor geral, ou do showrunner.<br />

O diretor <strong>de</strong> <strong>produção</strong> é quem <strong>de</strong>fine o cronograma e cuida da administração geral do<br />

projeto (contratações, entregas, etc).<br />

O produtor <strong>de</strong> linha é uma das figuras mais importantes na <strong>produção</strong>. É ele quem irá cuidar<br />

da manutenção do cronograma e garantir que as informações estejam correndo<br />

a<strong>de</strong>quadamente entre as equipes e que cada indivíduo se mantenha <strong>de</strong>ntro do cronograma


F I G U R A S I M P O R T A N T E S<br />

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Storyboar<strong>de</strong>r<br />

Diretor <strong>de</strong><br />

voz original<br />

Atores<br />

Editor <strong>de</strong><br />

animatic<br />

Assistente <strong>de</strong><br />

direção<br />

O Storyboar<strong>de</strong>r é um dos profissionais mais importantes num projeto, pois é quem irá<br />

<strong>de</strong>cupar todo o roteiro na forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos sequênciais, o chamado storyboard. É ele<br />

quem irá dar o tom do episódio, <strong>de</strong>senvolvendo <strong>de</strong>talhadamente como será executada<br />

cada ação, incluindo posicionamento e movimentação <strong>de</strong> câmera.<br />

É quem faz o casting <strong>de</strong> vozes dos personagens, e é quem dirige os atores durante as<br />

gravações.<br />

São os atores que fazem as vozes dos personagens.<br />

Munido das vozes gravadas e do storyboard completo, o editor é quem combina todo esse<br />

material numa timeline e faz um ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> referência que será usado por toda a equipe<br />

como o guia máximo <strong>para</strong> a <strong>produção</strong> do ví<strong>de</strong>o, o animatic. O animatic costuma ser muito<br />

parecido com o filme, não apenas em termos <strong>de</strong> enquadramento e ação, mas <strong>de</strong> ritmo e<br />

duração, seja a duração total ou cena a cena. Muitas vezes é o próprio storyboar<strong>de</strong>r quem<br />

também edita o animatic.<br />

O assistente <strong>de</strong> direção po<strong>de</strong> ocupar funções muito diferentes, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da <strong>produção</strong>,<br />

mas <strong>de</strong> uma forma geral ele é quem cuida <strong>de</strong> conferir se cada pedido do diretor está sendo<br />

atendido pela equipe.


F I G U R A S I M P O R T A N T E S<br />

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Diretor <strong>de</strong> arte<br />

Equipe <strong>de</strong><br />

arte<br />

Diretor <strong>de</strong><br />

animação<br />

Supervisor <strong>de</strong><br />

animação<br />

Equipe <strong>de</strong><br />

animação<br />

O diretor <strong>de</strong> arte é quem cuida do visual do filme. Ele lida com uma equipe <strong>de</strong> artistas, que<br />

farão os <strong>de</strong>signs <strong>de</strong> personagens, props, cenários, cartelas <strong>de</strong> créditos, logo, etc.<br />

A equipe <strong>de</strong> arte é composta <strong>de</strong> <strong>de</strong>signers <strong>de</strong> personagens, <strong>de</strong>signer <strong>de</strong> props, cenaristas e<br />

até mesmo <strong>de</strong>signers. Depen<strong>de</strong>ndo da <strong>produção</strong>, a equipe po<strong>de</strong> ser ainda mais setorizada,<br />

com pessoas exclusivas <strong>de</strong> criar layouts à lápis e outras <strong>para</strong> artefinaliar e colorir, por<br />

exemplo.<br />

É um animador bastante experiente que irá fazer a gestão da qualida<strong>de</strong> da equipe <strong>de</strong><br />

animação. Geralmente é o responsável pela montagem da equipe e tem papel importante<br />

na <strong>de</strong>finição da estética <strong>de</strong> animação a ser abordada pela série.<br />

Os supervisores costumam fazer a gestão qualitativa e orientação dos animadores num<br />

<strong>de</strong>terminado episódio. Geralmente cada supervisor supervisiona um episódio por vez. O<br />

supervisor po<strong>de</strong> ou não animar durante a <strong>produção</strong>.<br />

A equipe <strong>de</strong> animação é composta por animadores, que frequentemente se divi<strong>de</strong>m e são<br />

remunerados <strong>de</strong> acordo com sua experiência (júnior, pleno e sênior), além <strong>de</strong> profissionais<br />

com um perfil mais técnico que irão cuidar do setup e do rigging dos personagens.


F I G U R A S I M P O R T A N T E S<br />

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●<br />

Editor<br />

Compositor<br />

<strong>de</strong> imagem /<br />

finalizador<br />

Compositor<br />

musical<br />

O editor é quem irá montar os episódios, sequenciando cada cena animada, e incluindo<br />

abertura, cartelas <strong>de</strong> título e créditos <strong>de</strong> encerramento, além <strong>de</strong> color bar, claquete e outros<br />

elementos que variam <strong>de</strong> tv à tv. Não é uma função muito complexa, uma vez que o editor<br />

<strong>de</strong> animatic já <strong>de</strong>finiu todos os tempos e a sequência lógica das cenas, usados na <strong>produção</strong><br />

da animação. O mais comum é o editor fazer apenas ajustes finos.<br />

O compositor <strong>de</strong> imagem é um profissional que se <strong>de</strong>dica a juntar os personagens<br />

animados ao cenário, e fazer movimentos <strong>de</strong> câmera e ajustes finos <strong>de</strong> acabamento. Como<br />

esse é um processo lento, no geral o seu trabalho é substituído pelo setup, antes <strong>de</strong> os<br />

animadores animarem. Ou seja, o compositor <strong>de</strong> imagem não é uma figura tão comum<br />

numa <strong>produção</strong> <strong>de</strong> animação 2D. Geralmente os estúdios têm algum profissional assim<br />

<strong>para</strong> se <strong>de</strong>dicar à finalização, que é aplicar à algumas cenas específicas algum tratamento<br />

especial que é difícil <strong>de</strong> fazer na animação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da necessida<strong>de</strong>. Ex: ele <strong>de</strong>ixa uma<br />

sequência inteira toda alaranjada, <strong>para</strong> dar um clima <strong>de</strong> pôr-do-sol.<br />

É um profissional da área musical especializado em criar trilhas sonoras. É ele quem<br />

compõe todas as músicas e canções dos episódios.


F I G U R A S I M P O R T A N T E S<br />

● Editor <strong>de</strong> som /<br />

Foley artist<br />

O editor <strong>de</strong> som é um profissional que, munido <strong>de</strong> uma versão do episódio com todas as<br />

cenas já animadas e no tempo certo, irá aplicar ao filme uma série <strong>de</strong> efeitos sonoros, como<br />

barulhos <strong>de</strong> passos, porta batendo, etc. Por uma questão <strong>de</strong> praticida<strong>de</strong>, limitação <strong>de</strong><br />

orçamento e cronograma apertado, no geral esse profissional usa principalmente sons já<br />

gravados, os chamados bancos <strong>de</strong> sons. Em algumas situações, ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do projeto,<br />

é possível entrar outra figura, o chamado Foley Artist, que é um profissional especializado<br />

em produzir sons <strong>para</strong> ser gravado em estúdio.<br />

●<br />

Mixador<br />

É o profissional responsável por conjugar o áudio final do episódio. Munido dos efeitos<br />

sonoros, das vozes originais e da trilha sonora, é ele quem <strong>de</strong>fine o “peso” <strong>de</strong> cada<br />

elemento cena a cena, ajustando o volume <strong>de</strong> cada elemento <strong>de</strong> acordo com a necessida<strong>de</strong><br />

narrativa. É ele quem também aplica distorções aos sons (ex: numa cena num banheiro, ele<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar todos os sons mais abafados. Numa sala vazia, ele po<strong>de</strong> colocar eco no sons).<br />

Além disso, é ele quem <strong>de</strong>fine que som irá tocar em cada uma das caixas <strong>de</strong> som, no caso<br />

<strong>de</strong> som em stereo ou 5.1, além <strong>de</strong> fazer pans entre cada caixa (o efeito <strong>de</strong> fazer o som<br />

correr <strong>de</strong> uma caixa <strong>para</strong> outra, que dá a impressão <strong>de</strong> elementos percorrendo um espaço<br />

(ex, um carro passando da esquerda <strong>para</strong> a direita na tela po<strong>de</strong> ter o som percorrendo da<br />

esquerda <strong>para</strong> a direita das caixas também. É mais comum em cinema, que tem um sistema<br />

<strong>de</strong> som mais a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> esse recurso)


C P B<br />

Depois que você termina a série, é importante que<br />

você tire o CPB.<br />

O CPB é o certificado <strong>de</strong> Produto Brasileiro. Ele é um<br />

selo que foi criado pela ANCINE em 2004. O CPB é a<br />

garantia que o filme é um produto brasileiro, é como<br />

uma certidão <strong>de</strong> nascimento que prova a titularida<strong>de</strong><br />

da obra audiovisual brasileira.<br />

O CPB garante que a obra audiovisual possa circular<br />

livremente pelo Brasil e principalmente por outros<br />

países em mostras e festivais. É um documento legal,<br />

que informa as procedências do filme. O CPB é<br />

também um registro que garante os direitos<br />

patrimoniais ao diretor e produtor da obra. Além disso,<br />

sem o CPB, o diretor e o produtor não conseguem<br />

pontuação na ANCINE, o que hoje é uma exigência<br />

<strong>para</strong> a aprovação <strong>de</strong> projetos via leis <strong>de</strong> incentivo<br />

audiovisuais <strong>para</strong> captação <strong>de</strong> recursos.<br />

Se uma obra não possui o CPB, ela não po<strong>de</strong>rá ser<br />

exibida. Hoje, todas as salas <strong>de</strong> exibição, TVs abertas<br />

e por assinatura são obrigadas a exibir somente<br />

filmes brasileiros que tenham o CPB, caso contrário,<br />

elas serão autuadas.<br />

O CPB é mais um certificado que foi criado <strong>para</strong><br />

regularizar o mercado audiovisual, portanto <strong>para</strong> o<br />

diretor e <strong>para</strong> o produtor, o CPB garante seu<br />

ingresso ao mercado, permitindo que sua obra seja<br />

comercializada.<br />

Fonte:<br />

http://www.guiadosfestivais.com.br/noticia/649


C O N D E C I N E<br />

Além do CPB, também será necessário que você<br />

pague a CONDECINE - Contribuição <strong>para</strong> o<br />

Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica<br />

Nacional.<br />

Fonte:<br />

https://www.ancine.gov.br/pt-br/con<strong>de</strong>cine<br />

A contribuição inci<strong>de</strong> sobre a veiculação, a <strong>produção</strong>, o<br />

licenciamento e a distribuição <strong>de</strong> obras<br />

cinematográficas e vi<strong>de</strong>ofonográficas com fins<br />

comerciais, bem como sobre o pagamento, o crédito,<br />

o emprego, a remessa ou a entrega, aos produtores,<br />

distribuidores ou intermediários no exterior, <strong>de</strong><br />

importâncias relativas a rendimento <strong>de</strong>corrente da<br />

exploração <strong>de</strong> obras cinematográficas e<br />

vi<strong>de</strong>ofonográficas ou por sua aquisição ou importação,<br />

a preço fixo.


S A I B A M A I S


R E F E R Ê N C I A S<br />

●<br />

Ancine<br />

https://www.ancine.gov.br/pt-br/ancine/apresentacao<br />

● Lei 12.485<br />

https://www.ancine.gov.br/pt-br/faq-lei-da-tv-paga<br />

●<br />

●<br />

Produtora brasileira<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

Espaço qualificado<br />

https://www.ancine.gov.br/pt-br/no<strong>de</strong>/16222<br />

https://www.ancine.gov.br/pt-br/legislacao/instrucoes-normativas-consolida<br />

das/instru-o-normativa-n-105-<strong>de</strong>-10-<strong>de</strong>-julho-<strong>de</strong>-2012<br />

●<br />

FSA<br />

https://fsa.ancine.gov.br/o-que-e-fsa/introducao<br />

● Artigo 3º, 3ºA e 39<br />

https://www.ancine.gov.br/sites/<strong>de</strong>fault/files/manuais/Manual_art39.pdf<br />

●<br />

Saiba mais sobre<br />

financiamento <strong>de</strong><br />

produções audiovisuais<br />

no Brasil<br />

https://pt.sli<strong>de</strong>share.net/re<strong>de</strong>cemec/financiamento-audiovisual-41019637


R E F E R Ê N C I A S<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

●<br />

Lei da propaganda<br />

infantil<br />

Exemplo <strong>de</strong> bíblia<br />

Bravest Warriors<br />

TBI - Tabela <strong>de</strong><br />

referência <strong>de</strong> preços<br />

do half an hour<br />

Ex. <strong>de</strong> um cronograma<br />

<strong>de</strong> série em animação<br />

2D cutout<br />

Exemplo Animatic<br />

Futurama<br />

https://www12.senado.leg.br/cidadania/edicoes/469/medida-proibe-publici<br />

da<strong>de</strong>-dirigida-ao-publico-infantil<br />

https://pt.scribd.com/document/118981476/Bravest-Warriors-Pitch-Bible<br />

https://drive.google.com/open?id=0BxoSuHz-Qvq7alBUX2JpZ0FTM2M<br />

https://drive.google.com/open?id=0BxoSuHz-Qvq7Ql9CdF9zUV9GSGs<br />

https://www.youtube.com/watch?v=d7h6rdrCP-I<br />

●<br />

Processo <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> Gumball<br />

https://www.youtube.com/watch?v=n6KcCz4IKGY


R E F E R Ê N C I A S<br />

●<br />

●<br />

Imprensa Mahon<br />

ICONIC<br />

Canal <strong>de</strong> youtube da Krishna Mahon, executiva do grupo A&E, que<br />

entrevista executivos e profissionais do setor falando sobre mercado e<br />

sobre o que os canais estão buscando:<br />

https://www.youtube.com/channel/UCABE_Ie8l3NGX4Qw-qPE2Ig<br />

O ICONIC é um congresso online sobre animação e artes digitais, <strong>de</strong><br />

Henrique Lira. Há excelentes ví<strong>de</strong>os e entrevistas com profissionais da área<br />

<strong>de</strong> animação:<br />

iconic.network<br />

●<br />

Tela Viva News<br />

O principal periódico do mercado audiovisual brasileiro:<br />

http://teletela.com.br/telaviva/


O B R I G A D O !<br />

Jonas Brandão<br />

Produtor executivo, roteirista e diretor<br />

jonas@splitstudio.com.br<br />

www.splitstudio.com.br

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