Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
2 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
SUMÁRIO<br />
04 - Carta do Editor<br />
06 - Perfil - Casa Geração<br />
08 - Movimento<br />
18 - Semana de Moda Masculina em Milão<br />
28 - Semana de Moda Masculina em Paris<br />
42 - Semana de Moda Masculina em New York<br />
52 - Street Style<br />
64 - A Arte das Ruas<br />
69 - Experiências - Berlim<br />
74 - Beleza & Saúde - David Beckham<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 3
CARTA DO EDITOR<br />
A palavra que não me sai da cabeça é<br />
‘Empoderamento’. E observo que esse<br />
comportamento está acontecendo em todo o planeta,<br />
e em todos os sentidos. As atitudes das pessoas na<br />
forma de pensar, de se expressar, de agir e de vestir e<br />
que refletem diretamente nas mídias, na televisão,<br />
nas redes sociais e principalmente pelas ruas. Já<br />
observou?<br />
Mas, o que é Empoderamento? “Empoderamento é<br />
uma ação social coletiva que visa potencializar a<br />
conscientização civil sobre os direitos sociais e civis.<br />
Esta consciência possibilita a aquisição da<br />
emancipação individual e também da consciência<br />
coletiva necessária para a superação da dependência<br />
social e dominação política. O empoderamento<br />
devolve poder e dignidade a quem desejar e<br />
principalmente a liberdade de decidir e controlar seu<br />
próprio destino, com responsabilidade e respeito ao<br />
outro”. Neste contexto, está o conceito do<br />
empoderamento social, que se resume em dar poder à<br />
sociedade, fazer com que tudo seja mais democrático,<br />
que a população em geral tenha poder de opinião e<br />
decisão. É um processo pelo qual podem acontecer<br />
transformações nas relações sociais, políticas,<br />
culturais, econômicas e de poder. E, infelizmente,<br />
nem sempre positivas... Mas, o que tem a ver o<br />
Empoderamento com a Moda? Tudo! A moda é um<br />
reflexo do comportamento de uma sociedade. Uma<br />
espécie de retrato, onde os diversos estilos de<br />
vestuário prevalecem numa determinada época de<br />
nossa história. É uma linguagem não verbal com<br />
significado de diferenciação. Instiga novas formas de<br />
pensar e agir. Continuando com a minha pesquisa,<br />
descobri muitos projetos, principalmente, em<br />
comunidades carentes cariocas, que estão dando<br />
muito certo. Na moda, esse empoderamento, é uma<br />
realidade traduzida através de projetos que vão desde<br />
cursos profissionalizantes até a orientação sobre<br />
gestão de negócios em moda. Incrível a parceria<br />
entre algumas ONGs e instituições estrangeiras.<br />
Como é o caso da Casa Geração do Vidigal. E<br />
vejo esse empoderamento contaminando toda<br />
uma sociedade através de novos<br />
comportamentos repletos de atitudes, de novos<br />
valores, de respeito às diferenças, criando novas<br />
possibilidades e oportunidades para muitos. E<br />
nada mais natural ver a consequência, não<br />
somente pelas ruas, mas também, pelas<br />
passarelas das semanas de moda pelo planeta.<br />
Isso mesmo, alguns designers não só observam,<br />
mas coloca em prática o Street Style, Streetwear<br />
ou em bom português o Estilo das Ruas.<br />
Também, podemos vê-lo e admirá-lo,<br />
significativamente no grafite, em muros,<br />
prédios, pontes, entre outros locais. A Arte nas<br />
Ruas também é uma forma de empoderamento e<br />
com diferentes significados, que ora são<br />
simplórios e, outras vezes, com uma carga muito<br />
forte de crítica à sociedade ou à política.<br />
Bonito de ser ver o empoderamento social<br />
tomando conta, em todos os níveis, de uma<br />
sociedade que precisa mudar para melhor, para<br />
um planeta mais sustentável, mais limpo, e com<br />
pessoas que respeitem as diferenças, a opinião e a<br />
forma de viver do outro. Chegaremos lá? Com<br />
certeza! Carnaval passou e, os meus parabéns à<br />
Beija-Flor, pelo belíssimo espetáculo repleto de<br />
“empoderamento” pelos seus integrantes e pelo<br />
povo que não se intimidou e foram atrás da<br />
escola, em alto e bom som, exigindo os seus<br />
merecidos direitos por ser um cidadão brasileiro.<br />
Boa leitura e até a próxima edição!<br />
Antonio Moreno<br />
4 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
#artrua #intervençãourbana #berlim<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 5
PERFIL<br />
A Casa Geração é um projeto criado pela<br />
associação franco-brasileira, ModaFusion. Com dez<br />
anos de atuação, a organização tem grande<br />
experiência de trabalho junto as iniciativas<br />
vinculadas a indústria criativa, tendo como objetivo<br />
valorizar o trabalho dentro das favelas cariocas.<br />
Identifica o potencial criativo das grandes periferias e<br />
promove a integração social e a inserção profissional<br />
através da educação, de uma rede profissional<br />
nacional e internacional e do empreendedorismo<br />
local.<br />
Instalada no coração da favela pacificada do Vidigal, e<br />
inaugurada em 2013, a Casa Geração Vidigal é uma<br />
escola de moda aberta para todos os jovens talentos<br />
de 18 as 25 anos, mas gratuita para moradores das<br />
favelas cariocas. Nossa missão é identificar esses<br />
talentos através de um detalhado processo de seleção<br />
e capacitá-los para empreenderem ou atuarem no<br />
mercado profissional, sempre os motivando a usar o<br />
imenso potencial criativo e sua riqueza de referências<br />
culturais para fazerem uma moda genuinamente<br />
brasileira. Mais do que acolher, orientar e capacitar, a<br />
Casa Geração transforma destinos ao empoderar<br />
estes cidadãos.<br />
Os cursos para 20 alunos têm duração de um ano e é<br />
dividido em dois semestres: o primeiro de formação<br />
técnica e o outro de formação prática, onde os jovens<br />
são orientados por renomados profissionais nacionais<br />
e estrangeiros!<br />
Para reforçar o foco da nossa escola em inserção<br />
profissional, os professores mais do que<br />
conceituados, são realmente atuantes na indústria da<br />
CASA GERAÇÃO<br />
moda, o que não só torna os alunos de fato aptos a<br />
enfrentarem a concorrência do mercado, como também<br />
os ajuda na formação um excelente networking. Além<br />
do curso anual, a Casa Geração promove diversos<br />
projetos especiais e workshops, sendo frequentemente<br />
solicitada por universidades de moda como a Estacio de<br />
Sá e a PUC, para desenvolver projetos junto a nossos<br />
alunos. Muitas parcerias com profissionais de moda e<br />
marcas nacionais e internacionais são também<br />
promovidas pela escola, com a finalidade de<br />
desenvolver as variadas competências individuais e<br />
coletivas. A Casa Geração matem também<br />
intercâmbios com outras escolas ou organizações. A<br />
escola de Arte e Tecnologia Spectaculu ESMOD,<br />
Central Saint Martins, são algumas delas.<br />
Fundadoras da ModaFusion: Andrea Fasanello e Nadine<br />
Gonzalez (imagem casageracao)<br />
6 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 7
MOVIMENTO<br />
ISABEL MARANT<br />
E A SUA<br />
MODA MASCULINA<br />
Isabel Marant lançou uma coleção de pronto-paravestir<br />
masculino e basta apenas um olhar para<br />
perceber que as roupas têm um ar cool, rocker,<br />
prático e o toque boêmio que se espera da estilista<br />
parisiense.<br />
Isabel Marant queria algo simples. O seu trabalho<br />
nunca foi complicado. "A roupa masculina<br />
inspirou a moda feminina durante anos, então eu<br />
estou devolvendo um pouco... Como uma espécie<br />
de transposição", explicou a designer, que fundou<br />
a sua marca em 1994.<br />
"Para o pronto-para-vestir masculino, não queria<br />
que as roupas parecessem muito novas. Pela<br />
manhã, as pessoas não querem pensar muito sobre<br />
o que vão usar", disse pouco antes dos 40<br />
privilegiados convidados se sentarem à mesa para<br />
desfrutar de um cordeiro cozido e ouvir um<br />
pequeno concerto do cantor francês Lomépal.<br />
8 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
O desafio que se propõe a Itália, durante a próxima década, é conseguir<br />
responder de forma adequada e eficaz à complexa dinâmica ambiental e social,<br />
mantendo no mesmo nível a competitividade dos sistemas de produção. No<br />
entanto, para que ocorra esta mudança de paradigma é necessário fomentar uma<br />
nova política industrial com base na sustentabilidade e na inovação, capazes de<br />
aumentar a competitividade da indústria italiana, adverte o governo.<br />
ITÁLIA APOSTA NA ECONOMIA CIRCULAR<br />
A ação, recentemente apresentada em Roma pelos ministros do Ambiente e do<br />
Desenvolvimento Econômico, foi realizada no âmbito do projeto “Rumo a uma<br />
Economia Circular para Itália”, que promove a colaboração e a partilha de<br />
conhecimentos como incentivo à implementação de uma produção mais<br />
eficiente e sustentável dos recursos.<br />
Serão desenvolvidos novos modelos de negócio com uma reflexão sobre a<br />
transformação de desperdícios em recursos com valor acrescentado e nos<br />
investimentos que serão necessários fazer em novas tecnologias para alavancar a<br />
Indústria 4.0.<br />
Nos últimos 40 anos, a análise do modelo de economia circular evoluiu muito.<br />
Os temas atuais, como a procura de matérias-primas sustentáveis, processos de<br />
produção e design ecológicos, a adoção de uma distribuição amiga do ambiente,<br />
modelos de consumo e o desenvolvimento de mercados secundários tornaramse<br />
os elementos-chave da economia circular.<br />
Mudar do modelo atual de economia linear para um modelo de economia<br />
circular requer um repensamento da estratégia de mercado e de modelos que<br />
salvaguardem os sectores de competitividade industrial. Num futuro próximo, é<br />
necessário criar e desenvolver sistemas mais eficientes de reutilização e de<br />
reparação de bens, facilitando a manutenção de produtos e aumentando a sua<br />
vida útil, refere o documento.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 9
MOVIMENTO<br />
STELLA MCCARTNEY LANÇA LINHA DE MODA PRAIA MASCULINA<br />
Para a temporada primavera-verão de 2018, Stella McCartney lançou a sua primeira coleção de moda praia<br />
masculina, que incorpora os traços distintivos estilísticos do prêt-à-porter. A nova linha é composta por calções,<br />
polos, t-shirts, camisas de linho, toalhas, sacos de praia e ponchos, feitos em algodão orgânico e nylon reciclado,<br />
em linha com a filosofia eco-sustentável da marca.<br />
Os calções estão disponíveis nas versões curta, média e longa, e são feitos em algodão, jersey ou nylon reciclado.<br />
A paleta de cores varia de lavanda, amarelo, rosa-claro ao verde garrafa, e é adornada com elementos em cor<br />
borgonha, azul elétrico e laranja intenso. Os estampados remetem para os motivos tropicais da coleção prêt-àporter,<br />
assim como as estrelas bordadas e um estampado geométrico que lembra os lenços de seda.<br />
As camisas e t-shirts em algodão orgânico estão disponíveis nas cores lavanda, branco e amarelo, enquanto as<br />
camisas de algodão e linho de manga curta e longa contêm estampados de pássaros.<br />
As bolsas em lona natural estão disponíveis em duas versões: uma grande e outra com fecho de cordão, e feitas<br />
em colaboração com o programa "Ethical Fashion Initiative", que opera no Quênia com o objetivo de reduzir a<br />
pobreza global.<br />
A nova coleção de moda praia de Stella McCartney está disponível nas lojas físicas e online da marca, bem como<br />
em lojas especializadas, ou lojas de grandes como a Harrods, Matches e Mr Porter. Os preços variam de 175 a 290<br />
euros para os calções, de 165 a 185 euros para as t-shirts, e de 245 a 270 euros para as camisas.<br />
1 0 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 11
MOVIMENTO<br />
FILHO DE ROBERTO CAVALLI LANÇA-SE NA MODA<br />
"Triple RRR foi escolhido em referência aos meus três 'R' da<br />
sorte: o da inicial do meu nome, o do nome do meu pai e o do<br />
meu projeto", conclui o jovem com um sorriso<br />
1 2 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
F oi na Galleria Romanelli, uma galeria-atelier de arte florentina,<br />
entre antigas estátuas de mármore, que Robert Cavalli revelou, na<br />
quinta-feira (11), a sua primeira coleção, "Triple RRR", como parte do<br />
evento Pitti Uomo, na presença de toda a família. Esta é o regresso às<br />
origens para o último dos cinco filhos do célebre designer de moda,<br />
Roberto Cavalli, que vendeu a sua marca em 2015.<br />
O jovem designer, que tem hoje 24 anos, deixou a sua cidade natal,<br />
Florença, aos 12 para Londres, onde cresceu e se formou em negócios e<br />
marketing pela London School of Arts. Regressou a Itália no ano<br />
passado, instalando-se em Milão para se dedicar ao seu projeto: uma<br />
linha de pronto-para-vestir masculino de luxo, que oferece um vestuário<br />
precioso, luxuoso, mas ao mesmo tempo confortável.<br />
Com um espírito chic e casual, onde é possível encontrar influências do<br />
seu pai, como as de um certo estilo dandy florentino. "O meu pai<br />
ensinou-me o amor pela beleza. Encorajou-me neste projeto e<br />
aconselhou-me a seguir o meu próprio instinto e personalidade, sem ir<br />
atrás das tendências do momento", disse Robert Cavalli.<br />
"Estou distante da moda atual do sucesso streetwear. Tenho uma visão<br />
diferente da moda, e prefiro uma moda masculina mais sofisticada,<br />
destinada a um jovem que aprecia uma elegância refinada", explica.<br />
A coleção de 70 peças desenvolve-se em torno do tema “roupão de<br />
banho" com toque de loungewear sutilmente barroco. Esta peça<br />
emblemática está disponível em cardigans e casacos-roupões maxi sem<br />
botões, apenas amarrados na cintura. A coleção também inclui calças<br />
jogging bordadas, camisas, ternos desconstruídos, sweaters e blusas.<br />
“Há poucos modelos, mas estes são oferecidos em muitas cores e<br />
materiais diferentes", diz o jovem designer, que favoreceu tecidos<br />
preciosos e brilhantes, como veludo, seda e cashemire. Muitas peças são<br />
adornadas com bordados ou desenhos que lembram tatuagens, como na<br />
manga de uma sweatshirt clara, o padrão jacquard ou outras decorações<br />
poéticas e românticas como flores e querubins. Em algumas peças<br />
aparece a frase em francês "la vérité nous rend libre (a verdade torna-nos<br />
livres).<br />
Tudo é fabricado na Itália, entre a Toscana para as peças com mangas, e<br />
Isernia, perto de Nápoles, para o restante. A linha será distribuída<br />
globalmente pelo showroom milanês Marcona3, com uma relação preçoqualidade<br />
interessante: a partir de 300 euros para as malhas bordadas, até<br />
1800 euros para os casacos em cashemire puro.<br />
"Triple RRR foi escolhido em referência aos meus três 'R' da sorte: o da<br />
inicial do meu nome, o do nome do meu pai e o do meu projeto",<br />
conclui o jovem com um sorriso.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 1 3
MOVIMENTO<br />
VESTE RIO PRIMAVERA/VERÃO 2018/2019<br />
O Veste Rio se consagrou como a principal plataforma de moda do<br />
país, unindo Salão de Negócios, Outlet com as melhores marcas<br />
brasileiras, ciclo de palestras, desfiles e gastronomia.<br />
Para atender à crescente procura das marcas e proporcionar ainda mais<br />
conforto ao público, a quinta edição do evento, que apresentará as<br />
tendências da Primavera-Verão 2018/2019, terá novamente como<br />
cenário o Pier Mauá, a área mais efervescente da cidade. A partir de 11<br />
de abril de 2018. Agende-se...<br />
SPFWN45<br />
A edição N45 do Calendário Oficial da Moda<br />
Brasileira, São Paulo Fashion Week, acontece de 18<br />
a 23 de março de 2018. A semana abre no domingo<br />
(18/03) com desfiles externos pela cidade. A partir<br />
do dia 19 passa também a ocupar a Fundação<br />
Bienal, no Parque Ibirapuera.<br />
1 4 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
GIANNI VERSACE<br />
Até o dia 13 de abril, o palácio<br />
Kronprinzenpalais, em Berlim, recebe a<br />
maior exposição em homenagem a<br />
Gianni Versace. São mais de 300 roupas,<br />
algumas vistas poucas vezes desde os<br />
anos 1980 e 1990, além de outros<br />
artefatos que contam e ilustram a<br />
carreira do estilista. Você está de viagem<br />
marcada para Berlim? Agende-se!<br />
NEW YORK<br />
TOLERÂNCIA ZERO<br />
A semana de moda de NYC foi palco de uma regra muito<br />
clara: “Tolerância Zero” ao assédio sexual.<br />
O Conselho de Designers de Moda da América (CFDA,<br />
no original) publicou uma declaração na qual condena a<br />
prática na indústria. O documento afirma a importância<br />
de um ambiente de trabalho seguro – que deve ser<br />
prioritário –, livre do assédio aos modelos, como também<br />
para com todos os profissionais da indústria. A própria<br />
presidente e designer Diane Von Furstenberg que lançou<br />
a discussão ao enviar aos restantes membros do conselho,<br />
um email preliminar para debater questões de segurança<br />
como a possível criação de áreas privadas para a mudança<br />
de roupa. Nesse mesmo documento, Furstenberg falou<br />
em tolerância zero, lembrando que “qualquer ato sexual<br />
involuntário segundo o qual uma pessoa é ameaçada, alvo<br />
de coação ou forçada”, constitui crime. “Os tempos<br />
recentes têm sido marcados por homens e mulheres<br />
corajosos que têm feito revelações sobre uma cultura<br />
inaceitável na política, no esporte, no entretenimento,<br />
mas também na moda”, escreveu a presidente. Também,<br />
considerou que o organismo que dirige “acredita<br />
firmemente que todos os que operam na indústria<br />
merecem ter o direito de ser sentirem seguros e<br />
respeitados”.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 1 5
MOVIMENTO<br />
SINGAPORE'S ATLAS BAR<br />
Viaje de volta aos anos 1920 - uma era de<br />
jazz e glamour art Deco. No Singapore's<br />
Atlas Bar, que também ostenta uma torre<br />
com mais de 1.000 garrfas de gin. Não<br />
deixe de visitar...<br />
POTÊNCIA POPULAR CARIOCA<br />
Livro reúne diferentes perfis de moradores do Rio que,<br />
por meio da moda, foram à luta para criar sua própria<br />
história. O que antes ficava relegado à estética da<br />
periferia do Rio de Janeiro hoje dita tendência do Leblon<br />
a Vigário Geral. A partir do universo da moda e da<br />
cultura, Potência popular carioca, da jornalista Marcia<br />
Disitzer, traça um mapa afetivo da força da cultura dita<br />
popular, mergulhando também em temas complexos e<br />
sensíveis como classes sociais, gênero, raça e relações<br />
culturais.<br />
1 6 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
#artrua #grécia #intervençãourbana #mister.achilles<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 1 7
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Milano Moda Uomo é um evento que apresenta todas as tendências da<br />
moda “pronto-para-vestir” para homens pelas mais importantes marcas de moda,<br />
principalmente, as italianas. Durante o evento, além dos desfiles que são<br />
apresentados ao mundo através da participação de mais de 1000 jornalistas e de mais<br />
de 10.000 compradores, comprova o grande interesse pelos operadores do mercado<br />
em relação à moda masculina.<br />
O número de desfiles pode ter diminuído, o número de dias, também, mas a cidade<br />
embarcou num final de semana repleto de eventos, de um tributo a Rick Owens, os<br />
desfiles das marcas e à grande festa organizada pela Condé Nast na GQ Itália.<br />
Se você perdeu as últimas temporadas e resolveu acompanhar esta Semana da Moda<br />
Masculina de Milão, deve ter ficado confuso. Em menos de dois anos, a moda<br />
masculina mudou totalmente, deixando para trás o estilo clássico e optando por um<br />
vestuário mais esportivo e funcional. A semana da moda masculina dedicada às<br />
coleções Outono - Inverno 2018/19, que terminou na segunda-feira (dia 15),<br />
definitivamente enterrou o terno no fundo do armário.<br />
Três grandes tendências explicam, em parte, esta reviravolta: a mudança de atitude<br />
das novas gerações, que não querem se vestir como os seus avós e preferem optar<br />
pelo conforto; a competição desenfreada das marcas de moda para seduzir os<br />
millennials, para quem o vestuário já não representa um sinal de riqueza; e,<br />
finalmente, a crise que continua a agitar o mercado e a direcionar o consumo para<br />
produtos mais básicos como as roupas esportivas. De acordo com vários players do<br />
setor, "o que vende hoje são apenas sweaters, t-shirts e tênis".<br />
Neste contexto, não surpreende que os trajes formais tenham desaparecido das<br />
coleções. Na verdade, à exceção de Ermenegildo Zegna e Pal Zileri, as grandes<br />
marcas da moda italiana abandonaram as passarelas de Milão, da Corneliani à<br />
Canali, passando pela Brioni. Por este motivo, a coleção outerwear de nylon<br />
proposta por Miuccia Prada é um sinal claro da transformação que está<br />
acontecendo.<br />
A Milano Moda Uomo também foi fortemente punida pelas profundas mudanças<br />
sofridas pela indústria da moda há mais de um ano, entre deserções, novos formatos<br />
baseados em desfiles mistos ou virtuais, adiamentos para a semana feminina e<br />
transferências para outras capitais da moda. Depois de ter perdido a sua tradicional<br />
data de encerramento na temporada passada, sempre na terça-feira, o calendário da<br />
semana milanesa foi reduzido para 30 desfiles em comparação com 32 em junho e<br />
36 no ano passado.<br />
1 8 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
SEMANA DE MODA MASCULINA EM MILÃO<br />
"É verdade que esta semana foi um pouco curta e muito<br />
intensa, mas em três dias conseguimos transmitir todo tipo de<br />
emoções, dando às marcas a possibilidade de escolherem o tipo<br />
de apresentação e evento mais apropriado para as mesmas".<br />
Essa liberdade e diversidade refletem melhor o mundo em que<br />
vivemos", analisa o presidente da Câmara de moda transalpina<br />
(CNMI), Carlo Capasa.<br />
Mais do que os desfiles, foram sobretudo algumas<br />
apresentações que conseguiram deixar a sua marca, como a<br />
Etro, que transformou o seu espaço no armazém de uma casa<br />
de leilões, onde modelos, compradores, jornalistas e o público<br />
geral convidado se misturaram entre quadros e móveis antigos.<br />
A festa de Rick Owens no bairro do design Via Ventura, que<br />
se prolongou a noite inteira, também permanecerá na<br />
memória. Outra iniciativa original foi o desfile que a Dolce &<br />
Gabbana organizou na loja de departamentos La Rinascente,<br />
que fascinou o público. A marca empenhou-se nesta semana,<br />
tendo organizado o seu desfile tradicional no dia anterior e<br />
um outro exclusivo no mesmo dia, à noite.<br />
Outro ponto apreciado foram os locais inéditos escolhidos por<br />
alguns designers para os seus desfiles de moda, como a<br />
Universidade Bocconi no caso da Ermenegildo Zegna, ou o<br />
armazém da Fundação Prada. “Hoje, ser criativo significa não<br />
fazer o mesmo que os outros. Muitas marcas entenderam,<br />
mudaram os seus hábitos e escolheram novos cenários para<br />
desfilar ou novas formas de apresentação, criando um ar de<br />
mistério em torno dos seus desfiles", diz Beppe Angiolini,<br />
dono da loja multimarca Sugar in Arezzo, da Toscana.<br />
Neste jogo, os jovens designers conseguiram acertar e atraíram<br />
um grande público aos seus desfiles. "É um dos elementos de<br />
maior destaque nesta temporada. Os desfiles dos jovens<br />
estilistas, que costumavam ser ignorados por jornalistas e<br />
compradores, tiveram um fluxo incrível e melhoraram muito<br />
em qualidade”, ressalta Carlo Capasa.<br />
Dito isto, a semana da moda foi despojada de várias grandes<br />
marcas, que optaram por apresentar as coleções masculina e<br />
feminina num mesmo desfile. Entre elas, a Bottega Veneta,<br />
que irá apresentar as sua coleção mista, agora em fevereiro. E a<br />
Gucci, a marca de luxo mais bem-sucedida da Itália, seguiu<br />
pelo mesmo caminho. Esta retirada de peso abre, porém,<br />
portas à entrada dos mais jovens. A Camera concedeu espaços<br />
a quatro marcas mais jovens, que organizaram os seus desfiles<br />
na via Tortona, alguns dos quais no âmbito da feira White,<br />
muito bem organizada.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 1 9
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Ermenegildo Zegna<br />
A Prada destacou o outerwear com peças bastante funcionais<br />
“Creio que precisamos de considerar novas formas de<br />
apresentar a moda masculina. Os desfiles e as<br />
apresentações não são as únicas opções. Por isso é que<br />
mudamos o calendário para o tornar mais flexível. Há<br />
tantas maneiras de mostrar a moda, especialmente a<br />
moda masculina. A Etro, por exemplo, não fez um<br />
desfile, optou por um verdadeiro happening”,<br />
comentou Carlo Capasa, presidente da Camera<br />
Nazionale della Moda Italiana.<br />
O desfile da jovem marca Sunnei foi um sucesso<br />
20 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Apresentação da Etro.<br />
O grande chefe da Camera também ficou muito<br />
entusiasmado com Sabato Russo, o diretor criativo da<br />
Sartorial Monk, que estreiou no calendário oficial da<br />
semana da moda. Como a Sulvam, que apresentou a<br />
sua coleção no interior do Padiglione Visconti, um<br />
espaço apoiado pela Camera situado na via Tortona,<br />
no distrito sul de Milão, centro nevrálgico da semana<br />
da moda masculina de Milão.<br />
Umas das prioridades da Camera é aumentar a<br />
presença de jovens designers italianos – e a talentosa<br />
napolitana Isabel Benenato fez a sua estreia nesta<br />
temporada, também na via Tortona. Visto que o seu<br />
apelido, Benenato, significa bem-nascido, os auspícios<br />
pareceram favoráveis.<br />
Versace<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 21
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Empório Armani<br />
Giorgio Armani<br />
Despojada, quase ao seu essencial, a mais<br />
recente coleção da marca Empório Armani, revelou<br />
uma silhueta radicalmente reduzida. Tendo em conta<br />
a sua idade – 83 anos -, é impossível não admirar<br />
Giorgio Armani pela sua audácia e determinação em<br />
continuar avançando.<br />
A coleção continha algumas joias como um magnífico<br />
conjunto em cinza profundo, composto por um<br />
cardigan de dupla abotoadura e um colete, bem como<br />
um sublime casaco redingote em veludo azul safira.<br />
Além disso, poucas pessoas cortam couro tão bem<br />
como Giorgio Armani.<br />
Armani descreveu a coleção como “um espírito<br />
resoluto e urbano, com ênfase numa nova elegância”.<br />
Uma nobre tentativa de abrir novos caminhos com a<br />
silhueta Empório que não resultou muito bem. O que<br />
deixou o seu público ansioso por ver o que o mestre<br />
preparou para a sua linha Giorgio Armani,<br />
apresentada na segunda-feira.<br />
E na manhã fria de segunda-feira, os fashionistas<br />
reuniram-se no sul da cidade para assistir ao desfile da<br />
coleção de outono 2018 da marca Giorgio Armani.<br />
Sem dúvida, uma maestria da costura moderna.<br />
O DNA da Armani estava em todos os looks, com o<br />
seu luxo discreto e elegância controlada, numa coleção<br />
inteiramente baseada na paleta de 40 tons de cinza.<br />
Uma coleção que mostra que o designer continua<br />
quebrando barreiras. Não é de se admirar que planeje<br />
realizar um desfile da Emporio Armani em algum<br />
lugar fora da Itália com uma grande noite de gala na<br />
primavera - mas, por enquanto, a marca ainda não<br />
confirmou o local do evento.<br />
Mas, acima de tudo, foi possível perceber Armani nos<br />
seus geniais casacos cinza-claro e nas versões mais<br />
curtas com oito botões; nos ternos soltos em xadrez<br />
Prince of Wales aveludados; ou num impecável terno<br />
de veludo com as calças estreitas e com o<br />
comprimento logo abaixo do tornozelo. Os tons de<br />
cinza tomaram conta da maioria dos looks, assim<br />
como o muro de cimento dentro do Teatro Armani,<br />
projetado pelo arquiteto japonês Tadao Ando.<br />
Também foram apresentados novos coletes com gola<br />
tullip, sofisticadas calças-cargo caqui, imponentes<br />
casacos de pele, botas em couro trançado - ideais para<br />
uma manhã fria na Lombardia - e novas geniais<br />
carteiras tote em couro.<br />
22 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Diesel Black Gold<br />
Todas estas combinações fizeram desta apresentação,<br />
um desfile verdadeiramente impactante.<br />
"Uma elegância livre e delicada", comentou Giorgio<br />
Armani com um sorriso misterioso, com a pele<br />
bronzeada após passar férias na sua mansão em<br />
Antigua. O antigo mestre pode vangloriar-se de ter<br />
aberto o caminho para uma notável tendência na moda<br />
italiana: o retorno de uma moda chic e poética.<br />
A coleção mista da Diesel Black Gold foi inspirada para<br />
aqueles vão viajar pelo mundo no próximo inverno.<br />
Como Renzo Rosso, fundador da Diesel, diretor do<br />
grupo OTB e proprietário da marca, explica: "Esta<br />
coleção é um resumo de todas as viagens que fizemos<br />
ao redor do mundo desde a década de 1980, da América<br />
Latina ao Oriente Médio".<br />
Com um estilo multiétnico, remetendo para um<br />
espírito livre e vagabundo. Os modelos se apresentaram<br />
com sapatos e botas em denim com franjas, tatuagens e<br />
piercings substituindo os rockers rebeldes que,<br />
normalmente, acompanham a linha da marca.<br />
Além do couro, lã e denim tradicional, há malhas,<br />
jacquard e bordados, bem como tecidos especiais.<br />
"É uma coleção mais tátil", define o diretor artístico<br />
Andreas Melbostad. Uma coleção em que os materiais<br />
"com tecidos mais consistentes" e vários ornamentos<br />
são os protagonistas. "O meu trabalho consiste,<br />
temporada após temporada, em expandir o<br />
vocabulário da Diesel Black Gold, com novas técnicas<br />
e conhecimentos", ressalta o designer.<br />
Após o anúncio da saída de Nicola Formichetti,<br />
responsável pela direção do estilo da Diesel, ainda não<br />
há previsão de sucessor. Neste momento, as coleções<br />
estão sendo feitas pela a equipe criativa interna.<br />
Embora o novo CEO da Diesel, Marco Agnolin, que<br />
assumirá as suas funções agora, em fevereiro, não<br />
tenha estado presente no desfile, vários gestores do<br />
grupo marcaram presença nos bastidores, incluindo o<br />
novo diretor geral da OTB, Ubaldo Minelli, bem<br />
como Giovanni Pungetti, diretor da região Grande<br />
China.<br />
Moschino<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 23
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Moschino<br />
Através dos convites (online e físico), já era<br />
esperado um desfile especial, em linha com a<br />
criatividade subversiva do fundador da marca, Franco<br />
Moschino e reinterpretada com perfeição por Jeremy<br />
Scott desde 2014.<br />
Para a coleção masculina outono-inverno 2018/19,<br />
apresentada junto com a pré-coleção feminina, o<br />
diretor artístico da Moschino imaginou o encontro<br />
explosivo entre o homem mundano, com os seus<br />
imutáveis códigos de vestuário, e o seu lado mais<br />
sombrio, com claras alusões ao universo bondage e<br />
sadomasoquista.<br />
Assim, os ternos foram cortados pela metade, deixando<br />
os ombros desnudos e, em alguns casos, incluindo toda<br />
a parte superior, retidos por suspensórios ou tiras<br />
pretas. Os casacos clássicos de lã cinza ou smokings<br />
foram cobertos com notas bancárias, todas com a<br />
inscrição de uma palavra como “Bone" (Osso), “Boy”<br />
(Menino), “Hot” (Quente), etc., e presas diretamente<br />
na roupa com alfinetes para um toque meio punk.<br />
Um colete de damasco de seda foi costurado na frente<br />
de um casaco preto; uma capa de chuva desgastada foi<br />
utilizada com as pernas nuas (e botas, obviamente!), a<br />
parte de trás de um casaco de lã de cor de ferrugem foi<br />
coberta de cristais; enquanto outra, em tweed, foi<br />
adornada com penas.<br />
Os acessórios de sadomasoquismo foram vistos em<br />
toda parte, em couro ou látex: máscaras, capacetes,<br />
botas. Sem esquecer, é claro, as longas luvas e os<br />
espartilhos repletos de glamour, bem como as coleiras.<br />
As mulheres, por sua vez, vestiram roupas ultra-sexy e<br />
botas.<br />
Jeremy Scott divertiu-se muito com o conceito<br />
"arrastar" ("drag", em inglês). Vários casacos<br />
arrastaram enormes caudas no chão e alcançaram<br />
formas quase surrealistas: uma luva gigante, a parte de<br />
trás do casaco com as suas duas mangas arrastando<br />
pelo chão... E, noutro momento, um modelo apareceu<br />
com um roupão preto com transparência e tule.<br />
Por fim, as caudas de dois casacos foram unidas,<br />
conectando para sempre e para a vida, o homem e a<br />
mulher que as vestiram.<br />
24 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Otartan escocês invadiu a passarela do desfile da<br />
Versace, em um palácio barroco de Milão, com a coleção<br />
outono-inverno 2018/19.<br />
O xadrez apareceu ao lado dos motivos emblemáticos da<br />
marca italiana. Desde o convite vermelho-sangue às saias<br />
kilt no mais puro estilo colegial, passando pelas mangas<br />
dos casacos em seda dourada e ternos zoot em lã xadrez<br />
das Terras Altas.<br />
O efeito foi intensificado pela decisão de fazer com que a<br />
maioria dos modelos, homens e mulheres, usassem botas<br />
com plataformas, estilo rock'n'roll, com correntes e<br />
tachas de metal.<br />
Podemos ver alguns elementos bastante comerciais,<br />
como os cachecóis universitários com a letra "V" ou<br />
Versace escritos, ternos masculinos com um corte<br />
impecável, ou o trench coat sublime de pele sintética de<br />
tigre e uma coleção de sneakers em patchwork com<br />
bordados gregos, que é a marca registrada da marca.<br />
Este foi o quinto desfile da Versace que teve o acesso ao<br />
backstage fechado, portanto, foi impossível pedir a<br />
Donatella a sua opinião sobre o desfile. Após o desfile,a<br />
designer desapareceu rapidamente, entre fortes medidas<br />
de segurança.<br />
Versace<br />
A Prada mudou a localização do seu desfile, mas também o<br />
conceito e a atmosfera. O desfile aconteceu no Prada<br />
Warehouse, da famosa fundação de arte da marca. A<br />
decoração estava repleta de caixotes gigantes em aglomerados<br />
de madeira e os modelos desfilaram sobre uma passarela em<br />
metal perfurado.<br />
“Queríamos realçar o elemento industrial da cultura Prada”,<br />
explicou sorrindo Miuccia Prada, após apresentar uma<br />
coleção. A sua ideia principal foi utilizar o elemento-chave da<br />
marca, o seu exclusivo nylon de alta tecnologia, para construir<br />
novas proporções, que foram combinadas com acessórios<br />
inesperados.<br />
A marca pediu a “quatro reconhecidos espíritos criativos”<br />
(Ronan e Erwan Bouroullec, Konstantin Grcic, Herzoz & de<br />
Meuron e Rem Koolhaas) que criassem objetos únicos a partir<br />
de, obviamente, nylon negro.<br />
Resumindo, foi uma bem-vinda mudança de velocidade na<br />
Prada, ainda que o seu regresso ao clássico nylon preto pareça<br />
destoar da atmosfera maximalista que reina atualmente no<br />
mundo da moda.<br />
Prada<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 25
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Dolce & Gabbana<br />
Nenhuma marca italiana se reinventou de forma<br />
tão inteligente para o digital como a Dolce & Gabbana,<br />
cujos últimos dois desfiles foram uma coroação na<br />
passarela de vários influenciadores globais.<br />
A coleção masculina outono-inverno 2018/19 foi<br />
denominada “King’s Angels” e até construíram uma<br />
fachada de um palácio imaginário como pano de fundo. O<br />
desfile aconteceu no sábado à tarde, com a presença de<br />
nomes como Christian, filho de Sean “Diddy” Combs,<br />
vestido num casaco de cerimônia dourado, com um<br />
medalhão, e a superstar da internet Cameron Dallas,<br />
apresentando-se como um cavaleiro moderno com o seu<br />
uniforme de regimento negro e com a palavra KING<br />
bordada nos braços.<br />
A coleção em si foi iluminada por ternos de três peças em<br />
jacquard, roupões refinados, sobretudos com brocados<br />
vermelhos e casacos smoking com padrões florais.<br />
A dupla criativa reforçou a atmosfera do pré-desfile com a<br />
projeção de um vídeo que mostrava diversos<br />
influenciadores, de Rafferty Law (filho de Jude Law) a<br />
Brandon Thomas Lee (filho de Pamela Anderson e<br />
Tommy Lee). Para garantir que não passassem<br />
despercebidos, os seus nomes apareciam em letras de<br />
quase ou de um metro de altura.<br />
O final do desfile contou com a presença do futebolista<br />
argentino da Juventus Paulo Dybala, pavoneando-se com<br />
aprumo. No entanto, a maior estrela do desfile foi<br />
provavelmente o cantor de pop urbano colombiano<br />
Maluma, vestido com um smoking dourado, que<br />
deslumbrou com uma performance ao vivo do seu êxito<br />
Felices los 4, que lhe valeu uma ovação do público.<br />
Ainda no sábado, um pouco mais tarde, a dupla de<br />
designers organizou aquilo a que chamou “Unexpected<br />
Show” (desfile inesperado) no interior do seu Martini Bar,<br />
em plena Corso Venezia, recorrendo ao mesmo elenco de<br />
modelos para apresentar a sua interpretação do estilo<br />
urbano. Tudo, obviamente, adornado com um sem fim de<br />
logotipos e motivos tipográficos – e a palavra “King (rei)<br />
escrita em enormes casacos de basebol, calções de<br />
basquetebol e calças de jogging. Tudo muito colorido, ao<br />
mais puro estilo rapper. O público era uma mistura de<br />
jornalistas selecionados e clientes privados, muitos dos<br />
quais chineses.<br />
Dolce & Gabbana<br />
26 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Todos os olhares para o desfile inaugural de<br />
Ermenegildo Zegna, que deu início à temporada em uma<br />
universidade, a Bocconi. Poucos associam moda e<br />
arquitetura tão harmoniosamente quanto os italianos. E<br />
poucos fazem isso tão facilmente como Alessandro<br />
Sartori, cuja audaciosa coleção para o Outono-Inverno<br />
2018, parecia ter sido desenhada especialmente para a nova<br />
ala da universidade.<br />
O edifício foi construído a partir de materiais clássicos do<br />
modernismo italiano: pedra e cimento armado,<br />
contornando a linguagem visual com motivos gráficos e<br />
dinâmicos em vidro. O nome do edifício está marcado<br />
com letras de um metro de altura, gravado ao lado de um<br />
arco de cimento armado.<br />
Essa mistura de austeridade e opulência foi refletida na<br />
passarela. O interior de um anfiteatro foi transformado<br />
numa cena de inverno, onde a neve falsa caía sobre os<br />
convidados e onde os modelos caminhavam entre a neve.<br />
Os modelos usaram discretos ternos em veludo, em tons<br />
de cimento ou em camadas de gabardine escultural com<br />
cores turvas e punhos largos - lembrando a estrutura<br />
perfilada do novo edifício. O destaque do desfile foi o<br />
terno em pied-de-poule preto e branco, cortado em lã<br />
macia. E até mesmo estes novos casacos, que lembravam<br />
de longe os ternos tradicionais com abotoamento duplo,<br />
combinaram com as sobreposições complexas do edifício.<br />
Alessandro Sartori misturou costura tradicional delicada<br />
com sportswear urbano - visto em belos casacos com<br />
mangas contrastantes e pele de cordeiro, lã feltrada e couro<br />
matelassé.<br />
Alessandro Sartori também injetou um toque de “altacostura"<br />
com dois casacos espetaculares: um sobretudo<br />
azul-marinho, com bordado de cristal dourado e<br />
vermelho, e um casaco incrível em jacquard de alpaca,<br />
uma espécie de casaco-roupão, feito por Oasi Zegna, a<br />
fonte de tecidos high-end da marca, que tinge os seus<br />
tecidos com produtos naturais - folhas, ervas e raízes. "É<br />
uma conversa entre o natural e a técnica, elaborada para<br />
este belo espaço em cimento", explicou Alessandro<br />
Sartori.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 27
28 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
SEMANA DE MODA MASCULINA EM PARIS<br />
Na medida em que as semanas de moda masculina em Londres e Milão<br />
diminuíram, a Semana de Moda Masculina de Paris ganhou peso,<br />
demonstrando uma bela resistência, apesar das inúmeras saídas de marcas<br />
que continuam prejudicando os calendários masculinos com o surgimento<br />
dos desfiles mistos, Paris iniciou um belo espetáculo com as coleções<br />
masculinas para o Outono/Inverno 2018-19.<br />
No programa participaram Valentino, Rick Owens, Louis Vuitton, Yohji<br />
Yamamoto, Dior Homme, Hermès, Lavin entre outros. Entre os nomes<br />
fortes que abandonaram o calendário, podemos citar Balenciaga, assim<br />
como a Givenchy, já ausente na temporada passada, que desfilou uma<br />
coleção mista em Outubro/2017, a marca do grupo Kering escolheu o<br />
formato misto e a Fashion Week feminina para apresentar as suas coleções<br />
de inverno. E apresentou, em janeiro, a primeira pré-coleção masculina.<br />
Quanto ao seu diretor artístico, Demna Gvasalia, também esteve presente<br />
com um desfile altamente aguardado da sua marca Vetements. Outro<br />
destaque foi o retorno da Maison Margiela, que já não desfilava o masculino<br />
desde junho de 2016, e a expectativa foi grande, pois foi a oportunidade de<br />
descobrir a primeira coleção masculina assinada por John Galliano.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 29
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Também retornaram as passarelas de Paris a marca<br />
sueca Acne Studios, voltando como a Vetements, ao<br />
formato de desfile e a marca de Virgil Abloh, Off-White,<br />
que desfilou em junho do ano passado, na Pitti Uomo, em<br />
Florença.<br />
Outra novidade foi a chegada da marca inglesa Dunhill<br />
que agora é liderada pelo designer Mark Weston, ex-vicepresidente<br />
de moda masculina da Burberry, e que desfilava<br />
em Londres.<br />
Uma atenção especial foi dada aos novos nomes com três<br />
jovens marcas de origens bem diferentes. Palomo Spain<br />
que desfilou no primeiro dia. A marca foi fundada em<br />
2015 pelo espanhol Alejandro Gomez Palomo, formado<br />
pelo London College of Fashion e apresentou a sua<br />
coleção inspirada no universo da caça e nos retratos de<br />
Velázques, em um apartamento na Place des Vosges e, no<br />
mesmo dia, o desfile da GmbH, marcou o espírito<br />
streetwear e workwear. Comandada por um coletivo<br />
berlinense e liderado pelo artista e fotógrafo Benjamim<br />
Alexander Huseby e o designer alemão Serhat Isik,<br />
nascido na Turquia.<br />
GmbH<br />
A atmosfera do espetáculo combinou perfeitamente com o<br />
espírito berlinês que o grupo liderado pelo fotógrafo de<br />
origem Benjamin Alexander Huseby (colaborador das<br />
revistas Dazed e Purple, que também trabalhou com a<br />
Adidas e a Lanvin), e o designer alemão de origem turca<br />
Serhat Isik.<br />
Depois de ter dedicado as suas coleções de julho ao sonho<br />
utópico de uma Europa sem fronteiras, ecoando as suas<br />
raízes e a riqueza do Oriente Médio, a GmbH inspirou-se,<br />
para este novo espetáculo, nas últimas descobertas sobre as<br />
origens dos Vikings.<br />
Sem dúvida, este foi o desfile mais bem sucedido do dia,<br />
com música mais estimulante (um remix em música<br />
eletrônica da cantora alemã Nico), com muitos sweaters<br />
com capuz e motivos nórdicos com ar esportivo. Também<br />
merecem destaque os seus ternos com cortes avantajados,<br />
calças de diversos tipos, incluindo PVC, jeans, prata, em<br />
cintura alta e combinadas com casacos de veludo. O<br />
resultado foi uma coleção inspirada e extremamente sexy.<br />
GbmH<br />
30 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Palomo Spain<br />
Depois de se apresentar nas passarelas de Nova<br />
Iorque e Madrid, a empresa andaluza desembarcou em<br />
Paris com a responsabilidade de abrir a Semana da Moda<br />
Masculina, sendo a única marca de origem espanhola no<br />
exigente calendário, num dia marcado pelas apresentações<br />
de talentos emergentes.<br />
A marca Palomo Spain colocou no mapa da moda a<br />
pequena localidade de Posadas, em Córdoba, de onde o<br />
designer saiu rumo a Paris. É que o valor fundamental da<br />
empresa, que tem apenas três anos de vida, é fundir a<br />
tradição e os aspectos mais profundos da Espanha rural<br />
com uma estética moderna e irreverente, que sublinha a<br />
liberdade, eliminando qualquer preconceito ou fronteira<br />
de gênero.<br />
Com o universo da caça como pano de fundo na parisiense<br />
Place des Vosges, Palomo Spain apresentou uma coleção<br />
outono-inverno 2018 mais sóbria do que em ocasiões<br />
anteriores. Assim, procurou inspiração na estética das<br />
montarias da sua Andaluzia natal, cruzada com toques<br />
ingleses, provavelmente adquiridos ao longo da sua<br />
formação no London College of Fashion, que se refletiram<br />
na utilização de tecidos como tweed, tartan e diferentes<br />
tipos de lã.<br />
Uma aristocracia antiquada, de adolescentes recém-saídos<br />
da corte de Felipe IV ou de um quadro de Velázquez,<br />
vestidos com calças cargo de reminiscências bucólicas, saias<br />
e espartilhos ao serviço dos volumes icônicos da casa,<br />
casacos longos, vestidos de veludo, capas ou conjuntos de<br />
brocado, com uma notória presença de detalhes em couro e<br />
das calças desconstruídas que desafiam o público mais<br />
clássico.<br />
O designer sacudiu os nervos no backstage, uma vez<br />
concluído o desfile. Os aplausos ainda ressoavam nas<br />
paredes vestidas de floresta quando Alejandro Gomez<br />
Palomo recebeu os parabéns dos assistentes. O próximo<br />
desafio? “Ainda não sei”, confessou, “tenho que pensar<br />
amanhã”.<br />
McQueen apresentou um desfile onde o estilo gangster<br />
londrino se cruzou com os Pony Boys de Dublin. Parecia<br />
que uma equipe de alfaiates da Savile Row ficaram horas<br />
fazendo horas extras para preparar esta coleção tão bem<br />
construída. O resultado foram algumas roupas arrojadas,<br />
com corte preciso e numa grande variedade de tecidos:<br />
estampados de rosas gigantes e enormes quadrados. Uma<br />
solução reconfortante para o inverno apresentada por Sarah<br />
Burton, diretora criativa da McQueen foi um sensacional<br />
Palomo Spain<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 31
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Alexander McQueen<br />
casaco duffle vermelho.<br />
Desconstrução e versatilidade… Estes foram alguns<br />
dos temas pelos quais se guiou Glenn Martens para<br />
criar um vestuário masculino e unissex totalmente<br />
novo, com uma roupa polivalente, confortável e que<br />
se presta a todo o tipo de interpretações. Com a<br />
coleção outono-inverno 2018/19 apresentada, o<br />
criador belga, de 35 anos, que conquistou o prêmio<br />
ANDAM 2017 com a marca Y/Project, revelou todo<br />
o seu potencial ao questionar a atual forma de vestir.<br />
"Perguntei-me: o que fazemos com uma peça de<br />
vestuário? Como a endossamos? Como nos<br />
apropriamos dela?”, explicou no backstage o<br />
designer, que obviamente trabalhou o conceito de<br />
“duplo”. O novo guarda-roupa da Y/Project é<br />
composto por camisas com dois colarinhos, cintos<br />
em dois modelos (em couro com tachas do lado<br />
direito, em crocodilo negro do lado esquerdo), bem<br />
como roupas diferentes atrás e na frente.<br />
Uma camisa, usada junto ao corpo, em tons de cinza<br />
na frente, transforma-se na parte de trás numa camisa<br />
caqui solta, uma camisa azul transforma-se numa t-<br />
shirt cinza. O mesmo princípio aplica-se à tradicional<br />
camisa de lenhador vermelha e preta, com pequenos<br />
quadrados à frente e grandes atrás.<br />
Y/Project<br />
32 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
O reverso da roupa, o lado oculto, também não deixou<br />
de inspirar Glenn Martens, com sobretudos ou casacos<br />
completamente clássicos a revelarem, de repente, o<br />
interior, expondo costuras e forro. Noutros looks, jeans<br />
enrolados mostram um forro em pele, que atua como<br />
segundo par de calças.<br />
A coleção joga sobretudo com a noção de<br />
multiplicação. Tanto da roupa como da sua utilização.<br />
Como resume o designer: “Temos dois sobretudos e<br />
dois casacos em um. É uma mistura de peças. Nunca se<br />
sabe realmente onde começa o primeiro corpo e onde<br />
termina o segundo, é preciso que cada um o defina e<br />
escolha como quer vestir a roupa”.<br />
Alguns códigos reinventados e subvertendo outros foi<br />
uma grande mensagem da mais recente coleção<br />
apresentada pela Valentino. Sobre a direção de<br />
Pierpaolo Piccioli, a Valentino tornou-se imediatamente<br />
identificável pelos seus acabamentos rocker e pelo seu<br />
gosto por camuflados. Estes foram novamente o motivo<br />
da coleção de pronto-para-vestir masculino para o<br />
outono-inverno 2018, apresentada no hotel Salomon de<br />
Rothschild, no elegante 8º arrondissement.<br />
Só que nesta temporada, ao invés de serem detalhes<br />
incisivos, as tachas de metal transformaram-se em<br />
preciosos acabamentos numa série de casacos de<br />
caxemira impecavelmente cortados e soberbos<br />
frockcoats. Já os camuflados, anteriormente vistos em<br />
blusões em nylon verde selva, apareceram em<br />
extraordinários casacos com motivos de animais em<br />
preto e azul, uma expressão perfeita da qualidade de<br />
couture de muitas destas peças.<br />
A Valentino também se associou à Moncler para criar<br />
alguns imponentes blusões acolchoados –<br />
suficientemente grandes para abrigar um treinador<br />
soviético durante o ambiente glacial de um jogo no<br />
Cazaquistão. Só que estas versões pareciam adequadas a<br />
um rapper, especialmente com o logotipo VLTN,<br />
redução street style do nome da marca romana,<br />
introduzido por Piccioli no ano passado.<br />
“Aristopunk, uma delicada rebelião”, foi a expressão<br />
utilizada pelo designer italiano. Embora, com toda a<br />
franqueza, se por vezes os rockers vaguearam pelos<br />
corredores e quartos das mansões desde que os Rolling<br />
Stones gravaram o seu album Their Satanic Majesties<br />
Request, a verdade é que poucos punks brotaram entre<br />
a grande burguesia.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 33
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
AMaison Margiela apresentou a primeira coleção<br />
masculina inteiramente criada por John Galliano para a<br />
marca desde que o costureiro britânico chegou à Maison<br />
Margiela em 2014. Depois de um período de duas<br />
temporadas fora das passarelas, a marca regressou a Paris<br />
com o que o presidente da empresa, Riccardo Bellini,<br />
chamou de "a primeira coleção criada exclusivamente<br />
sob a direção de John Galliano".<br />
Em termos de silhuetas, um deslumbrante terno de seda<br />
azul alongado combinou perfeitamente com uma série<br />
de casacos risca de giz com ombros impressionantes.<br />
Mas, os momentos mais bonitos foram, sem dúvida, os<br />
casacos misturados com trench coats de volumes<br />
imponentes e envolventes.<br />
John Galliano também apresentou uma nova carteira<br />
masculina, uma forma macia que lembra uma almofada,<br />
feita em couro acolchoado; e brincou com a clássica bota<br />
de Margiela, que ancora uma silhueta de playboy<br />
moderno, em calças de esqui brancas combinadas com<br />
um jerkin de lã com nervuras.<br />
O designer britânico também brincou com os conceitos<br />
iconicos de Margiela, como o casaco de ganga pintado,<br />
tão adorado pelo seu antecessor belga. Merecem<br />
destaque as notáveis sandálias com fivelas de esqui que,<br />
certamente, irão aparecer em inúmeros editorias de<br />
sucesso.<br />
"Eu chamaria a coleção de 'John Galliano para Martin<br />
Margiela'. Porque a meu ver houve muitas referências ao<br />
trabalho de Martin", disse Renzo Rosso, fundador da<br />
Diesel e presidente da Only The Brave, holding que<br />
controla a Margiela.<br />
No entanto, John Galliano recusou-se novamente a<br />
saudar o público no encerramento do desfile. Algo que<br />
faz desde a sua saída da Christian Dior em 2011, depois<br />
de vir à tona um vídeo no qual aparece alcoolizado a<br />
insultar dois estranhos, que se tornou viral, provocando<br />
sua demissão da marca. Esta sensação de um estilista que<br />
ainda passa por uma certa luta interna permaneceu no<br />
final do desfile, apesar de um trabalho de estilo<br />
particularmente bem sucedido, apresentado no museu<br />
Les Invalides, espaço dedicado, em parte, a heróis de<br />
guerra que morreram em batalha. O pano de fundo era<br />
uma banda sonora brilhante composta por uma versão<br />
sinfônica de um pop clássico cujo título disse muito:<br />
"Please Release Me and Set Me Free” (Por favor, solta-me<br />
e liberta-me).<br />
34 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Todos os editores dignos de referência – juntamente<br />
com Courtney Love, na fila da frente – rumaram a Paris<br />
para o desfile da Vetements, organizado adequadamente<br />
no Marché Paul Bert, um labirinto de lojas de<br />
antiguidades, entre as quais o elenco de modelos<br />
desfilou. E que elenco – uma juventude selvagem e<br />
rebelde, alguns da sua Geórgia natal, que desfilou com<br />
segurança em frente de uma plateia de fashionistas e<br />
comerciantes.<br />
As roupas em si eram composições bizarras e bonitas –<br />
nomeadamente as camisas com estampados excêntricos,<br />
onde colidiam imagens de edifícios, doces e até de<br />
Marilyn Manson. Uma sensação de soldados retornados<br />
ou refugiados com uniformes militares, calças cargo e<br />
casacos de oficiais repletos de buracos. Para as noites<br />
frias, a caminho de grandes festas rave, enormes parkas,<br />
novamente cobertas por grandes insígnias Vetements ou<br />
branding exterior. Tudo assente em sapatilhas volumosas<br />
de solas grossas, fruto de uma colaboração em curso com<br />
a Reebok.<br />
“O desafio foi fazer com que tudo parecesse<br />
autenticamente antigo. O que na verdade é muito<br />
difícil”, disse o designer sorrindo.<br />
Esta foi a primeira coleção desenvolvida pela Vetements<br />
desde que a empresa transferiu a sua sede para a Suíça, o<br />
que provavelmente se refletiu na qualidade do produto,<br />
ainda que a roupa tenha sido produzida na Itália. Tudo<br />
em street style sofisticado, ainda que o look de abertura<br />
tenha sido uma falsa mulher de meia idade, vestida com<br />
um incrível casaco em nylon castanho, com mangas em<br />
jacquard azul, e óculos ao estilo Jackie Onassis. Mas, a<br />
grande novidade foi o lettering, uma série de palavras e<br />
frases misturadas em t-shirts oversized. Numa delas<br />
podia ler-se “Russia Don’t Mess with Me” (Rússia não te<br />
metas comigo), o que parece uma referência à juventude<br />
do designer, visto que durante a sua infância a sua família<br />
foi forçada a fugir da sua região natal de Abkhazia, na<br />
Geórgia, após a guerra com a Rússia.<br />
De fato, o designer recuperou referências da sua<br />
juventude, quando sonhava em ter coisas que não<br />
estavam disponíveis na antiga União Soviética, como<br />
uma t-shirt de Marilyn Manson.<br />
“O objetivo era cortar em pedaços as minhas t-shirts<br />
favoritas, por isso acabamos com algumas mensagens<br />
estranhas – não era suposto, mas é como se fosse obra do<br />
destino”, disse Demna Gvasalia sorrindo num canto do<br />
mercado de antiguidades.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 35
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Kris Van Assche chega com a Dior Homme<br />
mostrando uma coleção soberba de alfaiataria moderna.<br />
Um estilo de alfaiataria que todos, desde Monsieur Dior<br />
a Robert Pattinson conseguiriam compreender e usar. A<br />
coleção se baseou claramente no emblemático casaco Bar<br />
de Christian Dior. O resultado foi uma impetuosa série<br />
de casacos alongados, ajustados na cintura e alargados<br />
nos quadris, com dimensões ao estilo “New Look”.<br />
Além disso, Van Assche jogou habilmente com detalhes<br />
clássicos da Dior, como as mini lapelas estendidas, que<br />
foram entrelaçadas e depois abotoadas. Outro toque<br />
inteligente foram os pequenos traços brancos bordados<br />
que acentuavam a silhueta. Se adicionarmos delicados<br />
bolsos de abas e botões deslocados, o resultado é o<br />
desfile com a melhor alfaiataria no Velho Continente<br />
nesta temporada.<br />
“Acho que, numa altura em que todos apostam em moda<br />
streetwear, era tempo de nos voltarmos a concentrar na<br />
alfaiataria. Simplesmente fez sentido”, explicou Van<br />
Assche depois de posar para fotografias com o galã<br />
francês Pierre Niney e a sua esposa Natasha Andrews.<br />
Todo este guarda-roupa tinha um toque hip e nobre,<br />
confeccionado em lã. Um arrojado tecido aveludado<br />
preto, com padrões góticos, foi também utilizado no<br />
terno usado por Bella Hadid – que entrou no desfile, no<br />
Grand Palais, atravessando uma multidão compacta de<br />
paparazzi, fotógrafos, amantes da moda e turistas<br />
curiosos.<br />
Na escuridão, brilha apenas uma claraboia iluminada, da<br />
qual surge um jovem casal e, aos poucos, amigos andam<br />
pelos telhados de zinco da capital francesa (o esporte<br />
favorito dos jovens parisienses)...<br />
O desfile produzido por Alexandre Mattiussi para<br />
apresentar a coleção de sua marca AMI ressaltou o<br />
profundo apego do estilista por Paris. “É um pouco<br />
como um cartão-postal”, disse ele, nos bastidores. “Esta<br />
é uma história de um grupo de amigos que se encontram<br />
para celebrar a amizade, fraternidade e a benevolência.<br />
Há muito amor no que faço”, diz o estilista.<br />
Os modelos vestem-se de forma descontraída com<br />
sapatilhas e grandes meias brancas, calças curtas, camisas<br />
às riscas na suéter de gola alta, as mãos nos bolsos do<br />
blusão ou do casaco. Sem esquecer o boné ou o gorro de<br />
lã, e do cachecol ao redor do pescoço para proteger<br />
contra a geada e chuviscos da capital. terno mistura-se<br />
36 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
AMI<br />
com uma malha azul-marinho, o casaco em veludo<br />
cotelê com jeans, o casaco com o jogging. As calças<br />
de couro com casacos de xadrez, um pequeno blazer<br />
verde é usado com uma suéter preta, são combinados<br />
com calças elegantes de lã.<br />
Peças fáceis de combinar e todas fabricadas na Europa<br />
com tecidos franceses e italianos. “Faço roupas para<br />
serem usadas. É um vestuário muito natural”, resume<br />
o designer, que continua a sua jornada de sucesso. A<br />
AMI conta com cerca de 330 clientes multimarcas e<br />
seis lojas com vendas que aumentaram em 50% ao<br />
ano, nos últimos dois anos.<br />
Devido ao sucesso com a clientela feminina,<br />
Alexandre Mattiussi estendeu a sua moda às<br />
mulheres. Depois de testar uma coleção cápsula no<br />
outono passado, desta vez, entrou de cabeça neste<br />
segmento, como descobrimos no final do desfile com<br />
a apresentação de cinco looks. “Na verdade, é da<br />
masculina para a feminina. Não é unissex, mas é um<br />
look parisiense da AMI pela primeira vez acessível na<br />
versão feminina com cortes reformulados e peças<br />
adaptadas em tamanhos menores”, explica Nicolas<br />
Santi-Weil, diretor-geral da marca.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 37
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
38 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8<br />
AHermès trouxe um toque de magia à semana<br />
da moda masculina, com um desfile organizado ao ar<br />
livre no Hôtel de l’Artillerie, um antigo convento<br />
dominicano do século XVII posteriormente<br />
transformado em instalações militares. Um cenário de<br />
outros tempos para apresentar uma coleção elegante e<br />
atemporal e ainda assim moderna.<br />
Os 52 modelos vestidos pela diretora artística<br />
Véronique Nichanian desfilaram no claustro à luz de<br />
alguns braseiros, cujas faíscas subiam graciosamente e<br />
esta mesma graciosidade encontrava-se no guarda-roupa<br />
através das parkas ou blusões acolchoados brilhantes,<br />
feitos de tecidos impermeáveis leves, bem como<br />
camisas quase imateriais em alpaca, malhas em<br />
caxemira extrafinas que esboçavam uma paisagem<br />
imaginária ou ainda as camisas em popeline de algodão.<br />
O homem Hermès exibe uma elegância natural, a<br />
camisa rosa a espreitar despreocupadamente por baixo<br />
de uma camisa bicolor, usada sobre calças em couro<br />
com destaques verde escuro. Para a noite, ousa com um<br />
terno polka-dot, usado com simplicidade com uma<br />
camisa de gola alta. Um chic sem excesso, no qual belos<br />
materiais e conforto são sempre primordiais, como<br />
comprovam as calças largas em lã com cintura elástica.<br />
Não é necessário exibicionismo. O luxo esconde-se nos<br />
detalhes, como as dobras em couro na parte de baixo<br />
das calças. Ou a escolha de uma paleta sóbria, mas<br />
luminosa, com destaques em cobalto, verde oxidado,<br />
framboesa ou rosa.<br />
O incontestável rei do street style mundial, Virgil<br />
Abloh, regressou a Paris depois de um excelente desfile<br />
na Pitti Uomo, no verão passado, e muda radicalmente<br />
o seu estilo.<br />
Diante de uma grande audiência de 700 pessoas, entre<br />
as quais o célebre artista japonês e colaborador da<br />
Louis Vuitton Takashi Murakami, dentro do Museu<br />
Pompidou, e com centenas de outros fãs à espera do<br />
lado de fora, Virgil Abloh apresentou a sua mais<br />
recente coleção masculina, intitulada "Business<br />
Casual". O desfile abriu-se com um terno de risca de<br />
giz cinza-claro com corte limpo, seguido de uma série<br />
de ótimas calças flare com cintura alta e um esplêndido<br />
casaco azul-marinho com mangas tie-dye.<br />
De acordo com os varejistas, que não se cansam da<br />
marca Off-White, uma combinação entre moda
extravagante e estilo urbano americano. Mas, Abloh<br />
avançou, consideravelmente, o seu vernáculo de moda.<br />
Os modelos desfilaram num tapete vermelho da<br />
mesma cor que os sapatos Jordan One de Takashi<br />
Murakami. Alguns especialistas comentaram que<br />
Abloh e Murakami estão preparando um projeto,<br />
embora quando foi perguntado ao artista sobre o<br />
assunto, este tenha respondido com ar suspeito:<br />
"Somos apenas amigos".<br />
Embora conhecido pelos seus casacos volumosos,<br />
Virgil Abloh também é capaz de criar silhuetas<br />
refinadas, e de decorar as suas peças com estampados<br />
gráficos. Os seus casacos em denim preto com lapelas<br />
brancas são um bom exemplo disso, ou os seus<br />
maravilhosos ternos de couro cor tabaco, estilo rock<br />
star. Metade dos seus looks foram estampados com<br />
letras do grupo de rap que admirava, os Beastie Boys,<br />
"Fui criança nos anos 80 e os Beastie Boys eram<br />
marginalizados, como eu. Isto é o que eu faço, mas de<br />
uma maneira mais otimista", disse Virgil Abloh nos<br />
bastidores.<br />
O designer nascido em Chicago e originário do Gana<br />
apresentou também a sua linha de acessórios,<br />
altamente rentáveis, assim como as botas Jordan One,<br />
que também tinham letras e os novos cordões Business<br />
Casual. Alguns dos calçados também foram decorados<br />
com dedicatórias feitas à mão pela família e amigos de<br />
Virgil Abloh, modelos únicos que podem ter o seu<br />
valor quadriplicado. Após esse regresso memorável às<br />
passarelas de Paris. Este desfile representa a supremacia<br />
da capital francesa no mundo da moda, do estilo e da<br />
costura masculina.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 39
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Amoda não gosta de despedidas, mas ninguém<br />
pode dizer que o adeus de Kim Jones à Louis Vuitton,<br />
não foi feito com elegância. Seis anos depois de ter<br />
organizado o seu primeiro desfile como designer da<br />
moda masculina da Vuitton, Jones agradeceu pela<br />
última vez de braço dado com duas compatriotas<br />
britânicas – Naomi Campbell e Kate Moss. E, justiça<br />
seja feita, Jones sai em alta, com uma coleção<br />
habilidosa, na qual a logomania foi combinada com<br />
street style de alta gama – uma junção que o designer<br />
utilizou com esplendor durante a sua passagem pela<br />
marca.<br />
A grande ideia de Jones foi o estampado de cratera –<br />
enormes imagens de terra e pedra impressas em blusões<br />
de nylon, tops ultra técnicos, parkas de caça reduzidas e<br />
leggings. Tudo ancorado por botas de caminhada em<br />
titânio e encenado com o humor excêntrico de Jones –<br />
por exemplo, com uma enorme mala de rodas, coberta<br />
com o famoso monograma e transformada em mochila.<br />
E acabado com uma boa dose de futurismo – notória<br />
no brilho prata metalizado dos casacos de basebol e<br />
casacos de couro.<br />
Propostas muito atuais vagamente esportivas: caro,<br />
mas sem ser pretensioso, simplesmente cool. Depois,<br />
o público levantou-se para aplaudir enquanto Naomi<br />
e Kate, vestidas com gabardines envernizadas,<br />
decoradas com o monograma da marca, nas versões<br />
em preto e castanho, respectivamente, desfilavam<br />
com Jones para a sua ovação final na Louis Vuitton.<br />
David, Victoria e Brooklyn Beckham sentaram-se na<br />
primeira fila, bem como as estrelas de futebol<br />
Neymar e Kevin Trapp, do Paris Saint-Germain.<br />
Embora Bernard Arnault, patrono e presidente do<br />
grupo LVMH, o conglomerado de luxo que controla<br />
a Vuitton, estivesse notoriamente ausente. No<br />
entanto, dois dos seus filhos, Antoine e Alexandre,<br />
estavam na primeira fila da passarela circular, feita<br />
numa tonalidade cinzenta e construída no local<br />
favorito de Jones para desfiles, o Palais Royal.<br />
Tinha pouco a acrescentar no desfile e não foi visto<br />
após o mesmo no backstage, onde dezenas de<br />
britânicos bebiam champagne Ruinart (outra marca<br />
LVMH) em honra da despedida de Jones.<br />
Quando questionado sobre o seu próximo passo,<br />
Jones (cujo nome já foi associado tanto à Versace, em<br />
Milão, como à Burberry, em Londres). “Hoje o dia é<br />
da Louis Vuitton, não meu. A maison Vuitton tratoume<br />
extremamente bem durante o tempo que passei aqui<br />
e neste momento gostaria de respeitar isso”, disse Jones.<br />
O seu próximo destino? “Umas longas férias nas<br />
Maldivas!”, disse sorrindo.<br />
Foi impressionante ver a adesão para assistir à<br />
despedida de um britânico que deixa uma posição<br />
importante em França. Na verdade, o momento marca<br />
a partida de um dos três designers britânicos mais bemsucedidos<br />
em trabalhar para marcas de luxo francesas<br />
neste século. E isso pode não ser um sinal muito bom<br />
para a Luis Vuitton.<br />
40 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
#artrua #artistadesconhecido #intervençãourbana #skull<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 41
SEMANA DE MODA MASCULINA EM NEW YORK<br />
A sexta temporada de Moda Masculina da New York Fashion Week foi apresentada pela CFDA e<br />
que precede ao calendário da Semana de Moda Feminina. Os desfiles masculinos começaram com<br />
um forte começo com Bode, onde Emily Adams Bode aumentou com vários looks prontos para a<br />
festa. Todd Snyder adicionou uma moeda chique à roupa masculina clássica, enquanto David Hart<br />
explorava, com uma linguagem maternal, um American-Artist-in-Paris repleto de boinas e efeitos<br />
de tinta. Em contraste, as silhuetas exageradas de Willy Chavarria e as aparências de couro,<br />
intencional ou não, uma vibração agressiva da Mean Streets, enquanto C2H4 assumiu uma<br />
abordagem mais utilitária. Ovadia & Sons jogou com o punk rebelde, e Sanchez-Kane explorou o<br />
fetichismo com uma formação que foi provocativa e poderosa. O designer Tom Ford, pela primeira<br />
vez, trouxe sua coleção para New York Fashion Week: Men's, com um ótimo show na terça-feira à<br />
noite, que foi forte na confecção, vestuário e roupas esportivas, exóticas e metálicas, e a estreia da<br />
cueca Tom Ford, que no final do desfile apresentou os modelos em boxers e os relógios da nova<br />
coleção e meias. A Ford não foi a coleção notável do dia. Também no horário havia Abasi<br />
Rosborough, Dyne, Carlos Campos, Joseph Abboud, Perry Ellis e o desfile muito esperado de Raf<br />
Simons encerrou a NYFW Men’s.<br />
42 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 43
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Nesta edição da New York Fashion Week marcou<br />
uma nova vitória para a ativista dos direitos dos modelos,<br />
Sara Ziff que lançou a sua organização, a Model Alliance,<br />
há seis anos, depois de fazer Picture Me, um filme sobre<br />
assédio na indústria de modelagem. Agora, graças ao seu<br />
lobby, a maioria dos espaços dos bastidores dos desfiles<br />
terão vestiários privados para proteger os modelos de<br />
olhares indesejados, câmeras e comentários. "O assédio é<br />
tão normalizado que os modelos nem sequer pensam em<br />
sua experiência do dia-a-dia, como por exemplo, perceber o<br />
assédio sexual", explica Ziff. "Um exemplo perfeito seria<br />
nos bastidores das Fashion Weeks. É tão normal fazer a<br />
troca de roupas na frente de qualquer um, incluindo<br />
pessoas que não têm motivos para estarem nos bastidores e<br />
estão de pé ou tirando fotos sem a permissão do modelo.<br />
Isso foi tolerado, embora cada modelo experimente esse<br />
problema ". Essa decisão foi tomada depois que a Aliança<br />
Modelo se associou à CFDA no outono passado, que em<br />
janeiro se tornou a Iniciativa para Saúde, Segurança e<br />
Diversidade, lançado por uma carta da presidente Diane<br />
Von Furstenberg. "Estamos vendo algum progresso",<br />
continua Ziff. "Notavelmente, em 2013, aprovamos<br />
legislação que ampliou as proteções trabalhistas para<br />
modelos menores de 18 anos no estado de Nova York.<br />
Conseguimos isso em menos de um ano, quando<br />
geralmente leva vários anos. Isso fez com que as pessoas<br />
levassem o nosso trabalho mais a sério. Estamos<br />
trabalhando para tornar a indústria da moda mais<br />
progressista e auto-consciente ". A indústria da moda tem<br />
sido cada vez mais examinada como um perpetrador de<br />
gênero e desigualdades raciais, questões que prejudicam não<br />
apenas os modelos, mas também a cultura em geral,<br />
espalhando imagens redutoras de corpos e dinâmicas de<br />
poder. Agora, encorajados pelas mídias sociais e pelos<br />
escândalos de Weinstein, mais membros estão falando sobre<br />
problemas de abuso que anteriormente foram silenciados.<br />
Organizações de mídia, como Condé Nast, emitiram<br />
recentemente diretrizes sobre assédio sexual, suspendendo<br />
os fotógrafos Bruce Weber e Mario Testino após acusações<br />
de assédio sexual e abuso de poder por vários modelos<br />
masculinos. Empresas como LVMH, Kering e IMG Models<br />
também emitiram regras atualizadas sobre nudez,<br />
idade e recurso. Mas Ziff, que vem realizando<br />
pesquisas jurídicas e científicas há vários anos com<br />
estudiosos líderes nos Estados Unidos, está<br />
pressionando por mudanças mais amplas e mais<br />
sistemáticas. "Estes são bons primeiros passos,<br />
mas são puramente voluntários", explica. "Se não<br />
houver uma execução ou penalidade, então não<br />
acho que isso realmente mudará o<br />
comportamento das pessoas, e estamos tentando<br />
evoluir em uma indústria tão abusiva há tantos<br />
anos. Agora estamos começando a perceber que<br />
esperar que os modelos permaneçam nus é um<br />
assédio sexual. Se você for enfrentar uma ação<br />
judicial ou se as pessoas tiverem poderes para falar,<br />
isso vai fazer as pessoas acordarem muito rápido".<br />
44 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
A Semana de Moda Masculina de New York,<br />
também apresentou o “China Day” com os designers em<br />
evidência da moda chinesa, Li-Ning, Peacebird e Clot. “O<br />
China Day nos permitiu mostrar o talento da moda chinesa<br />
para a comunidade americana”, disse Steven Kolb,<br />
presidente e CEO da CFDA. “A iniciativa fez parte da<br />
estratégia global da CFDA para construir laços<br />
internacionais, o que, por sua vez, nos ajudará a fortalecer o<br />
impacto a moda americana no mundo”. Um show room<br />
exclusivo foi configurado especialmente para os<br />
compradores e a mídia durante o evento.<br />
China Day<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 45
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
Raf Simons<br />
Sua inspiração foi o filme berlinense "Christiane F" e o<br />
seu set, um Bacanal moderno, a mais nova coleção de Raf<br />
Simons foi uma demonstração de alta costura<br />
contemporânea sem qualquer vício. Simons usou os<br />
melhores tecidos e acabamentos; cortando, drapejando e<br />
trabalhando, num desfile altamente experimental que<br />
também conseguiu ser usável, chic, cool e<br />
contemporâneo.Apresentado num espaço de exibição<br />
industrial mal iluminado, na região do Westside, em Nova<br />
Iorque, os modelos desfilaram em torno de uma plataforma<br />
elevada, cheia de tigelas gigantes de limões, maçãs e peras;<br />
chocolate; enormes pedaços de queijo; pães, e centenas de<br />
garrafas de vinho Piper e de uvas shiraz da Califórnia.<br />
Assim como a coleção, todos com um ar consideravelmente<br />
vintage.Simons fantasiou e criou peças de vestuário<br />
totalmente novas, como uma sweater/ cachecol feita em<br />
Argyle e malhas. As suas capas-casacos - algumas em xadrez<br />
estilo Sherlock Holmes - eram excelentes, com grandes<br />
bolsos laterais, e feitas com forro de seda. De forma mais<br />
dramática, casacos oversized foram combinados com luvas<br />
longas de couro, estilo femme fatale. Simons também<br />
trouxe relógios de alta tecnologia. Com calças de estilo<br />
esportivo dentro de botas de borracha com laços enormes.<br />
O resultado foi clean e muito elegante. A performance teve<br />
feixes de iluminação teatral e uma banda sonora techno<br />
com música da Rússia, Bélgica e Chicago. O desfile foi<br />
intitulado "Youth in Motion” (Juventude em<br />
movimento).Metade dos looks continham palavras as<br />
"Drugs", "XTC" ou “LSD” em negrito, e muitas blusas<br />
tinham fotografias de Natja Brunckhorst, a atriz que<br />
interpretou Christiane F. no filme de 1981."Bem, por<br />
algum motivo, ele manteve-me longe das drogas", disse o<br />
designer de 50 anos, que viu o filme (Cristiane F.) pela<br />
primeira vez quando tinha 14. O filme acontece na Berlim<br />
de David Bowie no seu estágio de "Heroes" e conta a<br />
história sombria de uma adolescente que cai no vício de<br />
heroína."Todos os modelos foram numerados, como na alta<br />
costura, mas não em ordem. O palco foi criado a partir<br />
desse conceito do norte da Europa, de se inspirar em coisas<br />
distintas e juntá-las, algo que funciona tanto para um<br />
pintor, como um cineasta ou um designer belga. No<br />
passado, eu costumava criar o que chamavam de<br />
'interzones', algo como um ambiente indefinido. Portanto,<br />
isso tem sido como uma pintura, mas também uma<br />
discoteca e, claro, um desfile de alta costura. Eu gosto da<br />
ideia de algo ser inexplicável. Há tanta análise hoje no<br />
mundo da moda que um criativo precisa de<br />
trabalhar e pensar sem medo. As pessoas<br />
escondem demais, porque não se deve conversar<br />
sobre certas coisas", disse o designer, que irá doar<br />
parte do dinheiro arrecadado com a coleção para<br />
organizações que apoiam a recuperação do vício.<br />
O evento foi considerado um dos melhores da<br />
Semana de Moda Masculina, e com razão.<br />
Simons apresentou roupas genuinamente<br />
diferentes e originais, e os vinhos também não<br />
deixavam nada a desejar.<br />
46 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Tom Ford<br />
Acoleção outono-inverno do designer americano de<br />
56 anos, nascido no Texas, e que viveu em Londres durante<br />
20 anos antes de se estabelecer em Los Angeles, trouxe uma<br />
mistura de James Bond nos Alpes suíços com um estilo<br />
"mod" londrino e a descontração californiana.O designer<br />
apresentou modelos com cuecas de seda, algumas com<br />
estampas de animais e meias de lã, numa passarela de cor<br />
púrpura no grande Armory da Park Avenue, com banda<br />
sonora composta por músicas de Sting e Lana Del Rey,<br />
tudo numa atmosfera perfumada com o seu aroma tabacobaunilha.<br />
Tom Ford, que diz ter se tornado "vegano" e só<br />
usa pele com moderação, apresentou calças afiladas, em<br />
modelos com os olhos escondidos por óculos grandes,<br />
estilo óculos de laboratório, ou com as lentes amarelas<br />
como usa o cantor Bono, do U2. Em relação às cores,<br />
muito amarelo pálido, rosa delicado, preto e cinza<br />
metálico. A influência do vestuário pôde ser vista em<br />
mocassins e capuzes. Para as festas mais formais, colarinho<br />
metálico, casacos estampados estilo pele de cobra, nas cores<br />
azul, preto ou prata brilhante. E para o trabalho, ternos<br />
com riscas e tweed. Este desfile exclusivo marcou o 10º<br />
aniversário da sua primeira coleção masculina. ”A coleção<br />
evoluiu, e eu queria mostrar isso através de um desfile, para<br />
que as pessoas percebessem isso”, explicou o estilista.<br />
"Mudar de Londres para Los Angeles tornou minhas<br />
roupas, masculinas e femininas, mais relevantes", disse. "Na<br />
maior parte do restante do mundo, as pessoas querem peças<br />
de luxo, mas vestem-se de forma mais descontraída”.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 47
SEMANA DE MODA MASCULINA - OUTONO/INVERNO 2018<br />
C2H4 Los Angeles<br />
Carlos Campos<br />
David Hart<br />
Dyne<br />
Joseph Abboud<br />
48 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
EFM Engineered<br />
Ovadia & Sons<br />
Todd Snyder<br />
WoodHouse<br />
N.Hoolywood<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 49
50 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8<br />
#artrua #blu #intervençãourbana #portugal
amooreno.com<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 51
52 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
A moda, mesmo sendo independente do meio e contexto histórico, ainda<br />
serve como clássica ferramenta de expressão pessoal. Onde o indivíduo<br />
procura expressar a sua personalidade e a sua atitude. É interessante como<br />
uma roupa expressa uma atitude. A roupa como um elemento essencial para<br />
que as pessoas não saíam peladas nas ruas, acabou sendo um fator que<br />
influencia e reflete essas atitudes. É percebível, principalmente em círculos<br />
sociais, a sede em expressar a personalidade que mais se encaixa com a<br />
realidade. Portanto, Moda e Comportamento estão caminhando de mãos<br />
dadas e estão sujeitas a várias interpretações...<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 53
STREET STYLE - CAPA<br />
54 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
OStreet Style ganhou força, nos últimos anos, quando alguns<br />
jornalistas e fotógrafos começaram a compartilhar, pela internet, as<br />
produções usadas pelas pessoas que iam assistir as Semanas de Moda.<br />
Street Style é um termo em inglês que pode ser traduzido como o<br />
“estilo das ruas”. E, atualmente, é muito utilizado pelos fashionistas<br />
e, no entanto, nem sempre há uma explicação clara sobre o seu<br />
verdadeiro significado dentro do mundo da moda. Mas, no meu<br />
entendimento, significa comportamento, personalidade e atitude no<br />
modo de se vestir por algumas pessoas comuns e cheias de estilo.<br />
Ainda que o “estilo das ruas” converse com as tendências<br />
contemporâneas, seu foco sempre estará na autenticidade. A liberdade<br />
para criar um visual que demonstre a personalidade e os valores<br />
pessoais de uma pessoa.<br />
A moda, mesmo sendo independente do meio e contexto histórico,<br />
ainda serve como clássica ferramenta de expressão pessoal. Onde o<br />
indivíduo procura expressar a sua personalidade e a sua atitude. É<br />
interessante como uma roupa expressa uma atitude. A roupa como<br />
um elemento essencial para que as pessoas não saíam peladas nas ruas,<br />
acabou sendo um fator que influencia e reflete essas atitudes. É<br />
percebível, principalmente em círculos sociais, a sede em expressar a<br />
personalidade que mais se encaixa com a realidade. Portanto, Moda e<br />
Comportamento estão caminhando de mãos dadas e estão sujeitas a<br />
várias interpretações.<br />
A relação com a moda é algo natural, que exprime o comportamento,<br />
a riqueza dos detalhes e como cada um faz uso dela de acordo com a<br />
sua personalidade. O mundo fashion é mais amplo do que apenas<br />
tendências, é o retrato da versatilidade da moda e da essência de cada<br />
um.<br />
A personalidade está relacionada ao nosso modo de ser e que acaba<br />
influenciando o nosso modo de se vestir. Normalmente, a Moda dita<br />
tendências que vamos aceitar ou não, por isso sabemos da<br />
importância de nos conhecermos, de sabermos quem somos, porque<br />
dessa forma podemos trilhar nosso caminho e procurar nos vestir de<br />
acordo com a nossa personalidade e atitude, pois a roupa é o suporte<br />
do corpo e poderá nos ajudar a reforçar quem realmente somos.<br />
A nossa forma de agir, pensar e viver estão relacionados à nossa<br />
personalidade, e o modo como nos relacionamos e convivemos com<br />
as pessoas, também, está diretamente interligado. E muitos expressam<br />
esse comportamento através da moda, ou seja, o modo como nos<br />
vestimos, às vezes, representa a maneira como agimos e,<br />
principalmente, como queremos ser.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 55
STREET STYLE - CAPA<br />
Nesse sentido, quero dizer que alguns brincam com os<br />
“looks”, com muita criatividade e talento, afinal a Moda<br />
existe para isso, e nos permite fantasiar e brincar de ser<br />
uma pessoa diferente a cada dia. Afinal temos o direito de<br />
vestir o nosso corpo da maneira que quisermos, pois é<br />
uma propriedade nossa.<br />
Mas, acho que a questão do Street Style tomou um rumo<br />
diferente e a importância de mostrar, através de nosso<br />
vestuário, a nossa personalidade individual que valorize a<br />
interação com as pessoas, através da nossa história e a<br />
nossa realidade. “Sou o que sou, minhas roupas, meus<br />
sapatos, minha maquiagem e os meus cabelos também<br />
são meus e só interessam ao meu bem estar e não me<br />
importo o que pensem de mim”.<br />
Esse tipo de atitude requer uma ação contínua em prol<br />
de algo em que se acredita ou simplesmente se prioriza,<br />
ou ainda, se quer viver. Mas, sejam quais forem os<br />
motivos de cada um, o discurso acaba sendo diferente,<br />
criativo, inovador e, às vezes, repetitivo. Mas isso<br />
dependerá do foco de quem atua.<br />
56 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Comportamento e Atitude estão recorrentes ao tema<br />
Street Style na Moda e sinalizam, sempre, mensagens que<br />
não são detectadas de imediato (por isso a falta de uma<br />
definição), são tantos discursos e representações que nos<br />
é apresentado que fica difícil somente uma leitura. O<br />
melhor é observar essas variações, muitas e muitas vezes,<br />
e quando necessário, fazer uma releitura para novas<br />
interpretações.<br />
De um jeito ou de outro, o Street Style foi ganhando<br />
força e, hoje, é responsável por consagrar várias<br />
tendências nas passarelas, como é o caso de coleções<br />
apresentadas por vários designers nas Semanas de Moda<br />
pelo mundo. É a realidade das ruas envolvida no<br />
glamour das passarelas.<br />
De um jeito ou de outro, o Street Style foi ganhando<br />
força e, hoje, é responsável por consagrar várias<br />
tendências nas passarelas, como é o caso de coleções<br />
apresentadas por vários designers nas Semanas de Moda<br />
pelo mundo. É a realidade das ruas envolvida no<br />
glamour das passarelas, com atitude e personalidade.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 57
STREET STYLE - CAPA<br />
A moda não é só belos rostos ou belos corpos.<br />
Ela é cultura, é conteúdo, novas visões, novas<br />
perspectivas.<br />
Omúsico Emicida estreiou a sua marca LAB,<br />
comandada por ele e por seu irmão Evandro Fióti, na<br />
Semana de Moda de São Paulo. Geniais, eles<br />
transformaram uma linha de roupas que já dava super<br />
certo, fruto de um desdobramento de sua gravadora<br />
de hip hop e Rap, em uma grife que uniu a força dos<br />
seus discursos à informação de moda. “Queríamos<br />
uma coleção que dialogasse com os valores do LAB,<br />
como inclusão e transformação”, disse Fióti.<br />
Em tempos de empoderamento, nada melhor para<br />
apresentar uma moda que lida com a diversidade do<br />
que levar a variedade das ruas para a passarela,<br />
colocando nela gente gorda, com vitiligo, artistas e<br />
amigos.<br />
58 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Outro designer que abraçou o Street Style como<br />
a bandeira de sua marca, a Off-White, Virgil Abloh<br />
regressou à Semana de Moda Masculina em Paris (mês<br />
passado), com a coleção “Business Casual”.<br />
De acordo com os varejistas do mundo todo que não se<br />
cansam da marca Off-White c/o Virgil Abloh<br />
concordam que se trata de uma combinação entre moda<br />
extravagante e estilo urbano americano.<br />
O designer nascido em Chicago e originário do Gana<br />
apresentou também a sua linha de acessórios, altamente<br />
rentáveis, assim como as botas Jordan One, que também<br />
tinham letras e os novos cordões Business Casual.<br />
Algum do calçado também foi decorado com<br />
dedicatórias feitas à mão pela família e amigos de Virgil<br />
Abloh, modelos únicos que podem ter o seu valor<br />
quadriplicado.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 59
STREET STYLE - CAPA<br />
E não podemos falar de moda de rua, sem<br />
mencionar as atividades que estão sendo<br />
desenvolvidas em várias comunidades do Rio de<br />
Janeiro. O Rio sempre teve uma interação entre o<br />
morro e o asfalto e, essa troca, acontece em todos os<br />
lugares e acaba sendo estética também, conforme o<br />
estudante de antropologia Miguel Batista, que está<br />
registrando em sua tese, como a estética do morro<br />
influencia as camadas mais altas da sociedade.<br />
Comportamento e Atitude, têm como resultado uma atitude poderosa. E, atualmente, são palavras que<br />
podemos traduzir em um só sentimento: empoderamento. Embora essa palavra pareça ter entrado na<br />
moda, a verdade é que ela é muito mais “poderosa” do que pode parecer. Principalmente, no universo<br />
da moda e das comunidades.<br />
A retomada de sonhos possibilitada por vários projetos de moda, de várias organizações nãogovernamentais<br />
evidencia uma mudança ainda maior que está em curso em várias comunidades que<br />
receberam as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos últimos anos.<br />
60 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Afinal, quem um dia poderia imaginar que<br />
comunidades antes dominadas pelo tráfico de drogas<br />
se tornariam palco de experiências tão originais no<br />
universo da moda?<br />
A chegada da paz a essas regiões resgatou talentos e<br />
fez brotar novas promessas. Sem medo de represálias<br />
e com a tranquilidade dos novos tempos de paz,<br />
muitas iniciativas começaram a surgir, abrindo<br />
caminho para que novos artistas mostrassem ao<br />
mundo as suas criações.<br />
Prova disso é o EcoModa, projeto da Secretaria de<br />
Meio Ambiente que já formou 424 alunos da<br />
Mangueira em pouco mais de um ano de atividade.<br />
Na edição atual, o curso reúne 150 alunos, que<br />
participam de aulas de modelagem, corte e costura,<br />
desenho, bordado e estamparia.<br />
“O EcoModa faz parte de um trabalho de atuação em<br />
comunidades pacificadas com projetos que, ao mesmo<br />
De Olho no Lixo - Projeto EcoModa -<br />
Imagem Reprodução<br />
tempo, deem perspectiva de emprego e renda aos<br />
moradores, aliado a preservação ambiental, como o<br />
tratamento dos resíduos sólidos”, explica Ingrid<br />
Gerolimich, superintendente do Território e<br />
Cidadania da secretaria.<br />
Diversas parcerias são travadas para doações de<br />
materiais que serão utilizadas nas produções do<br />
EcoModa. Recentemente, as grifes Victor Hugo e<br />
Animale doaram insumos para a confecção da<br />
próxima coleção, que será apresentada como trabalho<br />
de conclusão de curso da turma.<br />
Outro projeto em destaque é o Projeto “Samba,<br />
Moda e Sustentabilidade” que é uma iniciativa que<br />
pretende dar visibilidade às criações de costureiras da<br />
comunidade da tijuca, na Zona Norte do Rio. O<br />
projeto é uma parceria da escola de samba Salgueiro<br />
com a ONG franco-brasileira Moda Fusion e tem<br />
como objetivo transformar a criatividade das<br />
Projeto EcoModa na Rocinha<br />
Imagem Reprodução<br />
mulheres e da nova geração de moradores em uma<br />
importante fonte de renda.<br />
“Nós queremos criar economias alternativas para<br />
substituir aquela que foi retirada após a instalação das<br />
UPPs, que é a economia da droga”, explica a<br />
presidente do Moda Fusion, Andrea Fasanello.<br />
“Nós trabalhamos com moda sustentável e trouxemos<br />
nossa metodologia para que as costureiras do<br />
Salgueiro criassem uma marca que corresse em<br />
paralelo ao trabalho que muitas delas realizam na<br />
escola de samba”, diz.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 61
STREET STYLE - CAPA<br />
Todo material utilizado no curso é doado pelo<br />
Salgueiro e provém de roupas e carros alegóricos<br />
usados no desfile do ano passado. O trabalho de<br />
criação tem a orientação de Ümit Esbulan, 27, estilista<br />
de origem turca, criado na Alemanha e formado no<br />
Departamento de Moda da Royal Academy of Fine<br />
Arts de Antuérpia, na Bélgica. Mesmo sem falar uma<br />
palavra me português, o professor consegue se<br />
entender com as alunas e passar os conceitos<br />
fundamentais da moda. O talento de costureiras e<br />
estilistas não fica restrito aos limites das comunidades.<br />
É o caso as sócias da marca Retalhos Cariocas,<br />
empresa formada na Barreira do Vasco eu confecciona<br />
bolsas e acessórios reaproveitando materiais. Maria de<br />
Fátima, 66, e sua filha Silvia Oliveira, 35, são<br />
moradoras e iniciaram o projeto três anos atrás, como<br />
forma de aumentar a renda familiar e de outras<br />
mulheres da comunidade, que receberam capacitação<br />
em corte e costura. “Nós sempre corremos muito<br />
atrás para que tudo funcionasse bem. Mas o primeiro<br />
espaço que conseguimos ficava ao lado de uma boca<br />
de fumo. Isso começou a afugentar as clientes”,<br />
recorda a mãe. O negócio mudou de local e, após a<br />
chegada da UPP à região, elas tiveram mais<br />
tranquilidade para trabalhar e receber a freguesia. O<br />
talento da dupla conquistou os representantes da<br />
moda do Rio de Janeiro. No ano passado, elas foram<br />
convidadas a fazer a decoração do Circuito Moda<br />
Carioca, evento que reuniu mais de 50 empresas da<br />
área fashion. A moda e a pacificação também podem<br />
vencer preconceitos e unir lados opostos. Foi o que<br />
aconteceu com as estudantes Maisa Julia Ribeiro, 16, e<br />
Larissa Helena Luiz Brito, 17, moradoras do Batan e<br />
do Fumacê, respectivamente. Antes da instalação da<br />
UPP nas comunidades, era impensável as duas serem<br />
amigas, muito menos lançar um projeto juntas. No<br />
entanto, hoje elas exibem com orgulho a marca criada<br />
pelas duas: Charme Favela. “Eu nunca tinha entrado<br />
no Batan, tinha medo dos traficantes, mas aí minha<br />
mãe me convenceu a vir para participar do projeto.<br />
Resisti um pouco, mas hoje vivo mais aqui do que no<br />
Fumacê”, confessa Larissa. O projeto foi criado pela<br />
agência de Redes para a Juventude, patrocinada pela<br />
Petrobrás, que financiou a criação da grife.<br />
Atualmente, a Charme Favela produz camisas que<br />
unem Batan e Fumacê. São diversas estampas<br />
diferentes, que contam a história das comunidades.<br />
62 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
amooreno.com<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 63
64 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
A Arte das Ruas<br />
A cidade transforma-se em um documento histórico e, ao mesmo tempo,<br />
em uma galeria de arte. Uma arena de conflitos de posse simbólica de<br />
territórios e de interesses e, portanto, um meio de comunicação direto e<br />
democrático, pois está ao alcance de qualquer um.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 65
ARTE DAS RUAS<br />
Da Pré-história à atualidade, nas mais diversas<br />
culturas, o homem inscreveu suas marcas nas grutas,<br />
nas rochas, nas paredes de seus palácios, das igrejas,<br />
de suas casas, nos seus muros, nos seus monumentos,<br />
nos troncos de árvores, no cimento enfim, no seu<br />
entorno. Nas suas marcas, traduziu sua visão de<br />
mundo e suas inquietações em imagens, comunicouse<br />
com o outro e com o seu meio e criou universos<br />
de representação nos quais ações e relações sociais<br />
podem ser lidas ainda hoje.<br />
A arte do graffiti, da pichação, do lambe-lambe, do<br />
stencil e do sticker na concepção atual dos termos<br />
não é recente. Teve sua origem em New York e em<br />
Berlim em finais da década de 1960 e inícios da de<br />
1970, alastrou-se rapidamente pelo mundo. De um<br />
lado, por ter como suporte elementos do meio<br />
ambiente urbano. De outro, a característica que a<br />
#artrua #decy #sãopaulo<br />
diferencia das manifestações anteriores e que<br />
demonstra uma certa ruptura que é o seu caráter<br />
contestatório e de transgressão, está presente nas<br />
mais variadas partes do planeta.<br />
Como essa arte de rua, encarada como manifestação<br />
artística ou manifestação política (organizada ou<br />
não), é pintada ou rabiscada em paredes, muros,<br />
casas, monumentos, prédios, portas e outras<br />
construções, a cidade é o suporte dessa expressão.<br />
Nesse contexto, a cidade transforma-se em<br />
documento histórico e em galeria de arte, em arena<br />
de conflitos de posse simbólica de territórios e de<br />
interesses e, portanto, um meio de comunicação<br />
direto e democrático, pois está ao alcance de<br />
qualquer um.<br />
Enquanto a sua força se manifesta na intensidade da<br />
sua expressão, na agressividade que muitas vezes<br />
veicula, na transgressão que geralmente carrega<br />
66 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
consigo, na usurpação de espaços urbanos, sua<br />
fragilidade reside no fato de que no dia seguinte à sua<br />
elaboração, outro artista, vândalo, proprietário ou<br />
autoridade pode se apossar do mesmo, interferindo<br />
sobre o que foi pintado ou, simplesmente, cobrindoo<br />
de uma tinta qualquer. Assim, a transitoriedade<br />
dessa expressão e o fato de ocorrer à margem de<br />
qualquer instituição a tornam extremamente frágil,<br />
fugaz e dinâmica.<br />
Os grafites e os pichos podem ser vistos, ainda, como<br />
uma humanização das paredes e muros. Por meio da<br />
escrita e da pintura, dão voz a um elemento mudo (o<br />
muro); novos significados e funções a elementos<br />
construídos e a espaços; dão cor a uma superfície<br />
monocromática; personalidade (agressiva e frágil) a<br />
uma parede impessoal; conferem movimento e ação<br />
(transgridem fronteiras, abalam conceitos) a uma<br />
construção estática, tudo isso em um clima<br />
desafiador e lúdico.<br />
Há também a questão, por parte dos artistas de rua,<br />
da negação do lugar apropriado para a arte: não<br />
interessa mais a arte dentro da casa, da escola, do<br />
teatro, da galeria, do museu, mas a manifestação que<br />
ocorre na rua e nas praças, ao alcance de todos, para<br />
todos e que pode ser realizada por qualquer um. É a<br />
busca pela democratização da arte e da acessibilidade<br />
aos meios de comunicação, tornando-se a cidade, ela<br />
própria, um jornal, uma galeria de arte, um livro, um<br />
documento histórico.<br />
A complexidade do universo de representação<br />
veiculado pelos grafites torna essa arte intrigante e<br />
relevante, pois ela se tornou uma voz que grita sua<br />
mensagem ao homem comum e à sociedade como<br />
um todo.<br />
#artrua #alemanha #megx<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 67
Projeto Moda Rio<br />
24 de Fevereiro<br />
Centro Cultural José Bonifácio.<br />
Um dia inteiro de cultura, arte, moda, vivências e novas experiências.<br />
68 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Muita coisa aconteceu em Berlim nos últimos 70, 80<br />
anos: guerra, destruição, derrota, separação,<br />
reunificação, reconstrução e renovação. Berlim<br />
mudou e continua mudando! A cidade é uma<br />
mistura de prédios e monumentos antigos e<br />
históricos com construções ultramodernas. Mas não<br />
só em termos de “aparência física” que a cidade<br />
mudou. Com a queda do muro, a cidade se abriu,<br />
ficou mais acessível e tornou-se multicultural, onde<br />
as mais variadas línguas, hábitos e culturas são<br />
encontrados. Berlim tornou-se um caldeirão cultural.<br />
BERLIM<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 69
EXPERIÊNCIAS<br />
A cidade contém inúmeros e fantásticos museus,<br />
eventos culturais e uma vibrante vida noturna. E em Berlim<br />
as coisas são relativamente baratas. Entre as principais capitais<br />
europeias Berlim é uma das mais baratas. Berlim é uma cidade<br />
que oferece muitas atrações gratuitas, são inúmeros museus e<br />
exposições, igrejas, memoriais, eventos. Também tem muita<br />
atividade legal para se fazer sem precisar gastar dinheiro, mas<br />
a grande maioria das atividades e atrações são gratuitas e<br />
podem ser visitadas em qualquer época, ou seja, você pode<br />
aproveitá-las independente do dia da semana ou da<br />
época/estação do ano que visite Berlim. Já que nesta edição,<br />
estamos falando sobre a Arte de Rua, em todos os sentidos.<br />
Vou destacar algumas atrações da cidade que valem a pena à<br />
experiência. Um dos pontos mais visitados é a East Side<br />
Gallery. Este é um trecho do antigo e famoso muro de Berlim<br />
que fica ao longo do rio Spree, entre a Ostbahnhof e a ponte<br />
Oberbaumbrücke. Este trecho do muro tem 1316m de<br />
extensão e contém 106 pinturas de artistas de diversas partes<br />
do mundo. As pinturas expressam os acontecimentos<br />
políticos ligados ao muro e estão no lado oriental, por isto<br />
chama-se “East Side Gallery”. É uma galeria a céu aberto e<br />
motivo de muitas fotos dos inúmeros turistas que visitam a<br />
cidade e o local. Em Berlim verdadeiras obras de arte podem<br />
ser vistas a céu aberto. São postes, muros, latas de lixo e<br />
fachadas cobertas com pinturas, grafites, adesivos, etc. Muitas<br />
vezes a fachada inteira de um prédio é colorida com belas<br />
pinturas. A arte de rua pode ser vista principalmente nos<br />
bairros Kreuzberg, Friedrichshain, Prenzlauer Berge na parte<br />
de Mitte conhecida como Scheunenviertel, que são os bairros<br />
onde a cultura alternativa de Berlim se concentra. Ao fazer<br />
um passeio por estas áreas – o que vale muito a pena – fique<br />
atento(a) para descobrir e apreciar estas obras de arte.<br />
70 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 71
EXPERIÊNCIAS<br />
Na hierarquia das semanas da moda, Berlim não pode hospedar os desfiles de moda mais extravagantes ou<br />
de alto perfil, mas certamente possui a mais forte relutância em flexões de logotipos e adoradores de tendências.<br />
E certamente, essa descarada desculpa de nomes de marcas e status de luxo é o princípio que torna o estilo de rua<br />
de Berlim tão assertivo. Na capital alemã, escolhas de estilo são mais uma exibição de estilo pessoal do que uma<br />
fidelidade a rótulos de moda. As roupas geralmente se inclinam para uma abordagem mais casual / descontraída<br />
com uma forte atitude contracultura. Mesmo para os mais vestidos, há uma certa ambivalência grunge que vem<br />
de um fundo rico de influências subterrâneas, multiculturalismo eclético e ruas alinhadas de graffiti. Cada roupa<br />
captura um elemento do estilo de rua de Berlim que é naturalmente inspirador.<br />
72 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
amooreno.com<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 73
BELEZA E SAÚDE<br />
L’Oréal e David Beckham lançam marca de produtos masculinos<br />
D avid Beckham revelou o seu mais recente<br />
projeto sob a alçada do seu contrato com a L’Oréal:<br />
House 99, uma nova marca, descrita como “uma<br />
marca global que mudará as regras dos cuidados de<br />
beleza para homem”.<br />
David Beckham e a L’Oréal dizem querer<br />
“desmitificar a necessidade dos homens de se cuidarem<br />
e encorajar a autoexpressão e a experimentação de<br />
estilo”.<br />
Uma afirmação arrojada. Mas, o que significa<br />
exatamente? A marca inclui uma coleção completa de<br />
21 “produtos inovadores que se adaptarão livremente a<br />
todos os objetivos de estilo”, de acordo com a L’Oréal.<br />
O objetivo é “proporcionar todas as ferramentas das<br />
quais os homens precisam para experimentar com o<br />
seu look e expressar o seu próprio estilo em constante<br />
evolução e identidade única”.<br />
A marca adota uma abordagem “holística” aos<br />
cuidados pessoais, “fazendo uma mistura entre a<br />
cultura e estilo das barbearias britânicas e a<br />
criatividade nos cuidados de cabelo, pele, barba e<br />
tatuagens para ser o ponto de partida para os próximos<br />
looks de cada homem”.<br />
Esta colaboração entre a L’Oréal e David Beckham<br />
tem um elevado potencial e irá certamente atrair a<br />
atenção dos consumidores, visto que combina um dos<br />
mais dinâmicos gigantes internacionais da beleza com<br />
uma celebridade que se tornou num importante<br />
influenciador masculino e soube reinventar o seu<br />
estilo ao longo dos últimos anos.<br />
Os dois anos dedicados ao desenvolvimento resultaram<br />
numa linha que inclui produtos especificamente<br />
criados para satisfazer as necessidades de rosto dos<br />
homens Millennials. Além de produtos hidratantes e<br />
outros “clássicos”.<br />
Entre estes, o exemplo mais claro talvez seja o Bold<br />
Statement Tattoo Body Moisturizer SPF30. Beckham<br />
é, também conhecido pelas suas tatuagens, e o<br />
comunicado da marca revela que ele “sabe a<br />
importância de proteger e manter as suas tatuagens”.<br />
74 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8
Este produto hidratante em spray é,<br />
portanto, desenhado para ser “fácil e rápido<br />
de usar, deixando a pele flexível e sem<br />
resíduos. O índice SPF 30 bloqueia os raios<br />
UV para preservar as cores originais das<br />
tatuagens e melhorá-las”.<br />
Também digno de nota é o Seriously<br />
Groomed Beard & Hair Balm, que “oferece<br />
uma boa dose de disciplina para dar forma a<br />
cabelos rebeldes e barbas curtas ou longas.<br />
Inspirado no look atual de David Beckham,<br />
que usa cabelo longo e barba desde 2015”. E<br />
o Smooth Back Shaping Pomade é inspirado<br />
no seu antigo corte de cabelo ao estilo<br />
Pompadour.<br />
Nas fórmulas “devido às suas propriedades benéficas para a saúde”, o grupo afirma que “estes recursos naturais e<br />
ricos em proteínas combinam nutrientes para o cabelo e a pele que não são sintetizados pelo organismo”.<br />
A L’Oréal explicou também a origem no nome da marca, dizendo que a utilização da palavra ‘house’ (casa)<br />
reflete “o objetivo de Beckham de construir uma comunidade aberta a entusiastas de cosméticos masculinos,<br />
para compartilhar as suas dicas de estilo e recomendações”. 99, por seu lado, é o número que tem tatuado na mão<br />
e que “marca um ano memorável na sua vida pessoal e profissional”. É o ano do seu casamento, do nascimento<br />
do seu filho mais velho e o ano em que o Manchester United conquistou três troféus.<br />
Compreensivelmente, a empresa aproveita ao máximo a história de David Beckham na campanha de marketing<br />
de pré-lançamento e afirma que o ex-jogador “mostrou o seu compromisso com o projeto desde o início” e<br />
“desempenhou um papel ativo em todos os elementos do desenvolvimento da marca, dos testes nos laboratórios<br />
L’Oréal Luxe à escolha dos nomes dos produtos, fragrâncias e design dos logótipos”.<br />
É também revelado que Beckham “convidou pessoalmente alguns dos maiores nomes da cosmética masculina<br />
para colaborar com a House 99”, incluindo o mestre barbeiro Fábio Marques (da Figaro’s Barbershop, em<br />
Lisboa), “fornecendo conselhos profissionais e conteúdo dinâmico para a plataforma digital da marca”.<br />
Parece que esta não será apenas mais uma marca que uma celebridade decidiu lançar no mercado. O lançamento<br />
será organizado pelo departamento de luxo do grupo francês e terá lugar na Harvey Nichols neste mês, sendo<br />
posteriormente expandida a outros distribuidores no Reino Unido, bem como em outros 19 países, a partir de 1<br />
de março.<br />
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 75
#artrua #intervençãourbana #okudart #ucrânia
O movimento slow fashion está aí para nos ajudar a repensar os nossos hábitos,<br />
nossas necessidades e nossos reais desejos.
amooreno.com