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Foz do Iguaçu, quarta-feira, 4 de abril de 2018<br />
OPERAÇÃO DICTUM<br />
Geral<br />
09<br />
Bocas de fumo e rifas financiavam<br />
quadrilha de traficantes ligada ao PCC<br />
Facção com origem em São Paulo pretendia criar domínio na Região Oeste;<br />
três pessoas foram presas em flagrante em Foz do Iguaçu e Cascavel<br />
Andressa Ferreira<br />
Reportagerm<br />
A Polícia Federal deflagrou,<br />
na manhã de ontem (3), uma<br />
grande operação com o intuito<br />
de desarticular a base de um<br />
grupo criminoso voltado para<br />
o tráfico de drogas, que possuía<br />
ramificações no Paraná e Santa<br />
Catarina. Três pessoas foram<br />
presas em flagrante durante<br />
a ação batizada de Dictum,<br />
que significa limpeza em latim.<br />
Ao todo, foram expedidos<br />
30 mandados de busca e apreensão<br />
e 19 de prisão preventiva,<br />
que foram cumpridos em<br />
Foz do Iguaçu, Cascavel, Santa<br />
Helena, Toledo, São Mateus<br />
do Sul e Fraiburgo (SC). Cerca<br />
de 150 policiais deram cumprimento<br />
às ordens judiciais<br />
que resultaram na apreensão<br />
de documentos, bilhetes de rifas<br />
falsas, drogas e munições<br />
de calibres 12, .45 e 38.<br />
Conforme o delegado responsável<br />
pela operação, Marcos<br />
Smith, as investigações tiveram<br />
início há quatro meses<br />
e apontaram que a quadrilha,<br />
que tem origem em São Paulo,<br />
tinha a intenção de criar uma<br />
base de domínio territorial na<br />
Região Oeste. "Cascavel é sede<br />
da Brigada do Exército, um local<br />
estratégico. Para o grupo<br />
seria muito difícil se estabelecer<br />
em uma linha de fronteira<br />
como Foz ou Guaíra, por conta<br />
do forte controle, mas o plano<br />
era criar uma base forte com<br />
aliados em diversos locais.<br />
Identificamos, inclusive, que os<br />
criminosos planejavam hastear<br />
bandeiras com o símbolo da facção,<br />
semelhante ao que acontece<br />
no Rio de Janeiro", comentou.<br />
Essa tentativa de domínio<br />
identificada pela polícia se dava<br />
por meio de bocas de fumo que<br />
funcionavam em pontos estratégicos<br />
de Cascavel. Nesses locais,<br />
identificados com as siglas<br />
da facção pichadas em placas de<br />
trânsito, predominava a venda<br />
de maconha e cocaína que contribui<br />
para financiar outros crimes<br />
praticados pela quadrilha.<br />
"No total, foram identificados<br />
seis pontos de vendas, a<br />
maioria na região do bairro São<br />
Cristóvão. Esses locais eram<br />
oferecidos como um lugar seguro<br />
para criminosos especializados<br />
em grandes roubos, furtos<br />
e ataques a bancos", explicou o<br />
delegado Smith.<br />
Os seis pontos de tráfico<br />
rendiam juntos, segundo a polícia,<br />
cerca de R$ 12 mil por dia<br />
ao grupo. O delegado também<br />
explicou que facções como esta<br />
funcionam como pirâmides, nas<br />
quais as bases precisam gerar<br />
lucro para as centrais localizadas<br />
nas grandes capitais. Por<br />
conta disso, cada integrante era<br />
obrigado a pagar uma espécie<br />
Blocos de rifas com nomes de integrantes da facção foram<br />
apreendidos pela PF e ajudarão a identificar outros envolvidos<br />
de contribuição mensal chamada<br />
de "cebola", equivalente a<br />
R$ 200. Um dos líderes do esquema<br />
agia de dentro de um<br />
presídio em Londrina. Ele foi<br />
identificado e transferido para<br />
uma penitenciária federal.<br />
Rifas do PCC<br />
O levantamento feito pela<br />
Polícia Federal indicou que a<br />
quadrilha de traficantes possuía<br />
ligação direta com o Primeiro<br />
Comando da Capital<br />
(PCC). Na casa de um dos presos,<br />
em Foz do Iguaçu, foram<br />
encontrados diversos blocos de<br />
uma "ação entre amigos", que<br />
era usada como fachada para<br />
arrecadar dinheiro.<br />
"Além de pagar os R$ 200<br />
mensais, cada membro da facção<br />
era obrigado a também<br />
comprar R$ 560 em rifas a cada<br />
dois meses. Isso não significa<br />
que haveria sorteio dos carros<br />
e motos descritos nos bilhetes,<br />
era apenas mais uma forma de<br />
financiar a facção", afirmou o<br />
delegado Marcos Smith. Dos<br />
19 mandados de prisão, 13 foram<br />
cumpridos. Todos os detidos<br />
responderão por tráfico de<br />
drogas e associação criminosa.<br />
"É só o<br />
começo",<br />
afirma PF<br />
Diversos documentos<br />
como mandados de prisão<br />
e alvarás de soltura,<br />
bilhetes com nomes de<br />
integrantes da facção e<br />
comprovantes de<br />
pagamentos foram<br />
apreendidos durante as<br />
ações da Operação Dictum.<br />
As informações contidas<br />
nesses arquivos, conforme<br />
a polícia, são mais<br />
relevantes que as<br />
apreensões de armas e<br />
drogas e servirão para<br />
identificar mais<br />
ramificações da quadrilha.<br />
Na avaliação do delegado<br />
Smith, é sempre mais fácil<br />
reprimir grandes<br />
associações criminosas,<br />
porque elas se tornam<br />
grandes alvos. "Quando<br />
alguém se associa a uma<br />
facção grande como essa,<br />
deve saber que ela se<br />
tornará um alvo muito<br />
mais fácil para a polícia.<br />
Esse é apenas o começo da<br />
ação, haverá outros<br />
desdobramentos",<br />
destacou.