11.04.2018 Views

Revista Vida, Solidariedade, Sardoura - 2ª Edição

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EDITORIAL<br />

A IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA SOCIAL, EM PORTUGAL<br />

Na minha qualidade de fundador e Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Centro Social de<br />

Santa Maria de <strong>Sardoura</strong> (CSSMS), uma IPSS (Instituição Particular de <strong>Solidariedade</strong> Social, chego<br />

por esta via até vós. Para quem ainda não saiba, as IPSS’s são instituições sem finalidade lucrativa,<br />

não administradas pelo Estado, quer central quer local e são criadas por iniciativa de particulares e<br />

com o propósito de prestar serviços sociais às populações.<br />

No caso concreto do Centro Social de Santa Maria de <strong>Sardoura</strong>, que é uma IPSS estatutariamente de âmbito nacional,<br />

presta atualmente apoio a utentes localizados nos concelhos de Penafiel, Marco de Canaveses, Gondomar, Sta. Maria<br />

da Feira, Cinfães e Castelo de Paiva e a sua atuação está centrada nas populações mais desfavorecidas, sendo o seu<br />

mote a “Inclusão”.<br />

O CSSMS insere-se assim, na Economia Social, que genericamente é o conjunto de atividades económico-sociais, que<br />

têm por finalidade prosseguir o interesse geral da sociedade. São por isso consideradas entidades pertencentes à Economia<br />

Social as Cooperativas, as Associações Mutualistas, as Misericórdias, as Fundações, as IPSS – Instituições Particulares<br />

de <strong>Solidariedade</strong> Social, as Associações com fins altruísticos e outras entidades que com estas estão referidas na<br />

Lei de Bases da Economia Social (Lei nº30/2013, de 8 de Maio). Os princípios orientadores da Economia Social e plasmados<br />

nesta Lei são o primado das pessoas e dos objetivos sociais, a adesão livre e voluntária, o controlo democrático<br />

dos respectivos órgãos pelos seus membros, a conciliação entre o interesse dos membros, utilizadores ou beneficiários<br />

e o interesse social, a gestão autónoma e independente das autoridades públicas e de quaisquer outras entidades<br />

exteriores à economia social e a afetação dos excedentes à prossecução dos fins das entidades da economia social de<br />

acordo com o interesse geral.<br />

Fazendo eu parte integrante de alguns projetos na área da Economia Social e conhecendo muito por dentro esta realidade<br />

há quase duas décadas, por ter sido fundador/dinamizador de alguns projetos, posso afirmar que a Economia<br />

Social é hoje um dos pilares da sociedade portuguesa, contribuindo decisivamente para que alguns dados estatísticos<br />

que os nossos governantes debitam estejam protegidos sobre esta realidade.<br />

Nos últimos anos a Economia Social contribuiu decisivamente para a construção de uma sociedade plural mais participativa,<br />

mais democrática e mais solidária. Segundo os últimos dados, em Portugal e enquadrados na Economia Social,<br />

existem 55.383 organizações, que criaram 227 mil postos de trabalho, representando 5,5% do total de Emprego. Em<br />

muitos concelhos destes País as entidades que compõem a economia social representam a maior entidade empregadora.<br />

Para além de que estas entidades da Economia Social, nomeadamente as IPSS têm dezenas e dezenas de fornecedores<br />

e centenas de clientes sendo criadores de uma dinâmica concelhia e regional ímpar.<br />

Daí que, quando a Assembleia da República aprovou a Lei de Bases da Economia Social, o projeto foi aprovado por<br />

unanimidade, o que reflete a importância do sector da economia social. A economia social tem uma forte influência<br />

no PIB português, representando cerca de 5% no mercado de trabalho interno. Portugal foi o segundo país da Europa,<br />

a seguir à Espanha, a reconhecer com uma lei específica a importância da economia social. Mas esta é uma realidade<br />

que não se limita a Portugal. Na União Europeia a Economia Social oferece emprego pago a cerca de 14,5 milhões de<br />

pessoas, ou seja, aproximadamente 6,5% da população ativa da UE a 27, existindo cerca de 2 milhões de PME’s neste<br />

sector.<br />

Nos últimos anos de crise social que vivemos, constatou-se que foi a economia social que criou mais respostas e emprego,<br />

e a sua importância na economia portuguesa é de tal ordem que, foi criada pelo INE – Instituto Nacional de<br />

Estatística uma Conta Satélite da Economia Social publicada recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE),<br />

representando este sector em 2010, 2,8% do Valor Acrescentado Bruto nacional e 5,5% do emprego remunerado, isto<br />

significa, em termos de peso relativo no VAB, que a economia social é mais importante do que certos sectores da chamada<br />

actividade tradicional. Temos aqui um novo paradigma que os mais cépticos teimam em aceitar.<br />

Um aspecto importante que a Conta Satélite da Economia Social nos refere é que em 2010, só 23,8% dos recursos<br />

destas organizações tiveram origem em transferências e subsídios: o resto correspondeu a produção (62,8%) e a rendimentos<br />

da propriedade (10,3%).<br />

Por tudo isto, é possível constatar que a Economia Social foi, é e continuará a ser, um grande suporte da economia portuguesa.<br />

Direta e indiretamente é o sustentáculo de muita pobreza encoberta, associada a um desemprego “oculto”,<br />

provocada por uma crise que tarda a sair da economia portuguesa.<br />

3<br />

Presidente da Mesa da Assembleia Geral<br />

Dr. Paulo Teixeira<br />

<strong>Revista</strong><strong>Vida</strong>SSjunho16Grafica.indd 3 23-09-2016 23:19:37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!