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LILLA<br />

UNIVERSO LÉSBICO | N. 1 | dezembro 2017<br />

Chell<br />

E A MÚSICA<br />

a cantora e instrumentista<br />

fala sobre o lançamento<br />

de seu primeiro EP e clipe<br />

PERFIL<br />

Feminismo e representatividade<br />

pelas lentes<br />

de Mariana Smânia<br />

COTIDIANO<br />

Rejeição familiar: mais<br />

um obstáculo na vida<br />

dos homossexuais


Índice<br />

14<br />

ENTREVISTA<br />

Chell, do canal ChellandMar, fala<br />

sobre a carreira na música<br />

17<br />

MÚSICA<br />

Poesia na voz delas:<br />

Laura Pergolizzi<br />

e Ana Muller<br />

12<br />

REPORTAGEM<br />

A invisilibilidade das lésbicas<br />

na terceira idade<br />

10<br />

FILMES E TV<br />

Amor entre elas:<br />

Pariah e O Perfume<br />

da Memória<br />

4<br />

COTIDIANO<br />

Rejeição familiar: mais um obstáculo na vida dos homossexuais<br />

19<br />

LILLA INDICA<br />

O livro Amora e o canal<br />

Louie Ponto<br />

6<br />

PERFIL<br />

Feminismo e representatividade<br />

pelas lentes de Mariana Smânia<br />

2 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


Editorial<br />

Escolher a temática lésbica<br />

como foco de uma revista inteira<br />

e como público alvo é<br />

algo empolgante e desafiador<br />

ao mesmo tempo.<br />

Empolgante porque me proporcionou<br />

pesquisar, entender e conversar<br />

com mulheres incríveis que tem muitas<br />

coisas pra contar. Poder escrever<br />

sobre elas eaprender enquanto isso é<br />

muito legal e rico.<br />

Desafiador porque é um tema e um<br />

público invisibilizado que não é levado<br />

a sério. Pesquisando sobre possíveis<br />

assuntos para revista era comum<br />

encontrar conteúdo pornográfico<br />

ou sexual. A maioria das discussões<br />

acontecem em grupos fechados ou<br />

em alguns poucos sites e canais sobre<br />

o tema. Mas parece que ainda falta espaço<br />

para que as lésbicas se mostrem<br />

presentes e representadas.<br />

A intensão dsta publicação não é<br />

excluir mulheres não lésbicas ou as<br />

outras letras da sigla LGBT. É somente<br />

ser um espaço pra tratar unicamente<br />

desse tema, assim como tantos outros<br />

existentes sobre variados assuntos. Inclusive,<br />

exclusivas para homens gays<br />

e mulheres (pressupõe-se héteros).<br />

Este é só mais um espaço para reforçar<br />

e empoderá-las. Lésbicas existem<br />

e é importante mostrar isso e criar<br />

uma representatividade para que nenhuma<br />

se sinta excluída ou estranha<br />

por sua orientação sexual.<br />

Espero conseguir nessas poucas<br />

páginas mostrar como é importante<br />

falar sobre o universo lésbico. É importante<br />

que elas tenham um espaço<br />

em que possam ter visibilidade e<br />

discutir temas importantes, além de<br />

mostrarem seu trabalho e ter outras<br />

mulheres para se inspirarem.<br />

E que a Lilla (lilás em italiano. Por<br />

quê? Não sei) consiga ser mais um espaço<br />

pra elas - guardadas as devidas<br />

proporções, como: essa revista não<br />

será divulgada e as pautas tiveram<br />

pouco tempo para apuração.<br />

Ana Ritti<br />

editora<br />

ana.ritti@<br />

gmail.com<br />

REVISTA LILLA<br />

Dezembro 2017<br />

Editora, textos, projeto gráfico e diagramação: Ana Caroliny Ritti<br />

Fotos: Nathália Mendes, Mariana Smânia, Sarah Diniz Outeiro e Amanda Gracioli.<br />

Expediente<br />

Esse trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico,<br />

desenvolvido peloa acadêmica Ana Caroliny Ritti como exercício de projeto<br />

gráfico-editorial para a disciplina de Laboratório em Produção Gráfica do curso de<br />

Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no semestre 2017-2.<br />

Não será distribuído, tampouco comercializado.<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 3


COTIDIANO<br />

Rejeição<br />

familiar<br />

mais um obstáculo na<br />

vida dos homossexuais<br />

Entre medos e incertezas, sair do armário é uma situação<br />

complicada para grande parte do público LGBT. 37% dos<br />

brasileiros não aceitariam um filho ou filha homossexuais,<br />

segundo pesquisa de 2013 do Instituto Data Popular.<br />

4 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


Foto: Pexels’<br />

“quando minha mãe bebia<br />

ela era agressiva demais<br />

e falava que eu era<br />

uma vergonha pra familia”<br />

Todo homossexual, que aceita sua<br />

sexualidade, em algum momento<br />

da vida passa pelo constrangimento<br />

de ter que se assumir<br />

para amigos e familiares. As reações são<br />

imprevisíveis e entre pais que aceitam e<br />

pais que toleram há também os que rejeitam<br />

os filhos.<br />

Quando a mãe da Luciana Alves, 25,<br />

soube que a filha era lésbica ela aceitou<br />

mas na convivência foi mostrando rejeições<br />

e em um determinado dia expulsou<br />

a filha de casa. “Eu sabia que tinha a ver<br />

um pouco com o fato do alcoolismo. Porém<br />

ela nunca tinha chegado ao ponto de<br />

dizer sai da minha casa. Eu nunca esperei<br />

reação negativa porque ela sempre<br />

conviveu com gays e lésbicas, tinha gente<br />

na família e ela sempre tratava muito<br />

bem.” conta Alves.<br />

Ser rejeitado por ser homossexual é<br />

o medo de 57% dos internautas, gays e<br />

lésbicas, ouvidos pelo Ibope, em pesquisa<br />

de 2013. Desses, 14% tem medo de serem<br />

expulsos de casa. Entre as inúmeras<br />

questões que podem levar a família a rejeitar<br />

uma filha homossexual está a aceitação<br />

perante a sociedade, expectativas<br />

frustradas e homofobia.<br />

No grupo no facebook Odisseia de<br />

Morar Sozinho membros que sofreram<br />

homofobia em casa contaram que foram<br />

expulsos de casa ou optaram por sair<br />

pela falta de respeito ou violências. “Não<br />

fui expulsa. Minha mãe prefere não tocar<br />

no assunto, nunca aceitou o fato, acho que<br />

ela ainda sonha em me ver casada com<br />

um homem.” conta uma participante do<br />

grupo. A maioria dos relatos demonstram<br />

que sair do ambiente tóxico é bom<br />

mas as dificuldades financeiras acabam<br />

pesando. Por esse mesmo motivo, muito<br />

adiam a saída ou contam com a ajuda de<br />

amigos ou outros familiares.<br />

Muitos gays e lésbicas não se aceitam<br />

e não se entendem, por preconceitos enraizados,<br />

na criação e ambientes que frequentam,<br />

e falta de representatividade,<br />

onde podem enxergar que ser gay/lésbica<br />

também é normal. Somar essa auto-<br />

-rejeição com a rejeição da família pode<br />

ter sérias consequências. Adolescentes<br />

LGBTs estão cinco vezes mais propensos<br />

a tentativas de suicídio do que adolescentes<br />

héteros, segundo estudo da Universidade<br />

Columbia.<br />

No Brasil, a realidade não é diferente.<br />

Um estudo de 2013 da Universidade<br />

Federal de Alagoas (UFAL) revela que,<br />

entre um grupo de homossexuais e bissexuais,<br />

de 12 a 60 anos, 49% dos entrevistados<br />

disse ter desejado não viver<br />

mais. Desses, 15% teriam coragem de<br />

tirar a própria vida e 10% já teve vontade<br />

ou tentou o suícidio. As pesquisas apontam<br />

que entre os inúmeros fatores que<br />

podem levar uma pessoa LGBT a esse<br />

ato, estão: o preconceito, a indiferença,<br />

a falta de apoio espiritual e influência do<br />

ambiente que vivem.<br />

Entender que a orientação sexual não<br />

é uma escolha ou uma moda é um problema<br />

frequente. Recentemente, uma<br />

liminar da justiça permitiu que a homossexualidade<br />

fosse tratada como doença,<br />

mesmo tendo saído da lista de doenças<br />

da ONU em 1990. A ideia de que terapias<br />

de “reversão sexual” podem mudar<br />

a sexualidade de alguém é uma forma<br />

de agressão e desrespeito. A procura<br />

por esses tratamentos geralmente não<br />

vem do homossexual querendo mudar<br />

sua orientação mas de familiares, como<br />

conta a psicóloga Marisa de Abreu, no<br />

canal Psicólogos em São Paulo no Youtube.<br />

“Ele (homossexual) pode ser acolhido<br />

em psicoterapias caso tenha outras<br />

questões para serem tratadas. Como por<br />

exemplo: a sua dificuldade de se colocar,<br />

se expressar, de se relacionar com outras<br />

pessoas, de se relacionar com a dificuldade<br />

das outras pessoas” afirma Abreu,<br />

que completa aconselhando que familiares<br />

que não aceitam a orientação sexual<br />

alheia podem ser acolhidos nas psicoterapias<br />

para trabalhar essa dificuldade e<br />

a necessidade de mudar o outro.<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 5


PERFIL<br />

Montagem com duas Marianas.<br />

“Eu comigo retratando<br />

a minha improdutiva<br />

atrapalhando minha<br />

produtividade”.<br />

FEMINISMO E<br />

REPRESENTATIVIDADE<br />

pelas lentes de Mariana Smânia<br />

A fotógrafa e jornalista, de 23 anos, fala da importância<br />

em se declarar lésbica e sobre seu fotolivro,<br />

que retrata os pêlos no corpo feminino.<br />

6 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


A<br />

criciumense radicada em Florianópolis<br />

é uma pessoa divertida<br />

e “sem esforço para condutas<br />

adultas”. Ela diz que pode<br />

não passar uma imagem profissional,<br />

mas não pretende mudar seu jeito pois,<br />

afirma que sua espontaneidade lhe ajuda<br />

a criar um ambiente confortável e de interação<br />

com as pessoas fotografadas. O<br />

que Mariana mais gosta em seu trabalho<br />

é poder registrar emoções e sentimentos,<br />

que vão mudando conforme as fotos<br />

vão sendo revisitadas ao longo do tempo.<br />

Como lésbica, se entendeu e se assumiu<br />

na época da faculdade. Para ela é importante<br />

reafirmar sua sexualidade como<br />

forma de resistência e representatividade.<br />

Numa tarde de terça-feira, na Universidade<br />

Federal de Santa Catarina, a<br />

artista pede um açaí, conforta a repórter<br />

tímida e conta sobre sua vida e trabalho.<br />

Ela não lembra bem quando começou<br />

a se interessar pela fotografia. Supõe<br />

que foi pelos 14 anos, quando conseguiu<br />

de primeira captar as amigas pulando,<br />

imitando a cena do cartaz do filme High<br />

School Musical. Elas ficaram surpresas<br />

com o resultado. Com uma câmera digital<br />

continuou com o hobbie, praticando<br />

e fazendo fotos que a incentivaram a<br />

seguir nesse caminho. O estudo na área<br />

veio com a faculdade de Jornalismo,<br />

onde teve disciplinas voltadas à fotogra-<br />

“Ser mulher no<br />

mercado de trabalho<br />

é você se auto sabotar<br />

o tempo todo e é<br />

muito perigoso isso.”<br />

fia e ao fotojornalismo. Na mesma época,<br />

começou a fotografar eventos de amigos<br />

e de uma loja, o que ela considera sua<br />

primeira experiência como profissional.<br />

Apesar de já fazer trabalhos na área, se<br />

autodenominar profissional não foi fácil.<br />

“Ser mulher no mercado de trabalho é<br />

você se auto sabotar o tempo todo e é<br />

muito perigoso isso. As pessoas consideravam<br />

aquilo [a fotografia] um trabalho,<br />

as pessoas me consideravam fotógrafa,<br />

mas eu não conseguia. E aí, era o tempo<br />

todo assim e eu via constantemente meu<br />

trabalho sendo colocado pra trás pra trabalhos<br />

de homens que eu não considerava<br />

que fotografavam melhor que eu”,<br />

conta a fotógrafa.<br />

A falta de representatividade de mulheres<br />

na fotografia foi importante para<br />

Mariana se definir como fotógrafa, mas<br />

também foi um dos fatores que dificultou<br />

o processo de criação do seu trabalho<br />

de conclusão de curso, o fotolivro “Pelos<br />

Pelos Por Elas: a fotografia como forma<br />

de militância”, que entre fotos e textos<br />

Chaveiro escrito “Keyring”. Homenagem à<br />

uma amiga, quando a fotografia era um hobbie.<br />

Balada Lez Girls Party, para lésbicas. Primeira<br />

experiência fotografando baladas.<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 7


etrata os pêlos no corpo feminino. Ela<br />

explica: “eu tava fazendo [o TCC] sobre<br />

o corpo feminino e a única pessoa que<br />

tinha pra me orientar era um cara, um fotógrafo.<br />

Foi aí que eu comecei a ver, onde<br />

está a mulher na fotografia? Que representatividade<br />

a mulher tem na fotografia?<br />

Você vai pra pesquisa, quais os maiores<br />

nomes da fotografia? homens”. Mas esse<br />

não foi o único perrengue do TCC, Smânia<br />

conta que ficou em “colapso emocional<br />

e apática a tudo” quando a melhor<br />

amiga, Amanda - a quem ela se refere<br />

“A gente (lésbicas) ama mulheres,<br />

a gente não gosta de<br />

mulheres como homens.”<br />

como uma base - se mudou para Inglaterra,<br />

no mesmo período do projeto. Além<br />

disso, ela desenvolveu crises de ansiedade<br />

e em uma delas, indo pra banca<br />

de aprovação do seu trabalho, percebeu<br />

que precisava de um respiro e depois de<br />

apresentar o projeto, viajou para Londres<br />

com a certeza de que estar com a amiga,<br />

que é a segunda pessoa nos agradecimentos<br />

do TCC, traria equilíbrio e calma<br />

no processo difícil.<br />

Na volta, o trabalho começou a ser<br />

executado e, como lésbica, a fotógrafa<br />

acredita que retratar os corpos femininos<br />

aconteceu com uma visão diferente do<br />

tradicional, que mostra mulheres fragilizadas<br />

ou sensualizadas. “A gente [lésbicas]<br />

ama mulheres, a gente não gosta<br />

de mulheres como homens, a gente ama<br />

mulheres porque a gente ama mulheres.<br />

A partir do momento que você tem uma<br />

visão diferente sobre o corpo de outras<br />

mulheres você faz isso [as fotos] organicamente”,<br />

explica. Smânia ainda conta<br />

que teve dificuldade em ter segurança e<br />

aceitar que não estava sendo egóica ou<br />

“se achando o máximo” ao falar do seu<br />

trabalho. E ser mulher, lésbica e artista<br />

ainda exige muitos questionamentos.<br />

Durante o processo ela era perguntada<br />

sobre o porquê de não falar também de<br />

homens que se depilam ou o que tinha de<br />

jornalístico no tema. Tanto que ela descreve<br />

o processo de criação como doloroso<br />

e “desvio da sanidade mental” e<br />

que chegou a ser vencida pelo cansaço<br />

em alguns momentos. Com o trabalho<br />

concluído, e avaliado com a nota máxima,<br />

ela diz que que se afastou do projeto<br />

e só conseguiu falar de novo sobre ele na<br />

semana anterior à entrevista, quando fez<br />

uma palestra em um evento de design.<br />

A melhor amiga, Amanda, em Brighton no último<br />

dia juntas na Inglaterra.<br />

No aniversário de 90 anos da avó em Morro<br />

Grande Santa Catarina.<br />

8 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


Mariana pelos olhos de<br />

Amanda. “Feliz e realizada<br />

descobrindo muitas coisas<br />

sobre mim mesma”. Em<br />

Londres, Inglaterra.<br />

A fotografia é uma paixão que ela diz<br />

ter o privilégio de ter como trabalho, mas<br />

durante um período deste ano ela pensou<br />

em desistir por conta de uma depressão.<br />

“Eu não sei onde eu tava, eu me enfiei<br />

num buraco. Eu sei que aconteceu porque<br />

minha carreira continuou mas eu não<br />

estava ali”, relata. As amigas, que são sua<br />

rede de apoio, foram importantes nesse<br />

período dando apoio que ela precisava.<br />

Esse período também serviu para que<br />

ela reformulasse a carreira e isso começou<br />

com a consciência do seu espaço e<br />

de que é necessário lutar por ele. “Nós,<br />

como mulheres e lésbicas, temos que<br />

fazer isso [lutar pelo seu espaço] quase<br />

que o tempo todo. No mercado de trabalho<br />

ainda mais porque a gente sempre<br />

vai ser sabotada, quando não é pela gente<br />

é pelas outras pessoas”, conclui.<br />

Mesmo com os problemas ao longo<br />

da vida pessoal e profissional ela conta<br />

que tem planos para projetos fotográficos<br />

pessoais. Um deles é o que ela tira<br />

uma foto todo dia de algo que fez. Começou<br />

em seu aniversário, dia 20 de outubro,<br />

e vai até o próximo ano, na mesma<br />

data. “Caracteriza o que eu fiz. Depois<br />

de um ano eu posso não lembrar, mas eu<br />

tenho uma prova de que eu tava ali, eu<br />

tava viva, eu tava fazendo alguma coisa”.<br />

Pode parecer simples, mas é justamente<br />

na simplicidade que suas fotografias se<br />

mostram encantadoras e cumprem a missão<br />

de registrar emoções e sentimentos.<br />

Como falou sua avó quando pediu que<br />

ela fotografasse seu aniversário de 90<br />

anos: “existem vários fotógrafos por aí,<br />

mas nenhum tem a delicadeza e a sensibilidade<br />

da Mariana”.<br />

Simetria no corredor do metrô em Londres.<br />

Primeiro ensaio com estrutura de ensaio. Em<br />

Florianópolis, Santa Catarina.<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 9


FILMES E TV<br />

Cena do filme americano<br />

Pariah (2011) com a personagem<br />

principal, Alike.<br />

Foto: Divulgação<br />

AMOR<br />

ENTRE ELAS<br />

Pariah e O Perfume da Memória<br />

Os filmes desta edição falam de descobertas. Um das descobertas<br />

da sexualidade e da coragem de ser o que é. O outro do<br />

amor e do conflito entre a razão e a atração.<br />

10 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


Pariah (2011)<br />

Dirigido por Dee Rees, o filme se passa<br />

em Nova York, no Brooklyn, e conta a<br />

história de Alike (Adepero Oduye), uma<br />

garota de 17 anos está se descobrindo e<br />

em meio a dúvidas e conflitos busca suas<br />

primeiras experiências como lésbica.<br />

A palavra “Pariah” significa algo como<br />

uma pessoa excluída socialmente, que<br />

é o caso de Alike. Ela é negra, lésbica e<br />

não performa feminilidade. Apesar de<br />

quieta, boa aluna e filha, a garota enfrenta<br />

situações desconfortáveis. Os pais não<br />

aceitão a homossexualidade e parecem<br />

saber que a filha é lésbica, mas negam<br />

isso para si mesmos. Tanto que a mãe<br />

insiste para que ela use “roupas femininas”,<br />

se afaste da amiga lésbica e seja<br />

amiga da filha de uma colega da igreja.<br />

Se descobrindo no mundo, Alike busca<br />

coragem para ser quem ela realmente<br />

é e como qualquer jovem tenta entender<br />

seu estilo. Dividida entre uma personalidade<br />

“masculinizada”, “agrsseiva” e a<br />

outra mais calma e poética/artistica.<br />

A diretora conta que escreveu o roteiro<br />

baseada em algumas experiências<br />

próprias, como sua saída do armário. E<br />

de forma genuína ela conduz o filme de<br />

forma que o telespectador sinta o que a<br />

personagem sente, através de movimentos<br />

de camêra e luzes dos cenários.<br />

O Perfume da Memória (2016)<br />

O filme dirigido pelo músico Oswaldo<br />

Montenegro conta a história de amor<br />

de duas mulheres. Ana (Kamila Pistori) e<br />

Laura (Amandha Monteiro) são intensas,<br />

a primeira é apaixonada por cinema, poesia<br />

tudo que envolve arte, a segunda é<br />

uma poeta passando por um divórcio.<br />

A história acontece em apenas um dia,<br />

quando Ana vai à casa de Laura, antes de<br />

viajar de volta a Londres, porque precisava<br />

conhecê-la e mostrar sua admiração<br />

com seus textos e os sentimentos que lhe<br />

causaram. Laura está em casa triste, é<br />

seu aniversário mas o fim do casamento<br />

ainda a abala, e a visita de Ana, até então<br />

uma desconhecida, incomoda primeiramente<br />

por atrapalhar sua “fossa”e por falar<br />

dos textos que tinham sido mostrados<br />

para poucas pessoas. Mas Laura permite<br />

que ela entre e as duas se aproximam, se<br />

conhecem e se descobrem nessas poucas<br />

horas de encontro.<br />

Parecidas em tantas coisas e em tantos<br />

gosto, no amor elas discordam. Laura<br />

acredita que é bom mergulhar em paixões<br />

intensas e Ana acredita na efemeridade<br />

das relações de desejo.<br />

Em praticamente apenas um cenário,<br />

o filme se desenrola com a narração do<br />

diretor, as duas atrizes e duas musicistas<br />

que deixam o filme delicado e poético.<br />

Cena do filme brasileiro<br />

O Perfume da Memória<br />

(2016) com as personagens<br />

principais, Ana e<br />

Laura. Foto: Divulgação<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 11


REPORTAGEM<br />

Cena do casamento<br />

de Teresa (Fernanda<br />

Montenegro) e Estela<br />

(Nathalia Timberg), na<br />

novela Babilônia (2015).<br />

Foto: Divulgação<br />

A INVISI<br />

BILIDADE<br />

das lésbicas na terceira idade<br />

Envelhecer pode ser uma ideia ruim para muitas pessoas mas<br />

chegar a melhor idade sendo homossexual é ainda mais complicado,<br />

já que precisam encaram o preconceito pela idade e<br />

pela sexualidade.<br />

12 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


Ao chegar à terceira idade, o<br />

idoso passa por dificuldades,<br />

sofre preconceitos e é abandonado<br />

por uma sociedade<br />

que aprecia a juventude. Ser lésbica nessa<br />

sociedade é ser invisível e excluída.<br />

Muitas vezes elas acabam voltando para<br />

o armário para conseguir mais aceitação.<br />

Nos últimos anos, estudos e obras têm<br />

abordado cada vez mais a mulher lésbica<br />

como tema. Entretanto, são raros os que<br />

falam do envelhecimento da mulher e<br />

seu papel na sociedade. Em 2015, a telenovela<br />

Babilônia, da Rede Globo, mostrou<br />

o casal lésbico Teresa (Fernanda<br />

Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg)<br />

se beijando no primeiro capítulo. A rejeição<br />

do público foi grande e membros<br />

de igrejas evangélicas promoveram um<br />

boicote ao folhetim, que teve a participação<br />

das duas diminuída e as cenas de<br />

carinho cortadas ao longo das cenas. O<br />

que chocou além do beijo gay foi a ideia<br />

de que o idoso não pode ter uma sexualidade,<br />

principalmente mulheres e sem<br />

participação de homens. Outras obras já<br />

tiveram personagens homossexuais e a<br />

polêmica sempre existiu, já que a influência<br />

do modelo patriarcal e conservador<br />

ainda é forte culturalmente no Brasil.<br />

Mas a aversão ao casal de senhoras<br />

parece desproporcional se lembrarmos<br />

o casal Marcela (Luciana Vendramini) e<br />

Marina (Giselle Tigre), da novela Amor<br />

e Revolução do SBT, elas eram mais jovens.<br />

Ou ainda, as cenas de beijo e sexo<br />

entre Beatriz (Bruna Marquezine) e Julia<br />

(Leticia Colin) na série global Nada Será<br />

como Antes, que além de jovens faziam<br />

parte de um triângulo amoroso com um<br />

homem, a repercussão foi bem diferente,<br />

o episódio era aguardado e “bombou” na<br />

web, segundo alguns portais de notícias.<br />

A mulher lésbica ainda é muito erotizada,<br />

tanto que ao pesquisar sobre elas<br />

muitos conteúdos são de caráter sexual.<br />

Mas quando essas lésbicas envelhecem<br />

é como se não tivessem mais utilidade.<br />

Se hoje em dia as lésbicas conseguem<br />

se assumir e viver desta forma parte da<br />

responsabildade é de lutas que vem de<br />

décadas atrás, com o movimento feminista<br />

no Brasil que trouxe consciência e<br />

representatividade para questões lésbicas.<br />

Antigamente, os homossexuais sentiam-se<br />

unicos, não era comum conhecer<br />

outros gays, tanto que muitos chegam a<br />

maturidade sem entender a própria sexualidade.<br />

“Os gays aparecem mais, eles<br />

foram habituados a desde criança correrem<br />

atrás do que eles querem, brigar<br />

pelo que eles querem. E claro, eles usam<br />

isso no exercicio da sua homossexualidade.<br />

Isso se reflete mesmo hoje as lésbicas<br />

são muito mais embutidas, quietas, dentro<br />

de casa do que os gays”, fala a editora<br />

de livros Laura Bacellar para o programa<br />

É a vovózinha! da TV Brasil em 2012.<br />

A mulher lésbica<br />

ainda é muito erotizada,<br />

tanto que ao pesquisar<br />

sobre elas muitos conteúdos<br />

são de caráter sexual.<br />

Apesar da ideia comum de que ser<br />

lésbica na velhice pode ser algo solitário,<br />

tudo depende de como a pessoa leva<br />

a vida e suas escolhas ao longo dela. Para<br />

Bacellar, não ter a sexualidade clara na<br />

melhor idade e estar no armário pode ser<br />

duroe causar sofrimento. Mas estar aberta<br />

a isso é importante e apesar de conflituoso,<br />

ter a sexualidade clara, mesmo<br />

depois de mais velho é libertador. “Faça<br />

terapia. Vai lá, converse ‘isso está me<br />

incomodando’ ou ‘ eu quero sair do armário<br />

e não tenho coragem’. Peça ajuda,<br />

fale!” aconselha a advogada Hanna Korich,<br />

parceira de Bacelalr.<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 13


ENTREVISTA<br />

Chell<br />

E A MÚSICA<br />

Cantora, compositora, instrumentista,<br />

youtuber e publicitária. Chell Alberti,<br />

23, tem vários talentos e neste ano investiu<br />

em um que já a acompanhava: a música.<br />

Com influências de Mallu Magalhães,<br />

Chet Faker, Tom Custódio e Grimes a<br />

gaúcha, radicada em Goiânia, lançou<br />

seu primeiro EP homônimo através de<br />

um financiamento coletivo. Formada em<br />

publicidade, ela divide seu tempo entre<br />

o trabalho em uma agência e os ensaios e<br />

shows de divulgação.<br />

Fotos: Nathalia Mendes<br />

14 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


Como começou sua relação com a<br />

música?<br />

Quando eu era nova ganhei dos meus pais<br />

um teclado, aos poucos ele se tornou meu<br />

“brinquedo” favorito. Lembro que tinha<br />

um visor pequeno indicando onde os dedos<br />

deveriam ser posicionados pra fazer<br />

as notas, foi assim que tive meu primeiro<br />

contato com a música. Quando fiz 15 anos<br />

comprei meu primeiro violão, e com ajuda<br />

das revistinha e do pouco que eu entendia<br />

de internet na época, consegui aprender o<br />

básico pra começar as compor minhas próprias<br />

músicas.<br />

Como é seu processo de composição?<br />

O que costuma te inspira?<br />

Costumo compor sobre o que me causa incômodo,<br />

o que me deixa inquieta. A maioria<br />

das músicas que escrevo falam sobre dor,<br />

não necessariamente minha, mas é como se<br />

inspirasse a letra a sair. Tenho me esforçado<br />

para fugir um pouco disso, uma das duas<br />

novas músicas que toco nos shows tem uma<br />

pegada mais alegre, mais alto astral. Com<br />

o tempo acredito que o processo aconteça<br />

de forma mais orgânica e randômica, ainda<br />

tenho muito pra aprender.<br />

Como veio a ideia de gravar um EP<br />

e de fazer isso através de um financiamento<br />

coletivo?<br />

Até ano passado eu nunca tinha pensado<br />

em profissionalizar meu trabalho musical.<br />

Sempre gostei de cantar e compor para a<br />

família, amigos, etc, mas em 2016, encorajada<br />

pela minha namorada, postei algumas<br />

musicas autorais em nosso canal no YouTube.<br />

Como já havia um número considerável<br />

de inscritos os vídeos tiveram bastante<br />

visualizações, pra minha surpresa muitas<br />

pessoas haviam gostado. Entre elas, a vocalista<br />

de uma banda da minha cidade, que<br />

pouco depois de ver os vídeos entrou em<br />

contato com o interesse de produzir um EP<br />

com 5 músicas minhas. Veio dela também<br />

a ideia de fazer o financiamento coletivo.<br />

Na época, cheguei a perguntar nas redes<br />

sociais se as pessoas teriam interesse em<br />

conhecer mais do meu trabalho, que até<br />

então era conhecido apenas por pessoas<br />

próximas, e muitas me responderam que<br />

sim. A partir daí montamos o projeto e entramos<br />

em estúdio.<br />

“Costumo compor sobre<br />

o que me causa incômodo,<br />

o que me deixa inquieta.”<br />

O que você tem reparado da recepção<br />

das pessoas com seu trabalho?<br />

Fiquei muito feliz com o resultado do EP,<br />

desde seu lançamento tivemos uma aprovação<br />

grande do público e muitas criticas<br />

positivas ao trabalho, seguimos bem nas<br />

plataformas de streaming e estamos conseguindo<br />

chegar a mais pessoas a cada<br />

dia. As criticas negativas existem, sempre<br />

tem alguém pra te colocar pra baixo, mas<br />

me esforço muito pra guardar só o que vem<br />

de positivo e construtivo. Fico feliz quando<br />

alguém aponta algo que posso melhorar,<br />

mas tento ignorar quem fala só pra machucar.<br />

Você já tinha se apresentado em<br />

palcos antes mas como é estar em<br />

um palco num show seu, com suas?<br />

Eu já havia me apresentado com bandas de<br />

amigos, sempre fazendo alguma “ponta”<br />

no violão, ukulele ou escaleta, mas nunca<br />

com composições minhas. Pra falar a verdade,<br />

o processo até eu chegar no palco<br />

como “atração principal” foi longo, e ainda<br />

é algo que trabalho e tenho muito a melhorar.<br />

Por ser bastante tímida, a ansiedade<br />

me pega de jeito antes de cada show, mas<br />

depois que canto a primeira música fica fá<br />

cil me sentir a vontade. Gosto muito de estar<br />

no palco e ver pessoas que me querem<br />

bem felizes por estarem lá.<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 15


“Estar no palco me deixa<br />

imensamente feliz, mas<br />

ao mesmo tempo sou uma<br />

pessoa retraída”<br />

Você tem a carreira musical em<br />

paralelo com a carreira na publicidade.<br />

Como lida com as duas funções?<br />

Tento me dividir entre as duas, sinto que<br />

sou bastante “pé no chão” com a carreira<br />

musical, e apesar de gostar muito dela<br />

continuo no meu trabalho em horário comercial,<br />

mesclando ensaios e shows com a<br />

pauta da agência :)<br />

É um objetivo seu ter a música<br />

como “profissão principal”? Que<br />

dá retorno financeiro, paga as contas,<br />

etc.<br />

Estar no palco me deixa imensamente feliz,<br />

mas ao mesmo tempo sou uma pessoa<br />

retraída, que aprecia muito a calmaria, a<br />

casa, o cachorro, a família, então me soa estranho<br />

pensar em algo que fuja muito desse<br />

universo. Ainda não sei o que me espera no<br />

futuro, tenho muito a fazer, muito a aprender,<br />

muito a trabalhar e muito a estudar, até<br />

lá a única certeza que eu tenho é que vou<br />

me esforçar ao máximo em cada novo desafio<br />

que aparecer.<br />

Você já lançou EP, apareceu em<br />

listas do Spotify e lançou um clipe.<br />

Qual o próximo passo na carreira?<br />

Nesse ano realizamos muitas coisas, foram<br />

meses de trabalho duro pra gravar<br />

as músicas, lançar, divulgar, fazer shows<br />

e finalizar com o clipe, aprendi muito com<br />

todo esse processo mas sei que ainda tenho<br />

muito a aprender. Estamos discutindo<br />

como será o ano que vem, não tenho pressa<br />

e nem pretenção de ser uma grande artista<br />

da noite pro dia. Aprecio muito o planejamento<br />

detalhado, a calmaria na tomada das<br />

decisões, a conversa e principalmente o<br />

aprendizado. Certamente os próximos passos<br />

serão divulgados com o passar do tempo<br />

:’) No mais, espero que 2019 seja um ano<br />

bom pra todos nós.<br />

CANAL CHELL AND MAR<br />

Criado em 2015 pela Chell<br />

com a namorada Marcella<br />

Landeiro, 25, o canal tem conteúdo<br />

variado como covers,<br />

tags, assuntos LGBT e pessoais<br />

como profissão e o relacionamento<br />

de 6 anos das<br />

duas. Atualmente o canal tem<br />

mais de 100 mil inscritos e<br />

está em hiato.<br />

O EP CHELL<br />

Composto por cinco<br />

músicas, foi lançado<br />

em abril. Com canções<br />

doces ao som do<br />

violão, a artista retrata<br />

as simplicidades e<br />

delicadezas da vida<br />

e dos relacionamentos.<br />

Em outubro, o<br />

clipe da canção Não<br />

ache que é por mal<br />

for foi lançado no<br />

Youtube e já tem<br />

mais de 22 mil visualizações.<br />

16 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


MÚSICA<br />

Ana Muller em ensaio<br />

fotográfico. Foto: Sarah<br />

Diniz Outeiro<br />

Poesia na<br />

voz delas<br />

LAURA PERGOLIZZI & ANA MULLER<br />

As artistas dessa edição cantam e compõem sobre amor,<br />

relacionamentos reais e corações partidos. Com vozes<br />

marcantes elas conquistam nossos ouvidos e corações.<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 17


Laura Pergolizzi<br />

Conhecida como LP, é uma cantora e<br />

compositora nova-iorquina de 36 anos.<br />

Seu timbre de voz e seu estilo meio andrógino<br />

são elementos de sua pernonalidade<br />

que chamam atenção.<br />

Como compositora já escreveu para<br />

artistas como Cher, Rihanna e Backstreet<br />

Boys e como cantora já lançou quatro<br />

álbuns. A combinação da voz com letras<br />

sentimentais trazem músicas que são<br />

pura arte e poesia.<br />

Sobre ser lésbica ela já declarou: “Não<br />

é importante me provar como lésbica mas<br />

ainda assim visibilidade é importante.<br />

Somos pessoas normais como qualquer<br />

um. Tem tanta coisa pra se preocupar no<br />

mundo e com quem outra pessoa dorme<br />

não deveria ser da conta de ninguém”.<br />

LP em apresentação.<br />

Foto: cortesia<br />

para revista InStyle.<br />

Ana Muller<br />

A capixaba Ana Muller (na foto anterior),<br />

de 25 anos, já integrou da banda<br />

Aurora, conhecida no Espírito Santo, e<br />

recebeu prêmios pelo trabalho com o<br />

grupo. Em carreira solo ficou conhecida<br />

ao redor do Brasil ao postar suas músicas<br />

em plataformas da internet.<br />

Cantora e compositora, chama atenção<br />

pela voz forte em canções sentimentais,<br />

romanticas e até melancólicas. As influências<br />

ela diz que sempre mudam mas<br />

que o sertanejo raiz é uma referência que<br />

ela traz desde a infância como algo bonito<br />

e singelo que a inspira.<br />

Cantando em primeira pessoa suas experiências,<br />

a artista, muitas vezes incluída<br />

no gênero Nova MPB, quase desistiu<br />

da carreira por conta de uma depressão<br />

que a fez pensar em tirar a própria vida.<br />

Com o apoio da família e fãs, ela conseguiu<br />

passar por esse momento e em<br />

janeiro lançou seu primeiro EP.<br />

Não foi você que me frustrou<br />

Eu acho que fui eu<br />

Que me frustrei primeiro<br />

ANA MULLER - ESCOPO<br />

When you get older, plainer, saner<br />

Will you remember all the danger<br />

we came from? LP - LOST ON YOU<br />

Playlist da edição<br />

1. Ressignificar - Ana Muller<br />

2. Lost on You - LP<br />

3. Feelings - Hayley Kiyoko<br />

4. Ventre Livre de Fato - Luana Hansen<br />

5. Not a Love Song - Uh Huh Her<br />

6. Me Chama pra Dança - Chell<br />

7. I Wrote the Book - Beth Ditto<br />

8. Camarim - Camila Garófalo<br />

9. Secrets - Mary Lambert<br />

10. Meia Lua Inteira - Ellen Oléria<br />

11. Por Enquanto - Cássia Eller<br />

12. Closer to Fine - Indigo Girls<br />

13. Esquadros - Adriana Calcanhoto<br />

14. Closer - Tegan and Sara<br />

15. Duas Meninas - Karla da Silva<br />

18 | DEZ 2017 | N. 1 | LILLA


LILLA INDICA<br />

Literatura<br />

NATÁLIA BORGES POLESSO<br />

O livro de contos Amora traz histórias<br />

de romances e desilusões amorosas de<br />

mulheres lésbicas.<br />

A autora, que é lésbica,, respondeu ao<br />

portal Nonada, que por mais que muitas<br />

pessoas possam consideram a publicação<br />

como um “livro-que-fala-sobre-relacionamento<br />

homoafetivo”, ele não é limitado<br />

a isso. É um livro com protagonismo<br />

lésbico mas as histórias não são voltadas<br />

só a elas ou público LGBT, mas sim para<br />

um público geral que gosta de contos.<br />

Lançado pela editora Não Editora, em<br />

2016, ganhou o Prêmio Jabuti na categoria<br />

Contos e Crônicas no mesmo ano.<br />

A autora do livro Amora,<br />

Natália Borges Polesso.<br />

Foto: Amanda Gracioli<br />

Internet<br />

CANAL LOUIE PONTO<br />

A youtuber, de Florianópolis (SC), é formada<br />

em Letras Português pela UFSC. Em<br />

seu canal, criado em 2008 para postar covers.<br />

Hoje, além dos covers, ela publica<br />

canções próprias, e conteúdos que vão de<br />

temas polêmicos a entretenimento.<br />

Em agosto, a catarinense divulgou dois<br />

vídeos para a playlist #VisibilidadeLésbica,<br />

em que vários canais falaram sobre o<br />

tema. Louie entrevistou mulheres que falaram<br />

como é ser lésbica e como se descobriram<br />

assim.<br />

HQ<br />

Louie Ponto produz<br />

conteúdo para seu canal.<br />

Foto: Divulgação<br />

Imagens: lovelove6<br />

GAROTA SIRIRICA<br />

Série de quadrinhos produzidos<br />

pela artista Lovelove6 desde 2013. As<br />

histórias contam as relações sexuais<br />

e intímas da Garota Siririca, que sabe<br />

explorar e aproveitar seu corpo. A masturbação,<br />

pêlos, cheiros não são tabu<br />

para a garota mente aberta.<br />

Leia e contribua no site: lovelove6.com<br />

LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 19


LILLA<br />

UNIVERSO LÉSBICO | N. 1 | dezembro 2017<br />

Chell<br />

E A MÚSICA<br />

a cantora e instrumentista<br />

fala sobre o lançamento<br />

de seu primeiro EP e clipe<br />

PERFIL<br />

Feminismo e representatividade<br />

pelas lentes<br />

de Mariana Smânia<br />

COTIDIANO<br />

Rejeição familiar: mais<br />

um obstáculo na vida<br />

dos homossexuais

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