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CONJUNTO ATEMPO Música <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média 18 O conjunto <strong>de</strong> música medieval Atempo foi formado em 1992 e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, tem tido viva atuação no panorama <strong>da</strong> música antiga no Brasil. Apresenta-se em concertos, participa <strong>de</strong> festivais e seminários, e publica artigos em edições universitárias e na internet. A formação musical acadêmica, bem como e a especialização <strong>de</strong> seus integrantes no Centro <strong>de</strong> Música Medieval <strong>de</strong> Paris, <strong>de</strong>ram ao Atempo os fun<strong>da</strong>mentos necessários para interpretar os seus repertórios com base na teoria e no contraponto <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média. O estudo, a seleção e a adoção <strong>de</strong> elementos musicais <strong>de</strong> certas tradições orais têm sido um meio complementar que inspiram os trabalhos do conjunto, já que a monofonia, a orali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> improviso são pontos <strong>de</strong> contato entre tradições orais vivas e práticas musicais manifesta<strong>da</strong>s na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média. Seus integrantes estão constantemente envolvidos em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que vão <strong>da</strong> transcrição, arranjo e interpretação <strong>de</strong> peças musicais <strong>de</strong> manuscritos <strong>de</strong> época, ao estudo iconográfico, construção, a<strong>da</strong>ptação e afinação <strong>de</strong> instrumentos musicais, com base em mo<strong>de</strong>los e referências medievais. Essa busca vem se refletindo no enriquecimento do repertório e na <strong>de</strong>finição do perfil do Atempo. Em 2001 o conjunto lançou O Trovador <strong>da</strong> Virgem (Sono-Viso Vozes), <strong>de</strong>dicado às Cantigas <strong>de</strong> Santa Maria <strong>da</strong> corte do Rei Afonso X, o Sábio (1252-1284), obtendo com ele notas e críticas favoráveis. Seu segundo álbum, Estilo novo, nova arte: polifonia <strong>de</strong> Florença e Verona do século XIV foi lançado em 2011, com o patrocínio <strong>da</strong> Petrobras. Notas Se os instrumentos musicais <strong>de</strong> orquestra são hoje classificados por famílias como cor<strong>da</strong>s, ma<strong>de</strong>iras, metais, etc., na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média a lógica era diferente. Apesar <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> época, os instrumentos eram basicamente agrupados sob a categoria <strong>de</strong> “altos” e “baixos”. Dentre os “baixos” figuravam alaú<strong>de</strong>s, harpas, saltérios, flautas transversais, pequenos órgãos, enfim, todos aqueles <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> sonora mo<strong>de</strong>sta ou mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> e que “funcionavam” melhor entre si e em ambientes fechados, como casas, pequenos salões ou recantos naturais protegidos <strong>de</strong> barulho. Produziam uma música mais reserva<strong>da</strong>, que hoje chamamos <strong>de</strong> camerística. Já <strong>de</strong>ntre os instrumentos “altos”, somam-se os <strong>de</strong> palheta em geral, como as charamelas, as gaitas <strong>de</strong> foles, os trompetes e também um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> percussões para acompanhá-los. Em um mundo sem amplificação artificial do som, esses eram mais requisitados para espaços ao ar livre: nas praças, nas ruas (especialmente em procissões), nos pátios <strong>de</strong> festas e banquetes, mas também em gran<strong>de</strong>s salões. No programa <strong>de</strong> hoje predominam portanto os instrumentos “baixos”, em sua maioria <strong>de</strong> sopro, mas não só! Sopros <strong>da</strong> Baixa I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média apresenta flautas doces, flauta transversal, uma <strong>de</strong> três furos conheci<strong>da</strong> como galubé, uma gaita <strong>de</strong> foles “suave” (para uma gaita!) e órgãos portativos – um soprano e outro tenor – que, é claro, também são constituídos <strong>de</strong> flautas, sendo uma para ca<strong>da</strong> nota do instrumento. Complementam a nossa formação vielas <strong>de</strong> arco (cor<strong>da</strong>s fricciona<strong>da</strong>s), varia<strong>da</strong>s percussões, sinos e o curioso clavicímbalo, construído <strong>de</strong> acordo com uma planta do fim <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média.