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LUTO<br />
SÃO VICENTE<br />
<strong>JORNAL</strong> <strong>VICENTINO</strong><br />
12 de Maio de 2018 3<br />
Maria dos Remédios<br />
deixa legado e saudade<br />
Amigos, familiares, e grupos esportivos prestaram últimas homenagens à atleta<br />
Na tarde da última<br />
quinta-feira, foi<br />
realizado o velório<br />
e o enterro do do corpo<br />
de Maria dos Remédios<br />
Castro, no Cemitério<br />
Metropolitano de São Vicente.<br />
Centenas de pessoas<br />
visitaram o local para<br />
se despedir da atleta radicada<br />
em São Vicente,<br />
que morreu na última<br />
quarta-feira (9), aos 48<br />
anos.<br />
Natural do Maranhão,<br />
a atleta era conhecida<br />
pelo carisma e dedicação.<br />
Uma imagem que ficará<br />
marcada, como comentou<br />
Maria dos Anjos Campos,<br />
irmã da maratonista. “Ela<br />
era uma irmã maravilhosa,<br />
muito presente. Um<br />
dos maiores símbolos<br />
que ela deixa para as pessoas<br />
é a de ser uma pessoa<br />
muito guerreira e o<br />
sorriso maravilhoso que<br />
ela tinha”.<br />
O carisma de Maria<br />
dos Remédios ficou comprovado<br />
em sua despedida.<br />
A família se surpreendeu<br />
com o carinho de<br />
amigos, alunos e fãs. “A<br />
gente tinha conhecimento<br />
do quanto ela era querida,<br />
mas é nessas horas<br />
a gente vê a grandiosidade.<br />
Não tínhamos noção<br />
dessa relevância”.<br />
Muitos dos alunos e<br />
parceiros esportivos da<br />
maranhense estiveram<br />
presentes no velório,<br />
como os participantes do<br />
programa Mudança de<br />
Hábito, idealizado e comandado<br />
por Maria dos<br />
Remédios. Também compareceram<br />
atletas da região<br />
e companheiros de<br />
treinos, como José Otaciano<br />
da Silva, conhecido<br />
como José “Bolt”.<br />
O atleta vicentino tornou-se<br />
amigo de Maria<br />
dos Remédios por meio<br />
da corrida. “Depois que a<br />
conheci, minha vida mudou.<br />
Fui incentivado a correr<br />
e, além do esporte,<br />
estudar. De porteiro, me<br />
tornei eletricista. Ela sempre<br />
me dizia: ‘faz, vai te<br />
abrir oportunidades diferentes,<br />
sua vida terá outro<br />
destino’. Hoje, sou grato<br />
a ela por tudo o que<br />
conquistei”.<br />
Mais do que a grande<br />
incentivadora, Maria era<br />
como uma mãe para Bolt.<br />
“Eu me acostumei a chamá-la<br />
de ‘mãe Maria’.<br />
Como não tinha filhos, ela<br />
me abraçou e me adotou”.<br />
LEGADO<br />
Bolt fala que pretende<br />
representá-la em sua vida<br />
esportiva. “Esse nome<br />
que está na minha camisa,<br />
Maria dos Remédios,<br />
eu vou levar sempre comigo<br />
em todas as provas.<br />
Em qualquer lugar do<br />
mundo, eu esse nome<br />
estará no meu peito”.<br />
O legado não ficará nas<br />
lembranças e homenagens.<br />
Conforme Maria dos<br />
Anjos, irmã da atleta, familiares<br />
e amigos irão lutar<br />
para que seus projetos<br />
pessoais tenham continuidade.<br />
“Isso não pode terminar<br />
assim. Tem muita<br />
gente envolvida, gente<br />
que teve a vida mudada e<br />
que ainda precisa de<br />
apoio. Esses projetos têm<br />
de continuar”.<br />
Radicada em São Vicente,<br />
atleta era referência na Região<br />
Maria dos Remédios<br />
ocupava o cargo de chefe<br />
de departamento da<br />
Secretaria de Esportes<br />
(Sespor) de São Vicente.<br />
Formada em Educação<br />
Física pela Unimes, a<br />
atleta de 48 anos acumulou<br />
em sua vida esportiva<br />
diversos títulos<br />
no pedestrianismo.<br />
No domingo passado<br />
(6), foi homenageada<br />
com a “Corrida do Trabalhador<br />
– Maria dos Remédios”,<br />
realizada na<br />
Praia do Itararé, prova<br />
que arrecadou quase uma<br />
tonelada de alimentos<br />
destinados ao Fundo Social<br />
de Solidariedade de<br />
São Vicente.<br />
TRAJETÓRIA – Nascida<br />
em São Luís (MA) e radicada<br />
em São Vicente, Maria<br />
dos Remédios começou a<br />
correr aos 22 anos. Inicialmente,<br />
dividia o esporte<br />
com atividades que lhe garantiam<br />
remuneração.<br />
Neste contexto, foi babá,<br />
massagista, passadeira de<br />
roupas e empregada doméstica.<br />
Apaixonada pelo<br />
esporte conseguiu patrocinadores<br />
e, com muito esforço,<br />
concluiu a faculdade<br />
de Educação Física.<br />
Os resultados positivos<br />
na carreira de atleta<br />
confirmavam a vocação.<br />
Conquistou seis vezes o<br />
Campeonato Santista de<br />
Pedestrianismo. Em 2012,<br />
alcançou aquilo que ela<br />
própria considerou o auge<br />
da carreira: medalha de<br />
ouro na Meia Maratona A<br />
Tribuna – Praia Grande.<br />
Na ocasião, aos 43 anos,<br />
chegou a declarar. “Agora,<br />
sim, me considero uma<br />
atleta de elite. Até então,<br />
não conseguia me ver dessa<br />
forma”.<br />
Pouco antes, chegou a<br />
ficar um ano afastada dos<br />
treinamentos, depois de<br />
ter cistos no ovário e um<br />
mioma no útero. Evitava<br />
tocar no assunto, mesmo<br />
após ter superado a doença.<br />
“Não gosto de pensar<br />
nisso. Prefiro focar<br />
nas coisas boas”. Dentre<br />
essas práticas positivas,<br />
estava um projeto de<br />
aula de dança pública<br />
para mulheres. As atividades<br />
semanais ocorriam<br />
na Praça Tom Jobim.<br />
Maria dos Remédios,<br />
a mulher que viveu 12<br />
anos na roça maranhense,<br />
era casada e morava<br />
no Gonzaguinha. Morreu<br />
aos 48 anos, deixando<br />
uma imagem vibrante de<br />
superação e força. “Venceu<br />
obstáculos da vida<br />
com o mesmo vigor que<br />
venceu tantas provas na<br />
carreira”, comentou o<br />
prefeito Pedro Gouvêa.