Revista +Saúde - 12ª Edição
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PRESBIOPIA<br />
28,<br />
PRESBIOPIA<br />
Mecanismo de acomodação<br />
Um dos principais motivos para a procura de pacientes<br />
ao consultório oftalmológico é o erro refrativo, que é a necessidade<br />
de lentes corretivas para melhor foco. Cerca de 80<br />
a 90% da população apresenta algum tipo de distúrbio desse<br />
tipo. Porém, existe um tipo de alteração, que cursa com o<br />
envelhecimento normal de nossos olhos e acomete 100% da<br />
população após certa idade. Trata-se da presbiopia. Conhecida<br />
também popularmente como “vista cansada”, trata-se de<br />
um processo natural de envelhecimento do nosso mecanismo<br />
de foco para perto.<br />
Acomodação<br />
Quando olhamos para perto, utilizamos um esforço muscular<br />
conhecido no meio médico como esforço de acomodação.<br />
Esse processo envolve uma lente interna dos nossos<br />
olhos chamada de cristalino, que quando somos jovens é bastante<br />
maleável, alterando seu formato de acordo com a ação<br />
de um músculo que fica ao seu redor, chamado de músculo<br />
ciliar. Quando temos a intenção de focalizar algo que esteja<br />
próximo (+ ou – 35cm); essa musculatura se contrai e faz<br />
com que nosso cristalino adquira um formato mais curto e<br />
convexo, aumentando sua capacidade de convergir os raios e<br />
focar a imagem sobre a retina. Já quando olhamos para algo<br />
distante, esse músculo relaxa e o cristalino assume uma forma<br />
mais delgada e menos convexa, focalizando os raios também<br />
sobre a retina. Acontece que com o passar dos anos, tanto a<br />
musculatura ciliar se torna mais frágil, quanto o cristalino,<br />
devido a mudança de suas proteínas, se torna mais rígido e<br />
menos maleável, ficando o processo de acomodação mais pobre.<br />
Resultado disso, o paciente que não tinha qualquer dificuldade,<br />
ou que usava a mesma graduação de óculos para longe<br />
e perto, começa a se queixar de dificuldade para enxergar<br />
letras de livros, celular, costurar, etc. Trata-se da presbiopia,<br />
que costuma acontecer entre 38 e 42 anos mais comumente.<br />
Sintomas da presbiopia:<br />
• O paciente começa a se queixar de ter que afastar o braço<br />
para ler (“braço ficando curto”);<br />
• Dores de cabeça quando passa muito tempo no celular,<br />
computador, costurando;<br />
• Necessidade de muita luz para ler;<br />
• Sensação de olhos cansados no fim do dia.<br />
As opções de tratamento:<br />
• Óculos monofocais com lentes corretivas somente para<br />
perto, quando o paciente não apresenta qualquer dificuldade<br />
para longe;<br />
• Óculos multifocais, contendo correção para longe, visão<br />
intermediária e perto, os quais causam certa dificuldade inicial,<br />
até o paciente se adaptar a região do óculos que é usada<br />
para focar longe e perto;<br />
• Lentes de contato multifocais, as quais somente obtém-<br />
-se bom resultado em determinado tipo de pacientes;<br />
• Báscula com lentes de contato, onde deixamos um olho<br />
com 100% de visão para longe e hipocorrigimos o outro olho,<br />
visando melhora da acuidade visual para perto e o cérebro se<br />
encarrega de desviar a atenção para o olho melhor focado,<br />
dependendo do que se quer focar (esse método é bastante utilizado,<br />
porém não deve ser utilizado para todas as atividades<br />
diárias);<br />
• Cirurgia refrativa com implante de lentes intraoculares.<br />
Esse tipo de procedimento é utilizado na maioria das vezes<br />
em casos de perda da transparência do cristalino (CATARA-<br />
TA), com implante de lentes intraoculares Bi e Trifocais, visando<br />
a maior independência dos óculos.<br />
“Mas doutor, minha avó tem 80 anos e costura bem!”<br />
Concordo, isso é possível, pois com a idade, o cristalino<br />
fica mais homogenizado (fases iniciais de catarata), aumentando<br />
assim seu poder de convergir e “miopizando”, fazendo<br />
com que melhore a visão de perto e piore a de longe.<br />
“Mas doutor, existe alguma forma de se evitar de ficar<br />
présbita?”<br />
Infelizmente não. Apesar de alguns falsos especialistas,<br />
que não são oftalmologistas, difundirem em redes sociais<br />
exercícios para evitar erros refrativos, catarata e outras alterações<br />
oculares, isso ainda não é possível com o que temos de<br />
conhecimento até então.<br />
“Posso usar aqueles óculos vendidos em lojinhas que<br />
vem com os graus prontos?”<br />
Esses óculos possivelmente “quebrarão um galho” de<br />
forma bem provisória, pois em primeiro lugar são feitos com<br />
lentes de baixa qualidade para conseguir baratear o seu valor,<br />
além de sempre conter o mesmo grau em ambos os olhos e<br />
não corrigir erros cilíndricos (astigmatismo). Não podemos<br />
nunca compará-los aos óculos feitos sob medida, contendo a<br />
correção completa do grau de cada olho, com lentes de melhor<br />
qualidade, feitas em ópticas, com a medida da distância<br />
naso-pupilar e montagem adequada dos óculos.<br />
“Se eu usar esses óculos para perto meus olhos vão viciar<br />
neles? Se não usar pode demorar mais para eu precisar?”<br />
Nem uma coisa, nem outra. O fato de você utilizar seus<br />
óculos vai proporcionar apenas uma visão melhor focada.<br />
Com o tempo irá acontecer de sua acomodação diminuir independente<br />
do uso ou não dos óculos. Não será decorrente do<br />
uso dos mesmos. O fato de não usá-los somente irá privá-lo<br />
de uma visão mais focada.<br />
“Esse grau de perto vai ficar aumentando para sempre?”<br />
Não, geralmente próximo dos 60 anos, a atividade do<br />
músculo ciliar fica nula e passamos a adição (diferença entre<br />
o grau de longe e perto) máxima.<br />
“Vou ter que usar aqueles óculos feios com uma divisória?”<br />
Não necessariamente. Aqueles óculos que possuem uma<br />
“meia-lua” embaixo, chamados de bifocais, estão caindo em<br />
desuso, pois hoje possuímos os multifocais, que além de esteticamente<br />
melhores (não possuem divisa por serem progressivos),<br />
não causam a sensação de salto de imagem que os primeiros<br />
possuem. Hoje, reservamos as prescrições de bifocais<br />
para pacientes que já usam e estão habituados com esse tipo<br />
de correção.<br />
Dr. Thiago Berlingeri Riva<br />
CRM - 12598/GO<br />
Oftalmologista com Título de Especialista pelo CBO e MEC<br />
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GUIA NAS PÁGINAS 06 E 07