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PORTFÓLIO SUSANA GAUDÊNCIO

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“(…) na realidade, não é só aos homens que cada um<br />

de nós está ligado por um sistema de influências, é<br />

também aos objectos. Portanto, sou obrigado a utilizar<br />

uma nova definição, segundo a qual uma sociedade é<br />

um conjunto de pessoas e de objectos, ligados por um<br />

sistema de influências.”<br />

Sobre a estranheza do mundo contemporâneo, o<br />

filósofo Odo Marquard (1999) declara que “os<br />

inúmeros avanços científicos e técnicos existentes<br />

numa sociedade impõem um obstáculo acrescido<br />

aos indivíduos em adquirir e empregar a<br />

experiência num mundo onde o que é familiar e<br />

próximo rapidamente se torna estranho.” Esta<br />

estranheza pode ser fruto de um processo de<br />

aceleração da vida e do quotidiano, no qual<br />

convergem, por exemplo: uma determinação mais<br />

obscura das origens de certos problemas; uma<br />

divisão do poder mais volúvel; uma fronteira no<br />

acesso ao poder; adversários ocultos; alterações<br />

drásticas no ambiente à nossa volta – rural ou<br />

urbano, a rápida obsolescência dos objectos, os<br />

nossos incontáveis heterónimos sociais e em rede.<br />

Tudo colabora para sentirmos o mundo mais<br />

nebuloso e ambíguo, vítimas e habitantes de uma<br />

caixa de Pandora, numa variante revista e<br />

aumentada.<br />

incontáveis heterónimos sociais e em rede. Tudo colabora<br />

para sentirmos o mundo mais nebuloso e ambíguo,<br />

vítimas e habitantes de uma caixa de Pandora, numa<br />

variante revista e aumentada.<br />

“Objectos de companhia para um mundo aparentemente<br />

continuo” habita esta estranheza e estará organizada<br />

numa lógica de conteúdos fragmentária ou em aberto. É<br />

um registo de caminhadas inacabado – entende-se aqui a<br />

caminhada, como método ancestral de viagem crítica,<br />

narrativo, que catalisa o conhecimento, o acto artístico e a<br />

ficção.

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