RME - ED4
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Nº 04<br />
MURILO GUN<br />
Empresário, humorista, apresentador, palestrante, professor... Nesta<br />
entrevista ele fala um pouco de como passou por tantas transições de<br />
carreira e claro, sobre criatividade e suas aplicações no mundo de hoje.<br />
#EMPREENDASUAVIDA<br />
Profissional “T”: Que tipo de profissional<br />
é esse que vem ganhando cada vez<br />
mais espaço dentro das empresas?<br />
#MARKETING<br />
Descubra este canal de vendas para sua<br />
empresa e entenda seus benefícios.<br />
#CAPITALISMOCONSCIENTE<br />
Entenda os 4 princípios que norteiam<br />
esse novo tipo de empresa e transforme<br />
a sua numa empresa consciente.
01 | Conversão<br />
O QUE SE LEVA DESSA VIDA,<br />
É A VIDA QUE SE LEVA<br />
Jim Rohn diz que “somos a média das 5 pessoas<br />
com quem mais convivemos”, a psicanálise diz que<br />
nós somos o lugar (ambiente em que vivemos), Jesus<br />
disse que somos os galhos de uma videira é que<br />
precisamos estar ligados ao tronco para termos vida.<br />
O fato é que somos seres que precisam se conectar<br />
sempre a algo de alguma forma. Em busca disso<br />
se descobriu o fogo, se foi à Lua pela primeira vez,<br />
agora queremos chegar à Marte, vieram os bate papos,<br />
redes sociais, internet 3G e etc. Nós queremos<br />
nos conectar a pessoas, lugares, histórias, empresas.<br />
Agora, trazendo isso para um lado mais pessoal,<br />
individual, gostaria que pensasse: a que eu estou ligado<br />
hoje? E através de que estou ligado nisso?<br />
Vou te dar um exemplo: esta revista que você lê<br />
agora. Já completamos 1 ano do lançamento da primeira<br />
edição. Somos mais de 20 pessoas na equipe<br />
+ os entrevistados e pessoas que nos enviam seus<br />
textos para curadoria e publicação o que contabiliza<br />
mais de 50 colaboradores envolvidos na produção<br />
das 3 edições que já lançadas..<br />
Cada um de nós concilia essa atividade com outra(s),<br />
pois o nosso trabalho é colaborativo, ninguém<br />
tem ganhos financeiros com a revista. Mesmo assim<br />
damos o nosso melhor a cada edição para trimestralmente<br />
trazer pra você conteúdo relevante que te<br />
ajude a ser um empreendedor , uma pessoa melhor.<br />
Nesse 1 ano de estrada tem algo que nos conecta<br />
e a diversas outras pessoas seja divulgando, lendo,<br />
compartilhando, distribuindo a nossa revista. Esse<br />
algo, essa “liga” eu digo que é o nosso propósito.<br />
Pessoas sem propósito são traduzidas naquela<br />
frase: “pra quem não sabe onde quer ir, qualquer<br />
caminho serve”. Uma pesquisa feita pela United Way<br />
em 5 países aponta que ao passo que funcionários<br />
de empresas se sentem infelizes em trabalhar apenas<br />
pelo salário, aumenta significativamente o número<br />
de pessoas que se inscrevem para trabalhar<br />
em ONGs, obras de caridade, instituições filantrópicas,<br />
onde trabalham de forma gratuita.<br />
Faço parte de uma instituição religiosa há 12 anos.<br />
Nesse período eu vi o número de pessoas ligadas<br />
a ela passar de 400 pessoas em média para 3.000<br />
(sem contar as que já não estão mais conosco) e vemos<br />
esse número crescer sem parar a cada dia no<br />
Brasil, África, Europa, nas fronteiras do Brasil. Inclusive<br />
pessoas que deixam seus empregos, casas, até<br />
bens, para se dedicar ao voluntariado porque encontraram<br />
o que lhes faltava: um propósito, algo pelo<br />
que lutar, suar, sofrer (por que não?).<br />
Por que começamos essa edição assim? Porque<br />
aqui falamos sobre Mindset, e segundo Carol Dweck<br />
- psicóloga PhD e pesquisadora - ele influencia diretamente<br />
em tudo na nossa vida e também é influenciado<br />
pela forma que vivemos.<br />
Mindset é a forma com que encaramos o que nos<br />
acontece, mas também o que nos cerca. Atualmente,<br />
ter um propósito faz toda diferença. E quanto antes<br />
você descobrir o seu, melhor para a sua empresa.<br />
Ter um propósito claro na vida é saber onde se<br />
Colaboradores<br />
Paula<br />
Trindade<br />
Gustavo<br />
Brandão<br />
Naia<br />
Maciel<br />
Vasco<br />
Patú<br />
Thomas<br />
Eckshmidt<br />
Thais<br />
Guedes<br />
Samara<br />
Pedroso<br />
Jonatan<br />
Rodrigues<br />
Antonio<br />
Rodrigues<br />
Hudson<br />
Roza<br />
Sabrina<br />
Marques<br />
Filipe<br />
Macanhão<br />
André<br />
Carvalho<br />
Rodrigo<br />
Noll<br />
Marcel<br />
Fukayama<br />
Leandro<br />
Reinaux
Conversão | 02<br />
quer chegar - e, sobretudo, dispor da energia necessária<br />
para enfrentar a trajetória, que certamente não<br />
será fácil.<br />
Ter um propósito é ter algo a entregar de fato.<br />
A revolução da nova era mora nos negócios e pessoas<br />
que possuem como propósito a capacidade de<br />
todos os dias fazerem pequenas coisas com enorme<br />
amor. Isso tem sido amplamente divulgado no mundo<br />
dos negócios!<br />
Veja o que estão dizendo por aí:<br />
“As organizações SEM propósito e que não cuidam<br />
das pessoas irão desaparecer”. - Ruy Shiozawa<br />
- CEO do Great Place to Work Brasil<br />
“Uma empresa sem propósito claro nunca terá sucesso”<br />
Vinicius Roveda - CEO da ContaAzul<br />
Finalizo este texto com esta frase: “Há dois dias<br />
importantes na sua vida: o dia em que nasceu e o dia<br />
em que descobriu por quê” - Mark Twain.<br />
Empresas com propósito tem feito a diferença<br />
no mundo. São feitas por pessoas que tem também<br />
um objetivo alinhado com o da empresa e por isso<br />
vestem a camisa de uma forma total, e isso sucesso<br />
é benéfico. Não se esqueça, você só alcançará o<br />
sucesso quando souber o seu propósito. O mundo<br />
vem mudando e rapidamente, novos problemas, desafios,<br />
demandas e oportunidades vão aparecendo<br />
para quem consegue ser dinâmico e perceber o que<br />
acontece ao seu redor. Se você já perdeu muito tempo<br />
empurrando seu trabalho, sua empresa, sua equipe,<br />
sua função, sua família com a barriga, você pode<br />
agora mesmo parar e perceber que um erro na vida<br />
não quer dizer uma vida de erros.<br />
Pelo que você quer lutar?<br />
Pelo que você pode sofrer, pagar um preço?<br />
Para abraçar, o que você precisa abrir mão?<br />
Como você quer ser lembrado?<br />
Que sonho você quer realizar?<br />
Como você quer se destacar na sua empresa?<br />
O que você quer deixar para seus filhos?<br />
Para o amanhã?<br />
O que você pode fazer pelo mundo?<br />
Não importa se você já “está atrasado” porque<br />
perdeu tempo, se está começando agora, se nem<br />
sabe qual o seu propósito, qual o da sua empresa<br />
ou da que você está pensando em abrir, qual o foco<br />
daquela ideia que você está maturando, estudando.<br />
Encontre um propósito e encontrará o sucesso.<br />
Boa leitura para você!<br />
*Aproveite e conte sua experiência com a<br />
nossa revista, nos mande sugestões, críticas,<br />
ou apenas podemos conversar sobre os temas<br />
que abordamos em nossas edições, manda um<br />
e-mail para contato@revistamindset.com.br e<br />
será um prazer retornar pra você.<br />
Lourenço Silva<br />
Missionário, empreendedor e<br />
entusiasta do empreendedorismo,<br />
apaixonado por liderança, gestão<br />
de pessoas e colaboratividade.<br />
Gustavo<br />
Campos<br />
Vitor<br />
Rodrigues<br />
Pamela<br />
Santos<br />
Raniel<br />
Jesus<br />
Renato<br />
Ranzani<br />
Assinatura: tinyletter.com/revistamindsetexponencial<br />
Redação e Sugestões: contato@revistamindset.com.br<br />
Editor Revisão Redação Marketing Convidado Arte
Conteúdo<br />
07 11 15 37<br />
O hardware e<br />
o software da<br />
motivação<br />
Lidere!<br />
10 alimentos que<br />
vão triplicar sua<br />
produtividade<br />
diária<br />
Lifehack<br />
Eu preciso<br />
mesmo de termo<br />
de uso e política<br />
de privacidade?<br />
E aí, Doc?<br />
Neuromarketing<br />
Marketing<br />
05 Vontade de Investir vs. Medo de errar<br />
Sua Voz<br />
10 Temos que sair da mediocridade<br />
Educação Empreendedora<br />
13 O que você quer ser quando crescer?<br />
Sua Voz<br />
25 Como conseguir os primeiros clientes?<br />
Vendas<br />
27 É necessário pensar dentro da caixa!<br />
Um olhar cuidadoso sobre o cliente<br />
Branding
19<br />
Entrevista<br />
Murilo Gun
05 | Sua Voz<br />
Vontade<br />
de investir<br />
VS<br />
Medo<br />
de errar<br />
Dilemas da tecnologia<br />
Imagem: Freepik
Sua Voz | 06<br />
A tecnologia avança de forma exponencial a cada<br />
ano que passa, ou melhor, a cada dia. E vemos hoje<br />
que o cenário digital nunca pareceu tão sólido, mas<br />
também tão imprevisível.<br />
Essa situação gera uma dúvida enorme na cabeça<br />
de pessoas que estão decididas em investir em novas<br />
tecnologias. “E se daqui a pouco tempo ninguém<br />
quiser usar essa tecnologia? E se eu colocar tempo e<br />
esforço nisso para no fim não ter resultado algum?”<br />
Essas dúvidas são comuns quando vemos várias<br />
tecnologias consolidadas acabando aos poucos.<br />
Orkut, MSN, DVD entraram para esse time. Mas<br />
quem consegue entender os riscos reais e focar nas<br />
soluções pode fazer um investimento certo em tecnologias<br />
inovadoras e diferenciadas.<br />
A participação dos sócios da Flex Interativa no<br />
programa Shark Tank Brasil reflete justamente isso.<br />
A empresa, pioneira na produção de conteúdo interativo<br />
com quase vinte anos de experiência na web,<br />
que agora investe pesado em realidade aumentada e<br />
realidade virtual, conquistaram uma façanha.<br />
Os sócios conseguiram fazer com que quatro dos<br />
cinco tubarões tivessem interesse na proposta da<br />
empresa que era de meio milhão de reais por uma<br />
pequena porcentagem de participação. Os sharks fizeram<br />
propostas e os sócios aceitaram aquela que<br />
envolviam dois tubarões juntos.<br />
Apesar disso, alguns questionamentos foram levantados<br />
durante o programa. O primeiro deles é de<br />
que as pessoas ainda não sabem como realmente<br />
funcionam esses conceitos. E isso é a mais pura verdade.<br />
As tecnologias de realidade virtual ainda não<br />
estão acessíveis para todos. É algo relativamente<br />
novo que não se popularizou, pelo menos por enquanto.<br />
Mas será que isso não aconteceu com todas<br />
as outras tecnologias inovadoras que surgiram ao<br />
longo das últimas décadas?<br />
Um outro questionamento é de que essa tecnologia<br />
é assustadora. E realmente é. Mas pensando bem,<br />
até alguns poucos anos atrás, era difícil de imaginar<br />
que pessoas teriam nas mãos equipamentos que<br />
fossem capazes de conectá-las, em qualquer lugar<br />
que estejam, rapidamente com alguém na Austrália<br />
por exemplo. Ou de qualquer outro lugar do mundo,<br />
por meio de uma chamada do Skype.<br />
Mesmo com essas dúvidas e falta de garantias de<br />
que essa tecnologia vai decolar, houve um investimento<br />
pesado. Por que isso aconteceu?<br />
Os investidores sabem que o mercado está trabalhando<br />
para tornar essas novas tecnologias cada<br />
vez mais populares. E, principalmente, que o futuro<br />
do mercado é imersivo. O foco é trabalhar formas de<br />
fazer o cliente manter um contato constante com as<br />
empresas. Quem está no mercado vai ter que aprender<br />
a se comunicar bem de uma forma única.<br />
Adentrar nesse mercado inovador, que talvez hoje<br />
não traga resultados imediatos, gera esse medo de<br />
errar, a grande dúvida se vai dar certo ou não. É preciso<br />
ter uma coragem e vontade ainda maiores. A<br />
única certeza que podemos ter é que, sair na frente<br />
quando se trata de tecnologia, é o passo mais importante<br />
para conquistar o sucesso.<br />
Jonatan Rodrigues<br />
Estudante de Jornalismo, Redator Web<br />
Freelancer e Escritor de Ficção.<br />
Amante de Tecnologia, Internet<br />
e Marketing de Conteúdo.
07 | Lidere!<br />
O Hardware<br />
e o Software<br />
da Motivação<br />
Imagem: Florian Pérennès/ Unsplash/ Freepik<br />
Como todos sabem, ou deveriam saber, todos<br />
os computadores, desde os maiores até o<br />
celular que toca no seu bolso, têm um Sistema<br />
Operacional formado por uma camada de softwares<br />
complexos, protocolos e instruções que<br />
recobrem o hardware (aquilo que você pode ver),<br />
permitindo que as partes do computador funcionem<br />
de forma mais tranquila e harmoniosa. É tudo<br />
tão transparente que nem nos damos conta de que<br />
esse sistema está ali presente e atuante o tempo<br />
todo. Mas quando hardware e software crescem<br />
demais em tamanho e complexidade, o Sistema<br />
Operacional perde sua capacidade de gerenciá-<br />
-los e o computador começa a dar “tilt” ou “pau” (o<br />
que quer dizer travar, ou falhar em uma linguagem<br />
mais culta). Então nós, usuários, começamos uma<br />
onda de reclamações fazendo com que os espertos<br />
criadores de programas sentem-se e projetem<br />
uma nova versão, denominada “upgrade”.<br />
Nesse momento você deve estar se perguntando:<br />
“Ué? Esse artigo é sobre TI?”. Fique tranquilo, pois<br />
não é mesmo (apesar da formação desse que escreve<br />
o texto). Então, o que esse papo de sistemas<br />
operacionais tem a ver com gestão e liderança?<br />
Vamos já saber.<br />
As sociedades também têm “Sistemas Operacionais”.<br />
Basta observar: leis, costumes sociais e<br />
articulações econômicas, com as quais nos defrontamos<br />
todos os dias, são apoiados por uma<br />
camada de instruções, protocolos e conjeturas sobre<br />
como o mundo funciona. Muitos dos Sistemas<br />
Operacionais “Sociais” consistem, inclusive, em
Lidere! | 08<br />
uma série de premissas sobre o comportamento<br />
humano. Nesse artigo, da mesma forma que o autor<br />
Daniel H. Pink, batizaremos esses sistemas de<br />
“Motivação”. Vamos dar uma olhada em como o<br />
sistema operacional “Motivação” evoluiu ao longo<br />
do tempo, começando com a primeira versão que<br />
nasceu há cerca de 50 mil anos.<br />
Motivação 1.0: nos primórdios, a premissa subjacente<br />
do comportamento humano era simples<br />
e verdadeira: tentar a qualquer custo sobreviver.<br />
Para isso, perambulávamos pelas savanas em busca<br />
de alimento ou corríamos à procura de esconderijo,<br />
quando um tigre dente-de-sabre se aproximava.<br />
Sobrevivência era o impulso que guiava a maior<br />
parte do nosso comportamento. A Motivação 1.0,<br />
sistema essencialmente biológico, não era nenhum<br />
padrão de elegância ou refinamento e também não<br />
era muito diferente do utilizado pelos macacos ou<br />
outros animais, mas nos servia muito bem.<br />
À medida que os humanos foram formando<br />
sociedades, esse sistema foi tornando-se inadequado.<br />
Tínhamos agora que restringir a premissa<br />
que embasava a Motivação 1.0: o nosso “impulso<br />
biológico”. Era necessário um “update” para conviver<br />
harmoniosamente em grupos e evitar que, a<br />
partir de um instinto primário e sem qualquer censura<br />
ou julgamento, eu lhe tomasse o jantar ou que<br />
você me roubasse a mulher, por exemplo. Dessa<br />
forma, num feito notável de engenharia cultural,<br />
fomos substituindo esse sistema por uma versão<br />
mais compatível com o nosso modo coletivo de<br />
trabalhar e viver.<br />
Motivação 2.0: descobrimos que era mais fácil<br />
sobreviver em sociedade, controlamos o nosso<br />
impulso biológico primitivo e com base em uma<br />
premissa nova e reexaminada estabelecemos o<br />
novo Sistema Operacional Social. Percebemos<br />
nesse momento que tínhamos um segundo impulso:<br />
buscar recompensas e evitar punições.<br />
Assim como outros animais, nós respondemos a<br />
esses estímulos. Contudo, somente os seres humanos<br />
foram capazes de canalizar esses estímulos<br />
para desenvolver coisas.<br />
Após a instalação desse novo sistema, vieram<br />
grandes transformações. Motores a vapor, estradas<br />
de ferro, eletricidade, automóveis, aviões.<br />
Aconteceram também transformações menos concretas<br />
como estudos e trabalhos científicos. Nesse<br />
campo, damos destaque à produção de um senhor<br />
chamado Frederick W. Taylor, no início da década<br />
de 1900, cuja teoria era de que os negócios eram<br />
geridos de modo ineficiente e fortuito. Inventou<br />
então a “gestão científica”, uma espécie de software<br />
concebido para rodar de maneira perfeita<br />
na plataforma Motivação 2.0.<br />
A abordagem de Taylor foi a seguinte: os trabalhadores<br />
são como peças de uma máquina e caso<br />
fizessem a coisa certa, da forma certa e no momento<br />
certo, a máquina funcionaria normalmente<br />
(aposto que você acha que ainda hoje é assim que<br />
funciona). Para assegurar que isso aconteceria, era<br />
estabelecido um modelo em que se recompensava<br />
o comportamento desejado e se punia o comportamento<br />
indesejado.<br />
Tendemos a pensar que todo o desenvolvimento<br />
econômico foi graças ao carvão e ao petróleo. Se<br />
pensarmos um pouco mais, veremos que a engrenagem<br />
do crescimento econômico tem sido<br />
lubrificada na verdade com “cenouras e chicotes”.<br />
Motivação 2.1: O Sistema Operacional Motivação<br />
2.0 durou um longo tempo, até que começou a<br />
falhar. No momento em que habilidades mais sofisticadas<br />
foram requeridas, o Motivação 2.0 deixou<br />
de funcionar completamente. Nesse período, dois<br />
novos nomes surgiram: Abraham Maslow (dispensa<br />
comentários) e Douglas McGregor que, aproveitando<br />
a obra de Maslow, concluiu que as pessoas<br />
têm impulsos mais elevados do que simplesmente<br />
reagir a recompensas e punições e que esses impulsos<br />
poderiam beneficiar muito as organizações<br />
se os líderes os respeitassem. Assim nasceu um<br />
“upgrade” do Sistema Operacional Social: o Motivação<br />
2.1.<br />
O novo sistema, bem mais cedo que seu<br />
antecessor, já começou a dar sinais de esgotamento<br />
também. Com frequência e de<br />
forma imprevisível, vem apresentando algumas<br />
falhas de compatibilidade que nos forçam<br />
a conceber mecanismos de contorno com certa<br />
Nos modelos modernos<br />
“pensar, organizar,<br />
coordenar e fazer”<br />
não são mais descritos<br />
como funções de<br />
departamentos e sim<br />
como competências de<br />
todas as pessoas<br />
da empresa.
09 | Lidere!<br />
frequência. Entre as causas das falhas estão:<br />
a) a maneira como organizamos o que fazemos;<br />
b) a maneira como pensamos sobre o que fazemos; e<br />
c) a maneira como fazemos o que fazemos.<br />
Por causa desses problemas de compatibilidade,<br />
as versões 2.0 e 2.1 não se integram adequadamente<br />
a muitos modelos modernos de negócios,<br />
sobretudo na maneira com que esses negócios<br />
organizam o que fazemos. Nos modelos modernos<br />
“pensar, organizar, coordenar e fazer” não são<br />
mais descritos como funções de departamentos<br />
e sim como competências de todas as pessoas da<br />
empresa. É requerida agora uma abordagem que<br />
promova a motivação intrínseca (automotivação),<br />
já que a motivação extrínseca (cenoura e chicote),<br />
propulsora nos sistemas anteriores, não funciona<br />
mais em modelos que têm a inovação como diferencial<br />
competitivo. Os economistas entenderam<br />
finalmente que somos seres humanos completos,<br />
e não peças ou robôs mecânicos bitolados. Atualmente,<br />
para um número crescente de pessoas, o<br />
trabalho é essencialmente criativo, interessante<br />
e autodirigido.<br />
Estamos certamente diante de um daqueles momentos<br />
onde o “upgrade” do sistema operacional<br />
social é requerido. Lembrando que, em cada “upgrade”,<br />
aproveitamos o que é bom e evoluímos<br />
aquilo que não funciona mais.<br />
Eu já comecei a atualização, e você?<br />
Até a próxima!<br />
Antonio Rodrigues<br />
Fundador da Startup Labs Brasil, que está<br />
buscando promover nos jovens estudantes,<br />
sobretudo de escolas públicas, o espírito<br />
empreendedor, a cultura startup e a<br />
consciência de que o verdadeiro poder para<br />
empreender está em nós e não nos outros.
Educação Empreendedora| 10<br />
Temos que sair da<br />
MEDIOCRIDADE<br />
Imagem: Freepik<br />
Estamos passando por um momento difícil<br />
aqui no Brasil, o pessimismo e a falta de esperança<br />
estão em pauta! Vai demorar um pouco para<br />
sairmos dessa crise, mas isso não significa que temos<br />
que trazer essa crise para dentro de nós.<br />
A educação no Brasil está em crise desde sempre<br />
e na minha humilde opinião estamos colhendo<br />
o que plantamos há um bom tempo.<br />
A transformação é necessária e urgente para<br />
todos: educadores, gestores educacionais,<br />
estudantes, pais.... Todos nós! A educação significativa<br />
e transformadora tem que começar a<br />
aparecer no Brasil, essa é nossa porta de saída<br />
da mediocridade.<br />
Essa transformação vai muito além das políticas<br />
públicas, tem que ser uma mudança de cada um<br />
dos envolvidos, temos que mudar a nossa forma<br />
de pensar, treinar nosso cérebro, desaprender para<br />
reaprender. Isso gera transformação, mudança de<br />
pensamento, quebra de paradigmas.<br />
Nós temos medo de arriscar, de aprender sozinhos,<br />
pois fomos doutrinados a escutar, a sermos<br />
agentes passivos em um ambiente de ensino.<br />
Não consigo enxergar uma educação que trans-<br />
forma, que forma, que é significativa funcionando<br />
assim com passividade do lado de quem quer e<br />
precisa aprender.<br />
Temos que nos tornar APRENDEDORES ativos,<br />
autodidatas, self-learners, temos que estar<br />
dispostos a mudar e a arriscar mais, errar tentando<br />
aprender e não apenas esperar por respostas prontas,<br />
o mundo real exige mais de você que apenas<br />
uma letra certa em um gabarito.<br />
Acredito que o futuro do nosso País está atrelado<br />
a nossa mudança de comportamento… Repito: temos<br />
que mudar a forma de pensar, treinar nosso<br />
cérebro, desaprender para reaprender.<br />
Não é fácil sair da zona de conforto, repensar<br />
algo que está se fazendo a tantas décadas, mas<br />
não podemos ignorar o fato de que não está dando<br />
mais certo.<br />
Vasco Patú<br />
Professor de MBA, PhD. Focado em<br />
self learning para alta performance,<br />
hiperaprendizagem, futurismo e inovação.<br />
Podcaster do Educação Criativa, Vloger,<br />
fundador da Iniciare Educação Criativa e<br />
co-fundador do Mindset Exponencial.
11 | Lifehack<br />
10 Alimentos<br />
que vão triplicar a sua<br />
produtividade diária<br />
Imagem: Pexels<br />
Se você é curioso como eu e já foi em busca de saber<br />
como a nossa força de vontade funciona, provavelmente<br />
chegou à conclusão de que ela é como um<br />
tanque de combustível que vai diminuindo ao longo<br />
do dia… Se você faz muitas coisas que demandam<br />
força de vontade logo pela manhã — como resistir a<br />
um doce, malhar ou tomar decisões importantes —,<br />
é provável que, à noite, o seu “estoque” de força de<br />
vontade esteja em níveis bastante comprometedores....<br />
Sem novidades até agora, certo?! Mas não vim<br />
aqui hoje para escrever sobre isso… Pelo contrário:<br />
quero falar sobre uma ideia bastante interessante<br />
trazida por Gary Keller em seu livro “A única coisa”.<br />
Nele, o autor afirma que atitudes como se alimentar<br />
da maneira certa, tirar uma soneca ou meditar<br />
podem recarregar os seus níveis de energia e força<br />
de vontade ao longo do dia. Veja:<br />
A força de vontade tem carga limitada, mas<br />
pode ser recarregada com um pouco de descanso.<br />
É energia limitada, porém renovável [...] Para dar<br />
nosso melhor, temos que, literalmente, alimentar<br />
nossas mentes, o que confere todo um novo crédito<br />
para o ditado ‘digerir as ideias’. Alimentos que<br />
elevam o nível de açúcar de forma equilibrada por<br />
longos períodos, como carboidratos complexos<br />
e proteínas, tornam-se o combustível de grandes<br />
empreendedores, prova evidente de que ‘você é o<br />
que você come’ (“The One Thing”, Gary Keller)<br />
SEU CÉREBRO É COMO UM CARRO…<br />
DOS GRANDES<br />
Eu não preciso reforçar aqui a importância de se<br />
comer bem. Você provavelmente já entendeu que,<br />
se não investir em combustíveis de qualidade, não<br />
poderá cobrar do seu cérebro que ele alcance todo<br />
o seu potencial. Ainda segundo Keller, apesar de corresponder<br />
a somente 1/50 da nossa massa corporal,<br />
o cérebro é responsável por 1/5 das queimas de calorias<br />
do nosso organismo em busca de energia. “Se<br />
seu cérebro fosse um carro, seria um dos grandes<br />
(em termos de gasto de combustível)”, diz ele. Sem<br />
mais delongas, vamos então à lista com as 10 comidas<br />
e bebidas que vão turbinar a sua produtividade e<br />
fazer o seu dia render 3x mais!
Lifehack | 12<br />
1 . OVOS - Nutritivo e uma das principais fontes de<br />
gorduras boas, o ovo também fornece um excelente<br />
estoque de proteínas para quem o consome. Isso,<br />
por si só, já melhoraria o funcionamento do nosso<br />
cérebro, mas o ovo traz ainda um elemento extra: a<br />
colina, substância fundamental para o bom funcionamento<br />
das células e correto transporte dos nutrientes<br />
pelo corpo.<br />
2. CHOCOLATE AMARGO - O chocolate amargo<br />
(com pelo menos 70% de cacau) deixa você mais inteligente<br />
e desperto. Isso porque contém flavonoides,<br />
uma substância que aumenta a circulação de<br />
sangue no cérebro, facilitando a aprendizagem e nos<br />
deixando em estado de alerta.<br />
3. CAFÉ - Não é surpresa o café estar na lista, certo?<br />
Nada pode ser mais energizador que uma boa xícara<br />
de café no começo do dia e outra após o almoço.<br />
4. AVEIA - Uma das melhores fontes de carboidratos<br />
complexos disponíveis por aí, a aveia é um<br />
alimento de baixo índice glicêmico que fornece estoques<br />
de energia por um longo período de tempo.<br />
Um alimento fundamental no dia a dia de freelancers<br />
e empreendedores que estão em busca de mais foco<br />
e disposição.<br />
5. BANANA - Fruta predileta dos atletas, a banana<br />
contém carboidratos e açúcares capazes de turbinar<br />
a sua produtividade. Duas bananas bastam para que<br />
você tenha energia suficiente para treinar ou trabalhar<br />
em um ritmo pesado por até 90 minutos... Além<br />
disso, a fruta também pode te deixar mais feliz e é<br />
até utilizada no tratamento contra a depressão… Isso<br />
porque contém triptofano, um aminoácido considerado<br />
o precursor da serotonina (que, por sua vez, é o<br />
neurotransmissor responsável por nos trazer a sensação<br />
de contentamento e alegria).<br />
6. CASTANHAS-DO-PARÁ - A castanha-do-pará,<br />
como toda oleaginosa, é rica em gorduras boas, mas<br />
foi inserida na lista principalmente por ser fonte de<br />
ômega 3 e selênio. Ambas as substâncias fazem de<br />
você uma pessoa mais inteligente — sendo que o selênio<br />
ainda preserva a sua massa cinzenta contra radicais<br />
livres que causam danos oxidativos =) O ideal<br />
seria comer pelo menos uma castanha todos os dias.<br />
7. FRANGO - O frango não está aqui necessariamente<br />
porque nos ajuda a ser pessoas mais dispostas<br />
ou inteligentes… Resolvi colocá-lo na lista por um<br />
motivo simples: ele substitui muito bem a carne vermelha.<br />
Se você não é vegetariano, já deve ter caído<br />
no erro de, em uma quarta-feira qualquer, ter comido<br />
costela ou rabada no almoço… O resultado foi que,<br />
meia hora depois, você estava destruído e só queria<br />
cama. Acertei?! O mesmo não acontece quando<br />
você substitui carne vermelha por carnes brancas,<br />
que são mais leves, nutritivas e consequentemente<br />
demandam menos energia e fluxo sanguíneo ao serem<br />
digeridas pelo organismo.<br />
8. ÁGUA - Você provavelmente já ouviu falar que<br />
cerca de 70% do nosso corpo é composto de água.<br />
Isso, por si só, indica a importância de uma boa hidratação<br />
diária, fundamental na eliminação de toxinas e<br />
correto transporte de nutrientes. E se você é alguém<br />
que anda lutando com o despertador na hora de<br />
acordar, tem um motivo extra para se interessar pelo<br />
tema: um copo de água também energiza e ajuda a<br />
despertar. Pelo menos é isso o que afirma Hal Elrod,<br />
no livro “The Miracle Morning” (O milagre da manhã).<br />
9. SARDINHAS - Apesar de a exposição ao sol<br />
ser responsável pela maior parte da vitamina D produzida<br />
em nosso corpo, alguns alimentos, como a<br />
sardinha, também são fontes dessa substância. Ela,<br />
por sua vez, mantém o cérebro funcionando perfeitamente.<br />
Listada entre os alimentos mais saudáveis<br />
do mundo, a sardinha também é fonte de selênio e<br />
apresenta alto teor de ômega 3.<br />
10. BRÓCOLIS - Por fim, fechamos a nossa lista<br />
com o brócolis, um vegetal que, a princípio, parece<br />
ser meio subestimado pela maior parte das pessoas.<br />
Fonte de proteínas e outras substâncias como vitamina<br />
C, magnésio, cálcio, ferro e zinco, o brócolis é<br />
tão completo a ponto de oferecer proteção contra<br />
doenças cardíacas, câncer e ainda ter propriedade<br />
alcalina, equilibrando a acidez do nosso organismo e<br />
o ajudando a alcançar todo o seu potencial produtivo<br />
=)<br />
E aí, o que você achou dessa lista? Se por um acaso<br />
conhecer mais comidas ou bebidas capazes de<br />
aumentar a nossa produtividade, não se esqueça de<br />
escrever para a gente... Para acompanhar mais dicas<br />
sobre qualidade de vida, criação de conteúdo e rotina<br />
freelancer, curta a página do Copy Club no Facebook!<br />
Te espero lá =)<br />
Vitor Rodrigues<br />
Jornalista por formação, marqueteiro por<br />
opção e sempre disposto a aprender mais<br />
sobre desenvolvimento pessoal. Fundou<br />
o Copy Club para falar sobre inbound<br />
marketing e dia a dia freelancer.
13 | Sua Voz<br />
O que voce<br />
^<br />
quer<br />
ser quando crescer?<br />
Imagem: Pexels
Sua Voz | 14<br />
É quase certo que todos nós ouvimos a pergunta<br />
acima em algum momento de nossa infância ou adolescência,<br />
como um sinal de que deveríamos direcionar<br />
a vida em função de determinada carreira. Era<br />
uma pergunta cheia de significado, principalmente<br />
se você nasceu antes dos anos 1980, e que permanece<br />
feita por pais e educadores atualmente, mas com<br />
respostas um tanto diferentes das obtidas há (alguns<br />
poucos) anos atrás.<br />
A esfera digital já se tornou a maior influência em<br />
diversos aspectos. Os blogueiros já são as referências<br />
principais, como por exemplo, na hora de decidir<br />
o que comprar. Soa como novidade? Fato que mal<br />
se consolidou e já tende a se tornar obsoleto. Quem<br />
me indicou foi meu filho, isso há cerca de 02 anos<br />
(na época tinha apenas 09 anos de idade). Sobre a<br />
pergunta do que quer ser, ele responde: “ser como o<br />
Rezende”. E aí, conhece?<br />
Para alguns, isso não significa nada. Mas pra mais<br />
de 12 milhões de jovens, significa muito. Esta é a<br />
quantidade de inscritos que o canal feito por Pedro<br />
Rezende, de apenas 19 anos, ou melhor, o “Rezende-<br />
Evil”, ostentava em meados de 2017. Além dos inscritos,<br />
seus vídeos tinham cerca de 4,3 bilhões (sim,<br />
isso mesmo, a casa é do bilhão) de visualizações. Ele<br />
é um dos novos fenômenos, intitulados “Youtubers”,<br />
e sua produção é basicamente relacionada a outro<br />
fenômeno relativamente recente, o jogo “Minecraft”,<br />
criado pela empresa Mojang (e adquirida pela Microsoft).<br />
Seja dando dicas, ou apenas mostrando suas<br />
habilidades, Pedro mobilizou uma legião de seguidores<br />
e adoradores, que saíram do mundo virtual para<br />
promover cenas impensáveis em eventos lotados,<br />
onde também aparecem como ávidos compradores<br />
de algumas de suas aventuras já publicadas também<br />
em livros.<br />
E Pedro não é o único Youtuber admirado. Outro<br />
exemplo é o jovem “Whindersson Nunes”, com<br />
incríveis 21,4 milhões de inscritos no canal que leva<br />
seu nome, publicando paródias e vídeos de humor.<br />
Foi inclusive o destaque, na segunda edição da pesquisa<br />
“Os novos influenciadores: quem brilha na tela<br />
dos jovens brasileiros”, divulgada pela Revista Meio<br />
e Mensagem e realizada pela Provokers em 2016. A<br />
pesquisa, tal qual a primeira edição, seguiu constatando<br />
que metade das personalidades admiradas<br />
são Youtubers, sendo que o jovem entende que é<br />
mais fácil se identificar com os novos ídolos, pois são<br />
mais próximos de sua realidade. A constatação: o jovem<br />
está cada vez menos ligado na tela da TV, e cada<br />
vez mais ligado na telinha do celular.<br />
Estas novas referências são um pequeno exemplo<br />
das mudanças significativas que a nova geração tem<br />
produzido no mercado, motivando cada vez mais o<br />
estudo aprofundado sobre seu perfil. Este novo consumidor<br />
Millenial compõe grupo essencialmente conectado,<br />
exigente, imediatista, em busca de qualidade<br />
e customização. E tem a necessidade de se sentir<br />
notado. Pelo Facebook, é possível perceber usuários<br />
buscando avidamente por compartilhamentos, ou<br />
pelo menos uma indicação de aprovação de suas<br />
criações e disseminações de conteúdo pelo botão<br />
“Curti”. Por isso, empresas que queiram efetivamente<br />
permanecer no mercado devem buscar mais<br />
propósito, mais emoção. Dar experiências durante a<br />
compra que façam com que o novo cliente sinta que<br />
vale a pena compartilhar com sua rede de contatos.<br />
É preciso que o novo cliente sinta que comprar aquilo<br />
vai trazer um significado, para ele e para o grupo, e<br />
vai destacá-lo dos demais. Fica cada vez mais evidente<br />
a necessidade dos negócios empenharem tecnologias<br />
como o Big Data em busca de entendimento<br />
das necessidades de seus clientes de nova geração,<br />
que até 2020 (daqui a apenas 3 anos) serão a maioria<br />
dos consumidores em qualquer mercado.<br />
No mercado de trabalho, também há mudanças.<br />
O sonho de gerações passadas, em integrar uma<br />
grande empresa, permanecendo nela até a aposentadoria,<br />
foi substituído por períodos menores e<br />
mais propósito. Se não encontram espaço ideal nas<br />
organizações, criam o seu. É cada vez maior o número<br />
de jovens que idealizam e criam novos negócios,<br />
especialmente ligados a tecnologia, interagindo para<br />
desenvolver ideias, seja em que ambiente for. Nem o<br />
espaço físico é um problema, afinal esta nova geração<br />
criou termos como coworking e serviços compartilhados.<br />
Por tantos indicativos de mudança, o Fórum<br />
Econômico Mundial anunciou a possibilidade de<br />
uma nova era, a chamada Quarta Revolução Industrial.<br />
Cada vez mais integrados, físico, digital e biológico<br />
estariam em uma conexão constante, o que<br />
ainda viria a impactar muito os modelos vigentes de<br />
trabalho e consumo.<br />
Um novo mundo efetivamente se descortina, e é<br />
preciso estudá-lo de maneira rápida, agir de maneira<br />
ainda mais veloz, a fim de sobreviver e se adaptar as<br />
mudanças. Que deverão durar menos que nas revoluções<br />
anteriores, visto que a futura geração Z, dos<br />
nascidos em meados de 2010, trará a tona seus (novos)<br />
padrões em breve. Resta saber apenas se veremos<br />
esta chegada também por algum novo canal do<br />
YouTube. Até lá, busque responder a pergunta: neste<br />
novo mundo, o que você vai querer ser, quando crescer?<br />
*Texto adaptado - originalmente publicado<br />
em 2016 pelo site Administradores.com<br />
Andre Luiz Carvalho<br />
Consultor e palestrante, com mais de 15<br />
anos de atuação executiva, desenvolvendo<br />
projetos e treinamentos para as áreas de<br />
varejo e turismo. Mestre em administração,<br />
apaixonado pelo consumidor, tem como<br />
proposta ajudar seu negócio a encontrar os<br />
parceiros certos para um posicionamento<br />
diferenciado no mercado.
15 | E aí, Doc?!<br />
Eu preciso mesmo de termo de uso e política de privacidade?<br />
O Marco Civil da Internet, oficialmente chamado<br />
de Lei N° 12.965/14, é a legislação que regulamenta o<br />
uso da Internet no Brasil através da previsão de princípios,<br />
garantias, direitos e deveres para quem usa a<br />
rede, além de diretrizes para a atuação do Estado.<br />
Com o Marco Civil é que surgiu a necessidade legal<br />
de disponibilização de termos que deixem claros os<br />
direitos e obrigações das empresas e consumidores,<br />
bem como políticas que descrevam como são mantidas<br />
e utilizadas as informações pessoais dos usuários.<br />
Os Termos são, em resumo, a fundação das<br />
interações que a empresa faz com os seus clientes<br />
e definem como o negócio se relacionará com os<br />
consumidores. A Política de Privacidade já é o documento<br />
que vai dispor sobre quais são cada um dos<br />
dados, voluntariamente e involuntariamente, recolhidos<br />
através da utilização da plataforma, locais de<br />
armazenamento e a utilização desses dados.<br />
Apesar de serem documentos de extrema importância<br />
para sites e aplicativos, é comum as suas<br />
leituras serem ignoradas pela maioria dos usuários,<br />
talvez pelo tamanho do documento, complexidade<br />
ou prolixidade do conteúdo, e a realidade é que é os<br />
empreendedores não dão a devida atenção para a<br />
elaboração e divulgação dos documentos.<br />
Muitos são, entretanto, os casos polêmicos envolvendo<br />
os termos de uso e a política de privacidade<br />
de aplicativos, sites e jogos famosos nos últimos<br />
tempos. Qualquer que seja o seu negócio, físico ou<br />
virtual, você precisa regulamentar o seu uso pelo público<br />
e os Termos de Uso são a única forma de regular,<br />
dentre outros aspectos, as limitações de uso de<br />
determinada ferramenta ou serviço, especialmente<br />
cópias não autorizadas e finalidade comercial.<br />
Os Termos declaram seus procedimentos e processos,<br />
limitam sua responsabilidade legal e estabelecem<br />
os termos de desenvolvimento da relação<br />
comercial. Eles determinarão seus direitos e suas<br />
responsabilidades como organização e quais são os<br />
direitos e responsabilidades do seu consumidor, funcionando<br />
como um contrato e, ao assinar um contrato,<br />
o usuário se vincula e se obriga a cumprir todas as<br />
previsões que ali estão dispostas, caso não conflitem<br />
com as disposições do nosso ordenamento jurídico.<br />
Essa natureza contratual é, cumpre ressaltar, a grande<br />
importância do Termo de Uso para o seu negócio<br />
digital.Ao estruturar o seu negócio digital, com certeza,<br />
você já pensou no que os seus usuários não podem<br />
fazer ao utilizarem a sua plataforma como, por<br />
exemplo, tirarem fotos da tela e comercializarem as<br />
fotos ou dados alheios. Pois é. Você até pode responsabilizar<br />
este tipo de conduta, mas os seus usuários<br />
precisam conhecer previamente a irregularidade<br />
dessa conduta e aceitar essa limitação de uso.<br />
Além de serem documentos jurídicos importantes,<br />
o Termo de Uso e a Política de Privacidade de um<br />
site são excelentes formas de mostrar profissionalismo,<br />
credibilidade e transparência para os usuários.<br />
Thaís Guedes<br />
Advogada especializada em Direito<br />
Empresarial, Trabalhista e Contratos.<br />
CEO da InHands
Marketing | 16<br />
“O MARKETING DE CONTEÚDO<br />
É DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA<br />
UMA BOA PERFORMANCE NAS<br />
PLATAFORMAS DIGITAIS”<br />
Imagem: Pexels<br />
Você é empreendedor ou está pensando em se<br />
tornar o seu próprio chefe em breve? Então comece<br />
agora mesmo a compreender o quanto o marketing<br />
de conteúdo pode ser importante para seu negócio.<br />
Afinal, já se foi o tempo em que apostar somente<br />
em propaganda bastava para que um produto ou<br />
serviço ficasse conhecido. Ter um bom atendimento<br />
também já não é mais uma certeza de que a fidelidade<br />
do cliente será mantida. Mas então, o que fazer?<br />
O novo consumidor busca uma relação diferente<br />
com as empresas, na qual a marca abra um canal de<br />
comunicação de igual para igual, informando novidades<br />
e, mais do que nunca, trazendo informações que<br />
sejam relevantes para ele.<br />
Trata-se do marketing de conteúdo que é uma<br />
das armas mais eficazes de empreendedores de todos<br />
os ramos nos dias de hoje. Se você quer alcançar<br />
o sucesso, manter os clientes e continuar atraindo<br />
novos mercados, precisa apostar nesta tendência o<br />
mais rápido possível.<br />
Mas é preciso ter cuidado. Não basta somente abrir<br />
um canal na internet, um perfil em uma rede social<br />
qualquer, criar um blog e começar a fazer postagens.<br />
O marketing de conteúdo, assim como qualquer estratégia<br />
dentro do seu negócio, deve ser planejado,<br />
pensado e colocado em prática com muito cuidado.<br />
Você precisa conhecer a fundo seu público-alvo ou<br />
definir com muita precisão que tipo de clientes deseja<br />
atrair. Depois deve encontrar que tipo de assunto<br />
seria o mais indicado, qual a linguagem mais eficaz e<br />
o formato que melhor se adapta a sua realidade. Em<br />
seguida, precisa criar um cronograma de conteúdos<br />
postando somente aquilo que traga novidades para<br />
quem acompanha sua comunicação. Na hora, no local<br />
e de maneira correta.<br />
É aí que muitos empreendedores se perdem e<br />
acabam colocando tudo a perder. Esqueça-se de<br />
fórmulas antigas e evite cair na armadilha de ficar<br />
fazendo somente propaganda sobre o seu negócio<br />
ou produto. O marketing de conteúdo é muito mais<br />
do que anunciar promoções, mudanças de preços e<br />
novos produtos.<br />
O marketing de conteúdo deve abordar informações<br />
que consigam chamar a atenção dos clientes<br />
sem necessariamente chamá-los para a compra.<br />
Parece um pouco estranho, mas ele funciona como<br />
uma isca trazendo as pessoas interessadas e criando<br />
uma relação que se tornará muito lucrativa em pouco<br />
tempo. E melhor, agregando valor à sua marca e<br />
permitindo ganhos muito maiores.<br />
OS PERIGOS DO MARKETING DE CONTEÚDO<br />
Muitas empresas acreditam que estão investindo<br />
em marketing de conteúdo, quando na verdade estão<br />
perdendo tempo e deixando de alcançar resultados<br />
positivos. E os motivos podem ser muitos, desde<br />
problemas com a definição correta do público-alvo,<br />
como a escolha dos assuntos a serem abordados, os<br />
canais que estão sendo utilizados e até o horário em<br />
que as postagens acontecem.<br />
O ideal é buscar sempre por ajuda profissional<br />
qualificada. Dois exemplos que coloco aqui e que conheço<br />
a notoriedade e excelência: Redaweb e Rock<br />
Content. Conheçam essas empresas amigos empreendedores!<br />
Por mais experiente que você seja, acertar<br />
em cheio na linguagem e na forma não é uma<br />
tarefa muito fácil. Além do mais, trata-se de uma<br />
atividade que demanda muito tempo e atenção integral.<br />
Assim que sua empresa começar a investir em<br />
marketing de conteúdo, deve estar preparada para<br />
a abertura de um canal que nunca se fecha. O cliente<br />
precisa ser ouvido, compreendido, e o conteúdo<br />
deve mudar de acordo com as novas necessidades<br />
que surgem.<br />
Portanto, não corra o risco de perder uma chance<br />
de ouro. Procure por uma empresa especializada<br />
no marketing de conteúdo e crie formas efetivas de<br />
conquistar e manter seus clientes sempre por perto,<br />
gastando pouco e ainda fortalecendo seu posicionamento.<br />
Para mais informações a respeito de marketing<br />
de conteúdo, entre em contato com quem entende<br />
do assunto. Você vai ver a importância desse<br />
trabalho para seu crescimento organizacional.<br />
Gustavo Brandão<br />
CEO ProgIn
17 | Marketing<br />
O CANAL DE VENDAS QUE VOCÊ<br />
E A MAIORIA DAS EMPRESAS<br />
BRASILEIRAS ESTÃO ESQUECENDO!<br />
Estou aqui para fazer um alerta positivo. Há grandes<br />
chances de você estar a um passo de descobrir<br />
um grande canal de vendas ainda inexplorado por<br />
sua empresa lendo este artigo. Para saber se isso<br />
serve para você, leia a frase a seguir: “Meus clientes<br />
estão muito satisfeitos, inclusive indicam para<br />
seus amigos”.<br />
Se você já ouviu ou falou essa frase, está inserido<br />
na grande maioria dos empreendedores brasileiros<br />
– ao contrário americanos – que ainda não descobriram<br />
todo o potencial de venda a partir dos seus<br />
próprios clientes atuais.<br />
Esse é o referral marketing, ou, marketing de<br />
indicação. Comece agora mesmo a desenvolver<br />
o seu programa de indicações e colete todo<br />
o dinheiro que você está deixando na mesa.<br />
Imagens: Freepik
Marketing| 18<br />
Mas por que investir em Referral Marketing?<br />
Semana passada, um colega voltou de um grande<br />
evento de Growth Hacking nos Estados Unidos e<br />
comentou que, por lá, o pessoal já passou o foco<br />
somente da aquisição e ativação de clientes para<br />
a retenção e referral.<br />
Esse é o framework básico de crescimento<br />
criado por um dos maiores investidores anjo do<br />
plano: Dave Mcclure. O “AARRR” significa acquisition,<br />
activation, retention, revenue e referral.<br />
Acredito que, ao focar muito no topo do funil,<br />
sua empresa pode estar gastando mais dinheiro<br />
do que deveria. Ao pensar em vender mais, quase<br />
sempre, as soluções são as clássicas do marketing<br />
digital como Ads, Email Marketing, por exemplo..<br />
Mas, a melhor solução pode estar mais perto<br />
do que parece e gastando menos do que<br />
você imagina.<br />
Os benefícios de uma estratégia em<br />
referral marketing<br />
Segundo um estudo da Referral Candy, em média,<br />
83% dos consumidores estariam dispostos a<br />
indicar uma empresa que confiam para alguém<br />
que conhecem, porém, apenas 20% o fazem. Isso<br />
acontece, porque, a maioria dos VPs de Marketing<br />
esquecem dessa estratégia e deixam de incentivar<br />
seus potenciais clientes vendedores.<br />
Investir em referral marketing pode ser muito inteligente.<br />
Mas, ao contrário do que sugere a frase<br />
que inicia esse artigo, não deve ser deixado ao<br />
acaso. Alguns benefícios que podem ser extraídos<br />
de um sólido programa de indicações são:<br />
Super segmentação: “Ninguém recomenda fraldas<br />
para quem não tem filhos”. Essa frase é do<br />
Jonah Berger, autor do livro Contagiuous. Com<br />
isso, ele quer dizer que todo o imenso trabalho<br />
de erros e acertos ao tentar definir o seu perfil de<br />
cliente ideal (ICP – Ideal Costumer Profile) já vem<br />
pronto. Geralmente, esse é o ponto principal que<br />
levam as empresas para o vale da morte nos primeiros<br />
anos de atividade.<br />
CAC Menor: O CAC (custo de aquisição de clientes)<br />
pode se tornar uma pedra no sapato para<br />
empresas que estejam buscando crescimento<br />
rápido. Com o referral marketing, isso pode ser<br />
diminuído, pois o indicador “empresta” sua credibilidade<br />
para a empresa, fazendo com que o<br />
indicado esteja mais avançado no estágio de compra<br />
quando chegar.<br />
Ciclo da Venda Menor: É uma consequência do<br />
item acima. Ao emprestar sua credibilidade e, também,<br />
servir de caso de uso do produto, o amigo que<br />
recomenda a sua empresa já faz parte do trabalho<br />
de marketing e vendas para você. Assim, quando o<br />
novo cliente chega, o fechamento costuma acontecer<br />
muito mais rápido.<br />
As métricas de um programa de indicações<br />
Para montar a sua estratégia de referral marketing,<br />
você deve medir algumas métricas essenciais.<br />
Custo de Aquisição de Clientes: Está muito relacionada<br />
a quanto você poderá gastar com o seu<br />
programa de indicações. Os prêmios para o indicado<br />
e indicador devem ser inferiores ao valor<br />
gasto nos outros canais de vendas e marketing.<br />
Lifetime Value: É o valor total que um cliente<br />
deixa na sua empresa ao longo de todo o tempo<br />
que ele consome com você, considerando suas<br />
margens. Ao saber seu LTV, é possível saber o<br />
quanto investir para adquirir um novo cliente.<br />
Taxa de Indicadores: Se refere à penetração do<br />
seu programa de indicações na sua base. Para melhorar<br />
essa taxa, se pergunte: Quantos dos seus<br />
clientes estão satisfeitos com o seu produto?<br />
Qual o prêmio que mais engaja seus consumidores?<br />
Quais os momentos chaves para pedir<br />
uma indicação?<br />
Indicações Per Capita: Está relacionado a quantos<br />
novos clientes sua base atual pode gerar. Essa<br />
métrica é uma das mais importantes. Como indicar<br />
está relacionado à satisfação com o seu negócio<br />
e ao ponto de contato que você pede a indicação,<br />
essa é uma métrica fundamental para a otimização<br />
do seu referral marketing.<br />
Esse artigo te ajudou a entender mais sobre<br />
o assunto?<br />
Para saber mais sobre Referral Marketing e<br />
como montar um canal de vendas lucrativo e –<br />
quase sempre – inexplorado, siga “Rodrigo Noll”<br />
no LinkedIn.<br />
Lá eu escrevo sobre o passo a passo para montar<br />
o seu e, por exemplo, como escolher os melhores<br />
prêmios para os seus clientes indicarem mais e<br />
você ter o melhor ROI.<br />
https://www.linkedin.com/in/rodrigonoll/<br />
Rodrigo Noll<br />
Especialista em Referral Marketing. Em<br />
3 anos, faturou 20 milhões com essa<br />
estratégia como gerente de marketing e<br />
vendas do SBTUR Viagens.
19 | Entrevista<br />
Entrevista com<br />
MURIL<br />
Murilo Gun é um cara que foge dos padrões. Humorista,<br />
empresário, apresentador, palestrante,<br />
professor... É quase impossível rotulá-lo. Com uma<br />
trajetória profissional inusitada e de grande sucesso,<br />
começou a chamar a atenção desde muito cedo.<br />
Antes de ser um dos especialistas em criatividade<br />
mais requisitados do país, contratado por 1/3 das<br />
100 maiores empresas do Brasil e com cinco eventos<br />
TEDx no currículo, lançou com apenas 13 anos seu<br />
primeiro portal. A Gun’s Hotpage, que reunia conteúdos<br />
diversos, se tornou um sucesso na época em que<br />
a internet ainda engatinhava no Brasil e conquistou<br />
por dois anos o prêmio iBest de melhor site pessoal.<br />
Dali em diante, Gun passou a desenvolver projetos<br />
relacionados à web. Abriu uma startup, foi sócio<br />
de duas empresas de TI no Porto Digital, em Recife,<br />
escreveu dois livros e tornou-se palestrante na área<br />
de marketing digital. Porém, depois de se formar em<br />
Administração decidiu que queria se lançar na carreira<br />
de humorista. E conseguiu! Tornou-se um dos<br />
pioneiros do stand-up comedy no Brasil.<br />
Por conta da experiência em negócios, passou<br />
também a atuar com foco em comédia corporativa e,<br />
dentro das empresas, notou uma demanda crescente<br />
por conteúdos que desenvolvessem a criatividade<br />
das equipes. Além de aulas em formato presencial,<br />
Murilo desenvolveu palestras e workshops sobre<br />
criatividade, que apresenta em organizações e escolas<br />
como Perestroika, FIAP e Casa do Saber.<br />
Em 2014, após ser um dos 80 selecionados no<br />
mundo a participar do curso anual da Singularity University,<br />
parceria entre NASA e Google, no Vale do Silício<br />
(EUA) voltou determinado a gerar um impacto<br />
ainda maior com seu projeto de educação. Com essa<br />
mentalidade, levou o seu curso de criatividade para o<br />
ambiente online. No ar desde 2015, o “Reaprendizagem<br />
Criativa” deu frutos e agora faz parte da Keep<br />
Learning School, projeto mais ousado de Murilo até<br />
então, uma escola online de cursos livres com um<br />
modelo de aprendizagem contínua para adultos ao<br />
mesmo tempo escalável, personalizado e inovador.
Entrevista | 20<br />
O<br />
Imagem: Divulgação
21 | Entrevista<br />
Você tem um histórico profissional no mínimo<br />
curioso: de empresário, para comediante e depois<br />
palestrante e professor de criatividade. Em todas<br />
as etapas você tem conseguido alcançar muito<br />
sucesso e visibilidade. Olhando pra trás, como foi<br />
passar por tantas mudanças e quais foram suas<br />
escolhas mais acertadas?<br />
Apesar de jovem ainda, acho que posso falar sobre<br />
transição de carreira com certa propriedade! Já passei<br />
por três grandes processos de mudança de rota<br />
profissional com bastante sucesso. Primeiro, acredito<br />
que quem quer transformar os sonhos em realidade<br />
deve assumir riscos, mas riscos calculados. Só<br />
pra deixar claro o quão distante a minha realidade<br />
era do meu sonho quando resolvi deixar de ser empresário,<br />
eu trabalhava desde 1995 com tecnologia e<br />
tinha um grande reconhecimento nessa área. Tinha<br />
até sido convidado pelo Programa do Jô para falar<br />
sobre isso. Era sócio de uma das maiores produtoras<br />
web de Pernambuco. Cheguei a ter 40 funcionários<br />
e grandes clientes em várias regiões do Brasil. Minha<br />
rotina era chegar todo dia às 9h no escritório. Só que,<br />
em 2006, resolvi virar comediante!<br />
OK, mas essa não deve ter sido uma decisão que<br />
surgiu da noite para o dia. Certo?<br />
Claro que não. Tudo começou na colação de grau<br />
da faculdade. Fui escolhido como orador da turma<br />
e pensei: discurso legal tem que ser engraçado. Mas<br />
nunca tinha feito humor até então e resolvi começar<br />
a estudar. Pesquisei muito antes de fazer o texto e foi<br />
arretado! Virou um tipo de obsessão, daquelas que<br />
só acontecem quando você realmente gosta da parada.<br />
E foi muito boa a sensação de ver meus colegas<br />
rindo, de ver a galera pirando no que eu tinha escrito<br />
em casa. Me despertou emoções que até então<br />
eu nunca tinha sentido. Quando acabou o discurso,<br />
meus colegas todos estavam pensando: “Agora sou<br />
um administrador!”. Eu estava pensando: “Agora sou<br />
um comediante!”. Naquele momento surgiu a primeira<br />
chama, o sonho de que aquilo era possível.<br />
Só que você não passou a ser comediante logo<br />
após a formatura. O que aconteceu até chegar lá?<br />
Então, muitas pessoas dizem “ah, se esse é o seu sonho,<br />
tem que largar tudo e ir atrás”. Eu não concordo.<br />
Acho que essa não teria sido a melhor estratégia. Não<br />
acho que você tenha que largar tudo e partir para os<br />
seus sonhos. Se, naquele momento, eu tivesse largado<br />
a minha empresa para fazer comédia, talvez tudo<br />
tivesse dado errado.<br />
E qual foi a estratégia que você adotou para fazer<br />
essa transição de carreira?<br />
Resolvi implementar uma lógica de lean startup (teoria<br />
de Eric Ries, autor do livro “Lean Startup”) no meu<br />
processo de transição. Esse modelo de pensamento<br />
enxuto ensina a testar novas ideias com o mínimo de<br />
risco, rodando ciclos de experimento e aprendizagem.<br />
Foi isso o que você quis dizer com “riscos calculados”?<br />
Sim, porque, se você falhar com riscos calculados,<br />
o impacto será reduzido, sendo possível melhorar a<br />
partir do feedback e testar novamente. Foi aí que eu<br />
resolvi levar o que chamo de “vida de puta” [risos].<br />
Explico: decidi começar a testar pequeno a minha<br />
hipótese. De dia, continuei na minha empresa e, de<br />
noite, fui fazendo humor em bares e casas de shows.<br />
Basicamente, o que quero dizer aqui é que eu não<br />
chutei o pau da barraca para mudar de profissão.<br />
Mas foi um período de muito hardwork!<br />
Quando foi que a carreira nova substituiu a anterior?<br />
Primeiro, precisava ver se eu era bom, segundo, se<br />
gostava e queria como profissão [a carreira de humorista]<br />
e, por último, se era possível viver disso. Eu<br />
tinha que verificar as três hipóteses antes de fazer<br />
qualquer coisa. Em 2006, começou a bombar a stand-up<br />
comedy no Brasil e eu consegui meu primeiro<br />
teste em São Paulo. Mas só fui fazer a troca mesmo<br />
no final de 2008.
Entrevista | 22<br />
E como teve a certeza de que era o que você queria?<br />
Eu tive várias oportunidades, inclusive em TV. Fui<br />
convidado pelo Faustão duas vezes e a essa altura<br />
toda a minha energia criativa estava indo para fazer<br />
piadas. Mesmo assim, eu ainda estava na empresa - a<br />
Cartello - só que já não era mais o que eu queria. A<br />
certeza só veio quando as metas que eu mesmo determinei<br />
pra mim foram cumpridas.<br />
Eu fiz a seguinte meta: em três meses na comédia,<br />
trabalhando só à noite nos fins de semana, quase<br />
toda quinta-feira e eventualmente sextas e quartas-<br />
-feiras, eu tinha que conseguir ganhar mais do que<br />
ganhava na empresa. Quando eu consegui, fiz mais<br />
três meses só para garantir. Daí eu comecei a pensar:<br />
acho que agora dá pra eu largar. Isso eu consegui<br />
já com a sacada corporativa, após conseguir alguns<br />
jobs corporativos, porquê nos shows que eu fazia<br />
nos bares, nas noites, eu precisaria de uma demanda<br />
muito grande que eu não tinha como pegar porquê<br />
eu tava na empresa ainda o dia todo, então comecei<br />
a buscar jobs que aumentassem o valor, foi quando<br />
entrei com a comédia no mundo corporativo.<br />
Imagem: Divulgação<br />
O MELHOR<br />
CAMINHO PARA<br />
O PROFISSIONAL<br />
SE DIFERENCIAR<br />
DAS MÁQUINAS<br />
É INVESTIR EM<br />
HABILIDADES<br />
INTRINSECAMENTE<br />
HUMANAS.<br />
Você falou em “energia criativa”. A criatividade é<br />
um tema sempre presente na sua história. Por que<br />
ela é tão importante?<br />
Assim, está comprovado que praticamente metade<br />
das profissões tem uma alta chance de ser automatizada<br />
nos próximos 20 anos. E o melhor caminho<br />
para o profissional se diferenciar das máquinas é investir<br />
em habilidades intrinsecamente humanas.<br />
Pra mim, são cinco as inteligências que devem ser<br />
desenvolvidas para se destacar no mercado atual e<br />
no futuro: a inteligência interpessoal, a intrapessoal,<br />
a criativa, a inter-artificial e a inteligência aprendedora-educadora.<br />
Só que a criatividade é a que mais<br />
se destaca entre as quatro porque é a que mais influencia<br />
as demais e, curiosamente, a que menos<br />
profissionais estão buscando ativamente desenvolver.<br />
Muita gente sequer acha que é uma competência<br />
que pode ser estudada. Mas eu afirmo que todo<br />
mundo precisa ser mais criativo e todo mundo consegue<br />
ser mais criativo.<br />
Fala um pouco mais sobre as inteligências inter-<br />
-artificial e aprendedora-educadora, explica para a<br />
gente esses conceitos aí<br />
Então, a inteligência inter-artificial eu vejo como interação<br />
com a tecnologia, com as máquinas, softwares,<br />
robôs, não é somente ter a inteligência artificial, é saber<br />
conviver e usar essa inteligência como ferramente<br />
né? A aprendedora-educadora é saber aprender<br />
a aprender e aprender a educar, um ciclo vicioso, é<br />
muito importante num mundo em movimento você<br />
aprender a aprender e a educar, compartilhar o conhecimento<br />
e assim influenciar outras pessoas.
23 | Entrevista<br />
Mas, então, como é possível ser mais criativo?<br />
O primeiro passo é entender que todos já fomos crianças criativas e vamos tendo<br />
essa habilidade bloqueada conforme crescemos. A questão é que muita gente<br />
acredita que a criatividade é algo inalcançável e isso não é verdade. Há vários<br />
mitos que impendem as pessoas de serem mais criativas. Um deles é a crença<br />
de que criatividade seria apenas para artistas, publicitários e inventores. Mas no<br />
mundo de hoje a criatividade é indispensável para todo mundo, porque, para demandas<br />
novas, é preciso soluções novas.<br />
Além disso, muitas pessoas acreditam que criatividade é um dom com o qual<br />
só algumas pessoas nascem, quando, na realidade, é uma capacidade inata que<br />
pode e precisa ser desenvolvida.<br />
Um terceiro mito é a crença de que criatividade origina coisas totalmente inéditas.<br />
Só que toda criação parte da combinação de elementos que já existem.<br />
Além disso, muita gente acha que boas ideias surgem de insights geniais, de forma<br />
espontânea. Mas não é assim, do nada, que as ideias surgem. Existe um processo<br />
criativo por trás de toda grande ideia, composto por quatro etapas: input,<br />
processamento, output e feedback. Criatividade é hardwork, papai!<br />
Só que muitas vezes, em ambientes de trabalho mais tradicionais, não há abertura<br />
para a exposição de ideias novas. Você acha que existe alguma forma de<br />
“driblar” essa resistência à criatividade?<br />
Acho que a melhor forma de convencer alguém a implantar uma ideia é mostrar<br />
que ela é viável. Se você consegue testar pelo menos um protótipo da sua teoria<br />
de forma enxuta - com baixo esforço e baixo risco - e mostrar resultados, tudo<br />
fica mais fácil. Além disso, todo mundo que quer ser mais criativo precisa ser<br />
eternamente uma espécie de “evangelizador”. Ajudar as pessoas a se abrir para o<br />
novo faz parte do hardwork de ser criativo.<br />
Imagem: Divulgação
Entrevista | 24<br />
Você acha que o GunCast é a forma como exerce<br />
esse papel de evangelizador?<br />
Com certeza é uma das formas. Estou em várias redes<br />
sociais e hoje também voltei a me dedicar mais<br />
ao meu canal no YouTube (youtube.com/murilogun),<br />
mas tenho uma relação com rádio que é muito especial.<br />
Lancei o GunCast em dezembro de 2015 e sou<br />
ouvinte de podcasts há muitos anos. Os podcasts<br />
foram, e ainda são, uma fonte importante de conhecimento<br />
sobre empreendedorismo e educação que<br />
posso aplicar no meu dia-a-dia. Por exemplo, não<br />
vejo motivo para quem mora em grandes centros<br />
urbanos não ouvir podcasts. É algo tão simples e que<br />
salva tanto tempo! Você ouve no carro, no transporte<br />
público, na academia, na corrida no parque, no trabalho,<br />
e transforma aquela meia hora de vida perdida<br />
em meia hora de valor.<br />
O GunCast acabou reunindo muitas pessoas que<br />
discutem empreendedorismo, criatividade e inovação.<br />
Isso tanto no grupo fechado no Facebook<br />
quanto em outros espaços, como no Telegram,<br />
que motivou a criação da Revista Mindset Exponencial.<br />
O que você acha desse movimento?<br />
É excelente ver o Grupo Mindset Exponencial discutindo<br />
temas relacionados a empreendedorismo por<br />
causa do GunCast. É um efeito positivo e que agora<br />
promove ações para mudar mentalidades via educação.<br />
E quais os planos para 2017?<br />
Este ano estou totalmente focado na estruturação<br />
da minha escola online de cursos livres, a Keep Learning<br />
School, que é voltada para adultos que decidiram<br />
não parar de aprender. Todos os cursos da<br />
escola seguem cinco princípios educacionais: aulas<br />
engajadoras, respeito ao tempo, múltiplos impactos,<br />
comunidade viva, e experiência híbrida. Além do “Reaprendizagem<br />
Criativa”, temos outros cursos para<br />
desenvolver as inteligências interpessoal e intrapessoal,<br />
que são o de “Como Reencontrar sua Arte”,<br />
com Gustavo Succi, Técnicas de Criatividade que é<br />
uma derivação do “RC”, o CriCriCri – Criando Crianças<br />
Criativas – vai virar um curso (ainda restrito pra<br />
quem fez o “RC”) - e, em breve, um curso de Stand-up<br />
Comedy que não tem data ainda mas vamos<br />
fazer sim, além de coisas mais ligadas a futurismo<br />
e inovação. Liderança criativa, cultura criativa e até<br />
ambiente físico criativo são algumas possibilidades<br />
também. Dentro da Keep Learning School também<br />
tivemos o “Inquietos Meditam”, com a Tânia Mujica,<br />
que nós lançamos oficialmente, mas como acontece<br />
regularmente na vida das startups, nós notamos que<br />
apesar de o curso ter uma conexão com a criatividade,<br />
o público era diferente, a forma de se comunicar<br />
com essas pessoas é diferente e a gente deu uma<br />
“segurada”. Então a Tânia vai continuar fazendo o<br />
curso mas deixou de ser um negócio nosso, e a gente<br />
vai divulgar, vai recomendar, mas não será mais um<br />
curso da Keep Learning School.<br />
Lançamos também a Tomatêra, uma marca de roupas<br />
e acessórios para quem curte vestir, consumir<br />
e compartilhar conteúdo, que vai além de ser mais<br />
uma loja virtual. Ela segue um conceito de Content<br />
Wear. Todas as peças da marca têm frases e fazem<br />
parte de coleções temáticas sobre criatividade e inovação.<br />
Ao comprar um produto, você recebe um QR<br />
code com um cupom que dá acesso a aulas online<br />
exclusivas que aprofundam o significado de cada<br />
tema e estampa. A Tomatêra é para quem curte vestir,<br />
consumir e compartilhar conteúdo, para quem<br />
curte aprender e ensinar.<br />
Foi interessante você falar na Tomatêra, ela não<br />
está mais no ar, o que houve?<br />
Esse foi um projeto que com menos de 30 dias no<br />
ar nós resolvemos dar uma segurada porquê a gente<br />
descobriu que é um outro tipo de negócio, com<br />
outras habilidades e operação necessárias, que demandava<br />
uma energia que a gente no momento não<br />
tinha sobrando, então tá lá, pronto, mas guardadinho<br />
porquê a gente resolveu focar as energias na Keep<br />
Learning School.<br />
Interessante o que você fez em relação à Tomatêra<br />
e ao “Inquietos Meditam”, foi uma pivotada na<br />
tua Startup né? Como vocês chegaram à essa decisão?<br />
Isso é uma coisa que como empresa você vai ao longo<br />
do tempo se auto observando, assim como tem o<br />
auto conhecimento pessoal, tem também auto-conhecimento<br />
da organização, a gente percebeu que<br />
o nosso DNA é muito criatividade e inovação então<br />
decidimos fazer cursos que sejam mais diretamente<br />
ligados à criatividade e inovação. Como eu falei<br />
anteriormente, a gente pensa também coisas mais<br />
ligadas a futurismo e inovação porquê é mais do nosso<br />
DNA, porquê a gente tá num momento de foco<br />
dentro do pilar Criatividade que é um pilar com alto<br />
desdobramento..E, além disso, tudo, também estou<br />
escrevendo meu primeiro livro sobre criatividade,<br />
que vai ser lançado no segundo semestre pela editora<br />
Sextante. Haja hardwork!<br />
Lourenço<br />
Silva<br />
Naia<br />
Maciel
25 | Vendas<br />
COMO CONSEGUIR<br />
OS PRIMEIROS<br />
CLIENTES ?<br />
Imagem: iconicbestiary / Dooder / Freepik<br />
A vida de empreendedor tem muitos desa-<br />
fios. Prospectar interessados e convertê-los em<br />
clientes é uma das atividades que os novos em-<br />
preendedores sentem mais dificuldade.<br />
Depois de vencer toda a burocracia para abrir<br />
uma empresa, dedicar tempo criando um produto/<br />
serviço, é necessário se apresentar para o mercado<br />
em busca de interessados. Conversando com alguns<br />
empreendedores eu vejo que uma das maiores<br />
dificuldades é conseguir novos clientes, tendo<br />
em vista que muitos donos de negócios não<br />
tem experiência prévia na área de vendas.
Como começar a vender sem ter experiência<br />
em vendas?<br />
Essa é uma pergunta que se torna um grande<br />
pesadelo para vários empreendedores, mas não<br />
é nenhum “bicho de sete cabeças”. O importante<br />
nesse caso é não deixar o medo impedir você de<br />
apresentar seu produto e conquistar o seu primeiro<br />
cliente.<br />
Como começar a prospectar clientes?<br />
Eu tenho uma técnica bem simples que permite<br />
que pessoas iniciantes na área das vendas comecem<br />
a aprender essa arte. Ao invés de esperar que<br />
os clientes venham até você, eu sugiro fortemente<br />
que faça uma prospecção ativa para conseguir os<br />
primeiros interessados no seu produto. Para isso,<br />
prepare uma lista de pessoas conhecidas por você<br />
(amigos e familiares) e que podem se interessar<br />
pelo seu produto/serviço.<br />
Começar com os familiares e amigos é muito<br />
bom porque essas pessoas te darão abertura para<br />
explicar sobre o seu produto. Você vai se sentir mais<br />
confortável de fazer suas primeiras apresentações<br />
comerciais para pessoas que já conhece. Essa primeira<br />
lista de interessados composta por amigos<br />
e familiares eu chamo de Círculo A.<br />
Depois de alguns dias ou meses (dependendo do<br />
tamanho do seu círculo) essa lista vai se esgotar<br />
e por isso você vai precisar gerar uma outra lista<br />
de contatos. Nesse momento você vai construir o<br />
seu Círculo B.<br />
“... POR ISSO É SEU DEVER FAZER<br />
SUA PRÓPRIA RECOMENDAÇÃO,<br />
PORQUE VOCÊ SABE QUE ESSE<br />
PRODUTO/SERVIÇO É ALGO QUE<br />
PODE AJUDAR SEUS CLIENTES A<br />
TEREM UMA VIDA MELHOR.”<br />
O círculo B é composto por pessoas conhecidas.<br />
Pense em pessoas que você não tem tanta<br />
proximidade, mas que já tenha conversado ocasionalmente.<br />
Algumas vezes a lista B é composta<br />
por amigos de amigos, ou amigos dos pais/irmãos.<br />
Segue uma dica para ajudar quem está com<br />
dificuldade de montar a lista: olhe a sua agenda<br />
telefônica, nome por nome, depois pegue a agenda<br />
telefônica dos seus pais ou até de um amigo próximo<br />
para formar a sua lista.<br />
E o mais importante: não tenha vergonha<br />
de ligar.<br />
Vendas | 26<br />
Algumas pessoas têm vergonha de oferecer o<br />
seu produto para amigos porque não querem criar<br />
inimizades. A verdade é que você tem que confiar<br />
no seu produto. Se você gosta de algum filme ou<br />
de algum restaurante, recomendaria para os seus<br />
amigos? Então aqui é a mesma coisa. Geralmente<br />
recomendamos coisas boas para os nossos amigos,<br />
por isso é seu dever fazer sua própria recomendação,<br />
porque você sabe que esse produto/serviço<br />
é algo que pode ajudar seus clientes a terem uma<br />
vida melhor. Para não criar nenhuma inimizade<br />
basta não insistir muito.<br />
Confie em si mesmo que tudo vai dar certo!<br />
O importante é começar a ligar para a lista o<br />
quanto antes!<br />
As pessoas dessa segunda lista vão ser pessoas<br />
que você não tem tanta intimidade, mas a boa notícia<br />
é que você já treinou bem o seu discurso de<br />
vendas com a lista do círculo A.<br />
E depois de explorar todos os contatos da lista<br />
A e da lista B?<br />
Quando alcançar esse ponto, você já deve ter<br />
conseguido alguns clientes. Agora temos duas alternativas<br />
para prosseguir:<br />
Peça 3 recomendações para os clientes que você<br />
já vendeu. Pergunte se você pode ligar para eles<br />
ou se o seu cliente pode recomendar alguém que<br />
pode ficar interessado no seu produto.<br />
Contate algumas pessoas influentes que você<br />
conheça e ofereça uma comissão para eles, de 5% a<br />
15% por produto vendido para uma indicação deles.<br />
Essa é uma boa forma de motivar recomendações.<br />
Felipe Macanhão<br />
Empresário serial, apresentador,<br />
escritor e consultor. Tenho<br />
muito amor pelo que faço, adoro<br />
desenvolver empresas e o meu desejo<br />
é construir empresas que possam<br />
melhorar a vida das pessoas.<br />
Imagem: iconicbestiary / Freepik
27 | Branding<br />
é necessário pensa<br />
Um olhar cuidados<br />
Eis um recado cheio de provocação e que talvez<br />
contradiga o que muitas marcas fazem e querem fazer:<br />
“Pensar fora da caixa”!<br />
Pensar fora da caixa é necessário sim, no sentido<br />
de se buscar um diferencial competitivo permeado<br />
de criatividade e inovação, e muitas marcas têm feito<br />
isso maravilhosamente bem.<br />
No entanto, no afã de pensar “fora da caixa”, algumas<br />
marcas se esquecem das tarefas básicas de<br />
casa, fazer o que tem que ser feito e então, de pensar<br />
dentro da caixa.<br />
E eis que no âmago dessa ideia está o CLIENTE.<br />
É absolutamente correto uma marca preocupar-<br />
-se com o seu Branding (gerenciamento de marca),<br />
com os variados e necessários processos do produto/serviço,<br />
com as complexas estratégias de posicionamento<br />
de marca, com as impactantes campanhas<br />
de Marketing. Mas é absurdamente incorreto fazer<br />
tudo isso sem pensar nos clientes. Theodore Levitt,<br />
um dos grandes nomes de Havard, em seu célebre<br />
artigo “Miopia em Marketing”, publicado em 1960,<br />
faz a crítica a empresas que privilegiam o produto ao<br />
invés dos clientes, eis a grande miopia e um dos principais<br />
motivos para a decadência de grandes empresas<br />
como exemplo, a Kodak e a Mesbla.<br />
PRIORIZAR O CLIENTE É PENSAR DENTRO DA<br />
CAIXA, é tarefa de casa, é o foco!<br />
Por mais “fora da caixa”, bonita e pirotécnica que<br />
seja uma campanha de Marketing, por exemplo, se<br />
ela não estiver direcionada para atender a uma demanda,<br />
satisfazendo a necessidade do cliente e<br />
atraindo-o para o consumo, infelizmente pode significar<br />
apenas algo bacana e que vai massagear o ego<br />
da marca, mas não atingirá os objetivos organizacionais.<br />
No livro, “Os 10 pecados mortais do Marketing”,<br />
Philip Kotler (2004) enfatiza o erro das empresas<br />
que não têm foco nos clientes, como o primeiro dos
Branding | 28<br />
r dentro da caixa!<br />
o sobre o cliente<br />
pecados mortais. De fato, não focar nos clientes é<br />
cometer um grande suicídio.<br />
E quando se fala em foco no cliente relacionado<br />
ao Branding, a pretensão é ir além do posicionar e<br />
comunicar a marca e/ou preocupar-se com a excelência<br />
do produto, é, pois, melhorar a experiência<br />
com seus clientes. Experiência com os clientes, eis<br />
a palavra.A campanha pode ser estupenda, a marca<br />
pode estar bem posicionada no Mercado e na mente<br />
do cliente, mas o que vale no fim das contas é a experiência<br />
de consumo. A experiência é positiva quando<br />
“a promessa se cumpre”, há um valor percebido<br />
através de aspectos intangíveis e que acompanham<br />
o que é ofertado pelas marcas, especialmente através<br />
do serviço (atendimento ao cliente). E caso essa<br />
experiência seja negativa, pode-se dizer que o Branding<br />
falhou, e por que não dizer, ocorre uma “Miopia<br />
em Branding”.<br />
Por maior que seja uma empresa, com toda notoriedade<br />
e peso de marca que tem no Mercado, é a<br />
experiência individual de consumo do cliente que vai<br />
responder se ela é amada ou odiada.<br />
Pensar dentro da caixa é olhar para o ativo mais<br />
importante que uma empresa possui: o cliente. E a<br />
partir daí, reunir esforços para que a sua experiência<br />
com a marca seja a melhor possível, ainda que para<br />
isso seja necessário pensar fora da caixa.<br />
Enfatizar os clientes é pensar dentro da Caixa,<br />
essência que direciona; Realizar estratégias de posicionamento<br />
de marca, com inovação, criatividade,<br />
é pensar fora da caixa, consequência que certifica.<br />
Assim, o Branding cumpre a sua missão de tornar<br />
o cliente um amigo da marca. Sobretudo, valorizar<br />
o cliente pensando dentro da caixa é também uma<br />
forma de se preocupar e agir para que não haja falta,<br />
mas sim excesso, dentro DO caixa.<br />
Imagem: Freepik @dooder<br />
Hudson Roza<br />
Idealizador da marca Navy Way; Graduação<br />
em Filosofia, Bacharelado em Administração;<br />
Mba em Psicologia Organizacional e Gestão<br />
em RH; Mestrando em Marketing;
29 | Vendas<br />
5 Razões<br />
Para a<br />
Alta Performance<br />
Em Vendas<br />
Certamente existem muitos motivos para uma<br />
performance elevada em vendas. Mas existem poucos<br />
que justificam a alta performance, os top 5%<br />
do ranking.<br />
Eu listo abaixo as cinco razões que, na minha opinião,<br />
mais justificam a alta performance em vendas.<br />
Vamos falar um pouco de cada uma delas.<br />
Assumir positivamente o controle: Gustave Le<br />
Bon disse que “O homem que não sabe dominar<br />
os seus instintos é sempre escravo<br />
daqueles que se propõem<br />
satisfazê-los”. O vendedor<br />
que não assume o controle<br />
dos seus negócios sofre do<br />
mesmo mal, onde permite<br />
que o cliente proponha o jogo<br />
para satisfazê-lo. E ele, como<br />
“vendedor-escravo”, assume o<br />
papel submisso e mais fraco,<br />
aceitando qualquer miséria em<br />
troca da pseudo fidelidade de<br />
continuar sendo comprado.<br />
Os vendedores top 5%, de alta<br />
performance, mantém o controle<br />
do jogo, distribuem as<br />
cartas e recolhem todo o dinheiro<br />
da mesa. Com espírito<br />
positivo, contagiam o cliente<br />
com a noção do melhor jogo<br />
feito. E se esforçam para que<br />
os resultados apareçam nos<br />
relatórios do cliente.<br />
Usar com persistência a<br />
bússola: Saber para onde ir é<br />
o que a bússola nos possibilita.<br />
Não trata de velocidade, ritmo e<br />
nada mais. Somente o verdadeiro norte da nossa<br />
Imagem: Freepik
Vendas | 30<br />
vida aparece nesta nossa bússola. Não possuir essa<br />
ferramenta implementada é como navegar em alto<br />
mar de olhos vendados. “Volta teu rosto sempre<br />
na direção do sol, e então, as sombras ficarão para<br />
trás”, diz a sabedoria oriental. Os vendedores top<br />
5%, de topo de pirâmide, não perdem o norte do<br />
resultado que querem atingir. E, devido a isso, as<br />
dificuldades são meros ajustes de rotas e não obstáculos<br />
intransponíveis.<br />
Fatiar fino e ter fome de comer tudo: Os vendedores<br />
top 5% são pessoas produtivamente<br />
ocupadas. Sabem eliminar atividades circunstanciais<br />
de sua vida e separar ou reduzir, até o ponto<br />
de eliminar para sempre, grande parte das atividades<br />
urgentes que sempre aparecem e não estão<br />
muito em nosso controle. Focam energia, tempo,<br />
motivação e sua inteligência nas atividades importantes.<br />
Se existe muitas coisas a serem feitas, vão<br />
“quebrando” em atividades menores que depois<br />
de montadas formam novamente o puzzle-desafio.<br />
E, a cada fatia que desdobra da meta maior,<br />
fica com mais fome de comer o próximo pedaço.<br />
Faminto, sem noção, avança como uma locomotiva<br />
na direção do gol.<br />
"...O mercado está em crise?<br />
Bom, para eles é uma motivação<br />
para se destacar. Vencer<br />
quando muitos outros desistem<br />
é um fator que é visto em<br />
cenários onde convivem os<br />
dois tipos de mindsets."<br />
Ser um estrategista obstinado por resultado<br />
(do cliente): Grande parte dos vendedores não<br />
gostam de pensar em rotas, abordagens diferenciadas,<br />
avaliar seus resultados após cada visita e<br />
montar uma agenda com forecasting. Além disso,<br />
tem uma predominância de pensamentos restritivos,<br />
que sem questioná-los, governam sua vida. Por<br />
isso que não batem metas e dependem da sorte.<br />
O mestre Sun Tzu já ensinava que “A estratégia<br />
sem tática é o caminho mais lento para a vitória.<br />
Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota”.<br />
Os vendedores top 5% montam suas estratégias<br />
e as desdobrem em táticas acionáveis, fatias finas,<br />
que executam dia após dia em direção aos seus objetivos<br />
(os nortes definidos).<br />
Possuir um mindset orientado para o crescimento:<br />
Os vendedores top 5% se questionam. Não<br />
aceitam resultados sem questionamentos de como<br />
melhorar. Não importa se batem metas sobre metas,<br />
querem aprender. São curiosos e orientados<br />
ao novo. Vibram por descobertas e são corajosos<br />
para abrir novas portas. Convivem bem com o<br />
“não sei”, mas nunca ficam esperando as respostas.<br />
Vão a campo e as constroem. Este é o mindset<br />
dos vencedores.<br />
Muitas pesquisas indicam que há dois tipos de<br />
mindsets (maneiras de pensar e agir) em vendas.<br />
Algumas pessoas têm o mindset fixo e outras o<br />
mindset de crescimento.<br />
Os vendedores com o mindset fixo são aqueles<br />
que querem o reconhecimento imediato. Querem<br />
ser destacados por serem bons, os melhores que<br />
existem. Mas, quando a meta não é atingida, desistem,<br />
se desinteressam, e muitas vezes jogam<br />
contra o espírito positivo do grupo. Normalmente<br />
colocam a culpa em terceiros, não assumindo a<br />
responsabilidade pelos resultados. Eles vencem<br />
quando os ventos são favoráveis.<br />
Já os de mindset de crescimento adoram o desafio.<br />
Podem até não estar momentaneamente com<br />
um alto desempenho, por ainda não terem descoberto<br />
a fórmula correta para vencer o novo jogo,<br />
mas são aqueles que nunca desistem, que estão<br />
sempre na busca de soluções para os problemas.<br />
Na verdade, quanto mais complicada a situação,<br />
mais crescem. O mercado está em crise? Bom,<br />
para eles é uma motivação para se destacar. Vencer<br />
quando muitos outros desistem é um fator que<br />
é visto em cenários onde convivem os dois tipos<br />
de mindsets.<br />
Resultados de pesquisas com jovens estudantes<br />
demonstram que os alunos com mindset de crescimento<br />
buscam se destacar quando os desafios<br />
são crescentes. Já os de mindset fixo, desistem<br />
do desafio quando começam a errar. Preferem ficar<br />
jogando o mesmo jogo, na mesma fase, do que<br />
mudar de fase e, assim, assumir um novo desafio.<br />
Uma equipe campeã não se forma com mindset<br />
fixo. Carlos Drummond de Andrade já dizia que “há<br />
campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos”.<br />
E você, qual campeão deseja ser?<br />
Até o próximo texto e boas vendas.<br />
Gustavo Campos<br />
Coach de alta performance<br />
em vendas
31 | Capitalismo Consciente<br />
EMPRESAS MELHORES<br />
PARA O MUNDO<br />
Imagem: Freepik<br />
Como um movimento global está redefinindo sucesso,<br />
negócios e reinventando o capitalismo<br />
O capitalismo é o modo de produção econômica<br />
que mais gerou riqueza. Há, com razão, pontos de<br />
dissonância nessa afirmação. Porém, é importante<br />
observar o imenso desenvolvimento social e econômico<br />
que o mundo vivenciou desde a revolução<br />
industrial. A renda per capita , por exemplo, saltou<br />
em duas décadas de $7,351 para $18,522 em 2014,<br />
de acordo com o Banco Mundial. Esse número era<br />
de $667 há dois séculos, quando 90% da população<br />
mundial vivia na linha da pobreza.<br />
Não há dúvidas de que empresas são agentes<br />
econômicos-chave nesse processo. Porém, as externalidades<br />
dos negócios são parte da causa dos<br />
efeitos adversos do massivo progresso que experimentamos,<br />
em especial no pós-guerra.<br />
Ao longo da cadeia produtiva, há uma série de<br />
custos não são precificados e acabam sendo negliciados<br />
pelo modelo de negócio. Com isso, embora<br />
as empresas possam contabilizar lucro financeiro,<br />
foi deixado um imenso rastro de impacto negativo<br />
social e ambiental.<br />
Quando se aprofunda estes efeitos adversos,<br />
rapidamente se depara com os atuais desafios<br />
complexos que a sociedade enfrenta. A mudança<br />
climática é cada vez mais uma ameaça iminente ao<br />
planeta como conhecemos e, por consequencia,<br />
para a nossa espécie. A concentração de renda está<br />
em processo crescente. De acordo com a Oxfam,<br />
atualmente, 8 indivíduos possuem a riqueza de metade<br />
do planeta. A desigualdade social implica em<br />
desigualdade de oportunidades e, no longo prazo,<br />
gera distorções sociais irreparáveis. Algumas delas<br />
já vivemos com crises institucionais importantes.<br />
Os recentes escândalos empresariais no Brasil<br />
e no mundo evidenciam a grande necessidade de<br />
mudanças estruturais nestes agentes econômicos.
Capitalismo Consciente | 32<br />
Parte dessa mudança é como a empresa define sucesso.<br />
Por décadas, o mercado convenciou o lucro<br />
como sucesso. Isso desvirtuou muitas empresas<br />
de seus propósitos e foi criada uma visão de curto-prazo<br />
e uma busca insustentável em múltiplas<br />
dimensões pelo lucro aos investidores e acionistas.<br />
É fundamental uma mudança de cultura empresarial.<br />
Para isso, há 10 anos, um movimento global<br />
de líderes desenvolveu infraestrutura para essa<br />
mudança. O B Lab, organização não-governamental<br />
baseada nos EUA, criou um rigoroso processo<br />
de avaliação de impacto, que analisa múltiplas dimensões<br />
das empresas como governança, modelo<br />
de negócio, impacto ambiental, relações com comunidades<br />
e colaboradores. Em um range de 200<br />
pontos, se a empresa atingir o mínimo de 80, ela<br />
está elegível a se tornar uma Empresa B Certificada<br />
e, com isso, promover mudanças estruturais<br />
em seu contrato social ou estatuto social. Essas<br />
mudanças tratam de considerar externalidades no<br />
modelo de negócio e seus stakeholders, não apenas<br />
investidores, na tomada de decisão a longo<br />
prazo. Para escalar este movimento, uma rede de<br />
parceiros foi criada. Na America Latina, o Sistema<br />
B atua em 11 países facilitando o crescimento da<br />
comunidade de Empresas B e do movimento global.<br />
Como resultado, desde 2006, mais de 2,2 mil<br />
empresas se certificaram em 50 países. Outras<br />
62 mil utilizam a ferramenta para avaliação de<br />
seu impacto e de sua cadeia de valor. São empresas<br />
que têm redefinido sucesso em negócios, para<br />
que êxito não seja medido apenas pelo dimensão<br />
financeira, mas também pelo bem-estar da sociedade<br />
e do planeta.<br />
Um exemplo de Empresa B é a brasileira Natura.<br />
Pioneira no segmento de cosméticos, foi a<br />
primeira empresa de capital aberto no mundo a<br />
se certificar. Além das reconhecidas práticas de<br />
desenvolvimento sustentável, a Natura foi também<br />
pioneira ao lançar, em 2016, o relatório de<br />
impacto integrado. A empresa, em aliança com<br />
a PWC, precificou em R$ 132 milhões o impacto<br />
de sua externalidade entre a extração, produção<br />
e distribuição. Um avanço fundamental para que<br />
esse impacto passe a ser incorporado em seu<br />
modelo de negócio. De acordo com a visão Natura<br />
2050, a empresa pretende neutralizar o seu<br />
impacto ambiental.<br />
Também é papel do movimento mudar a regra<br />
do jogo. Em 2010, o B Lab influenciou a criação<br />
de uma nova estrutura de empresa no estado de<br />
Maryland: a Benefit Corporation. Um tipo de empresa<br />
que declara um propósito específico de<br />
causar impacto social e ambiental positivo no<br />
curso de sua atividade econômica. Também amplia<br />
a responsabilidade dos admnistradores e a<br />
transparência na prestação de contas de seu triplo<br />
impacto: social, ambiental e econômico.<br />
Desde então, outros 30 estados americanos<br />
adotaram essa estrutura atingindo a 4,5 mil Benefit<br />
Corporations. A Itália, em 2016, foi o primeiro<br />
país fora dos EUA, a passar a legislação e outros<br />
15 países debatem esse processo. No Brasil, o Sistema<br />
B articulou a criação do Grupo Jurídico B,<br />
formado por advogados interessados em refletir<br />
a criação de uma nova qualificação para sociedades<br />
empresariais: as Sociedades de Benefícios,<br />
seguindo o mesmos principios das Benefit Corporations<br />
nos EUA.<br />
A atuação do Sistema B, como organização que<br />
facilita o movimenta, inclui uma abordagem sistêmica.<br />
Atualmente, atores-chave como advogados,<br />
acadêmicos, investidores, empresarios, entre outros<br />
se organizam em comunidades de práticas.<br />
A tese dessa forma de atuação é boas práticas<br />
influenciaram mudanças em normas sociais e<br />
culturais e promoverão mudanças sistêmicas no<br />
longo prazo.<br />
Uma dessas comunidades originou uma iniciativa<br />
como o Rio+B, em que 250 empresas participaram<br />
de uma chamada pública para se aplicarem a<br />
avaliação de impacto B com o objetivo de aprimorarem<br />
suas práticas. Mais de 50 delas atualmente<br />
participam da Rede Lab do Rio+B para imersões<br />
no processo de desenvolvimento.<br />
A estratégia também inclui colaboração com<br />
outros movimentos globais, como o Capitalismo<br />
Consciente e The B Team. Há um mês, o Sistema B<br />
firmou um acordo com os fundadores do B Team,<br />
representados pelos empresários Guilherme Leal<br />
e Richard Branson para ampliar colaboração e esforços<br />
em direção a uma nova economia.<br />
O movimento global de Empresas B acredita que<br />
ser B não é uma posição, mas sim uma direção. A<br />
empresa está em constante processo de melhoria.<br />
O Sistema B, contudo, reconhece suas limitações<br />
e não coloca a Empresa B como a bala de prata<br />
para a solução dos desafios que vivemos. Mas, sim,<br />
considera que são protagonistas na construção de<br />
uma nova economia mais inclusiva, resiliente e de<br />
prosperidade compartilhada.<br />
Marcel Fukayama<br />
Administrador de empresas, MBA e<br />
mestrado em administração<br />
pública. Co-fundador do Sistema B Brasil e<br />
da Empresa B Din4mo, membro do conselho<br />
do Sistema B Internacional e do Comitê<br />
de Investimentos do Instituto C&A.
33 | Empreenda sua vida<br />
RAZÕES PARA VOCÊ SER<br />
UM PROFISSIONAL T<br />
Imagem: Freepik<br />
O conceito de profissional T ou habilidades T, vem sendo estudado desde o<br />
final da década de 90, apareceu na mídia estrangeira no início dos anos 2000<br />
através da IBM e do CEO da IDEO, o Tim Brown. Basicamente esse tipo de profissional<br />
possui 1 ou 2 tipos de conhecimento que é especialista e uma gama<br />
de conhecimentos complementares, como exemplificado na figura ao lado:<br />
Quais as vantagens de possuir esse tipo de perfil e porque será cada
Empreenda sua vida | 34<br />
vez mais importante esse tipo de profissional?<br />
1.Os robôs estão chegando<br />
Tarefas repetitivas, de conhecimento específico<br />
ou básico, serão os primeiros postos de<br />
trabalho a serem substituídos por robôs e automações.<br />
Aqui mesmo no Brasil isso já acontece e<br />
nos países mais desenvolvidos em maior escala.<br />
Um exemplo fácil de perceber são as pessoas de<br />
caixas nas lojas, bancos e estabelecimentos, que<br />
estão sendo substituídas por máquinas que recebem<br />
pagamentos e autoatendimento. Em vários<br />
países já não existem os cobradores nos ônibus,<br />
por exemplo. Os trabalhos mais difíceis de serem<br />
substituídos, a curto prazo, sãos os que possuem<br />
múltiplas áreas de conhecimento, que exigem<br />
essas conexões e julgamentos que são mais avançados<br />
para as máquinas. Portanto o profissional T<br />
terá um bom tempo de emprego garantido, caso<br />
exerça sua posição com esses conhecimentos.<br />
2.Os consumidores mudaram<br />
Antes de comprar os consumidores já estão bem<br />
informados sobre as empresas e serviços, muitas<br />
vezes até mais do que a própria empresa. As<br />
dúvidas mais básicas já são esclarecidas com informações<br />
pesquisadas, dúvidas frequentes e bots.<br />
Portanto, o atendimento e as vedas das em-<br />
presas será necessário apenas para casos<br />
complexos, que exigem análise e troca de conhecimento.<br />
Um exemplo seria uma venda para<br />
um gestor TI, um vendedor que possui as habilidades<br />
de venda mas que também possui<br />
conhecimentos de TI terá uma probabilidade<br />
de fechamento maior do que um vendedor com<br />
conhecimentos apenas de vendas. Vendas e atendimentos<br />
ao consumidor simples serão feitos por<br />
automações e máquinas, enquanto que vendas<br />
e atendimentos complexos por profissionais T.<br />
3.As equipes nas empresas estão mudando<br />
Por conta das automações, rápidas mudanças<br />
de mercado e necessidade de eficiência, as<br />
empresas estão formando times mais enxutos<br />
e interdisciplinares. Ao invés de ter grandes departamentos<br />
com várias pessoas com o mesmo<br />
conhecimento, estão sendo montados pequenos<br />
times com diferentes perfis: designers, desenvolvedores,<br />
marketing, sucesso do cliente. Cada<br />
pequeno esquadrão desse, atacará problemas e<br />
demandas como um todo, ao invés daquela grande<br />
estrutura hierárquica e em cascata para resolver<br />
os problemas. Para que esse time converse<br />
de forma adequada ou seja possível ter um gerente<br />
desse time, é necessário ter profissionais<br />
T que tem conhecimento das outras áreas e con-
35 | Empreenda sua vida<br />
seguem dialogar facilmente com as outras pessoas. Um artigo que explica<br />
muito bem como esses times estão sendo construídos é o Como a Spotify<br />
organiza seus times ágeis de produto: Squads, Chapters, Guildas e Tribos.<br />
Exemplos de profissionais T<br />
Na Internet é possível encontrar alguns exemplos de conhecimentos para<br />
profissionais de Vendas e Marketing:<br />
Veja que no geral os conhecimentos da base do T são mais genéricos
Empreenda sua vida | 36<br />
e complementares a área de especialização da<br />
função. Pode ser também que algo que você seja<br />
especialista em um determinado momento da<br />
sua carreira, passe a ser um conhecimento básico<br />
para um futuro posto que você irá assumir mais a<br />
frente e terá que se especializar em outro ramo.<br />
Cuidados e ressalvas finais<br />
Existirá um grande risco também de alguns<br />
profissionais acabarem se tornando o perfil generalista,<br />
ou o famoso “pato”, que não faz nada bem,<br />
nem voa nem nada. Por outro lado, os especialistas<br />
que apenas são focados em assuntos específicos,<br />
tornando-se profissionais I. Não existe uma regra<br />
ou fórmula, mas um bom senso de quais conhecimentos<br />
serão importantes para a sua carreira para<br />
complementar a base do seu T.<br />
Eu por exemplo, tenho minha especialidade<br />
em tecnologia, como formação. Mas adquiri ao<br />
longo do tempo outros conhecimentos básicos<br />
de marketing, vendas, sucesso do cliente e administrativo<br />
por exemplo. Esses conhecimentos me<br />
ajudam a acompanhar, colaborar e interagir com<br />
várias pessoas da equipe da Even3.<br />
Por fim, deixo um vídeo interessante do conterrâneo<br />
Murilo Gun, sobre aprendizagem. O “Cinto<br />
do Batman” são vários dos conhecimentos que podem<br />
ser adicionados a base do seu T de habilidades<br />
e complementar seus super poderes :)<br />
Leandro Reinaux<br />
"Empreendedor na Even3 e entusiasta de<br />
inovação, tecnologia e startups. Sempre que<br />
posso pratico esportes"
Imagem: Jeremy Bishop/ NASA/ Unsplash<br />
37 | Marketing
Marketing| 38<br />
"ESSE NOVO MARKETING BUSCA USAR A TECNOLOGIA<br />
A SEU FAVOR, COM EQUIPAMENTOS SOFISTICADOS,<br />
QUE USAM PARÂMETROS PARTICULARES PARA<br />
AVALIAR CADA INDIVÍDUO..."<br />
O neuromarketing é uma nova tendência no<br />
mercado nacional e internacional. Ainda existem<br />
muitas organizações que desconhecem sobre o<br />
assunto, ou talvez, já ouviram falar, mas não dominam<br />
o conceito. De fato, é um novo segmento<br />
do marketing, sendo o tradicional essencial a todas<br />
as organizações para que consiga sempre se<br />
desenvolver e assim chegar aos desejos e as necessidades<br />
dos clientes.<br />
É uma parte da neurociência que busca de uma<br />
forma mais simplificada entender o comportamento<br />
do consumidor. A realidade é que quem<br />
consome passa a ser detentor do capital e as empresas<br />
e organizações precisam chegar até esse<br />
capital para que possam sobreviver no competitivo<br />
mercado atual E para isso, é necessário compreender<br />
o que leva os consumidores a investirem<br />
seu dinheiro em produtos ou serviços oferecidos<br />
por estas empresas.<br />
Um dos fatores que justificam a força conquistada<br />
pelo neuromarketing no cenário empresarial<br />
é exatamente essa competitividade entre empresários,<br />
porque a modernidade os obriga a se<br />
adaptarem a nova realidade dos cliente, deixando<br />
para trás a antiga crença do mercado. Antigamente,<br />
o mercado era guiado pelo que o empresário decidia<br />
produzir, quando ele mandava fabricar um<br />
modelo de sapato, por exemplo, e os consumidores<br />
não tinham muitas opções de compra. Nesse<br />
período da história o fabricante ditava as regras do,<br />
e éramos eram obrigados a nos restringir aquele<br />
produto. Atualmente, isso não existe mais. Hoje<br />
quem direciona o mercado são os consumidores e<br />
as empresas que desejam se mantiver ativas tem<br />
que se adaptar a essas novas demandas. Nesse<br />
sentido encaixa-se o neuromarketing, para além<br />
de compreender o que o consumidor deseja, ajudar<br />
a entender um pouco sobre o comportamento.<br />
E com isso tenta criar no consumidor o desejo de<br />
possuir um produto.<br />
É fundamental compreender que cada segmento<br />
possui um perfil de consumidor e estes<br />
são atingidos de formas diferentes pelas ações<br />
de marketing/neuromarketing. É preciso entender<br />
a melhor forma de chegar a cada público alvo.<br />
A finalidade desse novo tipo de marketing é ir<br />
além do modelo tradicional já conhecido. Aquele<br />
modelo em que são feitas pesquisas diretas e por<br />
vezes não direcionadas. Esse novo marketing busca<br />
usar a tecnologia a seu favor, com equipamentos<br />
sofisticados, que usam parâmetros particulares<br />
para avaliar cada indivíduo, como por exemplo,<br />
medição de batimentos cardíacos na captura de<br />
sensações movimentação dos olhos. Ou seja, as reações<br />
escondidas nas entrelinhas das emoções, e<br />
com isso desenvolver estudos que ajudam a identificar<br />
como funciona esse mecanismo de criação<br />
de desejos nos clientes.<br />
"O estudo das emoções tem algo de intangível,<br />
que não pode ser medido por mapas e números.<br />
Muitas empresas têm medo disso, porque gerenciar<br />
emoções é difícil", diz o psicólogo português<br />
Fernando Rodrigues, especialista em ciências do<br />
consumo e CEO da ICN Agency, agência especializada<br />
no tema.<br />
Assim percebemos uma nova tendência que<br />
pode ser desenvolvida pelas empresas para se fortificar<br />
no mercado atendendo as expectativas e<br />
necessidades dos clientes. Surpreender o cliente<br />
é um ponto forte, porque cliente satisfeito é mais<br />
feliz e repassa essa felicidade para os outros. Assim<br />
o seu publico aumenta e o seu próprio cliente<br />
faz uma parte da propaganda para sua empresa.<br />
Samara Pedroso<br />
Empresária e Mestranda em Marketing<br />
e Direção comercial, 24 anos.
39 | Capitalismo Consciente<br />
Não dar<br />
lucro é uma<br />
irresponsabilidade<br />
social!<br />
Em um mundo capitalista, onde prevalece o ego,<br />
a cobiça e a ganância, pensar que o lucro é algo ruim<br />
parece óbvio. Mas a realidade é que o lucro é fundamental<br />
para o desenvolvimento, e quando um negócio<br />
não gera lucro, seus líderes impõem um grande<br />
peso e risco para a sociedade.<br />
Do lucro, pagam-se os impostos (o que se faz com<br />
o imposto é tema de outra conversa). Do lucro, saem<br />
as doações filantrópicas para sustentar as ONGs. E<br />
uma empresa que não gera lucro, não contribui com<br />
o desenvolvimento da humanidade.<br />
O que podemos explorar, então, é como esse lucro<br />
é gerado, conseguido e trabalhado. A ganância, a<br />
cobiça e o ego são os maiores vilões do mundo capitalista.<br />
Em sua origem, o capitalismo é fundamentalmente<br />
ético. Ninguém é obrigado a vender para ninguém,<br />
assim como ninguém é obrigado a comprar de<br />
ninguém, podemos ir ao mercado A ou B e comprar<br />
o produto X ou Y. Em outros sistemas econômicos,<br />
você só pode vender para o Governo, e o que quiser<br />
comprar só poderá ser comprado do Governo. Com<br />
base nisso, como voltamos a esse capitalismo que é<br />
fundamentalmente ético?<br />
Esse movimento vem ocorrendo naturalmente.<br />
Com a maior riqueza acumulada na sociedade, as<br />
necessidades mudam do nível de sobrevivência para<br />
um nível de consumo (ter) e, finalmente, para o nível<br />
da experiência (ser). Para entender essa ideia, podemos<br />
fazer um rápido exercício: pense em você hoje,<br />
em tudo que tem e a que tem acesso. Agora pense<br />
nos seus pais com essa mesma idade. Certamente<br />
você tem mais do que eles tinham. Isso é um fato do<br />
capitalismo, que permitiu que a humanidade acumulasse<br />
toda essa riqueza. (Sem dúvida, a questão da<br />
distribuição é uma sequela do capitalismo predador<br />
– egocêntrico, de cobiça e da ganância). Nos últimos<br />
200 anos, saímos de um PIB per capita em torno<br />
de US$600 para US$ 7.500, expectativa de vida de<br />
30 anos para mais de 70, pobreza absoluta de 95%<br />
para menos de 15%, e uma população de menos de<br />
1 bilhão de habitantes para mais de 7. Isso aconteceu<br />
nos últimos 200 anos. Imagine o que poderá<br />
acontecer nos próximos vinte! Isso tudo associado à<br />
maior conectividade, maior acesso ao conhecimento,<br />
maior escolaridade e maior inteligência das novas<br />
gerações, faz com que os novos negócios tenham<br />
um novo modelo mental e operacional. Surge o que<br />
podemos chamar de um Capitalismo Consciente,<br />
baseado em negócios conscientes, e que está baseado<br />
em 4 princípios fundamentais:<br />
• Propósito Maior: se a empresa não existe para<br />
resolver um problema da sociedade, ela deve estar<br />
do outro lado causando um problema. Isso significa<br />
que o lucro deixa de ser o objetivo do negócio, mas<br />
uma consequência de quão bem a empresa atende<br />
à sociedade e aos demais stakeholders. Diferentemente<br />
do capitalismo predador, a empresa não tem<br />
mais o objetivo de gerar apenas lucro, mas sim, de<br />
gerar valor para a sociedade. O lucro é um dos possíveis<br />
valores que pode ser gerado pela empresa.<br />
• Orientação para os Stakeholders (envolvidos):<br />
stakeholders são todos aqueles envolvidos ou afetados<br />
pelo seu negócio. Uma empresa verdadeiramente<br />
consciente entende a interdependência dos<br />
stakeholders e, por essa razão, reconhece que todos<br />
precisam ganhar de forma sistêmica para que o negócio<br />
seja sustentável no longo prazo. Essa é a ver-
Capitalismo Consciente | 40<br />
Imagem: Pexels<br />
dadeira aplicação do Ganha-Ganha-Ganha em múltiplas<br />
dimensões a cada interação.<br />
• Cultura Consciente: em qualquer negócio, mais<br />
cedo ou mais tarde, tudo pode ser copiado, sejam<br />
canais de distribuição, política de preço, uma tecnologia,<br />
etc. A única coisa que não se copia é o comportamento<br />
coletivo dos envolvidos em prol da causa da<br />
sua empresa. Já dizia Peter Drucker, “a cultura engole<br />
a estratégia no café da manhã”.<br />
• Liderança Consciente: por fim, o que pode ser<br />
o mais importante, o líder. Uma empresa consciente<br />
só existe quando a liderança é consciente. Esse não<br />
é um movimento revolucionário de baixo para cima,<br />
mas um movimento de cima para baixo. Precisa estar<br />
na agenda diária do líder, na prioridade absoluta,<br />
e assim começa um negócio consciente.<br />
Cultura<br />
Propósito<br />
Empresa<br />
Consciente<br />
Liderança<br />
Stakeholder<br />
Quando pensamos em empresas com causa, você<br />
consegue imaginar um cliente tão fanático que se tatua<br />
com a marca da empresa? Ou ainda mais, uma<br />
equipe tão engajada que também se tatua com a<br />
marca da empresa? Mais ainda, fornecedores dedicados<br />
de tal forma que seus funcionários também<br />
se tatuam com a marca da empresa? E o melhor de<br />
tudo, aqueles que ainda não compraram seu produto,<br />
os prospects, já terem a tatuagem da sua marca<br />
antes mesmo de comprar um? Isso não seria uma<br />
marca de grande impacto?<br />
Quando pensamos em empresas conscientes,<br />
poucas nascem da ideia de ficar rico ou ganhar muito<br />
dinheiro. A grande maioria dos negócios nasce de<br />
uma inquietação pessoal do fundador, do criador da<br />
empresa. O maior desafio do fundador é expressar<br />
esse sentimento em palavras para que as pessoas ao<br />
seu redor se engajem nessa mesma jornada. Quando<br />
pensamos em causa, é sempre mais fácil imaginar<br />
uma ONG, mas imagine se você pudesse se dar bem<br />
fazendo o bem. Pois isso é possível. Fazer o bem,<br />
ganhando dinheiro com isso, te permite fazer mais<br />
e melhor. Outro grande desafio do líder ou de seus<br />
sucessores é o de ajustar o propósito do negócio ao<br />
desenvolvimento do mesmo e também às mudanças<br />
ao seu redor. O Google, quando começou, tinha<br />
o propósito de “organizar a informação do mundo”.<br />
Conforme foi realizando isso, com algoritmos e acessando<br />
todo o mundo digital, expandiu sua causa para<br />
“fazer essa informação universalmente acessível”.<br />
Mas nem por isso parou de organizar a informação<br />
do mundo. Começou a escanear livros fora de impressão<br />
e a indexá-los com ajuda do coletivo através<br />
do ReCaptcha. E assim por diante.
41 | Capitalismo Consciente<br />
O Propósito é a guia mestra de um negócio consciente.<br />
A cada decisão de gestão da empresa, devemos<br />
nos perguntar se a decisão em questão avança<br />
o propósito da empresa, desvia ou retrocede? Dessa<br />
forma, um negócio se mantém alinhado à sua causa,<br />
aos seus ideais. Um atalho pode levar ao próximo e<br />
causar grandes danos à sustentabilidade dos negócios.<br />
Muitas vezes, um atalho é uma solução de curto<br />
prazo, mas com consequências de longo prazo.<br />
Novos negócios surgem diariamente com os princípios<br />
de um capitalismo mais consciente. A ResolvJá<br />
é uma lawtech que surgiu de uma inquietação:<br />
“a justiça que tarda, falha”. Com mais de 100 milhões<br />
de processos judiciais em andamento no Brasil, e<br />
seis meses para a primeira audiência no juizado de<br />
pequenas causas, o cidadão comum não tem acesso<br />
à justiça para causas de baixo valor. A ideia de popularizar<br />
a mediação e arbitragem por meio eletrônico<br />
(online) é uma causa abraçada por três sócios de<br />
coragem com o propósito de mudar a realidade de<br />
nosso país. Hoje, já atua através de diversas câmaras<br />
de mediação e arbitragem, de Porto Alegre a Belém<br />
do Pará.<br />
Mas isso não é apenas exclusividade de pequenas<br />
empresas ou startups. A Jacto, uma empresa do interior<br />
de São Paulo que desenvolve equipamento<br />
para o agronegócio, foi convidada pelos produtores<br />
de fumo do sul do país para desenvolver uma máquina<br />
de colher fumo. Uma cultura que vem perdendo<br />
mão de obra que migra para as cidades ou para<br />
outras culturas agrícolas. O potencial de negócios<br />
poderia chegar a US$ 200 milhões ao ano. Mas, depois<br />
de muito refletir, pois um faturamento desses<br />
não é de se desprezar, a empresa decidiu declinar do<br />
convite, uma vez que seu propósito é “servir ao produtor<br />
de alimentos”. A Jacto, em um pouco mais de<br />
20 anos, saiu de um faturamento de R$ 100 milhões<br />
para mais de R$ 1 bilhão, mantendo-se fiel aos seus<br />
valores e ao seu propósito.<br />
Esse é um exemplo de uma grande empresa!<br />
Caso você tenha interesse em se aprofundar nesse<br />
tema, assista no YouTube dois vídeos de 15 minutos<br />
que podem te inspirar mais a iniciar a sua jornada<br />
de grande impacto social. Busque por:<br />
- TEDx Capitalismo Consciente<br />
- TEDx Simon Sinek<br />
Para aqueles interessados em uma leitura, sugiro<br />
o livro Fundamentos do Capitalismo Consciente, ou<br />
visita ao site www.consciouscapitalism.com. Conheça<br />
também o Sistema B, um movimento que acredita<br />
nas empresas melhores para o mundo ao invés de<br />
maiores do mundo.<br />
Nota: A empresa onde todos os stakeholders se<br />
tatuam com a marca é a Harley Davidson, que tem<br />
como grande causa a liberdade. O comportamento<br />
coletivo desse grupo é tão diferente que chega a assustar<br />
as outras pessoas.<br />
Thomas Eckschmidt<br />
Conselheiro empresarial, executivo<br />
com experiencia em mais de 20 países,<br />
empreendeu 5 StartUps, recebendo<br />
11 prêmios de empreendedorismo,<br />
depositando 4 patentes e com 10 livros<br />
publicados, entre eles “Fundamentos do<br />
Capitalismo Consciente”.
facebook/<br />
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