Página 4 Goiânia, julho de 2018 Pais Gente Boa Homenagem do Jornal Criméia ao Dia dos Pais Kaio e a filha Ákila. V. Monticelli Marcão, filha Janaína, o pai José Albino e a mãe Dona Celina Adriano dos Muthantes e a filha Ana Beatriz Daniel da Unifer Tintas e sua filha Aline Eu Alex, com 5 anos e meu pai Tonho do bar - “Óia o alicope Alex” Luiz Carlos e o filho Arthur O saudoso Zé Cabeleira e o filho Zé Robérto Sérgio e sua filha, a cineasta Pollyana Adair pai, mãe Dinair e eu Luciano Nossa Gente Boa Fabiana ‘pãe’ do João Wéber Pai Valdeci e o filho Johnathan - VPS Pneus Sandro e a filha Kamilla Mazinho, o bom de bola João cuem cuem - empreendedor Artista Plástico - Gibran Jorge Afonso do Bar do Afonso Seu Ataídes - 86 anos Leandro dos Muthantes e o filho Fellipy Neguin e Vinícius - no churrasquinho do Açougue Premium Araponga, o gavião da Monticely Paulinho da Casa Juazeiro Jaime, sempre alegre e divertido Cássio, do Ceasa e o filho Felipe - Na praça do Crimeiea Leste José Olímpio e João Ferrinho - parceiros do futebol de várzea C. Leste Mauro eletrecista “A amizade é uma alma com dois corpos.” Aristóteles Márcio e Célia - MR Serralheria - descontação no Bar do seu Edson
Goiânia, julho de 2018 Página 5 Feira da Marreta abraça Pecuária Muitos desempregados, com o objetivo de complementar a renda, estão ocupando as calçadas do Parque Agropecuário de Nova Vila e ruas próximas à antiga estrada de ferro Carlos Pereira O desemprego alcança recordes no Brasil que tem hoje cerca de 13 milhões de desempregados segundo os últimos dados. Resultado: muita gente que está sem emprego tem que se virar para levantar uns trocados e continuar tocando a vida. Esta situação de desemprego vem aumentando o trabalho informal em todo o país. Em Goiânia, a tradicional Feira da Marreta, funcionando há cerca de 15 anos no estacionamento do Parque Agropecuário de Nova Vila, é um exemplo claro desta situação de crescimento da informalidade no país. A Feira, que antes funcionava só no estacionamento da Pecuária, está crescendo, avançando sobre ruas laterais e nas calçadas do Parque. Feirantes que trabalham há bastante tempo vem notando este crescimento da Feira com o aumento do desemprego. Criada por servidores públicos que trabalhavam na construção de Goiânia – funcionava antes na Praça Boa Aventura – a Feira da Marreta não é vista com bons olhos pelo poder público, sendo alvo de constantes batidas policiais a procura de produtos roubados. O feirante do setor de Recicláveis, Clédson Carvalho, que estava ocupando uma das calçadas ao redor da Pecuária diz que resolveu trabalhar na Feira da Marreta para levantar uns trocados e ir tocando a vida diante da crise que afetou o seu rendimento: “A situação está difícil. Muita gente que está aqui na calçada, está desempregada. Se a crise continuar a ocupação da calçada vai crescer. Daqui a pouco vai dar a volta na Pecuária”, brinca o feirante. Paulo César de OIiveira Assunção, estudante de Ciências Sociais, que há dez anos vende livros na Feira e fez uma pesquisa sobre os feirantes, também vem percebendo este crescimento com o aumento do desemprego. “O desemprego cresce, a Feira também. Muita gente que está aqui trabalha de forma honesta. Muitos têm outras profissões. É um professor, dono de bar, pedreiro que, aos domingos, vem a Feira da Marreta vender objetos para complementar a renda e enfrentar a crise. Está difícil a vida”, conta Paulo. O dono de Bar na Vila Mutirão, Edivaldo Oliveira, mais conhecido como Di, também diz que vai a feira aos domingos para complementar a renda. Di afirma que não vende nada roubado. “Vou aos recicláveis e compro vários objetos danificados. Dou um trato, arrumo e vendo Di - dono de bar e, aos domingos de manhã, vende reciclados na Feira da Marreta aqui na Feira. Faço isto há 40 anos, não vendo nada roubado. Aqui a gente trabalha organizado. De forma honesta. Comecei na Vila Nova e continuo até hoje aqui complementando a minha renda”. O Militar aposentado Euler Ferreira diz que frequenta a Feira da Marreta há cinco anos e sempre consegue comprar alguma coisa em conta. Desta vez carregava um botijão de gás nas costas que comprou, segundo ele, pela metade do preço de um novo. Ele afirma que não tem como saber se um produto é roubado ou não. Muita gente que precisa de dinheiro rápido vai à feira vender objetos. Para ele a Feira da Marreta tem esta opção de compra diferenciada com valores baratos, ou seja, você pode encontrar de tudo no local. Crimeiense traça perfil dos feirantes que trabalham na Feira da Marreta O feirante vendedor de livros, Paulo César de Oliveira, citado acima na matéria, é também estudante do curso de Ciências Sociais da UFG e fez um estudo sobre o perfil dos feirantes da Feira da Marreta. Paulo frequenta a Feira da Marreta desde criança quando ela funcionava na Praça Boaventura na Vila Nova. Com o título Pesquisa Etnográfica – Feira da Marreta, Paulo conta como ela teve início e porque, ao contrário do que muita gente pensa, ganhou a alcunha de “Marreta” segundo os feirantes mais antigos. “Nos seus primórdios, segundo relatos de vendedores mais antigos, a Feira da Marreta começou com funcionários públicos, cujos pagamentos de salários atrasavam. Iam à praça vender objetos de casa que não usavam mais, para obterem algum dinheiro e comprarem o que faltava. Panela velha, ferramentas, roupas usadas eram os objetos mais encontrados na feira. Das ferramentas, o que sobrepunha mais era a marreta, que foi perdendo espaço nas construções devido a ferramentas mais tecnológicas, dá aí a origem do nome, Feira da Marreta”. Paulo defende a Feira que tem a fama de vender produtos roubados: “Ao contrário do que Calçadas da Pecuária ocupadas por novos feirantes da Feira da Marreta Paulo César “Acredito que aqui na Feira, por metro quadrado, tem mais pessoas honestas que no Congresso Nacional” a sociedade pensa a Feira da Marreta é, em sua maioria, de trabalhadores, de pessoas que trabalham de forma honesta que buscam, aos domingos, complementar a sua renda. Acredito que aqui, por metro quadrado, tem mais pessoas honestas que no Congresso Nacional”, conclui Paulo. Perfil atual da Feira Paulo conta no estudo que de um tempo pra cá, devido à crise financeira, houve um inchaço na Feira, mas a dinâmica continua a mesma, tendo a venda todo tipo de mercadoria nova e usada: sucatas diversas, objetos dos ferros-velhos e papeleiros, bicicletas, livros, revistas, componentes de informática, objetos domésticos, enfim tudo aquilo que pode ser reutilizado e comercializado de acordo com a cabeça e a necessidade do feirante nas diversas alas, além é claro, do setor de alimentação que também compõe a Feira da Marreta. Funcionamento da Feira A Feira da Marreta se inicia na madrugada de domingo, a partir das 3 horas. Os feirantes mais antigos se ajudam e buscam delimitar as suas áreas para que os que não tem ponto invadam seus espaços. Estes invadem os corredores e espaços vazios e, aos gritos, tentam vender o seu peixe. É assim, de acordo com Paulo, que a Feira vai se formando naquela bagunça organizada cheia de bugigangas de todo tipo que você possa ou não imaginar. “A maioria dos feirantes da Feira da Marreta têm outras atividades durante a semana. Cada vendedor faz um laço de amizade com os outros vendedores que estão ao seu redor, formando um elo. Este elo é que faz a feira funcionar e ter suas próprias regras. Não tem órgão que a fiscaliza. A Feira da Marreta é autogestora, tem suas próprias regras, e sua própria dinâmica”, conclui Paulo no estudo. “Os amigos têm tudo em comum, e a amizade é a igualdade.” Pitágoras