12.08.2018 Views

final III o retorno

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ano 23 nº 95 Goiânia, julho de 2018<br />

Sinval Félix<br />

Uma vida dedicada<br />

à luta comunitária<br />

O jornal Criméia criado pelo nosso amigo<br />

Sinval Félix há mais de 20 anos é um veículo<br />

de comunicação de grande importância<br />

para a comunidade. Já são 95 edições.<br />

Infelizmente o nosso amigo Sinval nos<br />

deixou no dia 14 de maio durante a feitura<br />

da edição passada. Pedimos à várias pessoas<br />

que escrevessem algo sobre esta figura<br />

tão importante para a nossa comunidade.<br />

Os textos enviados estão todos aqui, nesta<br />

edição especial do Jornal Criméia. Esta é<br />

apenas uma pequena homenagem aquele que<br />

foi grande em defesa da vida comunitária.<br />

Agradecimento especial às pessoas que, de<br />

uma forma ou outra, escrevendo, anunciando,<br />

mandando fotos ou, simplesmente, apoiando,<br />

contribuiram para a circulação deste<br />

registro histórico.<br />

Páginas 6 e 7<br />

Crônicas do Criméia<br />

Sinval e o Corel Pau<br />

Com bom humor e irreverência, Ricardo Edilberto<br />

comenta seus encontros e experiências<br />

com Sinval Félix.<br />

Página 11<br />

Feira da Marreta<br />

abraça Pecuária<br />

Página 5<br />

Carta aberta aos amigos do amigo Sinval<br />

Prédio da Escola Donata Monteiro<br />

da Mota continua abandonado<br />

Editorial, página 2<br />

Apesar de há cinco meses o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, ter assinado<br />

a ordem de serviço para a reforma do prédio, até o momento,<br />

nada foi feito, e o prédio continua entregue às traças<br />

Página 3<br />

“Carma garoto, você é jovem’’<br />

Perdemos nos últimos meses vários<br />

amigos no Criméia Leste, entre<br />

eles, o mais recente, o divertido<br />

e de coração grandioso Paná<br />

(foto). Além dele, nesta edição,<br />

prestamos homenagem ao amigo<br />

Dearnley e dona Jovina<br />

Página 2<br />

Crimeiense<br />

ganha título<br />

sul-americano<br />

de Karatê<br />

Página 8


Página 2 Goiânia, julho de 2018<br />

Editorial<br />

Carta aberta aos amigos do amigo Sinval<br />

Carlos Pereira<br />

Editor Geral do Jornal Criméia<br />

Conhecia Sinval Félix desde menino, mas passei<br />

a conviver mais com ele nos últimos 10 anos quando<br />

me procurou para ajudá-lo em uma entrevista. Na<br />

época, era repórter da Rádio Difusora de Goiânia. A<br />

entrevistada era uma senhora simpática de quase 100<br />

anos, a Dona Maria Parteira, que nas décadas de 60 e<br />

70 fazia partos no Criméia e região. Naquele dia senti<br />

que nossa parceria iria progredir, só não esperava que<br />

seria interrompida de forma brusca com a passagem<br />

dele exatamente um mês após a passagem da minha<br />

mãe, dona Santa, um duplo golpe do universo comigo.<br />

Mas já aprendi: a gente leva tombos e rasteiras nesta<br />

vida para redirecionar caminhos.<br />

Naquele dia, me encantei com a entrevista, com<br />

Dona Maria Parteira e com o Jornal Criméia, idealizado<br />

pelo “menino quixotesco sonhador” Sinval Félix.<br />

A possibilidade de poder contar histórias e dar<br />

identidade para as pessoas de uma região onde cresci<br />

e aprendi a viver me seduziu. De repente, emocionado,<br />

no meio da entrevista, Sinval lembra que tinha<br />

nascido nas e das mãos de dona Maria Parteira. Daí<br />

nasceu o título da primeira entrevista que fizemos<br />

juntos para o Jornal Criméia: “Maria Parteira, a mãe<br />

de muitos filhos do Criméia Leste”.<br />

Desde então, contamos muitas histórias de pessoas<br />

da comunidade, entre elas: “Márcia, uma mulher<br />

de respeito”, “Nonô, um crimeiense da gema”, “João<br />

Ferrin e a história do futebol de várzea do Criméia<br />

Leste”, “Seu Hilário, um baiano arretado”, “O Goiás<br />

voltou”, “Fróes e a charge em Goiás”, “Ipácio, futebol<br />

à moda antiga”, “A casa de flores na calçada da rua”,<br />

“Valdeir, O The Flash”; “Pocotó e o meio ambiente no<br />

Criméia”, “Seu Magno, reciclando a viva”; Dino Limongi<br />

e o início do Motociclismo em Goiânia”, “Marciano<br />

e o samba de raiz”, “Padre Alcides, Irmã Margarida<br />

e Irmã Hernandes”; “Léo Pereira, o Terrorista<br />

da Palavra”, “João Lico e Dona Santa, reinventando a<br />

vida”; “Festival Juriti de Música e Poesia Encenada”,<br />

entre outras tantas histórias.<br />

Criamos também quadros fixos como as histórias<br />

do seu Moacir que nos deixou há pouco tempo também.<br />

Do Ricardo Edilberto e suas crônicas do Crimeia<br />

onde contou várias histórias de personagens e situações<br />

que ficaram impregnadas na sua memória de<br />

infância. Publicação de poesias e crônicas de moradores<br />

do bairro, dica de leitura da Hocus Pocus e muitos<br />

outros quadros ou colunas como: a Nossa Gente Boa<br />

que tem o único objetivo de colocar as pessoas no Jornal,<br />

já que muita gente reclamava, e ainda reclama<br />

do fato de não ter aparecido no Jornal Criméia, uma<br />

espécie de coluna social da comunidade,<br />

Sinval, que nos deixou repentinamente, quando<br />

estávamos <strong>final</strong>izando a edição 94 do Jornal Criméia,<br />

era daquelas pessoas que se dedicava intensamente<br />

à vida comunitária. Petista, defendia o ex-presidente<br />

Lula com fervor e ficou muito abatido com a sua<br />

prisão. Trabalhou na gestão do ex-prefeito de Goiânia<br />

Pedro Wilson, entre 2001 e 2004, desenvolvendo<br />

atividades no Programa Orçamento Participativo e<br />

sempre travava longas batalhas com os moradores da<br />

região em defesa do PT, da presidente Dilma Rousseff<br />

e do presidente Lula. Fez isto até o fim da vida, nunca<br />

abandonou o apoio ao PT mesmo criticando alguns<br />

caminhos que o partido tomou.<br />

Anúncios - No Jornal Criméia, não se importava<br />

de correr atrás de pequenos anúncios e ficar ali, com<br />

paciência para receber. Às vezes, trocava o anúncio<br />

por um objeto, um serviço, uma cerveja. Outras vezes<br />

ficava sem receber e seguia a vida sonhando com o<br />

crescimento do Jornal Criméia. Esta é uma realidade<br />

que muitos não sabem, ou fazem de conta que não.<br />

Fazer um jornal de bairro é muito difícil. O desgaste<br />

é muito grande, o lucro, quando há, é muito pequeno,<br />

mas Sinval, mesmo com todas as dificuldades, seguia<br />

firme, meio assim “bagunçado”, do jeito dele, mas firme<br />

no seu propósito de continuar fazendo o Jornal e<br />

outros jornais de bairro.<br />

Sinval era muito querido no Criméia Leste. O<br />

Jornal Criméia é um veículo importante porque dá<br />

identidade às pessoas da região. No Jornal são contadas<br />

também histórias dos pioneiros, entrevistas com<br />

personagens do bairro, momento cultural, Coluna do<br />

Crimeildo onde ele falava dos problemas do bairro.<br />

Espaço para as religiões, cultura, crônicas e artigos.<br />

Sinval Integrava ainda o Conselho de Saúde do Criméia<br />

Leste. Inquieto, resolveu voltar a estudar. No<br />

ano passado fez o ENEM e conquistou uma vaga no<br />

curso de Jornalismo da Faculdade Araguaia.<br />

A história do Jornal Criméia começou com a influência<br />

de outro jornal do bairro, o Crimelão, que teve<br />

bastante repercussão na década de 70, nos anos de<br />

chumbo da ditadura militar. Entre outros amigos da<br />

época, o jornaI foi idealizado pelo hoje publicitário e<br />

proprietário da loja de sebos Hocus Pocus, Luiz Fafau,<br />

parceiro do Jornal Criméia. Amigo de Fafau, Sinval<br />

criou o Jornal Criméia que, aos trancos e barrancos,<br />

com anúncios dos comerciantes da região, chegou perto<br />

das 100 edições.<br />

O sonho de Sinval era fazer uma grande festa na<br />

centésima edição do Jornal Criméia. Por um capricho<br />

do destino, não deu tempo para ele. Mas vamos tentar.<br />

Com fé e força a gente chega lá. Esta é a edição 95,<br />

uma edição especial em homenagem ao amigo Sinval.<br />

Faltam 5. Conto com vocês, moradores e comerciantes<br />

da região para que este sonho seja realizado. Grande<br />

abraço! Evoé! Vida que segue.<br />

Obituário<br />

Edilson Dantas de Medeiros (Paná)<br />

Empreendedorismo<br />

Jovina Pereira Alcebíades<br />

« 30 de janeiro de 1929<br />

V 30 de abril de 2018<br />

Dearnley era uma pessoa que tinha<br />

muitos amigos no Criméia Leste. Nos<br />

deixou em junho após um infarto<br />

fulminante no momento em que fazia o<br />

que mais gostava: cuidar dos seus galos<br />

ONDE VOCÊ ENCONTRA O<br />

“Carma garoto, você é jovem’’<br />

Esta é a antológica frase que o<br />

nosso amigo Paná dizia ao barrar os<br />

atacantens no terrão do Criméia Leste.<br />

Panariz, ou Paná, era uma figura de<br />

grande coração. Aos 73 anos, nos deixou<br />

na manhã do dia 6 de agosto de 2018<br />

Este é nosso amigo João (em<br />

pé, de branco) com amigos. Depois<br />

de muito rodar, trabalhar,<br />

de bar em bar, resolveu montar<br />

um na esquina da sua casa. Por<br />

enquanto na calçada. Futuramente:<br />

Bar do João Cuen Cuen.<br />

Rua francisco Oliveira Godoy,<br />

nº 155, casa da Dona Chica, setor<br />

Criméia Leste.<br />

CRIMÉIA LESTE<br />

Aqui Chopp - Casa Juazeiro<br />

Donizete Celulares - Bar Goiás<br />

Carneirinho Chopp - Armazém Goiás<br />

Boteco do Afonso - Bar do Campeão<br />

Banca de Revista Escócia<br />

Centro de Saúde Criméia Leste<br />

ÓRGÃOS PÚBLICOS<br />

CRIMÉIA OESTE<br />

Casa de Carnes Santa Paulina<br />

Banca de Revista Universo<br />

Drogaria Criméia<br />

NOVA VILA<br />

Robson Cabeleireiro<br />

Editado por: A Toca Coletivo - CNPJ: 30.735.147/0001-90<br />

Fundado por: Sinval Félix de Brito<br />

Editor Geral: Carlos Pereira - Diagramação: João Spada<br />

Os artigos assinados não correspondem à opinião do jornal.<br />

Tiragem: 3.000 exemplares<br />

Colabore com o Jornal Criméia enviando artigos e informações para o<br />

e-mail: cpteatro@gmail.com<br />

“A única amizade que vale é a que nasceu sem razão.”<br />

Arthur Schendel


Goiânia, julho de 2018 Página 3<br />

Coluna Evangélica<br />

A força do nosso voto<br />

Os últimos acontecimentos<br />

políticos no<br />

cenário nacional, nos<br />

tem encorajado a rever<br />

conceitos quanto<br />

Myra Martins Machado<br />

aos candidatos que se<br />

apresentam a nós. As promessas devem estar à<br />

altura dos mesmos e corresponderem às expectativas<br />

dos seus eleitores.<br />

Temos em nossas mãos um poder de valor incalculável,<br />

que é o voto. A mudança depende tão<br />

somente de nós. Pelo desejo de remodelar a nossa<br />

política e a sociedade, é hora de estarmos de olhos<br />

abertos à posição que cada candidato tem colocado<br />

em suas comunidades.<br />

Procurem observar nesta eleição se o candidato<br />

tem propostas de geração de emprego, saúde,<br />

moradia, segurança, atendimento a menores e<br />

pessoas carentes, enfim, se candidatos à reeleição<br />

se enquadram neste perfil, e os novatos se terão<br />

condições de executar projetos de sua campanha.<br />

Quer seja nascido em berço esplêndido, quer<br />

seja nascido nas periferias dos nossos bairros, o<br />

idealismo deve ser o mesmo.<br />

Não nos resta dúvida alguma que o momento é<br />

de uma crescente turbulência política, à medida<br />

que a velha ordem luta para se adaptar às expectativas<br />

das ideologias sociais.<br />

Há muito por fazer. Tem trabalho para todos<br />

que se elegem, porque ainda estamos aquém de<br />

uma sociedade civilizada e politicamente correta.<br />

Há trabalho para todos que vocacionam à política<br />

na sua essência: O bem comum!<br />

Com todas as turbulências, perplexidade que<br />

vive o homem nos dias de hoje, onde não há mais<br />

justiça e muito menos amor ao próximo, ficou<br />

mais difícil escolher um candidato reeleger-se ou<br />

a um iniciante.<br />

Graças ao Senhor Jesus que temos uma grande<br />

luz e não nos deixa errar, pois Ele mesmo diz: Eu<br />

sou a luz do mundo e quem Me segue não anda<br />

nas trevas. Ainda nos averte: Que estes dias seriam<br />

como nos dias de Noé (Mateus, capítulo 24).<br />

Observamos, pois, os candidatos<br />

Valorize seu voto. Vote consciente.<br />

Andando com Cristo há mais de cinquenta anos. Alegremente<br />

escrevendo para transmitir aos outros as maravilhas de Deus. Que a<br />

graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nós.<br />

E que o Espírito Santo nos ilumine.<br />

Responsabilizo pelo que escrevo e divulgo<br />

Prédio da Escola Donata Monteiro<br />

da Mota continua abandonado<br />

Quase 5 meses após grande<br />

festa realizada durante mutirão<br />

da prefeitura de Goiânia no Criméia<br />

Leste, o prédio da tradicional<br />

escola Donata Monteiro da<br />

Mota continua abandonado, entregue<br />

ao lixo, à marginalidade e<br />

ao mato que cresce e toma conta<br />

do imóvel.<br />

Durante Mutirão, realizado<br />

no dia 09 de março, o prefeito de<br />

Goiânia Iris Rezende, rodeado<br />

de secretários, vereadores deputados<br />

e lideranças do bairro,<br />

assinou ordem de serviço para a<br />

recuperação do prédio. 5 meses<br />

depois, nada foi feito e o prédio<br />

continua abandonado em pior estado<br />

do que estava antes.<br />

O prédio da Escola Donata<br />

Maria da Mota está abandonado<br />

há mais de 5 anos. Esperamos<br />

que a reforma não fique só no<br />

discurso, no papel, nos abraços e<br />

nas várias fotos tiradas durante<br />

o evento, publicadas inclusive na<br />

edição anterior do Jornal Criméia<br />

em matéria feita pelo amigo<br />

Sinval que esteve presente durante<br />

o momento em que o prefeito<br />

Iris Rezende assinou a ordem<br />

de serviço.<br />

Prédio da escola desativada há cinco anos continua abandonado e servindo de<br />

refúgio para marginais<br />

O jornal Criméia vai continuar<br />

olhando esta situação. Se a a<br />

reforma for feita e o prédio voltar<br />

a ser utilizado, ótimo. É um dever<br />

do poder público. Se o abandono<br />

continuar e a obra não for<br />

realizada, é um dever nosso continuar<br />

criticando e conclamando<br />

os moradores a lutarem pela recuperação<br />

do imóvel de grande<br />

importantância para a comunidade<br />

crimeiense.<br />

“A amizade é o amor sem asas.”<br />

George Lord Byron


Página 4 Goiânia, julho de 2018<br />

Pais Gente Boa<br />

Homenagem do Jornal Criméia ao Dia dos Pais<br />

Kaio e a filha Ákila. V. Monticelli<br />

Marcão, filha Janaína, o pai José Albino e a mãe Dona Celina<br />

Adriano dos Muthantes e a filha Ana Beatriz<br />

Daniel da Unifer Tintas e sua filha Aline<br />

Eu Alex, com 5 anos e meu pai Tonho do bar - “Óia o alicope Alex”<br />

Luiz Carlos e o filho Arthur<br />

O saudoso Zé Cabeleira e o filho Zé Robérto<br />

Sérgio e sua filha, a cineasta Pollyana<br />

Adair pai, mãe Dinair e eu Luciano<br />

Nossa Gente Boa<br />

Fabiana ‘pãe’ do João Wéber<br />

Pai Valdeci e o filho Johnathan - VPS Pneus<br />

Sandro e a filha Kamilla<br />

Mazinho, o bom de bola<br />

João cuem cuem - empreendedor Artista Plástico - Gibran Jorge Afonso do Bar do Afonso Seu Ataídes - 86 anos<br />

Leandro dos Muthantes e o filho Fellipy<br />

Neguin e Vinícius - no churrasquinho do Açougue Premium<br />

Araponga, o gavião da Monticely<br />

Paulinho da Casa Juazeiro<br />

Jaime, sempre alegre e divertido<br />

Cássio, do Ceasa e o filho Felipe - Na praça do Crimeiea Leste<br />

José Olímpio e João Ferrinho - parceiros do futebol de várzea C. Leste<br />

Mauro eletrecista<br />

“A amizade é uma alma com dois corpos.”<br />

Aristóteles<br />

Márcio e Célia - MR Serralheria - descontação no Bar do seu Edson


Goiânia, julho de 2018 Página 5<br />

Feira da Marreta<br />

abraça Pecuária<br />

Muitos desempregados, com o objetivo de complementar a renda, estão ocupando as<br />

calçadas do Parque Agropecuário de Nova Vila e ruas próximas à antiga estrada de ferro<br />

Carlos Pereira<br />

O desemprego alcança recordes<br />

no Brasil que tem hoje cerca<br />

de 13 milhões de desempregados<br />

segundo os últimos dados. Resultado:<br />

muita gente que está<br />

sem emprego tem que se virar<br />

para levantar uns trocados e<br />

continuar tocando a vida. Esta<br />

situação de desemprego vem aumentando<br />

o trabalho informal<br />

em todo o país. Em Goiânia, a<br />

tradicional Feira da Marreta,<br />

funcionando há cerca de 15 anos<br />

no estacionamento do Parque<br />

Agropecuário de Nova Vila, é<br />

um exemplo claro desta situação<br />

de crescimento da informalidade<br />

no país.<br />

A Feira, que antes funcionava<br />

só no estacionamento da Pecuária,<br />

está crescendo, avançando<br />

sobre ruas laterais e nas calçadas<br />

do Parque. Feirantes que<br />

trabalham há bastante tempo<br />

vem notando este crescimento<br />

da Feira com o aumento do desemprego.<br />

Criada por servidores<br />

públicos que trabalhavam na<br />

construção de Goiânia – funcionava<br />

antes na Praça Boa Aventura<br />

– a Feira da Marreta não é<br />

vista com bons olhos pelo poder<br />

público, sendo alvo de constantes<br />

batidas policiais a procura<br />

de produtos roubados.<br />

O feirante do setor de Recicláveis,<br />

Clédson Carvalho, que<br />

estava ocupando uma das calçadas<br />

ao redor da Pecuária diz que<br />

resolveu trabalhar na Feira da<br />

Marreta para levantar uns trocados<br />

e ir tocando a vida diante<br />

da crise que afetou o seu rendimento:<br />

“A situação está difícil.<br />

Muita gente que está aqui na<br />

calçada, está desempregada. Se<br />

a crise continuar a ocupação da<br />

calçada vai crescer. Daqui a pouco<br />

vai dar a volta na Pecuária”,<br />

brinca o feirante.<br />

Paulo César de OIiveira Assunção,<br />

estudante de Ciências<br />

Sociais, que há dez anos vende livros<br />

na Feira e fez uma pesquisa<br />

sobre os feirantes, também vem<br />

percebendo este crescimento<br />

com o aumento do desemprego.<br />

“O desemprego cresce, a Feira<br />

também. Muita gente que está<br />

aqui trabalha de forma honesta.<br />

Muitos têm outras profissões. É<br />

um professor, dono de bar, pedreiro<br />

que, aos domingos, vem a<br />

Feira da Marreta vender objetos<br />

para complementar a renda e<br />

enfrentar a crise. Está difícil a<br />

vida”, conta Paulo.<br />

O dono de Bar na Vila Mutirão,<br />

Edivaldo Oliveira, mais<br />

conhecido como Di, também diz<br />

que vai a feira aos domingos<br />

para complementar a renda. Di<br />

afirma que não vende nada roubado.<br />

“Vou aos recicláveis e compro<br />

vários objetos danificados.<br />

Dou um trato, arrumo e vendo<br />

Di - dono de bar e, aos domingos de manhã, vende reciclados na Feira da Marreta<br />

aqui na Feira. Faço isto há 40<br />

anos, não vendo nada roubado.<br />

Aqui a gente trabalha organizado.<br />

De forma honesta. Comecei<br />

na Vila Nova e continuo até hoje<br />

aqui complementando a minha<br />

renda”.<br />

O Militar aposentado Euler<br />

Ferreira diz que frequenta a<br />

Feira da Marreta há cinco anos<br />

e sempre consegue comprar alguma<br />

coisa em conta. Desta<br />

vez carregava um botijão de gás<br />

nas costas que comprou, segundo<br />

ele, pela metade do preço de<br />

um novo. Ele afirma que não<br />

tem como saber se um produto é<br />

roubado ou não. Muita gente que<br />

precisa de dinheiro rápido vai à<br />

feira vender objetos. Para ele a<br />

Feira da Marreta tem esta opção<br />

de compra diferenciada com valores<br />

baratos, ou seja, você pode<br />

encontrar de tudo no local.<br />

Crimeiense traça perfil dos feirantes<br />

que trabalham na Feira da Marreta<br />

O feirante vendedor de livros,<br />

Paulo César de Oliveira, citado<br />

acima na matéria, é também estudante<br />

do curso de Ciências Sociais<br />

da UFG e fez um estudo sobre<br />

o perfil dos feirantes da Feira<br />

da Marreta. Paulo frequenta a<br />

Feira da Marreta desde criança<br />

quando ela funcionava na Praça<br />

Boaventura na Vila Nova. Com<br />

o título Pesquisa Etnográfica –<br />

Feira da Marreta, Paulo conta<br />

como ela teve início e porque,<br />

ao contrário do que muita gente<br />

pensa, ganhou a alcunha de<br />

“Marreta” segundo os feirantes<br />

mais antigos.<br />

“Nos seus primórdios, segundo<br />

relatos de vendedores mais<br />

antigos, a Feira da Marreta<br />

começou com funcionários públicos,<br />

cujos pagamentos de salários<br />

atrasavam. Iam à praça<br />

vender objetos de casa que não<br />

usavam mais, para obterem algum<br />

dinheiro e comprarem o que<br />

faltava. Panela velha, ferramentas,<br />

roupas usadas eram os objetos<br />

mais encontrados na feira.<br />

Das ferramentas, o que sobrepunha<br />

mais era a marreta, que foi<br />

perdendo espaço nas construções<br />

devido a ferramentas mais<br />

tecnológicas, dá aí a origem do<br />

nome, Feira da Marreta”.<br />

Paulo defende a Feira que<br />

tem a fama de vender produtos<br />

roubados: “Ao contrário do que<br />

Calçadas da Pecuária ocupadas por novos feirantes da Feira da Marreta<br />

Paulo César “Acredito que aqui na Feira, por<br />

metro quadrado, tem mais pessoas honestas<br />

que no Congresso Nacional”<br />

a sociedade pensa a Feira da<br />

Marreta é, em sua maioria, de<br />

trabalhadores, de pessoas que<br />

trabalham de forma honesta que<br />

buscam, aos domingos, complementar<br />

a sua renda. Acredito<br />

que aqui, por metro quadrado,<br />

tem mais pessoas honestas que<br />

no Congresso Nacional”, conclui<br />

Paulo.<br />

Perfil atual da Feira<br />

Paulo conta no estudo que de<br />

um tempo pra cá, devido à crise<br />

financeira, houve um inchaço<br />

na Feira, mas a dinâmica continua<br />

a mesma, tendo a venda<br />

todo tipo de mercadoria nova e<br />

usada: sucatas diversas, objetos<br />

dos ferros-velhos e papeleiros,<br />

bicicletas, livros, revistas, componentes<br />

de informática, objetos<br />

domésticos, enfim tudo aquilo<br />

que pode ser reutilizado e comercializado<br />

de acordo com a cabeça<br />

e a necessidade do feirante nas<br />

diversas alas, além é claro, do setor<br />

de alimentação que também<br />

compõe a Feira da Marreta.<br />

Funcionamento da Feira<br />

A Feira da Marreta se inicia<br />

na madrugada de domingo, a<br />

partir das 3 horas. Os feirantes<br />

mais antigos se ajudam e buscam<br />

delimitar as suas áreas para que<br />

os que não tem ponto invadam<br />

seus espaços. Estes invadem os<br />

corredores e espaços vazios e,<br />

aos gritos, tentam vender o seu<br />

peixe. É assim, de acordo com<br />

Paulo, que a Feira vai se formando<br />

naquela bagunça organizada<br />

cheia de bugigangas de todo tipo<br />

que você possa ou não imaginar.<br />

“A maioria dos feirantes da<br />

Feira da Marreta têm outras atividades<br />

durante a semana. Cada<br />

vendedor faz um laço de amizade<br />

com os outros vendedores que<br />

estão ao seu redor, formando um<br />

elo. Este elo é que faz a feira funcionar<br />

e ter suas próprias regras.<br />

Não tem órgão que a fiscaliza. A<br />

Feira da Marreta é autogestora,<br />

tem suas próprias regras, e sua<br />

própria dinâmica”, conclui Paulo<br />

no estudo.<br />

“Os amigos têm tudo em comum, e a amizade é a igualdade.”<br />

Pitágoras


Página 6 Goiânia, julho de 2018<br />

Sinval Félix - Uma vida dedicada à comunidade<br />

O jornal Criméia criado pelo<br />

nosso amigo Sinval Félix há<br />

mais de 20 anos é um veículo<br />

de comunicação de grande importância<br />

para a comunidade.<br />

Já são 95 edições. Infelizmente<br />

o nosso amigo Sinval nos deixou<br />

no dia 14 de maio. Pedimos<br />

à várias pessoas que escrevessem<br />

algo sobre esta figura tão<br />

importante para a comunidade.<br />

Os textos enviados estão todos<br />

aqui. Esta é apenas uma pequena<br />

homenagem àquele que foi<br />

grande em defesa da sua comunidade.<br />

Agradecimento especial<br />

aos veradores Jair Diamantino<br />

e Romário Policarpo pelo apoio<br />

à esta edição<br />

“O jornalismo comunitário idealizado por<br />

Sinval Félix tem que continuar”<br />

A morte de Sinval Félix de<br />

Brito, aos 61 anos vítima de infarto<br />

em maio deste ano, deixou<br />

uma enorme lacuna na comunicação<br />

comunitária de Goiânia,<br />

especialmente da região norte<br />

da capital.<br />

Idealizador e editor chefe do<br />

Jornal Criméia, Sinval Félix,<br />

era defensor do jornalismo regionalizado,<br />

da união entre notícia<br />

e prestação de serviço. Isso sempre<br />

possibilitou fonte de informação<br />

para a população do Setor<br />

Crimeia Leste e região onde ele<br />

onde nasceu, cresceu e viveu e a<br />

valorização do comércio.<br />

Produzido por Sinval Félix,<br />

por mais de 20 anos o Jornal<br />

Crimeia sempre divulgou notícias<br />

de interesse da comunidade<br />

e é tido como um canal de denúncias<br />

dos moradores.<br />

Sinval tem grande importância<br />

na execução do meu mandato.<br />

Esteve presente em importantes<br />

momentos como debate<br />

para a criação do Parque do Crimeia<br />

Leste, a realização do Mutirão<br />

no bairro e a conquista da<br />

reforma da escola Donata Monteiro.<br />

Nosso saudoso Sinval, não<br />

está mais entre nós! Aproveito<br />

para ressaltar o grande homem<br />

que ele sempre foi e dizer que<br />

este importante meio de comunicação<br />

criado por ele tem que<br />

continuar. São iniciativas que<br />

merecem nosso apoio e atenção!<br />

Um amigo no jornal do céu<br />

Ulisses Aesse - jornalista<br />

O amigo não se foi. Não se pode<br />

permitir isso. Mesmo que os planos<br />

espirituais sejam diferentes. Opostos.<br />

Sinval Félix está aqui, perto,<br />

próximo, em cada letra que sai deste<br />

computador. Sinval, o editor, visitava<br />

sempre a redação do Diário<br />

da Manhã. Preferia permanecer<br />

no jardim do DM. Humanizado,<br />

longe das dores de qualquer redação,<br />

que angustia as chagas da sociedade.<br />

Sinval preferia assuntos<br />

ligados ao jornalismo comunitário,<br />

o mesmo sacerdócio que sempre<br />

exerceu aqui no seu, no nosso, Criméia<br />

Leste. O exerceu até os últimos<br />

minutinhos de sua vida. Fez<br />

e faz a história do jornalismo da<br />

Grande Goiânia: o jornalismo pró-<br />

ximo da realidade, sem a coerção<br />

alfabética que limita a leitura de<br />

seus leitores. Sinval, nos veremos<br />

ainda no céu desse jornalismo em<br />

festa. A<strong>final</strong>, cada sinal que colocamos<br />

numa folha de jornal, é<br />

portanto, em sua homenagem. É o<br />

sentido de se fazer algo acreditando<br />

sempre no coletivo social. Não<br />

há, portanto, que esquecermos de<br />

você. Sempre e sempre conosco, em<br />

vida!<br />

Irene, Carneirnho, Diqueira e Sinval. Amigos de tempos antigos do Criméia Leste<br />

Sem engajamento<br />

da comunidade<br />

não tem saída<br />

“Os convido a deixar a<br />

teoria um pouco de lado e vir<br />

para a prática e participar<br />

fisicamente da luta por uma<br />

melhor qualidade de vida. É<br />

só procurar que irão achar<br />

em grupos comunitários.<br />

Eles estão pipocando por<br />

vários locais e com os mais<br />

variados tipos de luta.”<br />

Trecho do último editorial escrito<br />

por Sinval Félix, publicado na edição<br />

passada do Jornal Criméia<br />

Vereador Romário Policarpo<br />

Zé Corredor (83 anos)<br />

O Sinval pra mim, foi um grande<br />

amigo. Pra mim, ele não morreu.<br />

Ele continua vivo na nossa memória.<br />

Na memória dos moradores do<br />

nosso Criméia Leste. Porque todos<br />

gostavam do Sinval. Pelo fato dele<br />

gostar muito do bairro e das pessoas<br />

do bairro. Da luta dele pelo<br />

desenvolvimento e por melhorias<br />

para o bairro. Sinval fazia isto. Se<br />

ele fosse um político, um vereador,<br />

um deputado, ele traria grandes<br />

benefícios para o bairro. No Sinval<br />

eu acreditava. Estamos sentindo<br />

muita falta do Sinval. Já teve na<br />

minha casa, me entrevistou e me<br />

divulgou contando a minha história,<br />

como corredor, no Jornal.<br />

Entrevista especial para o Jornal Criméia<br />

Sinval Félix e Carlos Pereira entrevistando o polêmico crimeiense Antenor<br />

Pinheiro na edição 37 de julho de 2010 do Jornal Criméia. Na entrevista<br />

Antenor (Nonô) conta toda a sua tragetória como ator, garoto propaganda,<br />

jornalista, perito criminal e, de quando assumiu a SMT na gestão Pedro Wilson,<br />

e encontrou uma caixa cheia de multas “quebradas de amigos do rei”, deixada<br />

pela administração anterior da prefeitura de Goiânia.<br />

Lamparina - Experiência teatral<br />

Peça encenada no Centro Comunitário João XX<strong>III</strong>. Foto do seu<br />

Benedito (uma parada!), pai da Roseli, da Alameda Couto Magalhães.<br />

Luiz Fafau- Sinval Félix Criméia Brito - A garota não me<br />

lembro. Foto enfiada por Luiz Fafau para a página do Facebook<br />

‘Criméia Leste Anos 70/90’<br />

Cristina da Escolinha e Sinval Felix<br />

Sinval Félix, sou grata a<br />

cada momento que passamos<br />

juntos. Obrigada por sua<br />

amizade, pelo seu apoio, sua<br />

fidelidade ao PT, pela sua<br />

força que você deu na minha<br />

eleição para o Conselho<br />

Tutelar e também na de<br />

presidente do Conselho<br />

Local de Saúde. Pra mim<br />

você um exemplo de amizade<br />

e humildade, de coragem.<br />

Uma pessoa de coração<br />

de ouro. Descanse em paz<br />

amigo.<br />

“A melhor parte da vida de uma pessoa está nas suas amizades.”<br />

Abraham Lincoln


Goiânia, julho de 2018 Página 7<br />

Família, o elo que sempre cultivou<br />

Perder um pai é conhecer<br />

uma dor sem igual. É ver partir<br />

um pedaço grande e importante<br />

da nossa existência. É descobrir<br />

uma saudade que nunca mais<br />

terá fim.<br />

Dói muito perder um pai. Dói<br />

muito saber que aquele que tanto<br />

amamos e admiramos fechou<br />

para sempre os olhos. E dói ainda<br />

mais saber que nunca mais<br />

sentiremos o calor do seu abraço.<br />

Meu pai, você partiu para<br />

sempre deixando para trás um<br />

rastro de desoladora saudade,<br />

que eu sei, será eterna. Meu<br />

pai, eu lhe devo tanto e para<br />

sempre lhe ficarei devendo, pois<br />

você partiu cedo demais, sem ao<br />

menos eu lhe ter dito tudo o que<br />

queria.<br />

Houve dias em que eu não<br />

lhe telefonei para lhe dizer que<br />

o amo, para lhe agradecer por<br />

tudo, e tudo o que eu não disse,<br />

todos os beijos e abraços que ficaram<br />

por dar, me assombram<br />

agora, dia e noite.<br />

Eu sei que você sabia e onde<br />

agora você está, você sabe o<br />

quanto eu te amei e amo, mas<br />

fica sempre o amargo do que não<br />

foi dito e feito, pois a saudade é<br />

eterna...<br />

Sinval Júnior<br />

Sinval e Mayra Angélica, filha<br />

Da esquerda pra direita em pé: Sirlene, Preto, Sidney, Simone, Laiane e Sinval. Sentada, dona Eliza, a matriarca da família<br />

Homenagem do Conselho Local de Saúde<br />

Suely, Cristina, Marly, Sinval, Liamar e Dalila (diretora do Centro de Saúde Criméia Leste)<br />

Sinval Félix era um amigo<br />

sempre presente no bairro e adjacências.<br />

Membro ativo do Conselho<br />

Local de Saúde do Criméia<br />

Leste. Sempre companheiro entusiasmado.<br />

Um parceiro de lutas<br />

e muito humano.<br />

Mesmo sabendo que um dia a<br />

vida acaba, nós não estávamos<br />

preparados para perder você Sinval.<br />

Sentimos uma tristeza enorme,<br />

profunda com a sua partida.<br />

Ficamos tristes em não poder,<br />

pelo menos agradecer a sua boa<br />

vontade, seu trabalho, em agradar<br />

a todos a sua volta. Sentimos<br />

gratidão por ter participado de<br />

momentos de diálogos, discussões<br />

e alegrias na conquista de<br />

objetivos do Conselho de Saúde<br />

Local. Foi muito produtivo, enriquecedor.<br />

Aprendemos muito<br />

com você e conquistamos muitas<br />

coisas com a sua ajuda. Obrigado<br />

por sempre ter colocado o Jornal<br />

Criméia à disposição do Conselho<br />

Local de Saúde.<br />

Ficam as lembranças de nossas<br />

reuniões e restam saudades<br />

eternas para lembrar a falta que<br />

você fará para toda a nossa comunidade.<br />

Valeu! Sinval Félix. Gratidão<br />

por tudo. Continuaremos a sua<br />

luta amigo.<br />

“A vida é uma peça de teatro<br />

que não permite ensaios. Por isso<br />

cante, chore, dance, ria e viva intensamente,<br />

antes que a cortina<br />

se feche e a peça termina sem<br />

aplausos” (Charles Chaplin)<br />

Sinval, Cléo (nora), as netas Beatriz, Júlia e Maria Elisa. Deixou mais dois netos: Miguel e Helena<br />

Sinval Félix, uma vida<br />

dedicada à luta comunitária<br />

Foi com muita tristeza que<br />

recebi, no dia 13 de maio deste<br />

ano, a notícia da morte do querido<br />

amigo Sinval Félix, jornalista<br />

que heroicamente colocou nas<br />

ruas várias edições do Jornal<br />

Criméia Leste.<br />

Devo dizer que Sinval foi realmente<br />

quixotesco em sua luta<br />

em prol do social e do bem estar<br />

da comunidade. Convivi com<br />

ele por vários anos, passei a ser<br />

conhecedor de sua família e vi<br />

que a grandeza do cidadão era<br />

repetida também no âmbito do<br />

lar.<br />

Com Sinval pude ter um canal<br />

aberto à comunidade da<br />

nossa querida região norte de<br />

Goiânia. Saber quais eram as<br />

demandas e anseios do povo. Fomos<br />

parceiros em muitas ações<br />

e devo dizer: essa parceria me<br />

fará muita falta enquanto homem<br />

público.<br />

De resto, só posso afirmar<br />

Jair Diamantino - Vereador<br />

que a bandeira do querido Sinval<br />

continuará em nosso mandato<br />

na Câmara Municipal de<br />

Goiânia. Manterei-me atento<br />

aos anseios da população da região<br />

norte e lutando para fazer<br />

do ideal que ele sempre apregoou<br />

em seu jornal, também o<br />

nosso ideal.<br />

Sinval e a amiga de longa data, deputada Adriana Accorsi<br />

Carlos Pereira e Sinval. Entrevista sobre o centenário de seu Magno (ao centro)<br />

Carlos Pereira, Juninho da Hocus Pocus e Sinval. Foto tirada na edição passada do Jornal Criméia<br />

“Como as plantas, a amizade não deve ser muito nem pouco regada.”<br />

Carlos Drummond de Andrade


Página 8 Goiânia, julho de 2018<br />

INFORME PUBLICITÁRIO<br />

Lei de autoria de Romário Policarpo<br />

proíbe uso de capacete no interior de<br />

estabelecimentos comerciais e públicos de Goiânia<br />

É de autoria do vereador do<br />

vereador GCM Romário Policarpo<br />

(PTC) a Lei 10.196 sancionada<br />

pelo prefeito Iris Rezende, que<br />

proíbe a permanência de pessoas<br />

usando capacete em estabelecimentos<br />

comerciais e públicos<br />

de Goiânia.<br />

Além de capacete, a Lei também<br />

impede o uso de bonés,<br />

capuzes ou qualquer outro meio<br />

que oculte o rosto de quem for<br />

adentrar estes locais.<br />

Ficará a cargo dos estabelecimentos<br />

a orientação aos frequentadores<br />

com a fixação em<br />

local visível da informação a respeito<br />

da proibição.<br />

A Lei também vale para prédios<br />

que funcionam no sistema<br />

de condomínio.<br />

“ Um dos objetivos desta Lei é<br />

oferecer mais segurança aos usuários<br />

funcionários destes estabelecimentos.<br />

Temos acompanhado<br />

assaltos a clínicas, hospitais e<br />

outras repartições públicas e privadas<br />

por indivíduos utilizando<br />

capacetes, por exemplo. A proposta<br />

foi pensando na segurança<br />

da população. Acreditamos que<br />

se trata de mais uma medida em<br />

benefício da comunidade”, afirmou<br />

Romário Policarpo.<br />

Inclusão social no<br />

mercado de trabalho<br />

É de autoria do vereador<br />

GCM Romário Policarpo (PTC)<br />

Projeto de Lei que garante que<br />

nos contratos celebrados pela<br />

prefeitura, administrações direta<br />

e indireta, para execução<br />

de obras em Goiânia a reserva<br />

de 5% das vagas para mão de<br />

obra às pessoas em situação de<br />

rua obedecendo requisitos de<br />

segurança com verificação de<br />

dados dessas pessoas. Uma das<br />

exigências é que o beneficiado<br />

faça parte de algum programa<br />

do município ou esteja ligado<br />

a albergue ou centro de acolhimento.<br />

Pela proposta do vereador,<br />

a reserva de vaga não se aplica<br />

aos serviços que exijam certificação<br />

profissional específica<br />

ou, no caso dos apenados em<br />

regime semiaberto e aberto,<br />

aos serviços de segurança, vigilância<br />

ou de custódia.<br />

Romário Policarpo, lembra<br />

que se trata de uma proposta<br />

de elevado cunho social. Segundo<br />

ele, é alarmante o aumento<br />

das pessoas em situação<br />

de rua em Goiânia.<br />

“Acreditamos que conseguiremos<br />

recuperar autoestima,<br />

afastar os mesmos de vícios e<br />

dando nova chance de vida. E<br />

mais: precisamos afastar essas<br />

pessoas das ruas”, afirmou Policarpo.<br />

As indicações das pessoas<br />

em situação de ruas habilitadas<br />

às vagas de trabalho nas obras<br />

municipais terão indicação do<br />

Conselho Municipal de Assistência<br />

Social (CMAS), em parceria<br />

com o Movimento Nacional<br />

da População de Rua ou outros<br />

fóruns publicamente reconhecidos.<br />

Crimeiense ganha título sul-americano de Karatê<br />

Igor Pereira<br />

O karateca goiano Adriano<br />

Napoli segue trazendo bons resultados<br />

para o Estado. No <strong>final</strong><br />

do mês de julho, o atleta enfrentou<br />

adversários de todo o continente<br />

para conquistar a medalha<br />

de ouro no Campeonato Sul-Americano<br />

em Temuco, no Chile.<br />

O atleta, de 35 anos, está em<br />

uma fase de retomada de sua<br />

carreira e atualmente vive o seu<br />

ápice. Praticante da arte marcial<br />

desde a infância, Adriano tem<br />

uma longa carreira como professor<br />

da modalidade, atendendo<br />

principalmente crianças e adolescentes.<br />

Em 2013, uma lesão no<br />

joelho ameaçou a sua sequência<br />

em competições, mas o atleta superou<br />

o problema para enfileirar<br />

conquistas nos últimos dois anos.<br />

No ano passado, Adriano foi<br />

vice-campeão brasileiro em Maceió<br />

(AL) e medalha de bronze<br />

no Pan-Americano, disputado em<br />

Pódium Campeonato Sul-Americano em Temuco, no Chile<br />

Vitória (ES). A cereja do bolo foi<br />

o título Sul-Americano, conquistado<br />

em condições adversas. Com<br />

um inverno bastante rigoroso na<br />

cidade chilena, o goiano pegou<br />

temperaturas negativas e teve<br />

que vencer cinco lutas para se sagrar<br />

campeão.<br />

“Foram oito meses de preparação,<br />

alimentação balanceada<br />

e treinamentos diários com sessões<br />

de três hora para conquis-<br />

tar o objetivo. Depois de<br />

tudo o que sofri com minha<br />

lesão, é um grande<br />

orgulho poder voltar a<br />

competir em alto nível.<br />

A cada dia que passa estou<br />

me sentindo melhor<br />

e mais competitivo”, ressalta<br />

o atleta.<br />

Com o título sul-americano,<br />

Adriano, que<br />

é integrante da seleção<br />

brasileira de karatê shotokan,<br />

está classificado<br />

para o Mundial da categoria,<br />

que vai acontecer<br />

na Irlanda, em setembro<br />

de 2019. O atleta tem mais de um<br />

ano para se preparar para o campeonato,<br />

mas ainda precisa viabilizar<br />

recursos para a viagem,<br />

uma vez que a Confederação Brasileira<br />

de Karatê subsidia apenas<br />

parte da hospedagem.<br />

“Nas últimas viagens que fiz<br />

consegui alguns patrocínios que<br />

me ajudaram a custear a participação<br />

nos campeonatos. Para o<br />

Adriano Napole conquistou o ouro na disputa<br />

individual e por equipe<br />

Mundial esse vai ser o meu maior<br />

desafio. Eu vivo do karatê, dou<br />

aula em academia e tenho uma<br />

loja de artigos esportivos. Mas<br />

preciso de apoio para competir<br />

fora daqui”, esclarece o karateca,<br />

que precisa arrecadar cerca de<br />

R$ 8 mil para viabilizar a participação<br />

no Mundial.<br />

“A amizade é, acima de tudo, certeza – é isso que a distingue do amor.”<br />

Marguerite Yourcenar


Goiânia, julho de 2018 Página 9<br />

Mais um ano… e a pecuária<br />

continua no mesmo lugar<br />

Não há perspectivas de mudanças do Parque de Exposições da Nova Vila<br />

Entra ano, sai ano e os moradores<br />

da Nova Vila e Criméia<br />

Leste continuam sofrendo com<br />

a famigerada Pecuária. Neste<br />

ano a festa foi reduzida em 5<br />

dias, mas nem assim mudou o<br />

humor dos moradores da região.<br />

O professor de Educação Física<br />

Marcos Antônio Silva, morador<br />

da Nova Vila há 45 anos, soltou<br />

o verbo ao falar sobre o assunto.<br />

“Todo ano é a mesma coisa,<br />

políticos aparecem aqui com a<br />

mesma conversa de possibilidades<br />

de mudança, mas nada de<br />

concreto é feito. O barulho continua.<br />

Ninguém dorme direito.<br />

Tráfico de drogas intenso. Assaltos<br />

e furtos a todo momento.<br />

É um inferno essa pecuária para<br />

quem mora aqui”.<br />

Para Marcos a situação do<br />

parque na região é tão caótica<br />

que nada que for feito vai melhorar.<br />

“Não há a mínima condição<br />

da pecuária continuar na Nova<br />

Vila. É um fedor constante. O<br />

trânsito no local no dia a dia já é<br />

tumultuado. De qualquer lugar<br />

que você venha vai enfrentar<br />

tumulto. Depois das 22 horas<br />

você não consegue circular. O<br />

barulho é insuportável à noite”.<br />

A AMMA, Agência Municipal de<br />

Meio Ambiente de Goiânia, veio<br />

“A mudança da pecuária já virou piada – todo<br />

ano é o último ano”, brinca Róbson cabeleireiro<br />

Marco Antônio “Não há a mínima condição da<br />

pecuária continuar aqui. É um fedor constante”<br />

aqui medir o barulho e foi embora<br />

sem nada fazer”, conclui um<br />

contrariado Marcos. Moradores<br />

de prédios vizinhos ao parque<br />

afirmam que o aparelho chegou<br />

a medir 70 decibéis, quando a<br />

legislação prevê no máximo 45<br />

após às 22 horas.<br />

O cabeleireiro Róbson Domingues,<br />

que mora e trabalha<br />

na Nova Vila, não gosta nem de<br />

ouvir falar em pecuária. “Es-<br />

tou aqui desde 1995. Essa pecuária<br />

só traz constrangimento<br />

para gente. É preciso de um<br />

local mais apropriado. Além do<br />

mau cheiro, mosquitos, barulho,<br />

trânsito insuportável, aparece<br />

também dinheiro falso, violência.<br />

A transferência da pecuária<br />

já virou bordão e piada entre os<br />

moradores – todo ano é o último<br />

ano”, brinca o cabeleireiro.<br />

Waldivino da Silva, morador<br />

do Criméia Leste há 40 anos<br />

se revolta com a continuidade<br />

da festa da pecuária na Nova<br />

Vila. “Minha opinião é tirar<br />

este parque daqui o mais rápido<br />

possível. Já tinha que ter tirado<br />

há muitos anos. Como pode ter<br />

um trem deste tamanho em pleno<br />

centro da cidade. Leva este<br />

parque para Nerópolis uai. Ninguém<br />

aguenta mais o tumulto e<br />

o cheiro insuportável de urina<br />

e bosta de vaca e cavalo. Essa<br />

pecuária tem que sumir daqui”,<br />

conclui.<br />

Mudança da Pecuária<br />

continua sem definição<br />

Já foram muitos os projetos<br />

e muitas as possibilidades<br />

apontadas para a retirada da<br />

pecuária da Nova Vila, mas<br />

nenhum foi para frente. Tasso<br />

Jayme, atual presidente da Sociedade<br />

Goiana de Pecuária e<br />

Agricultura (SGPA), entidade<br />

responsável pela festa, foi curto<br />

e grosso na abertura da pecuária<br />

neste ano afirmando que<br />

está descartada qualquer possibilidade<br />

de mudança de local<br />

do Parque Agropecuário de Goiânia.<br />

“Reduzimos de 15 para 10<br />

dias a festa para diminuir o impacto<br />

junto aos moradores. Se<br />

sairmos daqui vai ser pior. Vão<br />

vender o terreno para construtoras<br />

e encher de prédios. Aí vai<br />

se tumulto o ano inteiro. Vamos<br />

continuar aqui. É melhor para<br />

todo mundo”, afirma o presidente<br />

da SGPA.<br />

Sinval, e o texto que<br />

não entreguei<br />

Antenor<br />

Pinheiro<br />

Havia acordado pelas nove<br />

da manhã de 12 de maio, sábado,<br />

como costumo para o<br />

rito de escrevinhar – melhor<br />

dia, melhor horário! Desta feita<br />

pra cumprir o compromisso<br />

assumido com o amigo Sinval<br />

Félix, o Sinval do Criméia,<br />

nome do bairro apaixonadamente<br />

por ele incorporado<br />

como próprio.<br />

Ainda em dezembro do ano<br />

passado me procurara pra colaborar<br />

com o jornal que ele<br />

editava, Jornal Criméia, a<strong>final</strong><br />

o Criméia Leste é o bairro<br />

em que nasci e me criei na infância<br />

e adolescência – foi este<br />

o seu argumento. Como não<br />

aceitar tão nobre convite?<br />

Já estava lhe devendo o artigo,<br />

era pra março, mas acabei<br />

por prorrogar a estreia da<br />

coluna graças à benevolência<br />

e paciência de Sinval. O título<br />

já estava definido: “De volta ao<br />

Criméia”. Faltava o texto, né<br />

Nonô? – meu apelido, de todos<br />

do Criméia Leste conhecido.<br />

Perfeccionista (ou enrolado),<br />

este defeito me fez “cozinhar”<br />

o texto para a última revisão<br />

e entrega, prometida para antes<br />

da viagem que preparava<br />

para Medellin. E como um<br />

raio malvado, no fim da tarde<br />

de 14 de maio, veio a notícia da<br />

passagem de Sinval. Verdade,<br />

Sinval, o jornalista e editor do<br />

povo, havia partido para o céu,<br />

sem que me esperasse a entrega<br />

do artigo. Custou-me o remorso<br />

profundo de quem lhe<br />

faltara ao compromisso, o arrependimento<br />

dos embromadores<br />

tomou-me a consciência<br />

e meu artigo “De volta ao Criméia”<br />

tornou-se intempestivo -<br />

quando pouco, sem sentido!<br />

Manhã seguinte, 15, antes<br />

das sete, estava eu ao redor<br />

de seu corpo, junto de velhos<br />

amigos a dividir a última homenagem<br />

à sua pessoa simples,<br />

mas eloquente no sorriso<br />

e nos gestos, cuja vida foi inteiramente<br />

dedicada às causas<br />

de sua comunidade, de<br />

sua cidade... Restou-me pouco,<br />

senão curvar diante da quietude<br />

e lamento profundos que<br />

me abateram e pedir, envergonhado<br />

e silente, desculpas<br />

pelo atraso – é isto que acontece<br />

com os arrogantes, como<br />

me percebi naquele insólito e<br />

duro momento.<br />

A minha estreia no Jornal<br />

Criméia com certeza não iria<br />

acrescentar muita coisa aos<br />

leitores. Havia entendido que o<br />

formal convite para preencher<br />

suas páginas fora uma prestigiosa<br />

deferência do atencioso<br />

amigo Sinval ao velho amigo<br />

de bairro. Mas a passagem do<br />

incansável militante que fez<br />

de sua vida uma ferramenta<br />

de lutas coletivas e intensas<br />

por dias melhores, promoveume<br />

ao sentimento de que me<br />

foi dada uma nova oportunidade<br />

de falar a língua do povo,<br />

e eu a desperdicei sem pedir<br />

licença, sem ao menos justificar-lhe.<br />

Já andei muito por aí no<br />

curso da vida, desde a militância<br />

encardida de tentativas<br />

fracassadas, de utopias inalcançadas,<br />

até as conquistas<br />

profissionais e acadêmicas colhidas<br />

de muitas lutas. E daí?<br />

O fato é que gente navega por<br />

tantas águas, voa por tantos<br />

ceus, caminha por milhares<br />

de caminhos, mas sempre alimentamos<br />

a tendência de nos<br />

distanciar da esquina mais<br />

próxima. Geralmente as que<br />

traduzem nossas origens, nossos<br />

sorrisos marotos de crianças,<br />

nossos amores juvenis... –<br />

como o são o Criméia Leste na<br />

minha vida!<br />

Muita coisa na vida da gente<br />

está errada!<br />

Sabe, leitor...! É sempre momento<br />

de aprender e também<br />

revisar um mundo de coisas à<br />

nossa volta, já havia percebido<br />

isso diante de outras perdas<br />

queridas. Mas estamos sempre<br />

adiando as atitudes, mesmo<br />

as mais breves e simples;<br />

mesmo as que dependem apenas<br />

de uma manhã de sábado,<br />

ou de uma mesa de bar, ou do<br />

ponto <strong>final</strong> de um texto pra<br />

consolidar o compromisso.<br />

Então não espere, faça!<br />

Antenor Pinheiro<br />

ex-morador do setor Criméia Leste,<br />

jornalista, perito criminal de classe<br />

especial, gestor de mobilidade urbana,<br />

acadêmico de geografia/UFG<br />

“A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas.”<br />

Francis Bacon


Página 10 Goiânia, julho de 2018<br />

Espaço Católico<br />

Consfraternização da<br />

melhor idade<br />

As festas juninas na Comunidade São João XX<strong>III</strong> realizadas no<br />

salão da paróquia no dia 24 de junho atraiu muita gente. Nas fotos<br />

as pessoas da Melhor Idade da Comunidade festejando São João.<br />

Da Lavra Espírita<br />

Obreiros de Deus<br />

Escuta, alma querida,<br />

Se a força que orienta as construções da vida<br />

Resolveu entregar-te<br />

A comunicação do bem e da cultura<br />

Pelos caminhos da arte,<br />

Por maior seja a dor que te renova e apura,<br />

Nunca te desanimes<br />

No alto ministério em que te pões,<br />

Sê fiel à missão em que te exprimes,<br />

Criando e recriando gerações.<br />

Mesmo de coração amarfanhado,<br />

Perante o mundo desatento,<br />

Não desistas da luta que te alcança,<br />

Em amassando, a trigo de esperança,<br />

O pão do pensamento.<br />

Entre a imortalidade e as visões da beleza,<br />

Contempla o mundo à frente,<br />

Pensa no plano artístico esplendente<br />

Em que se fundamenta a Natureza.<br />

Onde o verde se alonga, anota nos caminhos.<br />

Aves lembrando intérpretes de sonhos<br />

E equipes orquestrais nos troncos e nos ninhos.<br />

Quando a tarde aparece sobre os campos<br />

E a sombra se desata,<br />

Fita a erva a surgir sob adornos de prata<br />

Feitos na tênue luz dos pirilampos.<br />

Vejamos nos jardins:<br />

Cravos recordam belos arlequins<br />

Dançando ao sol e ao vento,<br />

Enquanto sob o azul do firmamento,<br />

Quase concretizando músicas divinas,<br />

No tecido aromal que os entretece,<br />

Os lírios são pierrôs filosofando em prece<br />

E as rosas são alegres colombinas.<br />

Quando as nuvens no Espaço<br />

Lançam granizos e clamores,<br />

Em raios e trovões ameaçadores<br />

Nos golpes da tormenta,<br />

De estrondo a estrondo e estilhaço a estilhaço,<br />

É uma tragédia que se representa.<br />

Sem que as distâncias possam escondê-las<br />

Quando a treva noturna tudo invade,<br />

Olha o bailado e as luzes das estrelas<br />

Com notícias dos Céus na Imensidade!...<br />

Assim também, alma querida,<br />

Cumpre a missão que te engrandece a vida,<br />

Educa, eleva, ampara, serve e ama...<br />

Arte é divina chama,<br />

Realeza sem plebeus,<br />

E artistas que se dão ao trabalho fecundo<br />

De aliviar a dor e melhorar o mundo<br />

São obreiros da paz com mensagens de Deus.<br />

Do livro:<br />

Maria Dolores - Francisco Cândido Xavier / Maria Dolores<br />

www.centroespiritachicoxavier.org.br<br />

www.caminhosluz.com.br<br />

www.bvespirita.com<br />

“A pior solidão é não ter amizades verdadeiras.”<br />

Francis Bacon


Goiânia, julho de 2018 Página 11<br />

Crônicas do Criméia<br />

Sinval e o Corel Pau<br />

Ricardo<br />

Edilberto<br />

Quando comecei a trabalhar<br />

com publicidade, no início dos<br />

anos 90, o Corel Draw era o programa<br />

de design gráfico do momento.<br />

Todo mundo queria brincar<br />

de diretor de arte com aquilo<br />

e eu entrei nessa onda também.<br />

Já no <strong>final</strong> dos anos 90, mano Léo<br />

me puxou para trabalhar em sua<br />

agência, a Verbo Comunicação. À<br />

época ele dizia que eu estava dividido<br />

entre a direção de arte e a<br />

redação, mas que logo escolheria a<br />

segunda opção. Previsão não muito<br />

difícil já que nunca consegui<br />

desenhar uma linha reta ou um<br />

círculo redondo. E foi nesse meio<br />

tempo que conheci o amigo Sinval.<br />

Sempre sonhador, Sinval se<br />

dividia entre o Jornal Crimeia,<br />

o desejo de ser representante da<br />

associação de bairro do Crimeia e<br />

outros projetos crimeienses. Juntamente<br />

com outro amigo, Cláudio<br />

Elias (Pitoca Júnior), entrei<br />

em algumas dessas lutas com ele<br />

e, pelo que sei, o Jornal Crimeia<br />

foi a de maior êxito. Como eu dominava<br />

um pouco o programa,<br />

Sinval sempre me pedia dicas e<br />

eu acabei diagramando algumas<br />

edições com ele.<br />

O tempo foi passando, a falta de<br />

habilidade nos desenhos foi cada<br />

vez mais me levando à redação,<br />

o Crimeia foi crescendo, os amigos<br />

se afastando... mas Sinval e o<br />

Corel Draw acredito que não mudaram<br />

muito e passaram a vida<br />

juntos fazendo o Jornal Crimeia.<br />

Sinval continuou sendo o amigo<br />

sonhador. O Corel Draw parece<br />

mesmo não ter evoluído, perdeu<br />

espaço no mercado e, em função<br />

das inúmeras travadas, recebeu a<br />

alcunha carinhosa de Corel Pau.<br />

Mais recentemente, Sinval ganhou<br />

a adesão de mano Carlos<br />

na feitura do jornal. Entre as diversas<br />

discussões dos dois, vira e<br />

mexe aparecia o questionamento<br />

de que o Corel Draw estava ultrapassado.<br />

Sinval não admitia essa<br />

afronta e, sempre que eu estava<br />

por perto, dizia que eu o havia ensinado<br />

e pedia minha concordância<br />

sobre a eficiência do programa.<br />

Não sei muito bem o que eu<br />

respondia nessa saia justa... acho<br />

que não respondia kkkkkkkkkkk,<br />

mas agora tenho a resposta: escrevendo<br />

essas mal traçadas linhas<br />

concluo que – por todos os<br />

risos que essa história toda proporcionou<br />

à minha mente – mano<br />

Carlos e Sinval eram a dupla perfeita;<br />

Corel Pau, o melhor programa<br />

da história da computação; e<br />

ainda bem que me tornei redator,<br />

como previu mano Léo.<br />

Mbappé - Diversidade étnica francesa conquista Copa do Mundo de 2018<br />

O mundo é dos azuis.<br />

E de todas as outras cores<br />

Igor<br />

Pereira<br />

Como de costume a cada<br />

quatro anos, parte do mundo<br />

ficou anestesiada dos problemas<br />

pessoais e sociais para<br />

acompanhar a Copa do Mundo.<br />

Um mês em que quase todos<br />

se envolvem em discussões<br />

das mais variadas de tudo o<br />

que abrange futebol, desde os<br />

aspectos esportivos, aos socio-políticos,<br />

culturais, etc. O<br />

Mundial transformou a Rússia,<br />

assim como o Brasil, em 2014,<br />

em quintal do mundo, e foi palco<br />

de uma grande festa.<br />

A Copa do Mundo parece ser<br />

o único evento em que chefes de<br />

estado, dos mais variados países,<br />

sentam lado a lado, sem<br />

qualquer tipo de restrição, e se<br />

interagem como qualquer cidadão<br />

comum. Apesar de todos os<br />

problemas da sociedade russa,<br />

com relação a liberdades individuais<br />

e democracia, o país<br />

parece ter recebido o mundo de<br />

braços abertos. Efeitos de uma<br />

Copa do Mundo.<br />

Desportivamente falando, a<br />

França foi a única seleção que<br />

conseguiu impor o seu favoritismo<br />

e que o transformou em<br />

resultado. A Copa do Mundo<br />

da Rússia demonstrou que o<br />

futebol está cada vez mais nivelado<br />

e que, ao contrário do<br />

que se fala naquele enfadonho<br />

e antiquado jargão, camisa não<br />

ganha jogo.<br />

Se Itália e Holanda nem<br />

participaram da festa, a campeã<br />

Alemanha sequer passou<br />

da primeira fase. Espanha,<br />

Argentina e Brasil demonstraram<br />

irregularidades e também<br />

ficaram pelo caminho. Apenas<br />

a jovem França - média de idade<br />

de 25,8 anos - atendeu às<br />

expectativas que nela foram<br />

depositadas.<br />

Mbappé, Pogba, Griezmann<br />

e cia, souberam unir o talento<br />

individual com um coletivo coeso<br />

e forte. O garoto de 19 anos<br />

espantou o mundo com seu talento,<br />

velocidade e naturalidade<br />

para jogar futebol, como se<br />

a Copa do Mundo fosse um jogo<br />

qualquer para uma criança se<br />

divertir. O título mundial não<br />

poderia ficar em mãos melhores,<br />

apesar da menção honrosa<br />

para as surpreendentes Bélgica<br />

e Croácia.<br />

Assim como em 1998, a<br />

França se tornou campeã com<br />

uma presença maciça de descendentes<br />

africanos. A representatividade<br />

que se viu em<br />

campo também pôde ser vista<br />

nas ruas de Paris, em comemorações<br />

públicas, mas não<br />

se tornou notória nos estádios<br />

russos, espaços limitados às<br />

elites de cada nação.<br />

Mais importante que o aspecto<br />

esportivo, os franceses<br />

também demostraram uma integração<br />

harmônica da diversidade<br />

étnica dos seus jogadores,<br />

dos franceses “tradicionais” aos<br />

descendentes de imigrantes<br />

africanos, refletindo uma unidade<br />

no futebol, que também<br />

se espera ver cada vez mais na<br />

sociedade.<br />

“A amizade é um amor que nunca morre.”<br />

Mario Quintana


Página 12 Goiânia, julho de 2018

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!