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Casa do Advogado Raimundo Pereira<br />
mais tarde residência da família Piccoli<br />
Rua 4, entre avenidas 1 e 3<br />
Desenho em bico de pena por Percy Oliveira<br />
NA BEIRA DO MAR<br />
Marcelo Seixas<br />
Ondas<br />
bailam com o vento litoral<br />
Ondas<br />
evaporam-se em brisa,<br />
bruma do mar,<br />
numa cortina de partículas salgadas<br />
Onda<br />
que leva meu pensamento<br />
para muito além da linha do horizonte<br />
Onda<br />
que devolve o pensamento<br />
no estouro das ondas,<br />
na ressaca da maré,<br />
no espumar das emoções<br />
Na beira do mar<br />
o suor escorre pelo corpo<br />
e a maresia tempera nossa alma<br />
Mar<br />
útero iodado,<br />
onde nasce o caranguejo,<br />
onde mora a Mãe D'água<br />
As ondas pequeninas<br />
beijam nossos pés,<br />
quando passam por nós<br />
E as maiores,<br />
acariciam o céu da nossa cabeça,<br />
para em seguida<br />
marcar um rastro de espumas...<br />
como um véu de noiva<br />
ILUSÕES E MENEIOS<br />
Reginaldo Honório da Silva<br />
Vou te decorar<br />
Te declamar num poema infantil<br />
Pegar tuas mãos numa ciranda de roda<br />
E te afastar de olhares alheios<br />
E na solidão das ilusões e meneios<br />
Arrastar-te num canto escuro<br />
Onde possas te despir dos teus medos<br />
De te confessares a mim, sem receios<br />
Teus pensamentos mais ousados<br />
Que te fazem arfar os teus seios<br />
Toda vez que aporto nos teus olhos<br />
E descarrego o clandestino desejo<br />
De me apossar da ilusão do teu beijo<br />
E marejar na estrutura do teu coração<br />
Poemas que os românticos do mar<br />
Não contêm em seus tesouros<br />
Poesias que os poetas da eternidade<br />
Não compuseram em qualquer dos versos<br />
Que ousaram rimar a ti, em nome do amor<br />
E eu, poeta que te digo, apaixonado<br />
Sem rimas que agucem a pretensão dos letrados<br />
Vou te decorar<br />
Te declamar num poema infantil<br />
Para que tuas mãos na ciranda de roda<br />
Não permitam te perderes de mim!<br />
BULLING<br />
Roberto Teco Junior<br />
Onde estão as palavras para enfeitar a existência?<br />
Onde estão os cân cos de Heloisa?<br />
Onde estão as vibrações juvenis?<br />
O sen do da vida, nua e ferida.<br />
Onde estão as lembranças da noite veloz?<br />
Os melodramas que fazem vir à tona,<br />
a desgraça escondida no inconsciente?<br />
Onde estão os cuidados<br />
com os que amamos e veneramos?<br />
A poesia contestatória e marginal<br />
Onde está a certeza?<br />
A liberdade e a liber nagem,<br />
A filosofia? O amor? A empa a?<br />
Onde estão os homens feridos pelas palavras<br />
de desa nos, no silencio dos quartos?<br />
Onde está Jesus com sua mensagem libertaria,<br />
a impedir jovens<br />
de serem ví mas de preconceito e morte?<br />
Estaria no céu, inferno ou purgatório?<br />
No verso do poeta inconformado e triste?<br />
Ferido pelas brincadeiras de seus “colegas”?<br />
O inferno não existe.<br />
Ele está no meio de nós nos alfinetando<br />
com palavras de desamor e ódio.<br />
Está no homem e mulher que olhando<br />
não enxerga o obvio no semblante do pedinte,<br />
Do filho,<br />
Da filha,<br />
Da esposa....<br />
Para onde ir? Como acreditar? Em Deus?<br />
Nos polí cos? Nas promessas de redenção?<br />
Na igreja e seus algozes?<br />
Com quem caminhar?<br />
Se à margem do caminho vê se apenas<br />
sinais de preconceito e desumanidade.