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PE DA LETRA JUNHO 2018

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Casa do Advogado Raimundo Pereira<br />

mais tarde residência da família Piccoli<br />

Rua 4, entre avenidas 1 e 3<br />

Desenho em bico de pena por Percy Oliveira<br />

NA BEIRA DO MAR<br />

Marcelo Seixas<br />

Ondas<br />

bailam com o vento litoral<br />

Ondas<br />

evaporam-se em brisa,<br />

bruma do mar,<br />

numa cortina de partículas salgadas<br />

Onda<br />

que leva meu pensamento<br />

para muito além da linha do horizonte<br />

Onda<br />

que devolve o pensamento<br />

no estouro das ondas,<br />

na ressaca da maré,<br />

no espumar das emoções<br />

Na beira do mar<br />

o suor escorre pelo corpo<br />

e a maresia tempera nossa alma<br />

Mar<br />

útero iodado,<br />

onde nasce o caranguejo,<br />

onde mora a Mãe D'água<br />

As ondas pequeninas<br />

beijam nossos pés,<br />

quando passam por nós<br />

E as maiores,<br />

acariciam o céu da nossa cabeça,<br />

para em seguida<br />

marcar um rastro de espumas...<br />

como um véu de noiva<br />

ILUSÕES E MENEIOS<br />

Reginaldo Honório da Silva<br />

Vou te decorar<br />

Te declamar num poema infantil<br />

Pegar tuas mãos numa ciranda de roda<br />

E te afastar de olhares alheios<br />

E na solidão das ilusões e meneios<br />

Arrastar-te num canto escuro<br />

Onde possas te despir dos teus medos<br />

De te confessares a mim, sem receios<br />

Teus pensamentos mais ousados<br />

Que te fazem arfar os teus seios<br />

Toda vez que aporto nos teus olhos<br />

E descarrego o clandestino desejo<br />

De me apossar da ilusão do teu beijo<br />

E marejar na estrutura do teu coração<br />

Poemas que os românticos do mar<br />

Não contêm em seus tesouros<br />

Poesias que os poetas da eternidade<br />

Não compuseram em qualquer dos versos<br />

Que ousaram rimar a ti, em nome do amor<br />

E eu, poeta que te digo, apaixonado<br />

Sem rimas que agucem a pretensão dos letrados<br />

Vou te decorar<br />

Te declamar num poema infantil<br />

Para que tuas mãos na ciranda de roda<br />

Não permitam te perderes de mim!<br />

BULLING<br />

Roberto Teco Junior<br />

Onde estão as palavras para enfeitar a existência?<br />

Onde estão os cân cos de Heloisa?<br />

Onde estão as vibrações juvenis?<br />

O sen do da vida, nua e ferida.<br />

Onde estão as lembranças da noite veloz?<br />

Os melodramas que fazem vir à tona,<br />

a desgraça escondida no inconsciente?<br />

Onde estão os cuidados<br />

com os que amamos e veneramos?<br />

A poesia contestatória e marginal<br />

Onde está a certeza?<br />

A liberdade e a liber nagem,<br />

A filosofia? O amor? A empa a?<br />

Onde estão os homens feridos pelas palavras<br />

de desa nos, no silencio dos quartos?<br />

Onde está Jesus com sua mensagem libertaria,<br />

a impedir jovens<br />

de serem ví mas de preconceito e morte?<br />

Estaria no céu, inferno ou purgatório?<br />

No verso do poeta inconformado e triste?<br />

Ferido pelas brincadeiras de seus “colegas”?<br />

O inferno não existe.<br />

Ele está no meio de nós nos alfinetando<br />

com palavras de desamor e ódio.<br />

Está no homem e mulher que olhando<br />

não enxerga o obvio no semblante do pedinte,<br />

Do filho,<br />

Da filha,<br />

Da esposa....<br />

Para onde ir? Como acreditar? Em Deus?<br />

Nos polí cos? Nas promessas de redenção?<br />

Na igreja e seus algozes?<br />

Com quem caminhar?<br />

Se à margem do caminho vê se apenas<br />

sinais de preconceito e desumanidade.

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