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CURSO <strong>DE</strong> <strong>TEORIA</strong> <strong>MUSICAL</strong><br />
BÁSICA PARA VIOLÃO, GUITARRA,<br />
TECLADO E CONTRABAIXO<br />
A<strong>DE</strong>NILSON MOREIRA<br />
BELÉM - PARÁ - BRASIL<br />
2018
O QUE É MÚSICA?<br />
A pergunta “o que é música” tem sido<br />
alvo de discussão há décadas.<br />
Alguns autores defendem<br />
que música é a combinação de sons e<br />
silêncios de uma maneira organizada. Vamos explicar com um exemplo: Um ruído de rádio<br />
emite sons, mas não de uma forma organizada, por isso não é classificado como música. Essa<br />
definição parece simples e completa, mas definir música não é algo tão óbvio assim. Podemos<br />
classificar um alarme de carro como música? Ele emite sons e silêncios de uma maneira<br />
organizada, mas garanto que a maioria das pessoas não chamaria esse som de música.<br />
Um conceito criado pelo grande mestre Paschoal Bona diz que Música “é a arte de<br />
manifestar os diversos afetos da alma mediante o som”.<br />
Então, o que é música afinal?<br />
De uma maneira mais didática e abrangente, a música é composta por melodia,<br />
harmonia e ritmo.<br />
<br />
MELODIA<br />
Melodia é a voz principal do som, é aquilo que<br />
pode ser cantado.<br />
<br />
HARMONIA<br />
Harmonia é uma sobreposição de notas que<br />
servem de base para a melodia. Por exemplo, uma<br />
pessoa tocando violão e cantando está fazendo<br />
harmonia com os acordes no violão e melodia com a<br />
voz. Cada acorde é uma sobreposição de várias notas,<br />
como veremos adiante em outros tópicos. Por isso que<br />
os acordes fazem parte da harmonia.<br />
Obs: Vale a pena destacar que a melodia não necessariamente é composta por uma única voz;<br />
é possível também que ela tenha duas ou mais vozes, apesar de ser menos frequente essa<br />
situação. Para diferenciar melodia de harmonia nesse caso, podemos fazer uma comparação<br />
com um navio no oceano. O navio representa a harmonia e as pessoas dentro do navio<br />
representam a melodia. Tanto o navio quanto as pessoas estão se mexendo, e as pessoas se<br />
mexem dentro do navio enquanto ele trafega pelo oceano. Repare que o navio serve de base,<br />
suporte, para as pessoas. Elas têm liberdade para se movimentar apenas dentro do navio. Se
uma pessoa pular para fora do navio, será desastroso. Com melodia e harmonia, é a mesma<br />
coisa.<br />
<br />
RITMO<br />
Ritmo é a marcação do tempo de uma música.<br />
Assim como o relógio marca as horas, o ritmo nos diz<br />
como acompanhar a música.<br />
Cada um desses três assuntos precisa ser tratado<br />
à parte. Um conhecimento aprofundado permite uma<br />
manipulação ilimitada de todos os recursos que a<br />
música fornece, e é isso o que faz os “sons e silêncios” ficarem tão interessantes para nosso<br />
ouvido.<br />
O SOM<br />
É tudo o que podemos ouvir, sejam eles naturais (vozes de<br />
animais, o trovão, o vento, etc.) ou culturais (instrumentos musicais,<br />
ruído de carro, buzina, etc.). Os sons agradáveis ao ouvido são chamados<br />
de sons musicais e os sons desagradáveis são chamados de poluição<br />
sonora.<br />
O TIMBRE<br />
Chama-se timbre à característica<br />
sonora que nos permite distinguir se sons da<br />
mesma frequência foram produzidos por<br />
fontes sonoras conhecidas e que nos permite<br />
diferenciá-las. Quando ouvimos<br />
uma nota tocada por um piano e a mesma<br />
nota (uma nota com a mesma altura)<br />
produzida por um violino, podemos<br />
imediatamente identificar os dois sons como<br />
tendo a mesma frequência, mas com<br />
características sonoras muito distintas. O que<br />
nos permite diferenciar os dois sons é o<br />
timbre instrumental.<br />
Embora as características físicas<br />
responsáveis pela diferenciação sonora dos<br />
instrumentos sejam bem conhecidas, a forma<br />
como ouvimos os sons também influencia<br />
na percepção do timbre, sendo objeto de<br />
estudo da psicoacústica.
NOTAS MUSICAIS<br />
Dentro da música e da teoria musical, o conceito mais básico é o conceito de nota<br />
musical. Embora pareça básico dizer isso, é importante decorá-las e ter fluência em seus<br />
conceitos básicos, conforma abordaremos nesse texto.<br />
Sempre que emitimos um som, emitimos uma (ou várias) notas, ou seja, estamos<br />
produzindo uma vibração sonora em uma determinada frequência específica e constante.<br />
Para ficar mais claro, quando tocamos uma tecla de um piano, ou uma corda de um violão<br />
estamos produzindo uma nota. No caso do piano, cada tecla representa uma nota diferente.<br />
Sempre que tocamos uma nota, o som criado possui quatro características básicas, que podem<br />
ser alterados de acordo com a vontade do instrumentista:<br />
Altura - A altura de uma nota se refere a quão grave (ou agudo) uma nota é. Quanto<br />
maior a altura de uma nota, mais aguda ela será e vice-versa. No caso do piano, a evolução da<br />
altura segue da esquerda para a direita, ou seja, quanto mais para a esquerda, mais grave, e<br />
quanto mais para a direita, mais agudo.<br />
Intensidade - A intensidade se refere a quão fraco ou forte é a nota, ou seja, ao volume<br />
dela. Existe uma relação direta entre o esforço (força) gasto para executar a nota, e o volume<br />
resultante. Quanto maior o esforço para se executar uma nota, maior o seu volume.<br />
Duração - A duração se refere ao tempo que a nota fica soando. O conceito do que é<br />
uma nota rápida ou demorada varia de acordo com o contexto da música e seu andamento<br />
(veremos mais a frente), e do instrumento. Alguns instrumentos de corda (como por exemplo<br />
o violão), não conseguem manter uma nota soando pelo mesmo tempo que um instrumento<br />
de sopro, como a flauta.<br />
NOTAS NATURAIS E ACI<strong>DE</strong>NTAIS<br />
Dentro da nossa música ocidental, por questões históricas e culturais, toda música era<br />
feita por uma escala (sequência de notas) de 7 notas. Conforme escrevi no último post, os<br />
nomes das notas surgiram por volta do séc. X, retiradas de uma música em homenagem ao<br />
Santo João, onde cada frase começava por sua nota correspondente da escala. São elas: Do,<br />
Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, e Si. Essas ficaram conhecidas como notas naturais.
As escalas musicais são cíclicas, isto é, as notas vão se repetindo em oitavas diferentes,<br />
ou seja, depois do "Si", a oitava nota seria novamente o "Dó", porém mais agudo.<br />
Com a evolução da música, principalmente com o aparecimento da harmonia, os<br />
músicos perceberam que determinadas músicas demandavam notas que não estavam entre<br />
as notas naturais, conhecidas até então. Isso porque a "distância" entre as notas naturais não<br />
eram exatamente iguais. A distância entre o Mi e o Fá, e entre o Si e o Dó é sensivelmente<br />
menor do que entre as demais notas, onde podiam ser executadas notas intermediárias. Essas<br />
notas que surgiram foram chamadas de notas acidentais. Daí foi só aproveitar as notas já<br />
existentes e apenas acrescentar à elas símbolos para diferenciá-las.<br />
O símbolo (#) é chamado de Sustenido e colocado à frente de uma nota eleva a altura<br />
dela em meio tom.<br />
O símbolo (b) é chamado de Bemol e colocado à frente de uma nota baixa a altura da<br />
mesma em meio tom.<br />
A partir do Barroco (séc. XVII), a oitava foi dividida em 12 notas com distâncias<br />
exatamente iguais entre elas. Essa distância foi chamada de "meio-tom" (1/2 tom), e a cada<br />
dois meio-tons, temos um tom. Essa noção de medida de distância entre as notas será<br />
importante no futuro quando estudarmos escalas e acordes.<br />
No desenho abaixo tempos as 12 notas que compõem a nossa música ocidental:
Abaixo agora veja a escala completa no formato de escada para melhor entendimento:<br />
TOM E SEMI-TOM<br />
É como denominamos as distâncias entre uma nota e outra. O Semi-tom é a menor<br />
distância entre duas notas. Ou seja, no braço do violão é a distância de uma casa para outra.<br />
No teclado é a distância de uma tecla para a outra. Já o Tom equivale a dois semi-tons. Ou<br />
seja, a cada 2 espaços no braço do violão temos um tom de distância. A cada duas teclas no<br />
teclado também temos um tom de distância. Isso é perceptível no desenho da escala de Dó<br />
mostrada abaixo:<br />
Agora observe a escala com todas as notas:<br />
CIFRAS<br />
Cifra é um sistema de notação musical usado para indicar, por meio de símbolos<br />
gráficos ou letras, os acordes a serem executados por um instrumento musical (como<br />
uma guitarra, ou um violão por exemplo). As cifras são utilizadas principalmente na música<br />
popular, acima das letras ou partituras de uma composição musical, indicando o acorde que<br />
deve ser tocado em conjunto com a melodia principal, ou ainda para acompanhar o canto.
Regra de formação:<br />
A nota fundamental é definida pelo sistema de notação alfabética em que o nome de<br />
cada nota musical corresponde a uma letra de A a G, com sustenidos ou bemóis quando<br />
necessário:<br />
Além do nome do acorde, sempre grafado em letra maiúscula, são acrescentados<br />
números ou outros símbolos para indicar a estrutura do acorde. As tabelas abaixo mostram<br />
as estruturas das cifras mais usuais:
ESCALAS<br />
Escalas musicais são sequências ordenadas de notas. Por exemplo: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si,<br />
dó…repetindo esse ciclo. Nessa escala, começou-se com a nota dó e foi-se seguindo uma<br />
sequência bem definida de intervalos até o retorno para a nota dó novamente. Essa sequência<br />
de distâncias foi: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom…repetindo o ciclo.<br />
NOTA, ACOR<strong>DE</strong> E TOM OU CAMPO HARMÔNICO<br />
NOTA: É a menor unidade musical. É o som produzido por uma única corda solta ou<br />
pressionada em qualquer espaço do braço do violão. Ou um tecla apenas do teclado<br />
pressionada.<br />
Ex: Se você apertar a 1ª corda no 3º espaço do braço do violão estará fazendo a nota Sol.<br />
ACOR<strong>DE</strong>: é o som produzido por duas ou mais cordas do violão pressionadas ao mesmo<br />
tempo. Ou duas teclas do teclado, da mesma forma.<br />
Ex: Se você apertar a 1ª corda no 2º espaço (F#); a 3ª corda no 2º espaço (A) e a 2ª corda no<br />
3º espaço (D) estará fazendo o acorde de D.<br />
TOM OU CAMPO HARMÔNICO: é um conjunto de acordes formados a partir de uma<br />
determinada escala. Tome como exemplo a escala de dó maior: C, D, E, F, G, A, B.<br />
Como formar um campo harmônico<br />
Para cada nota dessa escala, iremos montar um acorde. Vamos ter, portanto, sete<br />
acordes, que serão os acordes do campo harmônico de dó maior.<br />
Como faremos isso?<br />
Para cada nota da escala, o acorde respectivo será formado utilizando o primeiro, o<br />
terceiro e o quinto graus (contados a partir dessa nota, em cima dessa mesma escala). Vamos<br />
começar com a nota C. O primeiro grau é o próprio C. O terceiro grau, contando a partir de C,<br />
é E. O quinto grau, contando a partir de C, é G.<br />
Acordes do campo harmônico de dó maior<br />
O primeiro acorde do campo harmônico de dó maior é formado então pelas notas C,<br />
E, G (repare que esse é o acorde de dó maior, pois E é a terça maior de Dó).<br />
Agora vamos montar o acorde da próxima nota da escala, que é D. O primeiro grau é<br />
o próprio D. O terceiro grau, contando a partir de D, nessa escala, é F. O quinto grau, contando
a partir de D, é A. Portanto, o segundo acorde do nosso campo harmônico é formado pelas<br />
notas D, F e A (repare que esse é o acorde de Ré menor, pois a nota F é a terça menor de D).<br />
Você deve estar percebendo até aqui que estamos montando os acordes do campo harmônico<br />
pensando nas tríades e utilizando somente as notas que aparecem na escala em questão<br />
(escala de dó maior).<br />
Depois de montar a tríade, observamos se a terça de cada acorde ficou maior ou<br />
menor. Você pode também conferir a quinta de cada acorde, mas vai notar que ela sempre<br />
vai acabar sendo a quinta justa, exceto no último acorde, que vai ter a quinta bemol. É um<br />
bom exercício você tentar montar os acordes restantes desse campo harmônico. Confira<br />
depois com a tabela abaixo:<br />
Muito bem, você acabou de aprender como se forma um campo harmônico. Mas para<br />
que isso serve afinal?<br />
Bom, um campo harmônico serve para muitas coisas, e nesse momento vamos nos<br />
focar no ponto mais básico: ele serve para definir a tonalidade de uma música. Provavelmente<br />
você já deve ter ouvido a pergunta: “Em que tom está essa música?”. Pois bem, a tonalidade<br />
de uma música depende dos acordes presentes nessa música.<br />
Se uma música contém os acordes do campo harmônico maior de dó, significa que a<br />
música está em dó maior. Com isso, sabemos que a escala a ser utilizada para fazer um solo,<br />
improvisar, criar riffs, etc. em cima da música é a escala de dó maior.<br />
Portanto, conhecer os campos harmônicos tem uma grande utilidade: esse<br />
conhecimento permite que saibamos as notas que podemos usar para fazer arranjos em cima<br />
de uma determinada música. Conhecendo bem os desenhos das escalas, nada impede que<br />
possamos criar solos e arranjos automaticamente (habilidade conhecida como improviso).<br />
AFINAÇÃO DO VIOLÃO, GUITARRA E CONTRABAIXO<br />
Você pode afinar o violão de duas principais formas. Uma exige um pouco de<br />
experiência e um bom ouvido para captar com precisão a frequência de afinação de cada<br />
corda e tentar chegar o mais próximo possível utilizando outro instrumento como base. Seria<br />
ouvir a afinação de outro instrumento e reproduzi-la no que você está afinando. Isso é tarefa
fácil pra quem tem ouvido absoluto. Mas pra você que está iniciando felizmente a tecnologia<br />
já nos proporciona aplicativos e equipamentos para tal. Existem bons e baratos afinadores no<br />
mercado. São equipamentos em que você pluga o instrumento e à medida que você vai<br />
apertando a corda ele vai mostrando o grau de afinação e dando uma noção se a corda precisa<br />
ser apertada ou folgada.<br />
Também existem aplicativos pra celular como no caso do DaTuner Lite. Ele funciona<br />
como um afinador físico, porém não precisa ligar o instrumento. O som é captado através do<br />
microfone do celular. Abaixo você terá a afinação correta de cada corda:<br />
Violão e Guitarra:<br />
1ª corda: E<br />
2ª corda: B<br />
3ª corda: G<br />
4ª corda: D<br />
5ª corda: A<br />
6ª corda: E<br />
Contra-baixo:<br />
1ª corda: G<br />
2ª corda: D<br />
3ª corda A<br />
4ª corda: E<br />
Obs1: Se você percebeu as 4 cordas do contrabaixo equivalem às 4 cordas de cima do violão<br />
ou guitarra, porém apesar de ser as mesmas notas, estão em oitavas diferentes.<br />
Obs2: Os teclados não precisam ser afinados, pois são equipamentos eletrônicos, porém o<br />
piano necessita já que o mesmo apesar de ter teclas é um instrumento de cordas que são<br />
acionadas por martelos ligados às teclas.