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Jornal O pregão, nº 19

Edição 19 do jornal da Escola Secundária Martins Sarmento, Guimarães.

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Escola Secundária Martins Sarmento O Pregão<br />

16<br />

Em destaque<br />

• Serviço de Psicologia e Orientação<br />

Comportamentos<br />

autolesivos na adolescência<br />

A adolescência é considerada uma<br />

etapa de desenvolvimento e maturação<br />

entre a infância e a idade<br />

adulta, sendo um período de desenvolvimento<br />

humano em que os jovens<br />

desenham a sua identidade, escolhem<br />

o que querem fazer profissionalmente<br />

e preparam o seu projeto de vida. Pode<br />

ser um período vulnerável em que há<br />

busca de independência dos pais e<br />

maior valor dos amigos e vontade de<br />

exploração de novas situações, com<br />

as quais o jovem não sabe ainda como<br />

lidar. Desta forma, os comportamentos<br />

autolesivos em adolescentes são de<br />

grande relevância, estando associados<br />

a doença psiquiátrica e à maior probabilidade<br />

de suicídio futuro.<br />

Atendendo à complexidade da temática,<br />

o Serviço de Psicologia e<br />

Orientação dinamizou, no âmbito das<br />

Jornadas Culturais, no dia vinte e dois<br />

de março, uma palestra sobre comportamentos<br />

autolesivos na adolescência,<br />

à qual compareceram o primeiro e segundo<br />

anos do Curso Profissional de<br />

Saúde. Os comportamentos autolesivos<br />

na adolescência constituem um<br />

problema de saúde pública, resultando<br />

em riscos físicos, sociais e educacionais<br />

significativos. Segundo dados da<br />

Organização Mundial de Saúde, atinge<br />

2% da população mundial, com predominância<br />

do sexo feminino. Cerca<br />

de 10% dos adolescentes apresentam<br />

comportamentos autolesivos pelo menos<br />

uma vez ao longo da vida, sendo<br />

que 40 a 60% dos adolescentes com<br />

psicopatologia apresentam este tipo<br />

de comportamentos.<br />

O comportamento autolesivo pode<br />

ser encarado como um comportamento<br />

com resultado não fatal em que o<br />

individuo:<br />

- iniciou comportamento com intenção<br />

de causar lesões ao próprio (ex:<br />

cortar-se, queimar-se);<br />

- ingeriu uma substância numa dose<br />

excessiva em relação à dose terapêutica<br />

reconhecida;<br />

- ingeriu uma droga ilícita ou substância<br />

de recreio, num ato em que a<br />

pessoa vê como de autoagressão;<br />

- ingeriu uma substância ou objeto<br />

não ingerível, como detergentes,<br />

solventes.<br />

A automutilação é um dos comportamentos<br />

autolesivos mais frequentes,<br />

caracterizando-se como um comportamento<br />

direto, inaceitável e repetitivo,<br />

que causa ligeira a moderada lesão física,<br />

resultando em dano infligido no<br />

próprio corpo, em que há agressão direta<br />

ao corpo sem intenção consciente<br />

de suicídio e perturba o funcionamento<br />

fisiológico e psicológico do indivíduo<br />

e que não é social ou culturalmente<br />

aceite. O perfil clínico do adolescente<br />

com comportamentos autolesivos<br />

associa-se a ansiedade, depressão,<br />

impulsividade, agressividade, personalidade<br />

borderline, esquizotípica,<br />

dependente ou evitante, baixa autoestima<br />

ou consumo de substâncias.<br />

As estratégias de intervenção devem<br />

ser multidisciplinares, englobando Intervenções<br />

escolares que conduzam a<br />

uma redução do estigma sobre a saúde<br />

mental, a comportamentos de pedido<br />

de ajuda na situação de perturbação<br />

emocional e apostando no treino de<br />

estratégias de coping. Deve apostar-<br />

-se na formação dos profissionais<br />

escolares acerca dos comportamentos<br />

autolesivos, que permitam uma maior<br />

facilidade de identificação de jovens<br />

em risco, que capacitem os técnicos<br />

para lidar com estes jovens e que informem<br />

sobre o encaminhamento<br />

adequado a dar ao adolescente. Da<br />

mesma forma, deve haver uma maior<br />

facilitação do acesso aos cuidados de<br />

saúde mental dos jovens em risco, ou<br />

já com comportamentos autolesivos e<br />

capacitar os serviços de saúde mental<br />

que tratam os adolescentes em aceder<br />

a tratamentos do foro psicossocial. É<br />

importante promover o envolvimento<br />

do adolescente em atividades, na sua<br />

família e na sua comunidade.<br />

O encaminhamento para serviços<br />

técnico-pedagógicos das escolas,<br />

como o Serviço de Psicologia e Orientação,<br />

desempenha um papel fulcral. A<br />

psicoterapia é fundamental nos comportamentos<br />

autolesivos na medida em<br />

que: ajuda a identificar os problemas<br />

implícitos que provocam os comportamentos<br />

autolesivos; ajuda a procurar<br />

outras formas de lidar com a frustração;<br />

ajuda a regular a impulsividade e<br />

outras emoções; ajuda a gerir melhor<br />

a angústia/preocupação; permite desenvolver<br />

capacidades/aptidões de<br />

resolução de problemas mais assertivas;<br />

promove a autoestima e os<br />

relacionamentos sociais; fornece feedback<br />

e ativa rede de suporte.<br />

Desta forma, pode-se concluir que a<br />

intervenção deve ser abrangente e integrada,<br />

envolvendo vários domínios,<br />

como a família, a escola e a comunidade.<br />

Carla Sofia Rodrigues, Serviço<br />

de Psicologia e Orientação

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