Revista +Saúde - 17ª Edição

ENTREVISTA
12,
muito a aprovação dele. Algumas horas depois,
já estava recebendo trote de meus primos e amigos,
minha mãe e irmãs eram só alegria, meus
avós e meus tios também e eu era o orgulho de
todos naquele momento, quando então meu pai
chegou em casa e me deu um grito. Quando eu
olhei ele estava com os olhos marejados, e para
a surpresa de todos ele havia raspado a cabeça
em minha homenagem, percebi que não cabia
mais alegria dentro dele, aquilo ali me deu um
grande alívio e uma sensação que até hoje não
sei bem explicar! Era de fato o dia mais feliz de
toda minha vida. Foi então que entendi que ele
não era contra eu fazer medicina ou qualquer
outro curso, ele queria me manter por perto e o
que ele tinha medo é que eu criasse asas e não
mais voltasse para perto deles, era apenas uma
defesa emocional, e ele assim como minha mãe
e o restante da família estava muito orgulhoso, e
naquele momento assim como eu, estava careca.
Quando me formei tive
de certa forma pressão de meus pais para que
me especializasse logo, porém eu gostava de
muitas áreas diferentes na medicina e não
conseguia me ver decidido a atuar em apenas
uma área naquele momento, via de certa forma
como uma restrição. Tomei a decisão de voltar
para a minha cidade e comecei a atuar como
plantonista clínico geral e pediatra. E assim
comecei a gostar ainda mais de diferentes áreas,
e a paixão pela medicina só aumentava. Ao
mesmo tempo que me via no melhor momento
medicina era o meu destino, eu me interessava
cada vez mais pela vida e cuidados com meus
pacientes, mas estava deixando minha saúde
de lado, minha qualidade de vida era péssima,
meu peso só aumentava, minha alimentação
cada vez pior, me sentia bem mais velho do que