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Jornal Mãos Unidas - Março/Abril 2019

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PUBLICAÇÃO BIMESTRAL | PREÇO: 1,00€ | ISSN: 1646 - 4389 | ANO VII - Nº 50 | MARÇO/ABRIL <strong>2019</strong> | DIRETOR: MANUEL VIEIRA NOGUEIRA<br />

Especial<br />

Quaresma<br />

Pág. 8 a 10


António Câmara Cordovil<br />

Presidente da Direção da<br />

Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong><br />

Pe. Damião<br />

2<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

FICHA TÉCNICA<br />

EDITOR E PROPRIETÁRIO:<br />

Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião. Instituição<br />

Particular de Solidariedade Social (IPSS) e<br />

Organização Não Governamental para o<br />

Desenvolvimento (ONGD)<br />

Rua Sarmento de Beires, 19A-1º, 1900-410 LISBOA,<br />

Tel.: 213 515 720 | E-mail: geral@maos-unidas.pt<br />

Site: www.maos-unidas.pt<br />

www.facebook.com/Maos<strong>Unidas</strong>P.Damiao<br />

SOMOS MEMBROS:<br />

CNOD - Confederação Nacional dos Organismos<br />

de Deficientes<br />

ILEP - Federação Internacional das Associações que<br />

Lutam Contra a Lepra<br />

PLATAFORMA Nacional Saúde em Diálogo<br />

PLATAFORMA do Voluntariado Missionário (FEC)<br />

DIRETOR:<br />

Manuel Vieira Nogueira<br />

EdiTOR:<br />

Hugo Nogueira<br />

SEDE DE REDAÇÃO:<br />

Rua Sarmento de Beires nº 19A - 1º, 1900-410 Lisboa<br />

PERIODICIDADE: Bimestral<br />

COMPOSIÇÃO e DESIGN: Milton Duarte<br />

COLABORADORES NESTA EDIÇÃO:<br />

Ana Abrantes, Carina Póvoas, Pe. Dário Pedroso,<br />

Gerardo Neves, Hugo Nogueira, Jaime Mestre,<br />

Joana D'Arte, Joana Gonçalves, Joana Marques,<br />

Manuel Vieira Nogueira, Marta Sillen, Rita Ferreira<br />

Silva, Rita Pinho, Rui Ochoa, Sara Correia, Sofia<br />

Figueiredo e Tiago Frazão<br />

estatuto editorial:<br />

Consultar: www.maos-unidas.pt<br />

IMPRESSÃO:<br />

SIG – SOCIEDADE INDUSTRIAL GRÁFICA, LDA<br />

Rua Pêro Escobar, 21, 2680-574 Camarate<br />

DEPÓSITO LEGAL: 24013/06<br />

ISSN: 1646-4389<br />

REGISTO NA ERC: 126 233<br />

TIRAGEM: 16.000 exemplares<br />

ASSINATURA ANUAL:<br />

Portugal: 10,00€ | Europa: 18,00€<br />

Resto do Mundo: 27,00€<br />

PESSOA COLETIVA: 504 072 722<br />

FOTOS: Arquivo Institucional<br />

Indíce:<br />

03 | Editorial<br />

04 | Novo Caso de Vida<br />

05 | Ajudas Técnicas<br />

06/07 | Casos Antigos<br />

08/09 | Quaresma: Caminho de Libertação<br />

10/11 | Tríduo Pascal: Triunfo do Amor<br />

12/13 | A Tuberculose<br />

14/15 | Campanha de Consignação do Irs<br />

16/17 | Loja <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong><br />

18/19 | 66º Dia Mundial dos Leprosos<br />

20/22 | Estatuto do Cuidador Informal<br />

23 | Agradecimentos<br />

24/25 | A Violência Contra a Pessoa Idosa<br />

VI/VII | Agenda Cultural<br />

V | Testemunho<br />

IV | Dia Internacional da Mulher<br />

II/III | Pelas Vítimas que Gritam em Silêncio


Edito<br />

rial<br />

Rita Balsa Pinho, Associação<br />

<strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> Pe. Damião<br />

Foto: ARQUIVO Institucional<br />

Quem conhece mais de perto o mundo das Associações<br />

e Instituições Particulares de Solidariedade Social sabe<br />

que há no ano dois momentos de particular importância:<br />

Novembro/Dezembro, em que se elaboram os planos de<br />

atividades e o orçamento para o ano seguinte; e outro é<br />

<strong>Março</strong>/<strong>Abril</strong>, em que se fecham as contas e se escreve o<br />

relatório de atividades do ano transato.<br />

Face a um estado de saúde financeira que se tem<br />

agravado e revelado muito preocupante nos últimos anos,<br />

apresentam-se agora sinais mais animadores, apesar<br />

dos desafios e exigências que ainda se tem pela frente.<br />

Tratam-se de momentos em que somos obrigados a parar,<br />

pensar de forma organizada o que se quer fazer, e avaliar<br />

de forma organizada o que se fez. Quase pareceria que<br />

organização e altruísmo são palavras que não “casam”.<br />

E haverá sempre necessidade de um altruísmo mais<br />

espontâneo e imediato, para responder a necessidades<br />

imprevistas e urgentes.<br />

E é a organização que nos tem permitido aproveitar ao<br />

máximo todos os recursos humanos e financeiros de<br />

que dispomos, para que redundem numa ajuda mais<br />

sistemática e duradoira àqueles que a nós recorrem.<br />

Às vezes pergunto-me se também Jesus teria feito Planos<br />

de Ação...<br />

Sem dúvida que estava muito disponível para as<br />

necessidades autênticas de cada pessoa e de cada<br />

momento. Mas alturas houve em que O procuravam e ele<br />

se tinha ausentado, fosse para rezar ao Pai nos montes<br />

à noite (e avaliar o dia e pensar os próximos passos da<br />

sua missão), fosse ao perceber que era chamado, nesses<br />

momentos, a lugares diferentes daqueles que seriam os<br />

esperados. Que a par da espontaneidade possamos<br />

também crescer nesta capacidade, para que o altruísmo<br />

chegue mais longe e permaneça mais fundo, na certeza<br />

porém de que, mais rico é aquele que dá do que aquele<br />

que recebe!<br />

3<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril’19


NOVO CASO DE VIDA<br />

Texto: SARA CORREIA | fotografia: Arquivo Institucional<br />

A Érica tem 16 anos e está dependente dos cuidados<br />

permanentes da mãe Alice.<br />

A mãe teve uma gravidez normal com todo o acompanhamento<br />

médico devido. Tudo parecia estar dentro<br />

dos parâmetros normais até ao dia em que a Érica<br />

nasceu e de imediato foi lhe detetada uma microcefalia.<br />

Após vários exames médicos detetou-se que a<br />

microcefalia trouxe consigo outras problemáticas associadas,<br />

tais como hipotonia, epilepsia e alterações<br />

nos valores dos cromossomas, fatores que comprometeram<br />

diretamente o desenvolvimento da fala e do<br />

andar. Com 8 anos fez uma cirurgia a uma escoliose<br />

da qual resultou uma perda total da mobilidade.<br />

Atualmente, a Érica vive com a mãe e com uma irmã<br />

de 4 anos. A mãe da Érica é cuidadora da filha a tempo<br />

inteiro e por esse motivo está impossibilitada de trabalhar.<br />

O único tempo livre que tem é o período em que a<br />

Érica frequenta o Centro de Atividades Ocupacionais,<br />

período esse que a Alice aproveita para fazer limpezas<br />

às escadas do prédio para conseguir beneficiar de algum<br />

tipo de remuneração. Com os poucos rendimentos<br />

que aufere, Alice tenta assegurar as necessidades<br />

básicas de uma casa, sendo que o valor que recebe<br />

não lhe permite proporcionar às filhas uma alimentação equilibrada e completa. A casa onde habitam tem graves<br />

problemas de humidade e condensação, o que prejudica em muito a saúde da Érica. Para solucionar este problema<br />

habitacional é necessário 3.500€, valor que a mãe não tem como suportar.<br />

Érica necessita ainda de apoio para adquirir medicação e produtos de higiene específicos.<br />

Quero Ajudar a ÉRICA nas despesas de problemas habitacional, na alimentação, na medicação e produtos<br />

de higiene específicos, pelo que envio o meu donativo de: __________ euros (mencione o valor a doar)<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

4<br />

Dados para recibo:<br />

NOME: ____________________________________________________________________________________________________________________<br />

TEL.: _______________________________________________________<br />

NIF: _________________________________________________________<br />

Pagamento por:<br />

Cheque, endossado à Assoc. <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião ValePostal Multibanco: Ent.: 20970 | Ref.: 555 555 555<br />

Transf. Bancária/ IBAN:PT50 0033 0000 0021 7312 9810 5 (Favor enviar cópia/comprovativo de talão de multibanco)


Fundo de<br />

apoio<br />

Urgente<br />

para Produtos de Apoio<br />

Texto: Hugo Nogueira<br />

fotografia: ARquivo Institucional<br />

Derivado ao elevado número de pedidos com caracter urgente que a Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> Pe. Damião recebe<br />

mensalmente, identificamos a necessidade de criar um fundo monetário que vise dar uma resposta mais eficaz e célere<br />

às inúmeras solicitações que recebemos por parte de pessoas e famílias em situações difíceis que enfrentam devido a<br />

barreiras legais, estigma e discriminação, desafios financeiros, burocracias e restrições políticas.<br />

Este fundo irá servir para a compra de produtos de apoio para a mobilidade pessoal (cadeiras de rodas, andarilhos);<br />

produtos de apoio para cuidados pessoais e higiene; produto de apoio para os cuidados domésticos (camas articuladas,<br />

cadeiras); materiais e equipamento para alimentação (garfos, colheres, pratos e copos adaptados); próteses e<br />

ortóteses.<br />

A privação de material técnico a uma criança, adulto ou idoso a curto prazo tem um impacto bastante negativo na<br />

saúde e bem-estar das pessoas com necessidades especiais. Há também efeitos a longo prazo bastante danosos e irreversíveis<br />

para a saúde dos mesmos. Quanto mais cedo a AMUPD conseguir dar uma resposta, maior a probabilidade<br />

de proporcionar uma melhor qualidade de vida a quem nos procura e contribuir de forma positiva para a saúde destas<br />

pessoas.<br />

Quero Ajudar no Fundo de Apoio Urgente para Produtos de Apoio, pelo que envio o meu donativo de: __________<br />

euros (mencione o valor a doar)<br />

Dados para recibo:<br />

NOME: ____________________________________________________________________________________________________________________<br />

TEL.: _______________________________________________________<br />

NIF: _________________________________________________________<br />

Pagamento por:<br />

Cheque, endossado à Assoc. <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião ValePostal Multibanco: Ent.: 20970 | Ref.: 555 555 555<br />

Transf. Bancária/ IBAN:PT50 0033 0000 0021 7312 9810 5 (Favor enviar cópia/comprovativo de talão de multibanco)<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

5


Casos<br />

antigos<br />

mas nunca esquecidos<br />

Texto: Sara Correia | fotografia: Arquivo Institucional<br />

Rodrigo Pereira<br />

O Rodrigo tem 8 anos. Para além de ter paralisia cerebral, desenvolveu também<br />

uma doença pulmonar obstrutiva crónica, situação que o levou a contrair facilmente<br />

pneumonias constantes, chegando a estar internado cerca de 10 vezes por ano.<br />

Graças ao apoio da Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> e dos Amigos <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong>, tem sido<br />

possível para o Rodrigo realizar o tratamento de cinesioterapia (ginástica respiratória)<br />

e fisioterapia.<br />

Desde há dois anos para cá, data que em iniciamos o apoio ao Rodrigo, que o menino<br />

reduziu significativamente o número de internamentos no hospital, passando nos<br />

ultimos tempos para apenas um unico internamento de três dias por falta de ar.<br />

A Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> tem também apoiado o Rodrigo com leites multivitaminicos,<br />

essenciais para o seu desenvolvimento, uma vez que é alimentado por um peg (sonda<br />

ligada diretamente ao estômago). Graças a esta ajuda, o menino tem conseguido aumentar o seu peso e manter-se<br />

mais resistente às infecções<br />

Obrigado a todos pelo vosso contributo!<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

6<br />

A Viviane nasceu de forma prematura em consequência de uma pressão arterial<br />

elevada por parte da mãe.<br />

Esteve internada 2 meses na Pediatria do Hospital de Sta Maria da Feira onde<br />

começou desde cedo a apresentar sinais da Síndrome de Deleção IP36.<br />

Com o apoio da Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião e dos Amigos <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong>, a<br />

Viviane já atingiu grandes progressos tanto a nível motor, como a nível da fala.<br />

Para além dos tratamentos e terapias intensivas que já realiza, a Viviane precisa de<br />

iniciar uma nova terapia denominada Método Padovan.<br />

Trata-se de um método de reorganização neurofuncional para habilitar o sistema<br />

nervoso depois de perder as suas funções e procura ajudar a pessoa a desenvolver<br />

a sua linguagem, pensamento e locomoção.<br />

Viviane costa


Sendo uma terapia de valor bastante elevado, os pais<br />

da Viviane não têm forma de assegurar as sessões de<br />

que a menina necessita.<br />

A Viviane continua a precisar do apoio dos Amigos<br />

<strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong>.<br />

O Duarte sofre de uma<br />

doença rara chamada<br />

Síndrome Lennox<br />

Gastaut, que provoca<br />

lesões neurológicas<br />

e motoras originando<br />

epilepsia grave de<br />

difícil controle e<br />

hipotonia grave, não<br />

Duarte Crista<br />

consegue segurar a<br />

cabeça, não se senta,<br />

não fala, não segura<br />

nada com as mãos, não mastiga, apenas consegue<br />

engolir os alimentos triturados.<br />

A mãe do Duarte não trabalha porque tem de prestar<br />

assistência permanente ao seu filho e o pai encontrase<br />

de baixa por doença profissional.<br />

As dificuldades são inúmeras, mas a maior delas é<br />

conseguir suportar o valor das terapias de que o Duarte<br />

necessita para poder progredir e continuar a crescer<br />

da forma mais saudável possível.<br />

Neste momento, o Duarte realiza terapia da fala,<br />

fisioterapia, terapia ocupacional e hidroterapia, sendo<br />

que o valor de cada uma das especialidades, ronda os<br />

30€ por hora.<br />

O Duarte tem conseguido evoluir graças ao apoio de<br />

todos, e em especial dos amigos da Associação <strong>Mãos</strong><br />

<strong>Unidas</strong> que já o acompanham desde 2016. Vamos<br />

continuar a dar a mão a este pequeno herói!<br />

Quero Ajudar os Casos de Vida<br />

da Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> Pe.<br />

Damião, pelo que envio o meu<br />

donativo de:<br />

_________ euros (Mencione o valor que quer doar)<br />

Para o Caso de Vida do/a:<br />

RODRIGO PEREIRA<br />

VIVIANE COSTA<br />

DUARTE CRISTA<br />

Dados para recibo:<br />

NOME: __________________________________________________<br />

MORADA: ________________________________________________<br />

LOCALIDADE: ____________________________________________<br />

C.POSTAL: ______ - ____<br />

DATA NASC.: ____ /____ /____<br />

TEL.: ____________________________________________________<br />

NIF: ______________________________________________________<br />

E-MAIL: __________________________________________________<br />

NÚMERO DE COLABORADOR: ___________________________<br />

Pagamento por:<br />

Cheque, endossado à Assoc. <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião<br />

Multibanco: Entidade: 20970<br />

Referência: 555 555 555<br />

(Favor enviar cópia/comprovativo de talão de multibanco)<br />

ValePostal<br />

Transf. Bancária/ IBAN:<br />

PT50 0033 0000 0021 7312 9810 5 Millennium<br />

7<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19


<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

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QUARESMA:<br />

CAMINHO DE LIBERTAÇÃO<br />

Texto: Padre DÁrio Pedroso \\ Foto: ARquivo Institucional<br />

A Quaresma apresenta-se a nós como dom e graça, como tempo favorável, como<br />

caminho de libertação que nos conduz à Páscoa. Neste “Ano da Fé”, precisamos renovar<br />

o nosso espírito quaresmal, intensificar a oração e a penitência, exercitarmos o serviço<br />

e a caridade para podermos ter verdadeira “passagem” com Cristo para uma vida nova.<br />

A cerimónia das “Cinzas” tão rica de simbolismo, de ajuda para tomarmos consciência<br />

do pó que somos e da vida santa que desejamos, faz-nos entrar no tempo de deserto<br />

quaresmal para descobrimos a divina misericórdia e nos abrirmos ao dom da graça da<br />

Ressurreição.<br />

No “Ano Missionário” tudo deve sempre vivido, assimilado, rezado com novo<br />

compromisso, com mais audácia e mais determinação, mais abertura a Deus e ao seu<br />

amor, mais sentido de conversão e de mudança, mais desejo de renovação e de alegria<br />

pascal que passa, sem dúvida, pelo esforço pessoal de cada um e de cada uma na bela<br />

caminhada quaresmal. Deixar os ídolos do nosso “egito”, deixar os “deuses” que nos<br />

povoam a vida e o ambiente e entrarmos na terra prometida, é dom do amor do Pai, que<br />

através do deserto, do silêncio e de mais escuta atenta da Palavra, nos quer transformar<br />

o coração, a inteligência, a vontade, a vida inteira.<br />

Cada dia a riqueza da Palavra de Deus nos convida à escuta que vai implicar mudança e<br />

conversão. Cada dia abertos ao sopro do Espírito Santo, no recolhimento e na penitência<br />

que nos ajuda à conversão, à reparação dos pecados, à súplica e intercessão pelo mundo<br />

pecador, somos convidados a abrir-nos à misericórdia que cura e que salva, que converte<br />

e que é divina alegria no nosso coração. O pó que somos, pela graça da Reconciliação,<br />

vai-se transformando em joia da divina graça, em coração novo, na “passagem” que a<br />

Páscoa de Jesus nos convida a viver.<br />

Não deixemos passar mais uma Quaresma em vão, sem determinação que conduza à<br />

mudança, sem abertura a Deus que nos fala e pede mais oração e mais caridade, sem<br />

escuta da Palavra que nos ajuda a curar nossas feridas e nossas doenças espirituais.<br />

Não deixemos de viver uma Quaresma comprometida com o amor de Deus, amor louco<br />

e apaixonado, que nos quer mais convertidos, mais evangélicos, mais santos, com uma<br />

vida mais ao jeito de Jesus. Não tenhamos medo de entrar no deserto do silêncio e da<br />

conversão, pois ele nos levará aos aleluias e às alegrias pascais. A Quaresma deve ser,<br />

tem de ser um tempo diferente, mais comprometido com Deus e com o amor do próximo,<br />

mais abertos ao dom da misericórdia que nos renova e nos faz homens e mulheres<br />

“ressuscitados”.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

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TRÍDUO PASCAL:<br />

TRIUNFO DO AMOR<br />

Texto: Padre Dário Pedroso \\ Foto: ARquivo Institucional<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

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Temos que ir sempre à fonte, ao princípio e fundamento da vida, da fé, da esperança,<br />

da caridade. E essa fonte é o Amor. Deus, como escreveu S. João na sua Primeira Carta<br />

(4, 8), é Amor, fonte divina de toda a graça, de toda a comunhão e unidade, de toda a<br />

paz e alegria. Deus, que é Amor, só quer e sabe amar. Jesus veio revelar em palavras e<br />

gestos o amor trinitário. Toda a sua vida como Verbo encarnado, Jesus de Nazaré, foi o<br />

Amor a amar com coração humano. Cada página do Evangelho, desde a Encarnação<br />

até à Ascensão, nos revela o amor de Jesus. Amor que se revela na sua oração, nos seus<br />

discursos, nos seus milagres, no seu perdão, na ternura com as crianças, nas lágrimas<br />

que chorou, na pobreza que viveu, nos insultos que sofreu, na fome e sede que passou,<br />

etc. Mas sobretudo no tríduo pascal revela-se a mais eloquente prova do seu amor, o<br />

triunfo sobre o mal, a vitória sobre o pecado, a fonte inesgotável do amor, simbolizado<br />

no seu Coração aberto.<br />

Desde a Quinta-feira Santa, com o lava-pés, em gesto humilde do Mestre e Senhor que<br />

Se ajoelha e lava os pés, a instituição da Eucaristia e da Ordem e a oração sacerdotal,<br />

passando pela Sexta-feira Santa, com a Paixão que termina na Crucifixão e Morte, com<br />

o grito da misericórdia, com o perdão ao bom ladrão, com a sede que revela, com o<br />

abandono com que morre entregando-Se ao Pai, com a vida entregue e o sangue<br />

derramado, com o seu Coração aberto pela lança do soldado, até à Ressurreição em<br />

Domingo de Páscoa, sendo fonte de paz e alegria, de vida nova, de amor renovado, de<br />

contínua presença de muitos modos, pois está Vivo... o tríduo pascal faz-nos contemplar<br />

toda a riqueza deste amor, o tríduo revela-nos o triunfo do amor da Trindade.<br />

O tempo pascal coloca diante de nós as diversas aparições do Ressuscitado, a<br />

Ascensão, a descida do Espírito em línguas de fogo, no dia de Pentecostes, como<br />

também os primeiros discursos, os primeiros milagres feitos pelos apóstolos, as primeiras<br />

conversões, o início da expansão da Igreja. Faz-nos conhecer melhor e contemplar a<br />

vida das comunidades primitivas, a conversão e o apostolado de S. Paulo, o martírio<br />

dos primeiros cristãos, o primeiro Concílio em Jerusalém. As testemunhas da vida,<br />

morte e ressurreição de Jesus começam a sua entrega a Ele e ao apostolado, vivem<br />

a paixão pela Igreja, desejam dar a conhecer o seu Senhor e Redentor, vivo e glorioso.<br />

Tempo pascal com vivências maravilhosas de alegria, de paz, de anúncio audacioso e<br />

apaixonado. Aqui se deve centrar a Igreja de hoje para viver a esperança de um mundo<br />

novo, mais pacífico, mais alegre, mais fraterno e mais justo. O amor pascal transformará<br />

o mundo e converterá a vida das pessoas, das famílias, das comunidades, da Igreja e da<br />

Humanidade. No amor e no tempo pascal, até ao Pentecostes, prolongado na vivência<br />

da Igreja até hoje, continua em nós e nas nossas comunidades o amor louco vivido por<br />

Jesus no tríduo pascal.<br />

Somos cristãos e cristãs que, individualmente, em família e comunidades, vivemos hoje,<br />

de muitos modos, o mistério pascal, na nossa vida eucarística e sacerdotal, no lavapés<br />

quotidiano e no pão repartido, na ceia celebrada, na caridade vivida; vivemo-lo<br />

na dor e na cruz levadas com amor e oferecidas pela salvação do mundo sempre em<br />

mistério de Sexta-feira Santa, alegrando-nos em nos identificarmos com o Mestre; e em<br />

alegria de Páscoa, tornando presente o Ressuscitado na fé que vivemos, na esperança<br />

que semeamos, na paz, na alegria e na caridade que acalentamos no coração e<br />

distribuímos pelos outros. Nascemos na manhã de Páscoa e queremos viver em atitude<br />

pascal cada momento da vida quotidiana. Somos seres pascais, homens e mulheres<br />

pascais, alimentando-nos do Cordeiro pascal e querendo dar-nos à sua semelhança, o<br />

Cordeiro imolado na Cruz, para que o mundo tenha a vida nova do Senhor Ressuscitado,<br />

para continuarmos a proclamar: «honra, louvor e glória ao Cordeiro». A Eucaristia é<br />

atualização contínua da Ceia, da Cruz, da vitória pascal.<br />

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A TUBERCULOSE<br />

Texto: fonte: In tveuropa.pt<br />

1,5 milhões de pessoas morrem de tuberculose<br />

por ano. Das pessoas infetadas 87% vivem ou são<br />

provenientes de países em desenvolvimento.<br />

Todos os dias deparamo-nos com noticias sobre a Tuberculose. Noticias que continuam a ser preocupantes e que<br />

merecem a nossa maior atenção. Recentemente, foi publicado um estudo realizado por um grupo internacional de<br />

investigadores liderados por uma equipa da Universidade de Berna.<br />

O estudo refere que o “diagnóstico a pacientes com tuberculose, em países em desenvolvimento, é muitas vezes<br />

impreciso. Diagnóstico errado leva a tratamento inadequado e a alta taxa de mortalidade, quando se trata de tuberculose<br />

resistente a medicamentos. Cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo desenvolvem tuberculose todos os anos<br />

e 1,5 milhões de pessoas morrem de tuberculose por ano. Das pessoas infetadas 87% vivem ou são provenientes de<br />

países em desenvolvimento.<br />

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam que a resistência aos medicamentos usados no tratamento<br />

da tuberculose, bem como à proliferação de estirpes multirresistentes de tuberculose, é um dos problemas de saúde<br />

globais mais urgentes. A OMS tem vindo a alertar para a necessidade urgente de melhorar a qualidade e a cobertura<br />

do diagnóstico e tratamento da tuberculose resistente a medicamentos.<br />

Os investigadores recolheram e investigaram, ao longo de quatro anos, amostras e dados clínicos de 634 pacientes de<br />

países fortemente afetados, incluindo a Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Quénia, Nigéria, África<br />

do Sul, Peru e Tailândia.<br />

Atualmente, os testes de resistência disponíveis em muitos países fortemente afetados pela tuberculose resistente a<br />

medicamentos são demorados e exigem muitos recursos: os resultados só são obtidos após 8 semanas, impossibilitando<br />

um início rápido da forma correta de tratamento. “Precisamos de testes moleculares novos e abrangentes no ponto de<br />

atendimento que forneçam resultados dentro de horas ou dias”, referiu Matthias Egger da Universidade de Berna, e<br />

também coautor do estudo.”<br />

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<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

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<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

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Loja <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong><br />

O valor adquirido com a venda dos produtos <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> reverte a favor dos nossos Projetos<br />

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<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

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de caráter ilustrativo e não definem o<br />

tamanho real ou exata definição das<br />

suas cores e texturas.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

17


66º Dia Mundial<br />

dos Leprosos<br />

Texto: MANUEL VIEIRA NOGUEIRA \\ Fotografia: Arquivo Institucional<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

18


No dia 27 Janeiro de <strong>2019</strong> celebrou-se o Sexagésimo sexto<br />

Dia Mundial dos Leprosos na Igreja Beato Scalabrini.<br />

Em nome da Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião, o<br />

vice-presidente Manuel Vieira Nogueira agradeceu o<br />

acolhimento do Pe. Geraldo por permitir a realização<br />

desta Eucaristia. Foi ainda feito um agradecimento<br />

pela presença de todos os paroquianos presentes,<br />

aos Benfeitores, Amigos e Profissionais <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong><br />

P. Damião. À TVI, diretamente na pessoa do Senhor<br />

Casimiro por toda a disponibilidade e empenho, a todos<br />

os técnicos da TVI, e um agradecimento final a todos os<br />

que nos acompanharam através da TVI.<br />

A Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião – Portugal tem<br />

desenvolvido esforços no sentido de prestar assistência<br />

material e sanitária às pessoas afetadas pela doença de<br />

lepra, através da promoção de ações de luta contra esta<br />

doença e através da cooperação com outras entidades<br />

que se encontram no terreno.<br />

A Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião – Portugal vai<br />

continuar a manter o legado do Santo Damião de Molokai,<br />

que, foi Pai e Servo dos doentes de Lepra. O trabalho da<br />

Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião – Portugal tem sido<br />

feito diariamente.<br />

A Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião – Portugal vai<br />

continuar a caminhar no sentido de fazer a diferença na<br />

vida de todos aqueles que chegam até nós, através do<br />

cordão invisível do amor. Porque é de amor que se trata,<br />

quando falamos da Obra P. Damião.<br />

Todos juntos vamos vencer a batalha da lepra, a chaga<br />

das chagas, mas não nos esqueçamos que existem outras<br />

lepras, as lepras da atualidade em que a Associação<br />

também está atenta às mesmas.<br />

Ao assinalarmos esta data, poderíamos, (e seria desejável)<br />

estar a falar de uma doença que ficou eliminada, lá para<br />

trás, nos séculos passados.<br />

A verdade, é que em pleno século XXI, ao se falar de lepra,<br />

ainda falamos de uma doença atual. A Lepra Existe! A<br />

Lepra ainda Mata! É verdade que a progressão da doença<br />

já se encontra controlada, contudo, ainda continuam a<br />

registar-se milhares de novos casos por ano, sobretudo<br />

na Índia, Brasil, Guiné, Timor e em Moçambique. Estes<br />

milhares de novos casos não são apenas números,<br />

representam pessoas, principalmente crianças, mulheres<br />

e idosos.<br />

Como São Damião pediu ao mundo ajuda, também nós<br />

Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> Pe. Damião pedimos ajuda a<br />

todas as empresas e entidades, visto não temos outras<br />

ajudas senão a dos nossos benfeitores, que sem os<br />

mesmos, não seria possível continuar esta obra.<br />

“Pouco a pouco e sem muito barulho, vou fazendo o bem!”<br />

Termino, em forma de reflexão, com as palavras do<br />

Papa Francisco: “Servir o Senhor significa escutar e pôr<br />

em prática a sua palavra. É a recomendação simples<br />

e essencial da Mãe de Jesus, é o programa de vida do<br />

cristão”.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

19


Estatuto do Cuidador<br />

Informal: É tempo de<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

legislar, não de continuar a adiar!<br />

Texto: Sofia Figueiredo, Associação Nacional Cuidadores Informais | fotografias: Gerardo Neves, Jaime Mestre, Rui Ochoa / Presidência da República<br />

20


Hoje em dia já não existe ninguém em Portugal que possa dizer que desconhece a realidade<br />

dos Cuidadores Informais. Fizemos um longo caminho para chegar até aqui, mas infelizmente<br />

o essencial ainda está por concretizar: o reconhecimento do Estatuto do Cuidador Informal.<br />

É necessário que se perceba definitivamente que os Cuidadores não são cidadãos de<br />

segunda categoria, mas sim cidadãos de pleno direito e que por isso não podem ser tratados<br />

pela metade.<br />

É urgente fazer justiça! Os Cuidadores têm nomes, famílias, sonhos e frustrações como toda<br />

a gente, no entanto falta-lhes o reconhecimento do trabalho que prestam à sociedade.<br />

Em outubro de 2016 foi entregue uma petição na Assembleia da República que reuniu catorze<br />

mil assinaturas. Daí surgiram projetos lei e recomendações ao Governo. Foram realizadas<br />

manifestações, vigílias e encontros de Cuidadores pelo país em defesa do Estatuto. No<br />

decorrer deste percurso, contamos incondicionalmente com o apoio da Eurodeputada<br />

Marisa Matias que sempre defendeu que o Estatuto deveria ser uma causa de todos os<br />

partidos políticos e apoiada pelo Sr. Presidente da República.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

21


A Associação Nacional de Cuidadores Informais defende que<br />

o Estatuto do Cuidador Informal deve abranger a área social,<br />

laboral e da saúde, e tem como principais reivindicações a<br />

criação de uma componente financeira, carreira contributiva,<br />

alteração da legislação laboral, nomeadamente o direito<br />

ao horário flexível, trabalho a tempo parcial e licenças sem<br />

perda de remuneração, o direito ao descanso do Cuidador e<br />

acompanhamento psicológico.<br />

No próximo dia 8 de março serão discutidas na Assembleia<br />

da República as propostas apresentadas pelo governo,<br />

CDS, PSD e PAN. Nesse mesmo dia às 9h30 realiza-se uma<br />

concentração na escadaria da Assembleia da República em<br />

defesa da dignidade dos Cuidadores Informais.<br />

Apelamos a todos os partidos que assumam as suas<br />

responsabilidades e não continuem a fechar os olhos.<br />

Sobre as propostas apresentadas é importante referir que<br />

discordamos com os projetos piloto que não chegam a todos<br />

os que necessitam, discordamos também que o seguro<br />

social voluntário seja pago pelos Cuidadores que estão<br />

em situação de carência económica e discordamos que se<br />

proceda à identificação das medidas legislativas referentes à<br />

proteção laboral no prazo de 120 dias. Cabe à Assembleia da<br />

República legislar, não há necessidade de encaminhar para a<br />

concertação social.<br />

"Em 2018, em pleno estado social, fazer de conta que<br />

não existem os cuidados informais e os que por eles são<br />

acompanhados não é só um erro imperdoável, é um atropelo<br />

incompreensível a um valor fundamental que se chama<br />

respeito pela dignidade humana. Eu acredito que antes<br />

do final desta legislatura, haverá um Estatuto do Cuidador<br />

Informal aprovado na Assembleia da República".<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

Estas foram as palavras do Presidente da República no<br />

encerramento do Encontro Regional de Cuidadores Informais<br />

que ocorreu em Vila Nova de Cerveira em setembro de 2018.<br />

Estamos em <strong>2019</strong> e continuamos a aguardar. O que querem<br />

saber mais para legislar? Já esperamos tempo demais!<br />

22


AGRADECIMENTOS<br />

A Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> Pe. Damião quer agradecer publicamente ao<br />

PINGO DOCE das Olaias, pela doação diária de diversos bens alimentares<br />

e produtos de higiene que muito contribuiem para os cabazes que<br />

entregamos às famílias que apoiamos.<br />

O NOSSO MUITO OBRIGADO!<br />

OBRIGADO!<br />

A Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong><br />

Pe. Damião quer agradecer<br />

publicamente ao colaborador<br />

Orlando Vieira Correia e à sua<br />

esposa, pela sua generosidade<br />

ao doarem uma cama ao menino<br />

Régis, um dos Casos de Vida que<br />

a Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> apoia.<br />

Agradecemos igualmente à empresa<br />

Torrestir pelo transporte<br />

gratuito da cama.<br />

Uma atitude de solidariedade<br />

e atenção prestada a esta<br />

Associação.<br />

O NOSSO MUITO OBRIGADO!<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

23


A violência contra<br />

a pessoa idosa<br />

Texto: Equipa do Pólo de Carregal do Sal | fotografia: ARquivo Institucional<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

24<br />

A realidade desconhecida e cada vez mais presente…a<br />

violência cometida contra a pessoa idosa. Pessoa idosa?<br />

Diríamos mais um corpo marcado pelo tempo e uma<br />

alma de um jovem repleta de sabedoria e experiência de<br />

uma vida de trabalho, uma pessoa que carrega a herança<br />

mais valiosa no peito, as memórias e histórias de uma<br />

vida que nem sempre estamos dispostos a ouvir.<br />

A dura verdade é que nem todos temos a mesma paciência<br />

ou disponibilidade para cuidar dos idosos, a falta de<br />

tempo para dar amor, carinho e atenção tornou-se a desculpa<br />

mais usada para escapar à responsabilidade moral<br />

de cuidar de quem cuidou de nós.<br />

Infelizmente, nos dias de hoje as pessoas idosas são sujeitas<br />

a vários tipos de abuso dentro da sua própria casa,<br />

na casa de familiares e em lares, abusos infligidos por<br />

filhos, netos ou funcionários de instituições. Um crime<br />

grave reconhecido como uma problemática social, um<br />

crime que na maior parte dos casos dura anos e a pessoa<br />

vive em sofrimento remetendo-se ao silêncio, sem nunca<br />

denunciar o culpado, algumas vezes por não reconhecer<br />

que está a ser negligenciado, por não reconhecer os seus<br />

direitos, por perda de memória ou demência, por viver<br />

socialmente isolado, por se sentir culpado ou por sofrer<br />

chantagem emocional.<br />

A violência praticada contra os idosos pode ter várias formas<br />

e implicar a prática de vários crimes. Destacam-se:<br />

Violência Física – ofensa à integridade física ou maus<br />

tratos físicos;<br />

Violência Psicológica - comportamento, verbal ou não<br />

verbal, que visa provocar intencionalmente dor no idoso,<br />

por exemplo, insultos, ameaças, humilhação, intimidação,<br />

isolamento social, proibição de atividades.<br />

Negligência e Abandono – omissão de auxílio na providência<br />

das necessidades básicas, necessárias à sobrevivência<br />

do idoso;<br />

Violência Financeira – apropriação ilícita do património<br />

do idoso.<br />

Direitos do idoso<br />

Em qualquer circunstância, deve ser respeitada a autonomia<br />

do idoso na gestão da sua vida e património, sendo<br />

que o mesmo só pode ser substituído se lhe forem autorizados<br />

poderes legais. De acordo com a legislação portuguesa<br />

para o idoso, mais precisamente o Artigo 72.º da<br />

Constituição da República Portuguesa:<br />

• As pessoas idosas têm direito à segurança económica<br />

e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário<br />

que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem<br />

e superem o isolamento ou a marginalização social;<br />

• A política de terceira idade engloba medidas de carácter<br />

económico, social e cultural, tendentes a proporcionar<br />

às pessoas idosas oportunidades de realização<br />

pessoal, através de uma participação ativa na vida da<br />

comunidade.<br />

Assim, segundo a ONU todos os idosos têm direito à independência,<br />

participação, assistência, auto realização<br />

e dignidade.<br />

Proteção do idoso - O que podemos fazer enquanto cidadãos.<br />

O silêncio facilita a continuação da violência. Se desconfiar<br />

que algo de errado se passa com um idoso:<br />

• Tente aproximar-se e converse com cuidado para não<br />

ferir suscetibilidades.<br />

• Caso o idoso assuma que é vítima de violência doméstica,<br />

faça tudo o que for preciso para apoiá-lo a sair<br />

desta situação.<br />

• Comunique a situação às autoridades policiais ou aos


serviços do Ministério Público junto de um Tribunal e<br />

comunique também aos serviços de Saúde e aos da<br />

Segurança Social.<br />

• Ajude a pessoa idosa a contactar a APAV para iniciar<br />

um processo de apoio jurídico, psicológico e<br />

social.<br />

• Respeite a sua liberdade e as suas decisões, reforçando<br />

a confiança na capacidade de gerir a sua<br />

própria vida.<br />

• Qualquer pessoa, desde que tenha conhecimento<br />

de uma situação de violência ou de crime perante<br />

uma pessoa idosa, pode denunciar junto das entidades<br />

competentes.<br />

Dados estatísticos da violência contra idosos em Portugal<br />

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),<br />

Portugal é um dos países com maior taxa de violência<br />

contra idosos. De acordo com o último estudo realizado<br />

pela APAV – Associação Portuguesa de Apoio à<br />

Vítima, entre 2013 e 2017, registou um total de 5683<br />

processos de apoio a pessoas idosos, em que 4556<br />

foram vítimas de crime e violência.<br />

No mesmo estudo, concluiu-se que cerca de 28% das<br />

pessoas idosas vítimas de crime e de violência, tinham<br />

entre 65 e 69 anos, sendo que 42% eram casadas e<br />

30,5% pertenciam a um tipo de família nuclear com<br />

filhos.<br />

Tendo em conta o tipo de problemáticas existentes,<br />

prevalece o tipo de vitimação continuada em cerca de<br />

79% das situações, com uma duração média entre os<br />

2 e os 6 anos. Sendo a residência comum o local mais<br />

escolhido para o “ocorrência dos crimes”, em mais de<br />

53% das situações.<br />

É vítima de violência ou tem conhecimento de uma<br />

pessoa idosa amiga ou familiar que está a ser vítima<br />

de violência e de crime? Ajude-o!<br />

Um crime tão grave como este<br />

nunca deve ser silenciado.<br />

Contactos úteis de Apoio à Vítima Idosa:<br />

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima:<br />

707 200 077<br />

Linha Nacional de Emergência Social: 144<br />

Linha do Cidadão Idoso: 800 203 531<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

25


Teatro<br />

“ZOOM”<br />

“Zoom é uma peça sobre a relação de<br />

Sarah, uma fotojornalista recém-chegada<br />

da Guerra do Iraque, depois de ter sido<br />

ferida pela explosão de uma bomba, e<br />

do seu namorado James, um repórter<br />

de guerra. James tenta que mudem o<br />

rumo das suas vidas, para que possam<br />

finalmente sonhar com uma “vida normal”,<br />

mas as cicatrizes emocionais com que<br />

ambos se debatem revelam um casal numa encruzilhada.” – Teatro da Trindade INATEL.<br />

Uma peça de Donald Margulies e encenada por Diogo Infante que conta com a participação de Sandra Faleiro, João Reis, Sara<br />

Matos e Virgílio Castelo, estará em cena no Teatro da Trindade (Lisboa) de 10 a 31 de março. Os preços variam entre os 12€ e 18€ e<br />

podem ser adquiridos em bol.pt, bilheteira.trindade@inatel.pt ou pelo 213 420 000.<br />

Exposição<br />

“ESCHER”<br />

“A obra de M. C. Escher, vista por cerca de<br />

três milhões de pessoas em exposições<br />

realizadas em cidades como Nova York,<br />

Roma, Bolonha, Lisboa ou Nápoles, chega<br />

agora à cidade invicta.<br />

retrospectiva, com 135 obras, dedicada ao artista holandês.<br />

Até ao dia 28 de julho, o Centro de<br />

Congressos da Alfândega do Porto<br />

apresenta uma grande exposição<br />

Com a curadoria de Mark Valdhuisen e de Frederico Guidiceandrea, a exposição mostra-nos o percurso criativo do grande génio<br />

visionário que encantou a mente dos cientistas e a fantasia dos artistas gráficos, exercendo uma enorme influência no mundo da<br />

arte.” – Centro de Congressos da Alfândega do Porto.<br />

O preço dos bilhetes varia entre os 5€ (criança) e os 12€ (adulto), sendo que fazem descontos para grupos. Se está pelo Porto não<br />

perca esta oportunidade!<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

26 VII


aGENDA<br />

cULTURAL<br />

Texto: Joana Gonçalves | Foto: Pesquisa<br />

Cinema<br />

“GABRIEL”<br />

“Há combates que não podes escolher. Depois da morte da mãe, Gabriel, um jovem<br />

pugilista cabo-verdiano, viaja até Portugal à procura do pai, um antigo campeão<br />

de boxe dos Olivais. Na busca pelo pai, Gabriel conhece Rui, um membro violento<br />

do gangue local liderado por Jorge, que organiza todos os combates ilegais do<br />

bairro. Gabriel aceita entrar num perigoso combate para tentar salvar a vida<br />

do pai, mas conseguirá ele deixar a honra de lado, desapontando todos os que<br />

acreditam em si?” – www.gabrielofilme.pt.<br />

Um filme português que conta com a participação de Igor Regalla, Martinha<br />

Ferreira, José Condessa, Mina Andala, Sérgio Praia, Susana Sá e Almeno<br />

Gonçalves. Poderá assistir a este filme no cinema a partir do dia 21 de março.<br />

Música<br />

“ROAD TO SBSR: 25 anos, 25 concertos por todo o país”<br />

É já a partir de 6 de abril que começamos a celebrar a 25ª edição do Super Bock<br />

Super Rock com o Road to SBSR, um circuito de 25 concertos promovidos pela<br />

Super Bock, em parceria com o Maus Hábitos.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

Este warm up vai ter lugar entre abril e junho, em 7 datas (6, 13, 26 e 30 de abril,<br />

4 e 18 de maio e 1 de junho) e vai passar por 16 cidades, de norte a sul do país,<br />

descentralizando a música ao vivo dos circuitos habituais, culminando na 25ª<br />

edição do Super Bock Super Rock.<br />

Conan Osiris, Conjunto Corona, Galgo, Glokenwise e Sallim são os nomes que<br />

confirmam esta autêntica aposta. – SBSR<br />

27VI


Testemunho<br />

Texto: Joana d'Arte |<br />

fotografia e Maquilhagem artística: Andreia Pereira (www.facebook.com/andreiapereiramakeup/)<br />

Sinto-me nua quando amo.<br />

Essa fragilidade desprotegeu-me em todos os meus relacionamentos anteriores,<br />

sobretudo no último. No último desamor.<br />

Isto pode soar hiperbólico, mas eu não me encontrava, senão por meio do<br />

agressor. Era dependente dele e da sua manipulação. Essa, então, era sistemática,<br />

quase merecedora da minha culpa.<br />

Rompi laços e desadequei a minha serenidade: ora bem, ora mal, uma inconstante<br />

que predominava a minha rotina. Depressiva, angustiada, ansiosa, só, sufocada,<br />

agredida - física, psicológica e verbalmente - não me expressava. Mais<br />

não fosse porque estar em silêncio seria, para ele, aparentar uma calmaria, ás<br />

pessoas, de que tudo estaria em paz. Assim não o era, de todo.<br />

Num polo labiríntico, teria de decidir se continuaria a assumir o papel de submissa,<br />

repressora das suas vontades ou, por outro lado, demonstrava virtudes,<br />

em prol do meu bem-estar.<br />

Durante alguns anos, não consegui deixar de me autoanular, de forma a beneficiar<br />

a cobardia de outrem. E, após o término do relacionamento, hesitei, algumas<br />

vezes, esperançosa, de que algo poderia ser alterado. Mas, tal como refere<br />

Eleanor Roosevelt: "Se alguém te trai uma vez, a culpa é dele. Se trai duas, a<br />

culpa é tua". E, depende de ti, partir para o desapego, não permitindo que te<br />

humilhem, mais uma vez. Sem ilusões, não camuflando mais a realidade, de<br />

repente, aboli o cenário, que seria o previsível (dor, ofensa, ameaça, opressão<br />

e malícia), e, agradecida, após tantos capítulos ensanguentados, deparei-me<br />

com a reconstrução da minha essência.<br />

Aconselho-te a partilhares com os teus familiares e amigos, todos os episódios<br />

de violência. No momento, poderá parecer constrangedor, mas, depois de atenuares<br />

as ideias, fá-lo. Sugiro, também, acompanhamento psicológico e vinculação<br />

ás terapias alternativas, enquanto complemento.<br />

Grata, à arte, por me ter desvanecido as energias más e exacerbado as boas.<br />

Partilho a minha história, porque, de uma forma ou de outra, conseguirei, a ti,<br />

que estás a ler este artigo e que vivencias algo similar, influenciar e reforçar<br />

que és honrosa, poderosa, harmoniosa e sã. Depois da libertação, encararás a<br />

verdade e sentir-te-ás feliz num corpo com alma à semelhança do que um dia já<br />

foste. Não consintas, jamais, que ridicularizem o teu amor próprio. E perdoa-te.<br />

Aí sim, saberás encontrar-te, de forma assertiva, sem intermédio de alguém,<br />

enfrentando a ti mesma e à liberdade.<br />

Um sorriso feliz,<br />

Joana d'Arte<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

28 V


Dia Internacional<br />

da MulheR<br />

Sabemos a sua história e significado?<br />

Texto: RITA FERREIRA SILVA | fotografia: ARquivo Institucional<br />

Em 1857, as operárias de uma fábrica de têxteis em Nova York, organizaram uma greve com manifestação contra as<br />

precárias condições de trabalho a que estavam sujeitas. Durante a manifestação, cerca de 130 mulheres, morreram,<br />

tragicamente, durante um incêndio.<br />

Esta podia ser apenas mais uma história. Mas a verdade é que foi a ‘inspiração’ para o que hoje celebramos como o<br />

Dia Internacional da Mulher. Não foi uma luta fácil, e muito menos rápida. Mas, felizmente, hoje é um dia reconhecido<br />

por vários países.<br />

Inspiraras no acontecimento de 1857, um grupo de profissionais liberais criou, em 1903, a associação Women’s Trade<br />

Union League que visava ajudar as trabalhadoras a exigir melhores condições de trabalho.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

Foi em 1908 que uma nova manifestação saiu à rua. Mais de 14 000 mulheres reivindicaram por melhores condições<br />

laborais e pelo direito ao voto sob o slogan ‘Pão e Rosas’. Este acto fez com que o Partido Socialista da América organizasse<br />

um Dia da Mulher, a 20 de Fevereiro de 1909 e, finalmente, em 1975, as Nações <strong>Unidas</strong> instituíram o dia 8 de<br />

<strong>Março</strong> como o Dia Internacional da Mulher, hoje celebrado em mais de 100 países e usado como estímulo para a luta<br />

pela igualdade de direitos e contra o preconceito.<br />

Foi, e continua a ser, um caminho marcado por manifestações, greves e luta. E num ano em que tanto se fala sobre<br />

violência doméstica, que este dia sirva para garantir que, ano após ano, conseguiremos pôr fim à discriminação, à desigualdade<br />

de géneros, à violência, ao preconceito e acreditando que, desta forma, deixaremos um mundo melhor para<br />

as nossas filhas e netas, e lhe incutiremos que o género não deve ser uma barreira e que todos temos o direito de ter/<br />

ser o que quisermos.<br />

29 IV


fortes evocando as vítimas " Eu fui vitima e sobrevivi"; " As<br />

vítimas gritam em silêncio"; " a culpa não é das vítimas e<br />

sim de quem agride" e de balões pretos que simbolizavam<br />

as vitimas mortais.<br />

onde existe violência doméstica é uma sociedade doente,<br />

por isso vamos continuar a marcar a nossa posição a favor<br />

das vítimas e sempre contra a violência. CHEGA!<br />

Percebemos que a marcha teve impacto na comunidade,<br />

uma vez que mobilizou os meios de comunicação social<br />

(imprensa escrita e audiovisual), as universidades e<br />

denotou-se uma maior sensibilização coletiva. No dia 18<br />

de fevereiro o programa Prós e Contras da RTP1 abordou<br />

o tema da violência doméstica e convidou cidadãos<br />

que participaram na marcha. O programa deu voz a<br />

mulheres (como a Margarida) que tiveram de partilhar na<br />

primeira pessoa, o seu processo de violência. As mulheres<br />

foram colocadas no centro da discussão, de forma a<br />

compreendermos a problemática a partir de todos os<br />

ângulos.<br />

Já foram assassinadas 11 mulheres desde o início do ano,<br />

o que perfaz 2 assassinatos por semana. Durante o ano<br />

passado, foram assassinadas 28 mulheres e, segundo<br />

o levantamento feito pelo Observatório de Mulheres<br />

Assassinadas, “503 mulheres foram mortas em contexto<br />

de violência doméstica ou de género”, entre 2004 e o final<br />

de 2018.<br />

Estamos a organizar uma nova marcha, também de<br />

posicionamento contra a violência e a favor das vítimas,<br />

mas desta vez no Porto. Consideramos que uma sociedade<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

30 III


Pelas vítimas que<br />

gritam em silêncio<br />

Texto: Joana Marques \\ Fotografias: Tiago Frazão<br />

No dia 10 de fevereiro de <strong>2019</strong>, mais de 400 pessoas<br />

marcharam em silêncio pelas vítimas de violência<br />

doméstica. A organização não esteve ligada a nenhum<br />

partido político, sindicatos ou movimentos associativos.<br />

Chamo-me Joana Marques, tenho 34 anos e sou<br />

Assistente Social há 12 anos. Sou associada da<br />

Associação <strong>Mãos</strong> <strong>Unidas</strong> P. Damião - Portugal e Integro o<br />

conselho consultivo desta organização.<br />

A marcha silenciosa pelas vítimas de violência doméstica<br />

consistiu num puro exercício de cidadania. Procurámos<br />

mobilizar as pessoas em torno de uma causa comum, que<br />

é uma causa a favor das vítimas e contra a violência.<br />

A iniciativa da marcha partiu de um grupo de cidadãos<br />

anónimos que se juntou e resolveu sair de casa, dos seus<br />

espaços de reflexão para vir para as ruas, juntamente com<br />

vítimas e ex-vítimas, no sentido de marcar uma posição.<br />

A organização da marcha foi divulgada a partir das redes<br />

sociais e surgiu a partir do momento em que a oitava<br />

mulher foi assassinada. Fez todo o sentido estarmos<br />

juntos em prol das vítimas, porque são elas que vivem<br />

todos os dias em silêncio e este silêncio tem um ruído<br />

diário. Um ruído que entrou na consciência de todos nós.<br />

da marcha. No dia 10 de fevereiro de <strong>2019</strong>, mais de<br />

400 pessoas marcharam em silêncio pelas vítimas de<br />

violência doméstica. A marcha chegou mesmo a obrigar<br />

ao corte total da circulação de trânsito. A organização<br />

não esteve ligada a nenhum partido político, sindicatos<br />

ou movimentos associativos.<br />

<strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS março/abril ’19<br />

31II<br />

A Marcha não teve a pretensão de apontar ou de dizer o<br />

que falhou. Sabemos que a violência doméstica é uma<br />

problemática complexa, abrangente e que envolve muitas<br />

pessoas, de todos os estratos sociais.<br />

Não nos consideramos especialistas da área, deixamos<br />

aos politólogos, aos especialistas, a quem discute a<br />

sociedade civil, para refletir sobre o poder simbólico<br />

A partir do Marquês de Pombal, os cidadãos dirigiramse<br />

para a Assembleia da República, caminhando atrás<br />

de uma faixa preta que apontava o dedo à violência:<br />

" Chega!" ; " Quem bate em alguém, agride toda a<br />

sociedade"; "Violência não tem desculpa, tem lei"; "<br />

A violência é a arma dos medíocres"; " A violência é<br />

cobardia".<br />

Uma marcha igualmente recheada de cartazes com frases


Caderno<br />

Jovem<br />

"CHEGA!<br />

Quem bate em alguém, agride toda<br />

a sociedade."V<br />

PUBLICAÇÃO BIMESTRAL | PREÇO: 1,00€ | ISSN: 1646 - 4389 | ANO VII - Nº 50 | MARÇO/ABRIL <strong>2019</strong> | DIRETOR: MANUEL VIEIRA NOGUEIRA

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